12.11.2018 Views

Revista Outubro 2018

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Por que o número é tão baixo? Por duas<br />

razões maiores. A primeira é de ordem<br />

política. Não há política pública nos municípios<br />

para o setor. A maior parte dos investimentos<br />

que existem são com recursos do Estado<br />

ou da União, através das políticas de incentivo<br />

à cultura. A segunda é de ordem técnica.<br />

O Conselho Nacional de Arquivos considera<br />

arquivo somente aquelas instituições que<br />

desempenham suas funções tanto de custódia,<br />

como de preservação, de difusão de<br />

seus acervos e de gestão documental, como<br />

definido na lei federal de arquivos 8.159/91.<br />

Não significa que apenas um por cento dos<br />

municípios possuem documentação preservada.<br />

Significa que muitos municípios não<br />

tem nenhum tipo de política ou ação de<br />

preservação de seus documentos. Significa<br />

também que muitos municípios transferem a<br />

guarda de seus documentos à Casas de<br />

Cultura, Centros de Memória ou Fundações<br />

Culturais, para deles tomarem conta.<br />

A lei federal de arquivos aponta o contrário,<br />

responsabilizando diretamente o executivo<br />

municipal pela definição de uma política<br />

municipal de arquivos públicos e privados,<br />

pela criação e manutenção de um arquivo<br />

público municipal e organização de um<br />

sistema municipal de arquivos. Isso por duas<br />

razões óbvias. A primeira é ordem constitucional.<br />

O poder público não pode transferir a<br />

instituições culturais a responsabilidade de<br />

preservar e dar garantias legais aos documentos<br />

ali depositados. Os documentos<br />

públicos, mesmo que muito antigos, ainda<br />

servem como prova de direito. Um arquivo<br />

público é uma instituição que tem fé pública.<br />

Por outro lado, é a forma do arquivo ter<br />

acesso aos recursos do orçamento público. A<br />

segunda é de ordem conceitual. No Brasil,<br />

confundimos o conceito de arquivo. Não<br />

raro, transformamos os arquivos em espaços<br />

cuja função é quase exclusivamente de<br />

conservar os documentos antigos e disponibilizá-los<br />

aos consulentes. Por tal razão,<br />

esses espaços acabam se transformando<br />

em lugares de pouca importância no contexto<br />

da vida da instituição que gerou o documento<br />

e da própria comunidade. Um arquivo<br />

vivo, moderno, desenvolve seu trabalho ao<br />

longo das três idades dos documentos: a<br />

corrente, a intermediária e a permanente.<br />

José Geraldo Begname<br />

Graduado em História pela UFOP, Especialista em<br />

História pela Faculdade São Luís-Jaboticabal,<br />

Técnico em Conservação e Restauração pela FAOP.<br />

Professor de História e Gestor de Arquivos.<br />

Inauguração das Novas instalações do Arquivo<br />

Eclesiástico da Arquidiocese de Mariana<br />

Foto: Arquidiocese de Mariana

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!