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<strong>Boletim</strong> Biopesb<br />
Ciência, meio ambiente e cidadania em suas mãos ISSN - 2316-6649 - Ano 6 - Nº <strong>24</strong> - <strong>2016</strong><br />
Atividade de mineração gera<br />
riscos para agricultura,<br />
fauna e flora<br />
Saiba por que a atividade preocupa moradores<br />
do entorno do PESB, e quais são<br />
os danos causados ao meio ambiente.<br />
Páginas 2 e 3<br />
A relação das proteínas<br />
com o homem<br />
A relação é mais<br />
próxima do que<br />
você pode<br />
imaginar.<br />
Páginas 4 e 5<br />
Guardas-parques:<br />
guardiões da natureza<br />
Eles são<br />
verdadeiros<br />
defensores do<br />
Parque.<br />
Página 7<br />
O segredo da longevidade<br />
Será que existe<br />
uma receita para<br />
chegar aos 100<br />
anos esbanjando<br />
vitalidade?<br />
Página 6<br />
Pontos turísticos<br />
ambientais de Ervália<br />
O Pico do Cruzeiro<br />
é um dos<br />
cartões postais<br />
do município.<br />
Página 8<br />
PROGRAMA DE EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA MEC/SESu
MeioAmbiente<br />
Editorial<br />
Em nosso planejamento<br />
editorial buscamos abordar<br />
temas que sirvam<br />
como instigadores para<br />
discussões e reflexões,<br />
sobretudo para todos<br />
aqueles que estejam atuando<br />
na conservação do<br />
patrimônio socioambiental<br />
do território da Serra do<br />
Brigadeiro. Neste sentido,<br />
trazemos na edição <strong>24</strong><br />
do <strong>Boletim</strong> <strong>BioPESB</strong> a segunda<br />
matéria da série<br />
que aborda a mineração.<br />
Sendo um tema bastante<br />
presente na região, nós temos<br />
a intenção de fornecer<br />
material para continuar<br />
estruturando as discussões.<br />
A última matéria da série<br />
será publicada na edição<br />
25 do <strong>Boletim</strong>. Nela, abordaremos<br />
questões atuais<br />
da mineração na região.<br />
A edição <strong>24</strong> do <strong>Boletim</strong><br />
<strong>BioPESB</strong> traz também a<br />
relação das proteínas com<br />
a nossa vida e a importância<br />
da diversidade proteica<br />
presente no Parque<br />
Estadual Serra do Brigadeiro.<br />
Os personagens da<br />
entrevista desta edição são<br />
pra lá de especiais. A equipe<br />
do <strong>Boletim</strong> foi a Carangolinha<br />
conversar com o sr.<br />
Marcos e, na volta, tomou<br />
um café com a dona Ilda.<br />
O resultado você encontra<br />
na página 6. Também nesta<br />
edição vamos falar dos<br />
guardas-parques. Você vai<br />
entender quais são as funções<br />
desempenhadas por<br />
eles, e o quanto isso é importante<br />
para a manutenção<br />
do Parque. Na quinta<br />
e última editoria nós vamos<br />
falar de Ervália e seus<br />
pontos turísticos ambientais.<br />
Vale a pena se deliciar<br />
com o conteúdo do <strong>Boletim</strong><br />
<strong>24</strong>, pois fizemos com muito<br />
carinho para os nossos leitores.<br />
Boa leitura!<br />
Equipe do <strong>Boletim</strong><br />
<strong>BioPESB</strong><br />
Fernanda Rebellato<br />
Iorrana Vieira<br />
Isabella Britto<br />
Helaindo Júnior<br />
Mineração<br />
A região da Serra<br />
do Brigadeiro se destaca<br />
não só pela riqueza de<br />
sua fauna e flora, mas<br />
também pela presença<br />
de diversos minérios, principalmente<br />
a bauxita, a<br />
qual tem seu nome derivado<br />
da cidade Le Baux<br />
na França onde foi identificada<br />
em 1821, pelo<br />
geólogo Pierre Berthier.<br />
A bauxita é um<br />
minério utilizado na obtenção<br />
de alumínio e, de<br />
acordo com o Anuário<br />
Mineral Brasileiro (DNPM,<br />
1991, apud EIA/CBA,<br />
1995), a região da Serra<br />
do Brigadeiro apresenta<br />
as maiores concentrações<br />
de bauxita de todo o estado<br />
de Minas Gerais,<br />
sendo que apenas os municípios<br />
de Muriaé, Miraí,<br />
Itamarati de Minas, Descoberto,<br />
Carangola, Miradouro<br />
e Cataguases possuem<br />
cerca de 80 milhões<br />
de toneladas de minério,<br />
<strong>Boletim</strong> Biopesb<br />
Redação: Alunos do PET- Bioquímica da UFV<br />
e do Departamento de Comunicação Social<br />
(Ana Paula Abreu, Artur Lopes, Danilo Santos,<br />
Fernanda Rebellato, Graziela Paulino,<br />
Helaindo Júnior, Higor Pereira, Iorrana Vieira,<br />
Isabella Costa, Isabela Paes, Isabella Britto,<br />
Ítalo Bianchini, Júlia Coelho, Laisse Lourenço,<br />
Paula Sudré, Raíssa Castro e Renato Senra.)<br />
Revisão: Raíra Saloméa<br />
Diagramação: Ana Paula Abreu<br />
Ano 6, n°<strong>24</strong> - Pág 2<br />
ou seja, 50% do total das<br />
reservas do Estado de<br />
Minas Gerais.<br />
Segundo a dissertação<br />
de mestrado do<br />
Programa de Pós-Graduação<br />
em Extensão Rural<br />
da Universidade Federal<br />
de Viçosa, intitulada<br />
“Conflitos ambientais no<br />
entorno do Parque Estadual<br />
da Serra do Brigadeiro<br />
(PESB): agricultura familiar<br />
e mineração de bauxita<br />
no município de Miradouro-MG”<br />
da autoria de<br />
Claudinei Heleno da Silva<br />
Editores-Chefes: João Paulo Viana Leite e<br />
Ricardo Gomes Duarte<br />
Telefone: (31) 3899-3044<br />
E-mail: biopesbufv@gmail.com<br />
Endereço: Departamento de Bioquímica e<br />
Biologia Molecular - UFV<br />
CEP 36570-900, Viçosa - MG - Brasil<br />
Tiragem: 1.000 exemplares<br />
Apoio: Pró-Reitoria de Extensão e Cultura<br />
(PIBEX)-UFV e Programa de Extensão<br />
Universitária MEC/SESu - PROEXT<br />
x<br />
Imagem: reprodução
MeioAmbiente<br />
Ano 6, n°<strong>24</strong> - Pág 3<br />
agricultura, fauna e<br />
flora da serra do brigadeiro<br />
(2012), o grande número<br />
de reservas fez com que<br />
diversas empresas mineradoras<br />
despertassem<br />
interesse para a exploração<br />
dos recursos minerais<br />
da região, tal como a<br />
Companhia Brasileira de<br />
Alumínio (CBA), que atualmente<br />
pertence ao Grupo<br />
Votorantim.<br />
O município de Miradouro<br />
tem como um importante<br />
fator econômico<br />
a produção de café por<br />
agricultores familiares, os<br />
quais possuem propriedades<br />
com tamanho médio<br />
de 10 a 15 hectares.<br />
Segundo Claudinei Silva,<br />
existem 16 processos no<br />
Departamento Nacional<br />
de Produção Mineral<br />
(DNPM) para a exploração<br />
da bauxita, sendo<br />
que a maioria deles solicita<br />
uma área superior<br />
a 900 hectares para a<br />
exploração das jazidas, o<br />
que afetará diretamente<br />
as comunidades rurais de<br />
Monte Alveme, Alegre,<br />
Serrania e Pedra Cheirosa.<br />
De modo geral,<br />
a mineração causa alterações<br />
no lençol freático,<br />
poluição sonora, visual, do<br />
ar, da água e do solo e<br />
também interfere na fauna<br />
e na flora da região,<br />
como afirma a Dr.ª Angela<br />
Maria de Carvalho Maffia<br />
e o Prof. Elias Silva, na<br />
tese “Impactos ambientais<br />
decorrentes da mineração<br />
de bauxita e proposição<br />
de estratégias de formação<br />
docente no entorno do<br />
Parque Estadual da Serra<br />
do Brigadeiro”.<br />
Segundo a Drª.<br />
Maffia, para avaliar tais<br />
impactos causados pela<br />
CBA, houve a elaboração<br />
do Relatório de Impacto<br />
Ambiental da Zona<br />
da Mata por profissionais<br />
de diversas áreas, como<br />
economia, biologia e geologia.<br />
Esse relatório tem<br />
como objetivo prever os<br />
impactos que poderão<br />
ocorrer, considerando-se<br />
os seguintes parâmetros:<br />
solo, água, ar, paisagem<br />
natural, fauna, flora,<br />
ecossistemas terrestres e<br />
aquáticos e antrópico.<br />
Nesse contexto,<br />
Belisário, que é tido como<br />
o maior distrito de Muriaé,<br />
conta com cerca de<br />
2.315 habitantes segundo<br />
Atrativos turísticos de Belisário<br />
o censo de 2010; fazendo<br />
parte do circuito Serra do<br />
Brigadeiro, tem o setor<br />
de turismo em alto crescimento<br />
nos últimos anos.<br />
A questão ambiental tem<br />
preocupado os moradores<br />
de Belisário em função de<br />
atividades mineradoras.<br />
A população teme pela<br />
conservação do meio ambiente<br />
local, pois, a partir<br />
do momento em que um<br />
Imagem: reprodução Imagem: reprodução<br />
espaço está sujeito à ação<br />
da mineração, dificilmente<br />
ele é recuperado, trazendo<br />
grandes danos para a<br />
agricultura, fauna e flora,<br />
afetando dessa forma<br />
toda a região. E, apesar<br />
dos interesses mercadológicos<br />
serem fortes, a<br />
população dessas áreas<br />
precisa ficar atenta aos impactos<br />
dessa atividade na<br />
natureza e em suas vidas.
Ciência<br />
Ano 6, n°<strong>24</strong> - Pág 4<br />
Higor Sette<br />
Italo Bianchini<br />
Júlia Andrade<br />
Lavínia Martin<br />
Maria Cristina Baracat<br />
Renato Senra<br />
Wassali Valadares<br />
Com certeza,<br />
você já ouviu falar de<br />
proteínas, não é mesmo?<br />
Em geral, relacionamos<br />
estas moléculas<br />
à alimentação, nutrição<br />
e a algumas doenças.<br />
As proteínas são macromoléculas<br />
de grande<br />
importância para as<br />
pessoas e para todos<br />
os seres vivos, e estão<br />
entre as moléculas mais<br />
abundantes e versáteis<br />
da natureza. São formadas<br />
pela associação de<br />
unidades básicas chamadas<br />
aminoácidos, podendo<br />
ou não conter outras<br />
biomoléculas associadas<br />
a elas, como açúcares,<br />
lipídeos e vitaminas,<br />
dentre outras, encontrados<br />
nos organismos vivos<br />
e também nos alimentos.<br />
As proteínas<br />
foram descobertas no<br />
século XIX, a partir de<br />
estudos principalmente<br />
com sangue e clara de<br />
ovos. Foram assim de-<br />
nominadas em consequência<br />
da palavra<br />
grega proteios, que significa<br />
“primeiro”, ou “na<br />
origem”. Os aminoácidos<br />
que compõem as proteínas,<br />
por sua vez, são<br />
formados por átomos<br />
de carbono, hidrogênio,<br />
oxigênio, nitrogênio e,<br />
ocasionalmente, enxofre.<br />
Podem ser considerados<br />
blocos construtores das<br />
proteínas e, por meio<br />
das inúmeras combinações<br />
entre esses aminoácidos<br />
é que se formam<br />
as diferentes proteínas,<br />
cada uma com a sua função<br />
específica.<br />
A proteína é fundamental<br />
para o dia a<br />
dia do nosso organismo,<br />
e devem corresponder<br />
de 10 a 15% do total<br />
de calorias, por meio<br />
da ingestão de alimentos<br />
como carne, ovos e<br />
leguminosas. Por isto, a<br />
deficiência proteica, leva<br />
a um quadro acentuado<br />
de perda de massa muscular,<br />
além do grande<br />
comprometimento do<br />
sistema imunológico, gerando<br />
a possibilidade<br />
de ocorrência de outras<br />
doenças oportunistas.<br />
Diversidade proteica do pesb é<br />
fundamental para pesquisas<br />
Por sua grande<br />
diversidade e valor biológico,<br />
as moléculas<br />
proteicas são importantes<br />
alvos de pesquisas<br />
científicas bioquímicas,<br />
farmacêuticas e<br />
nutricionais, que encontram<br />
na natureza uma<br />
rica variabilidade para<br />
os seus objetos de estudos.<br />
A ciência tem<br />
como grande aliado o<br />
conhecimento popular<br />
que, através de gerações,<br />
identificam plantas<br />
e definem procedimentos<br />
que são utilizados<br />
na alimentação, para o<br />
tratamento de doenças<br />
e feridas, em processos<br />
terapêuticos diversos, e<br />
outros fins. Proteínas e<br />
peptídeos vêm sendo assim<br />
identificados como<br />
presentes em compostos<br />
naturais e por apresentar<br />
atividades antimicrobianas,<br />
cicatrizantes, calmantes,<br />
anti-inflamatórias,<br />
antioxidantes, anticancerígenas,<br />
e outras.<br />
O Parque Estadual<br />
da Serra do Brigadeiro,<br />
por ser uma reserva<br />
rica em biodiversidade,<br />
representa uma fonte<br />
ímpar e inesgotável de<br />
conhecimento e pesquisa<br />
acerca das proteínas e<br />
suas funcionalidades. Esses<br />
estudos abrangem o<br />
emprego de proteínas<br />
para os mais diversos<br />
fins, desde o uso medicinal<br />
à semelhança dos<br />
povos antigos, identificação<br />
de espécies por<br />
proteínas específicas,<br />
até a identificação de<br />
procedimentos para a<br />
obtenção de produtos e<br />
serviços para o bem do<br />
homem. Diferentes projetos<br />
envolvendo a caracterização<br />
e a avaliação<br />
de atividades biológicas<br />
diversas de espécies<br />
pouco conhecidas nativas<br />
desse habitat vêm sendo<br />
propostos e desenvolvidos,<br />
muitos envolvendo<br />
o estudo de proteínas e<br />
peptídeos biologicamente<br />
ativos, sempre visando a<br />
preservação e a obtenção<br />
de conhecimento científico<br />
com responsabilidade.
Ciência<br />
Ano 6, n°<strong>24</strong> - Pág 5<br />
As proteínas estão envolvidas em todos os processos que<br />
ocorrem nos seres vivos, exibindo uma diversidade de funções:<br />
Imagens: reprodução<br />
Proteínas de transporte: encaminham<br />
moléculas para dentro e fora das células.<br />
Exemplo: a hemoglobina transporta<br />
oxigênio dos pulmões para os tecidos.<br />
Proteínas estruturais, como a queratina<br />
produzida por todos os vertebrados,<br />
compõem unhas, pelos, escamas, chifres,<br />
penas e lã.<br />
Proteínas de defesa: atuam no sistema<br />
imunológico do organismo animal, como<br />
os anticorpos, e o fibrinogênio que age<br />
na coagulação do sangue.<br />
As enzimas são proteínas catalisadoras<br />
que aceleram e facilitam a ocorrência<br />
das diversas reações químicas existentes<br />
no metabolismo.<br />
você sabia?<br />
Há proteínas muito conhecidas por sua grande influência na saúde humana, como a insulina e o colágeno. A insulina<br />
é um hormônio responsável pela redução da taxa de glicose no sangue, e a deficiência na sua quantidade<br />
ou atividade pode causar sérios distúrbios metabólicos, como diabetes. O colágeno é uma proteína estrutural,<br />
que nos últimos tempos ganhou espaço no mercado por suas funções que retardam o envelhecimento e previnem<br />
rugas e a flacidez da pele, além de atuar no metabolismo do tecido ósseo. Proteínas representam um dos<br />
suplementos alimentares mais populares dentre os praticantes de atividades físicas, pois estudos têm mostrado<br />
sua função de aumentar a produção de energia depois do exercício e de atuar na recuperação tecidual e na<br />
resposta imunitária do organismo, além de aumentar a queima de gordura se ingerida antes do treino.
Perfil<br />
A longevidade<br />
tem receita?<br />
“Vai diminuindo a cidade. Vai aumentando a simpatia.Quanto<br />
menor a casinha, mais sincero o bom dia.”<br />
Os versos da música interpretada pela banda Pato Fu<br />
descrevem bem o sentimento de quem visita as comunidades<br />
do entorno do Parque Estadual Serra do Brigadeiro.<br />
O nome da música é Simplicidade, que combina<br />
com longevidade. Esta, por sua vez, combina – e muito<br />
– com os dois personagens deste perfil da edição <strong>24</strong> do<br />
<strong>Boletim</strong> <strong>BioPESB</strong>.<br />
Quem vê Marcos Lopes de Menezes Sobrinho,<br />
o seu Marcos, não acredita que esse senhor com poucas<br />
rugas e cabelo brilhante e acinzentado tem quase<br />
105 anos. O seu Marcos nasceu em 11 de dezembro de<br />
1911, no município de Bom Jesus do Madeira. Aos 2 anos<br />
foi morar na comunidade do Córrego do Coruja. Depois<br />
mudou-se para Carangolinha, distrito de Divino, onde vive<br />
até hoje. Aos 10 anos, o seu Marcos frequentou, pela primeira<br />
vez, uma escola. Aos 21, conheceu Andrezina Rosa<br />
Damaceno, com quem se casou e teve 12 filhos. À senhora<br />
Andrezina, já falecida, o centenário não poupou elogios.<br />
Trata-se do amor de sua vida e de sua maior saudade. E,<br />
sobre as relações descartáveis de hoje em dia, o seu Marcos<br />
deixou um recado para os jovens: _Casamento é coisa<br />
séria. Deus quis que existisse amor no casamento. Tem que<br />
ter respeito e união dos dois. A receita do casamento feliz<br />
é a união dos dois.<br />
E já que o seu Marcos falou em receita, será que<br />
existe uma para viver tão bem durante 105 anos? O centenário<br />
diz que não há segredos. Mas também afirma<br />
que a fé foi sempre fundamental em sua vida. Foi com fé<br />
em Deus e na vida que ele criou seus 12 filhos morando<br />
e trabalhando na roça. Agricultor, ele plantou de tudo,<br />
especialmente arroz, feijão e milho. Foi da terra do entorno<br />
do PESB que o seu Marcos tirou o sustento de toda<br />
a família. Para andar por lá, ele utilizou a charrete até os<br />
100 anos, quando caiu e fraturou o fêmur. Quem já quebrou<br />
esse osso sabe o quanto a recuperação é difícil. Os<br />
médicos disseram que ele dificilmente voltaria a andar.<br />
A resposta do seu Marcos veio com menos de 90 dias,<br />
quando ele já estava andando por toda a casa.<br />
Hoje, ele recebe os cuidados de sua nora, Maria,<br />
que cozinha o mingau de quem almoça às 9:30 da manhã<br />
todos os dias. Vale ressaltar que esse ser humano de voz<br />
suave e jeito sereno de 105 anos não toma nenhum remédio.<br />
E o feito do qual ele mais se orgulha é de encher<br />
os olhos: _Graças a Deus eu não tenho inimizade com ninguém.<br />
Respeito todo mundo e sigo minha vida simples e<br />
feliz.<br />
Ano 6, n°<strong>24</strong> - Pág 6<br />
E é exatamente esse um dos orgulhos da segunda<br />
personagem do nosso perfil. Ilda Ferreira de Morais,<br />
a dona Ilda, vive na cidade natal do seu Marcos, mas<br />
nasceu em São Francisco do Glória em 7 de fevereiro de<br />
1923. São 93 anos de dedicação à família de 12 filhos<br />
e quase 200 netos, bisnetos e tataranetos. A senhora de<br />
expressão doce – que logo vem oferecendo café – casouse<br />
16 anos. A boa memória lhe permite lembrar detalhes<br />
do casamento: _Foi no dia 12 e outubro às 12 horas. O<br />
dia estava muito bonito. A dona Ilda também encontrou<br />
na terra a fonte de sustento de sua família. A fetilidade<br />
do entorno do PESB rendeu-lhe “mesa simples, mas farta”,<br />
com ela conta. As roupas dos 12 filhos era ela quem<br />
costurava. Com um saudosismo encantador e os olhos distantes<br />
como voltassem no tempo, ela narra: _Era um vestidinho<br />
mais lindo que o outro. Tinha um rosa. Lindo. Elas<br />
pareciam princesas. Eu costurava tudo, ponto por ponto.<br />
Hoje, a senhora baixinha de cabelos longos acorda cedo,<br />
prepara o café – e, quando lembra do café, logo me<br />
oferece mais uma xícara – e assiste televisão. Ela espera<br />
a filha, que mora em frente, trazer o almoço. À tarde,<br />
algum vizinho sempre aparece para prosear. A dona Ilda<br />
valoriza a harmonia e é categórica ao afirmar: _O mundo<br />
precisa tomar jeito! A gente precisa é de paz. Enquanto<br />
não houver amor e educação, o mundo não tem jeito. Que<br />
Deus ilumine o coração de todos os jovens, para que eles<br />
cresçam com amor no coração e sem fazer guerra.<br />
Agora um recado da equipe <strong>BioPESB</strong>: que a beleza e a sabedoria<br />
desses “serumaninhos” tão admiráveis que tomaram conta do <strong>Boletim</strong><br />
<strong>24</strong> invadam o coração de cada um de vocês, nossos leitores.<br />
Imagem: Ana Paula Abreu<br />
Ana Paula Abreu / Isabella Alves / Júlia Condé<br />
Imagem: Ana Paula Abreu
Serra do Brigadeiro Ano 6, n°<strong>24</strong> - Pág 7<br />
Guardas-parques:<br />
os guardiões da natureza<br />
Danilo Santos<br />
Isabela Paes<br />
Raíssa Castro<br />
A conservação e<br />
preservação dos recursos<br />
naturais e culturais de uma<br />
unidade de conservação<br />
(UC), como o Parque Estadual<br />
Serra do Brigadeiro<br />
(PESB), são algumas das<br />
funções desenvolvidas pelos<br />
guardas-parques. Eles<br />
possuem uma função fundamental<br />
dentre as atividades<br />
desenvolvidas nas<br />
UC’s, contribuindo para o<br />
gerenciamento do Parque<br />
como um todo.<br />
Os guardasparques<br />
muitas vezes<br />
são moradores de comunidades<br />
próximas à UC,<br />
normalmente conhecedores<br />
da região que auxiliam<br />
no intercâmbio de informações<br />
deste com essas<br />
comunidades. No PESB,<br />
os guardas-parques são<br />
responsáveis por diferentes<br />
setores, uma vez que, devido<br />
à grande extensão da<br />
UC, foi necessária a setorização<br />
da mesma, de modo<br />
que sua fiscalização seja<br />
mais eficiente. Os setores<br />
estão separados estrategicamente<br />
de acordo com<br />
os oito municípios englobados<br />
pelo Parque: Fervedouro,<br />
Miradouro, Muriaé,<br />
Ervália, Sericita, Araponga,<br />
Pedra Bonita e Divino.<br />
Dentre as atividades<br />
desempenhadas<br />
pelos guardas-parques<br />
estão a manutenção das<br />
trilhas, acompanhamento e<br />
apoio a turistas e pesquisadores,<br />
além de ações de<br />
proteção ambiental como<br />
o cercamento de nascentes,<br />
controle de incêndio,<br />
dentre outras ações, todas<br />
voltadas para a proteção<br />
e prevenção de algum tipo<br />
de dano florestal.<br />
As atividades e observações<br />
realizadas pelos<br />
guardas-parques no período<br />
de um dia dentro do<br />
perímetro do parque são<br />
explicitadas em um diário<br />
de campo, o qual busca o<br />
melhor controle dos fatos<br />
ocorridos dentro da unidade.<br />
A compilação dessas<br />
informações tem sido<br />
fundamental para o aperfeiçoamento<br />
da gestão do<br />
PESB ao longo do tempo.<br />
O diário de campo deve<br />
conter informações referentes<br />
a rondas e caminhadas,<br />
orientação a pesquisadores<br />
e também o<br />
relato referente a observação<br />
de caça, apreensão<br />
de pássaros e outros animais,<br />
extração de plantas,<br />
incêndio, ou ainda poluição<br />
e vandalismo.<br />
Josué Ferreira<br />
do Nascimento, guardaparque<br />
há mais de quatro<br />
anos e membro do Conselho<br />
Consultivo do PESB, re-<br />
O guarda-parque Josué Ferreira do Nascimento<br />
conhece a importância de<br />
seu trabalho e revela ter<br />
um imenso prazer em participar<br />
desse tipo de atividade.<br />
Isso porque, além de<br />
obter conhecimento pessoal<br />
e levar informações<br />
às comunidades, ele contribui<br />
para a manutenção do<br />
Parque.<br />
Josué destaca<br />
a preservação ambiental.<br />
Segundo ele, entre as<br />
ocorrências encontradas, a<br />
caça de aves e a extração<br />
de espécies nativas são as<br />
mais recorrentes. Ainda<br />
de acordo com o guardaparque,<br />
juntamente com<br />
os incêndios, estas são as<br />
ocorrências mais difíceis<br />
de serem solucionadas.<br />
Entre os motivos estão a<br />
necessidade de envolver<br />
outros profissionais, como<br />
a polícia ambiental, brigadistas<br />
e o corpo de bombeiros,<br />
além disso, outra<br />
dificuldade encontrada é o<br />
acesso limitado ao local.<br />
O guarda-parque<br />
atua na unidade de conservação<br />
como um policial<br />
atua em sua cidade.<br />
Através de seus serviços,<br />
ele busca manter a harmonia<br />
no Parque, vigiando,<br />
zelando e agindo nos momentos<br />
de desordem. Devido<br />
à extensão do PESB, a<br />
ação desses profissionais é<br />
indispensável e de grande<br />
importância para a<br />
preservação da natureza.<br />
Entretanto, é importante<br />
lembrar que, ainda com<br />
o trabalho dos guardasparques,<br />
é essencial que<br />
haja a colaboração de<br />
toda a população do entorno<br />
do Parque Estadual<br />
Serra do Brigadeiro, bem<br />
como de seus visitantes,<br />
na preservação do mesmo.<br />
Josué enfatiza que é<br />
preciso que todos tenham<br />
consciência ambiental<br />
e, com isso, possam<br />
aproveitar a beleza que<br />
a natureza tem a oferecer.<br />
Foto: arquivo do PESB
Turismo<br />
Artur Lopes<br />
Paula Sudré;<br />
Graziela Paulino<br />
E r v á l i a<br />
Ano 6, n°<strong>24</strong> - Pág 8<br />
e seus pontos<br />
turísticos ambientais<br />
Poder apreciar<br />
uma bela paisagem e<br />
desfrutar de água limpa<br />
para dar um mergulho é<br />
uma das melhores coisas<br />
da vida, não é mesmo?<br />
Uma pena que com tanta<br />
destruição das riquezas<br />
naturais, isso se torna cada<br />
vez mais difícil. A destruição<br />
da vegetação natural<br />
e dos recursos que ela<br />
nos oferece prejudica a<br />
vida humana em todos os<br />
seus aspectos, sejam eles<br />
econômicos, ambientais,<br />
ou culturais. O turismo é<br />
uma atividade econômica<br />
que ganha cada vez mais<br />
espaço nas pequenas cidades<br />
do interior de Minas<br />
Gerais e entre os diversos<br />
tipos de turismo, o ambiental<br />
vem se destacando.<br />
O município de<br />
Ervália, localizado no território<br />
rural da Serra do<br />
Brigadeiro, vem ganhando<br />
espaço no turismo ambiental.<br />
O pequeno município<br />
é de uma riqueza natural<br />
inestimável, além dos seus<br />
atrativos culturais, como as<br />
tradições de seu povo e<br />
a comida típica, a região<br />
conta com uma riquíssima<br />
fauna e flora, com uma<br />
beleza natural de tirar o<br />
fôlego.<br />
As cachoeiras, as<br />
matas, o Pico do Cruzeiro,<br />
as trilhas, as áreas de<br />
preservação ambiental, as<br />
cavalgadas, a tradição, as<br />
montanhas, as lavouras de<br />
café; não faltam motivos<br />
para se conhecer a cidade.<br />
Além disso, foi inaugurado<br />
no dia 27 de fevereiro de<br />
<strong>2016</strong>, o complexo turístico<br />
do Pico do Cruzeiro a mais<br />
de 1000 metros de altitude,<br />
que se encontra na<br />
comunidade Dom Viçoso.<br />
O projeto foi iniciativa do<br />
próprio município, e visa<br />
atender a demanda de<br />
turismo, ao mesmo tempo<br />
em que atende a necessidade<br />
de lazer e cultura<br />
da população local. A rota<br />
de acesso ao Pico do Cruzeiro<br />
conta com portaria e<br />
guarita, área de camping,<br />
área de estacionamento,<br />
campo de futebol gramado<br />
e cercado com<br />
alambrado, palco para<br />
shows, edificação para bar<br />
e restaurante, banheiros,<br />
chalés para hospedagem<br />
e trilhas para caminhadas.<br />
Em maio, foi realizada<br />
a primeira visita de<br />
campo do Circuito Turístico<br />
Serra do Brigadeiro ao<br />
município de Ervália; a<br />
parceria realizada entre<br />
essa “entidade” e a Prefeitura<br />
da cidade foi no<br />
intuito de ajudar no desenvolvimento<br />
do turismo.<br />
Foi possível aprofundar<br />
as ideias relacionadas às<br />
trilhas, aos roteiros e até<br />
mesmo conhecer o distrito<br />
povoado.<br />
Em Ervália, o acesso<br />
a beleza do Parque<br />
pode ser feito pelo povoado<br />
do Careço ou um<br />
pouco mais adiante, pelo<br />
povoado do Grama/Dom<br />
Viçoso, onde aos pés do<br />
Pico do Cruzeiro, encontrase<br />
o Complexo Turístico do<br />
Pico do Cruzeiro (estrutura<br />
para apoio ao visitante,<br />
com chalés e área<br />
de camping), suas trilhas e<br />
cachoeiras. Além do Pico<br />
do Cruzeiro, Ervália se<br />
destaca quando o assunto<br />
é cachoeira; na saída para<br />
Muriaé localizada próxi-<br />
ma à BR-356, se encontra<br />
a Cachoeira da Usina. Lá<br />
você encontra um clube<br />
com um restaurante com piscina<br />
e quiosques, no pé de<br />
uma grande cachoeira. Os<br />
preços são acessíveis, tanto<br />
para o restaurante, quanto<br />
para a entrada no local.<br />
Porém o horário de funcionamento<br />
é só o comercial.<br />
Você pode conferir<br />
mais informações sobre o<br />
turismo em Ervália através<br />
doblog:http://ctserradobrigadeiro.blogspot.com.<br />
br/<strong>2016</strong>/02/inauguradoocomplexo-turistico-picodo_29.html.<br />
A página da<br />
Cachoeira da Usina no<br />
Facebook/cachoeira-dausina<br />
tem tudo o que você<br />
precisa saber para passar<br />
um dia no local e se você<br />
ainda não visitou as belezas<br />
de Minais Gerais, um bom<br />
lugar para começar essa<br />
aventura, é o complexo Turistico<br />
do Pico do Cruzeiro<br />
em Ervália. Boa viagem!<br />
Complexo turístico Pico do Cruzeiro. Foto: Alessandra Daloz e Marco Antônio Barros.; Disponível em:<br />
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