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Revista Dr Plinio 247

Outubro de 2018

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Vejam, então, a podridão do Império<br />

Romano. Os romanos não conseguiram<br />

reter os bárbaros, São Pedro<br />

conseguiu. E a aparição do primeiro<br />

Papa, no ar, fez com que Átila gradualmente<br />

se retirasse da Itália e voltasse<br />

para a Panônia – a antiga Hungria<br />

–, e se afundou naquelas terras.<br />

...e não queriam que seus filhos<br />

estudassem, pois ficariam<br />

moles como os romanos<br />

Portanto era a hora de os bárbaros<br />

irem embora também. Mas nem se<br />

falou disso, pois eles estavam estabelecidos<br />

e abancados lá. Então o que<br />

fazer? Os governadores e os soldados<br />

romanos tiveram medo dos bárbaros<br />

e todos fugiram. Mas da Santa Sé<br />

veio uma ordem para todos os bispos<br />

e padres não abandonarem seus postos.<br />

Deveriam permanecer nos cargos<br />

e continuar a exercer seu ofício, tentando<br />

converter os bárbaros. É uma<br />

coisa extraordinária realmente.<br />

Resultou daí uma situação assim:<br />

muitos bárbaros eram tão bárbaros que<br />

eles não conseguiam dormir nas cidades<br />

romanas, porque diziam que sentiam<br />

falta de ar devido às casas que havia<br />

em volta. Aquelas casas tiravam o ar<br />

deles. Então iam para o mato ou o campo,<br />

durante a noite, para dormir; e pela<br />

manhã voltavam para fuxicar na cidade,<br />

o que eles achavam naturalmente<br />

interessante, agradável. De um lado.<br />

De outro lado, não queriam que<br />

os filhos deles estudassem, porque diziam<br />

que se o fizessem ficariam moles<br />

como os romanos. E que para ter<br />

meninos guerreiros, a fim de tocar a<br />

eterna guerra deles, o único jeito possível<br />

era que não estudassem. Eles<br />

queriam conservar a barbárie porque<br />

tinham horror à civilização; confundiam<br />

civilização com podridão. Não<br />

eram católicos, mas pagãos.<br />

Para terem ideia de como se foram<br />

espalhando pelo Império, eles entraram<br />

na França, cobriram essa nação,<br />

invadiram a Espanha, Portugal, transpuseram<br />

o Mediterrâneo, entraram<br />

pela África e cobriram quase todo o<br />

Norte desse continente.<br />

Foi, portanto, uma população<br />

imensa que se transmudou, mas que<br />

destruiu tudo na sua passagem. A<br />

administração romana se retirando,<br />

os bárbaros ficaram governando.<br />

Constantinopla e Alexandria<br />

Podem imaginar o que era governo<br />

de bárbaros. As estradas romanas<br />

eram as melhores do mundo. Começaram<br />

a cair, porque de estrada é preciso<br />

cuidar. Se não tem quem cuide, começa<br />

a nascer vegetação na estrada,<br />

acontece de tudo. Como esses bárbaros<br />

nem tinham ideia de como organizar<br />

a proteção de uma estrada, isso tudo<br />

ia se deteriorando. As pontes caiam,<br />

eles não consertavam. Ficavam aqueles<br />

abismos, não se podia transitar. Grupos<br />

de bandidos circulavam de um lado para<br />

outro, não havia polícia. Era o caos<br />

mais completo que pode haver.<br />

Para abreviar a narração, os romanos<br />

começaram a se casar com as bárbaras,<br />

os bárbaros com as romanas, e<br />

foi se formando uma sociedade composta<br />

de civilizados podres e bárbaros<br />

insuportáveis. Pairava sobre esse caos<br />

a bênção da Igreja, ensinando, batizando,<br />

distribuindo os sacramentos quanto<br />

podia, dando exemplos de virtude, suscitando<br />

Santos que, vivendo no meio<br />

deles, iam gradualmente amansando a<br />

barbárie e corrigindo a podridão.<br />

De toda esta história apareceu uma<br />

população mista, semibárbara, incomparavelmente<br />

mais atrasada do que o<br />

mundo oriental que tinha sua grande<br />

capital em Constantinopla – depois<br />

Bizâncio –, que era a sede do Império<br />

Romano do Oriente. Não confundir<br />

com o Império Romano do Ocidente,<br />

que tinha sede em Roma, às vezes em<br />

Milão, enfim, na península itálica.<br />

Constantinopla, lindíssima cidade<br />

do Estreito de Bósforo, com uma parte<br />

construída na Europa e outra na Ásia.<br />

E depois os povos da Ásia Menor, dos<br />

quais muitos eram ricos e altamente civilizados.<br />

Isto ia até o Egito. E a outra<br />

grande cidade oriental, não europeia,<br />

com civilização, portanto, oriental, influência<br />

grega muito forte, era Alexandria,<br />

no Egito. Eram as duas grandes cidades<br />

famosas no mundo inteiro. Para<br />

esse pessoal dos Bálcãs e do Sul do Mediterrâneo,<br />

prevalecia a ideia de que a<br />

Europa era uma caipirada. Tinham razão.<br />

Uns bárbaros, uns cafajestes, com<br />

os quais não havia grande coisa a fazer.<br />

Invasões dos maometanos<br />

e dos vikings<br />

No meio de tudo isso, com acontecimentos<br />

históricos que seria muito<br />

longo narrar, foi gradualmente<br />

aparecendo a nação que é a primeira<br />

da Europa contemporânea a nascer<br />

das mãos da Igreja, a França.<br />

Depois as outras nações foram se<br />

convertendo, a ação dos Santos, da<br />

Hierarquia, foi apaziguando esses povos,<br />

e se podia supor que as coisas relativamente<br />

começassem a melhorar,<br />

quando outras circunstâncias imprevistas<br />

vieram perturbar tudo isso. As<br />

circunstâncias foram tríplices.<br />

Em primeiro lugar, uma invasão<br />

maometana. Maomé – também é outra<br />

coisa interminável para se contar<br />

– fundou uma religião nova, segundo<br />

a qual Jesus Cristo era apenas um<br />

profeta. Dizia Maomé que existia<br />

um só Deus, Alá, e Jesus Cristo, mero<br />

profeta de Alá, não era Homem-<br />

-Deus unido hipostaticamente à Segunda<br />

Pessoa da Santíssima Trindade.<br />

Maomé estava animado por um<br />

ódio terrível aos católicos.<br />

Essa religião começou a atuar no<br />

Oriente Próximo, mas depois se estendeu<br />

pelo Egito e todo o Norte da África.<br />

Os maometanos destroçaram o que<br />

restava de romano católico e de bárbaro<br />

católico. Invadiram a Espanha e, de<br />

invasão em invasão, chegaram até o coração<br />

da França, em Poitiers.<br />

Mais ou menos ao mesmo tempo,<br />

uma parte dos bárbaros, que não tinha<br />

atravessado o Reno e o Danúbio,<br />

começaram a invadir de novo as<br />

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