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Revista Dr Plinio 247

Outubro de 2018

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<strong>Dr</strong>. <strong>Plinio</strong> comenta...<br />

Mas isso mesmo não basta. É preciso<br />

dar com alegria. Quem dá com<br />

tristeza, tendo pena de si mesmo,<br />

não deu nada.<br />

Por exemplo, alguém toma a resolução<br />

de fazer a Deus um pequeno<br />

sacrifício: abster-se de seu melhor<br />

travesseiro, uma vez na semana. Digamos<br />

todas as sextas-feiras, tomando<br />

em consideração que Nosso Senhor<br />

morreu numa sexta-feira por<br />

nós, na Cruz. A pessoa deve privar-<br />

-se disso com alegria, porque encontrou<br />

o modo de tirar melhor proveito<br />

do seu travesseiro, que não é dormir<br />

usando-o, mas dá-lo a Deus, a<br />

Maria Santíssima.<br />

Então a pessoa reza: “Meu Senhor,<br />

dou-Vos graças por terdes<br />

morrido por mim na Cruz, e me concedido<br />

um travesseiro que sacrifico<br />

hoje por Vós.” E afirma isto com<br />

o coração alegre por ter encontrado<br />

com que retribuir a Deus e a Nossa<br />

Senhora a imensidade do que fizeram<br />

por ela. Há uma frase da Escritura<br />

que diz: “Deus ama quem dá<br />

com alegria” (2Cor 9, 7).<br />

Quem dá com pena de si não<br />

pertence à estirpe dos heróis<br />

A lepra é uma doença terrível,<br />

que cobre o homem de feridas, úlceras,<br />

pústulas; depois vão caindo pedaços<br />

dos dedos, do nariz, das orelhas,<br />

o homem vai apodrecendo inteiro.<br />

No fim da doença, ele é uma<br />

podridão ambulante.<br />

Pensem em Balduíno IV andando<br />

no meio dos outros homens e notando<br />

que ele é objeto do nojo e do<br />

horror geral. Percebe que os outros<br />

olham para ele procurando disfarçar,<br />

mas tendo asco. Na véspera daquele<br />

dia ele ainda tinha nariz, naquela<br />

noite o nariz caiu, ou uma orelha,<br />

ou um dedo, e assim ele vai apodrecendo.<br />

Ponha-se cada um neste papel:<br />

apresento-me para os outros, tendo<br />

perdido o nariz na noite anterior...<br />

As pessoas, por amabilidade, fingem<br />

não perceber e perguntam como<br />

passei a noite, mas interiormente<br />

pensam, rachados de dor: “O que<br />

aconteceu nesta noite com ele?”<br />

Entretanto, diante de Balduíno<br />

IV, que na véspera de uma batalha<br />

perde o nariz, está o corcel. O<br />

Rei leproso monta a cavalo, ele todo<br />

é uma chaga e cada vez que o cavalo<br />

salta seu corpo inteiro dói. A dor<br />

aumenta e se renova à medida que o<br />

corcel apressa a velocidade, e a cada<br />

vez em que Balduíno ergue o braço<br />

para desferir um golpe com a espada.<br />

Haveria dois modos de Balduíno<br />

partir para a batalha. Um seria: “Ai,<br />

meu Deus, então Vós quereis deste<br />

vosso pobre filho Balduíno mais<br />

este horror?” E na hora do combate:<br />

“Vós desferis contra ele um golpe<br />

que se os maometanos desfechassem<br />

seria cruel! Durante esta noite,<br />

Senhor, pelas mãos da lepra, Vós me<br />

arrancastes o nariz e desfigurastes a<br />

minha face, abrindo mais uma fonte<br />

de dor em meu rosto. E Vós ainda<br />

quereis que eu combata! Ai que<br />

dor, que sofrimento! Senhor, eu me<br />

resigno vagarosamente, para que tudo<br />

doa o menos possível: ponho um<br />

pé no estribo, vou dar o salto para ci-<br />

J.P. Braido<br />

Cruzeiro de pedra - Escorial, Espanha<br />

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