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mundo

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lhes custaria o elemento surpresa. Humanos, mesmo desesperados, pensariam antes de atacar homens armados e<br />

Três dentes de sabre saltaram do lado esquerdo da estrada, dez metros à frente de João e de seu cavalo. A montaria<br />

“Fiquem onde vocês estão! ”, gritou João. Ele nunca vira os dentes de sabre caçarem em bando. Mas a estratégia deles<br />

Aquele que parecia ser o líder do bando se adiantou e saltou em direção a João e seu cavalo. Morreu antes de tocar o<br />

mastodonte que puxava a carroça. Ele certamente era incapaz de matá-la, mas poderia feri-la gravemente e esperar,<br />

João esperou por um ataque que não veio. Os dois dentes de sabre que o confrontavam fugiram para o lado direito<br />

João disparou para a parte de trás da gigantesca carroça, a tempo de ver Maypu e um dos felinos, se engalfinhando<br />

em uma luta de vida ou morte, sob o olhar atento dos outros sobreviventes. Com quase menos da metade do peso<br />

de um dentes de sabre, O lobo pampeano não duraria muito. João precisava agir. Ainda lhe restava uma pederneira<br />

Disparou contra a massa indiferenciada de pelos avermelhados e pardos que rolava sobre o chão de terra, torcendo<br />

NOVA LITERATURA - AS FERAS DE UM MUNDO AO SUL<br />

PÁGINA 20<br />

CONTO<br />

uma fera que podia destroça-los com uma pisada. Mas os atacantes nada tinham a perder.<br />

se agitou, mas João conseguiu controla-la. Dois outros surgiram do lado direito da carroça, que era guardado pelo<br />

rapaz. E um surgiu por trás, ficando frente a frente com Maypu.<br />

era óbvia.<br />

chão, abatido por um tiro de pederneira. Os outros dois recuaram, mas não fugiram. Estavam famintos. Magros,<br />

costelas aparecendo, movidos como marionetes pela fome insana. João quase lamentou o que tinha que fazer.<br />

Na parte de trás, o dente de sabre busacava um meio de saltar para a carroça e, dela, para as costas da fêmea<br />

enquanto sua refeição agonizava. Maypu, entretanto, era um obstáculo. Bem mais leve que seu oponente, o lobo<br />

pampeano não apenas manteve sua posição, mostrando os dentes e rosnando, como também bloqueou cada<br />

tentativa de avanço do felino.<br />

No flanco direito do veículo, o rapaz aguardava, com duas pederneiras em punho. Um dos felinos saltou em sua<br />

direção e ele disparou um tiro certeiro contra o peito da fera, que caiu se contorcendo e urrando de dor. O outro<br />

fugiu para a mata.<br />

da estrada e sumiram na vegetação. Por um instante, quase respirou aliviado.<br />

Até que ouviu o ganido de Maypu.<br />

“Venha para a frente! ”, gritou ele para o cocheiro.<br />

carregada. Mirar a cabeça da fera era arriscado demais. Um leve desvio da mira e seu amigo estaria morto.<br />

para que sua decisão fosse a melhor.<br />

O projétil acertou o quadril direito do dentes de sabre, que dobrou-se de dor, soltando o lobo pampeano. Dois de<br />

seus companheiros mortos e dois agonizando foram o bastante para que os sobreviventes desistissem e fugissem<br />

para a mata.

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