mundo

“Também pudera. Este animal perdeu muito sangue, pelo que me contaram”, disse uma voz jovial, com forte sotaque
“De João”, disse o oriental, polidamente, mas sem muito entusiasmo. “Por favor, deixem-me ver esse ferimento”, disse,
“O fogo e a água lutam pelo espírito de seu amigo João. Mas posso ajudá-lo. Vou até meu cavalo pegar algumas ervas.
“Obrigado, senhorita” disse Jiao, lançando a João um olhar que parecia dizer “em breve teremos uma longa conversa”.
pampeano. Mantiveram-se em silêncio a maior parte do tempo. Sempre havia o risco de serem ouvidos por Inga ou
“Levei dez anos procurando por ti, jovem príncipe”, disse Jiao, aplicando uma compressa de ervas sobre o ferimento
NOVA LITERATURA - AS FERAS DE UM MUNDO AO SUL
PÁGINA 24
CONTO
para que o médico pudesse tratá-lo.
“Alguém precisa estar aqui quando ele acordar”, respondeu João. Não o Jovem confiante, arrogante até, que Inga
conhecera dois anos antes, convidado por seu pai a jantar em sua casa. O que a jovem austríaca via era homem
comum, se esforçando em esconder o medo que sentia.
“ E a febre?” perguntou a moça.
“Não está baixando”, respondeu ele, a cabeça baixa, a voz quase sumindo.
lusitano, vinda de trás deles. João estava tão absorto que ignorara os reflexos de uma vida inteira. Fosse o recémchegado
um bandoleiro, ambos estariam mortos.
“Como me achaste?”, perguntou João, surpreso.
“Teu animal é o assunto da cidade. Não foi difícil. ”
“João, quem é este senhor?” Perguntou Inga.
“Meu nome é Jiao Wei, senhorita. Eu sou um velho amigo de...”
“João”, adiantou-se o rapaz.
se agachando.
Os dois se afastaram e ele pôde ver que o ferimento começava a purular.
Preciso de água, uma panela, e fogo”.
“O senhor pode usar nossa cozinha, Herr Wei. Por favor, me acompanhe”. Disse a jovem.
João dormiu pouco mais de duas horas. Logo ele estava de volta, com seu antigo mestre, cuidando do lobo
por Herr Weigert. Com a chegada da madrugada, puderam conversar livremente.
do animal.