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Revista ComTempo, edição nº 2 - de novembro de 2018 a janeiro de 2019

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LEI<br />

Cárcere privado, cinco dias <strong>de</strong> negociação,<br />

gran<strong>de</strong> repercussão nacional e internacional<br />

e exploração midiática. Assim po<strong>de</strong><br />

ser <strong>de</strong>finido um dos casos mais emblemáticos<br />

<strong>de</strong> repercussão nacional e internacional:<br />

o ‘Caso Eloá’, da então adolescente <strong>de</strong><br />

15 anos Eloá Pimentel, assassinada pelo exnamorado<br />

Lin<strong>de</strong>mberg Alves.<br />

O caso, por motivação <strong>de</strong> gênero e<br />

que po<strong>de</strong>ria ser configurado como feminicídio,<br />

completou uma década em outubro <strong>de</strong>ste<br />

ano, mas anos antes, já era <strong>de</strong>finido como<br />

base para o projeto que resultou no Trabalho<br />

<strong>de</strong> Conclusão <strong>de</strong> Curso (TCC) ‘O Feminicídio<br />

no Brasil e as Consequências da Cultura Machista’,<br />

da estudante do 5º ano <strong>de</strong> Direito no<br />

Imesb, em Bebedouro, Graziela Rodrigues,<br />

24.<br />

“Antes mesmo entrar na faculda<strong>de</strong>, o<br />

tema violência contra a mulher mexia muito<br />

comigo. E o caso <strong>de</strong> Eloá, especificamente,<br />

sempre pensei em trazer como tema para minha<br />

conclusão do curso, como uma forma <strong>de</strong><br />

homenageá-la e homenagear tantas outras<br />

meninas e mulheres que foram vítimas <strong>de</strong> crimes<br />

como esse”, diz Graziela, que também<br />

tinha 15 anos quando Eloá foi assassinada,<br />

lembrando-se da repercussão do caso. “A mídia<br />

ganhou muito sobre o caso <strong>de</strong> Eloá. Todos<br />

sabiam no que po<strong>de</strong>ria resultar, mas ninguém<br />

se importava, pois era a vida <strong>de</strong> uma menina<br />

que, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> morta, virou santa. Mas Eloá<br />

não queria ser santa, ela queria viver”, enfatiza<br />

a estudante.<br />

“A Lei do Feminicídio é necessária,<br />

principalmente pela socieda<strong>de</strong> machista que<br />

vivemos, que nos mata por sermos mulheres<br />

a cada dia mais, e agora tem sido mais<br />

pautado na mídia, o que não ocorria até ano<br />

passado”, fazendo referência a casos como o<br />

da advogada Tatiana Spitzner, assassinada e<br />

jogada da sacada <strong>de</strong> seu prédio, pelo esposo<br />

Luís Felipe Mainvailer. O crime aconteceu<br />

em julho <strong>de</strong>ste ano, em Guarapuava (PR), e<br />

levantou muitas discussões sobre feminicídio<br />

no Brasil.<br />

A estudante analisa que mesmo com<br />

a Lei sancionada, juízes <strong>de</strong> muitas comarcas<br />

DO<br />

insistiam em não consi<strong>de</strong>rar assassinatos<br />

<strong>de</strong> mulheres por motivação <strong>de</strong> gênero como<br />

feminicídio. “A mídia começou a dar muita<br />

visibilida<strong>de</strong> a casos <strong>de</strong> feminicídio, principalmente<br />

após a morte da advogada”, explica<br />

Rodrigues.<br />

“Até alguns anos, mortes <strong>de</strong> mulheres<br />

eram tidas como ‘crime <strong>de</strong> paixão’ ou ‘crime<br />

passional’, e muitos homens foram absolvidos<br />

<strong>de</strong>sta forma. Um caso muito famoso é <strong>de</strong><br />

Doca Street (Raul Fernando do Amaral Street),<br />

que assassinou a socialite Ângela Maria<br />

Fernan<strong>de</strong>s Diniz. Eles tinham um casamento<br />

aberto, mas ele tinham muito ciúme, a matou<br />

e ainda colocou toda a culpa nela e está livre<br />

e solto até hoje.<br />

A estudante ainda analisa a relação<br />

direta entre casos <strong>de</strong> feminicídio e históricos<br />

<strong>de</strong> relacionamentos abusivos, ou seja,<br />

quando o companheiro da vítima já dava sinais,<br />

até mesmo “sutis”, <strong>de</strong> violência: “Muitas<br />

vezes a mulher não consegue sair daquele<br />

relacionamento, por conta dos filhos,<br />

por <strong>de</strong>pendência emocional, financeira... E o<br />

feminicídio é realmente a ponta do iceberg,<br />

porque uma pessoa que começa gritando<br />

com uma mulher também po<strong>de</strong> ser capaz <strong>de</strong><br />

esfaqueá-la”<br />

FE<br />

MI<br />

NI<br />

CÍ<br />

DIO

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