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Revista ComTempo, edição nº 2 - de novembro de 2018 a janeiro de 2019

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fatos e situações e instigar os alunos a ter criticida<strong>de</strong> e posicionamento, mas<br />

<strong>de</strong>ve <strong>de</strong>ixá-lo livre <strong>de</strong> acordo com suas convicções e vivências, ou seja, cada<br />

um tem que ter o direito <strong>de</strong> pensar diferente do outro, mas também saber<br />

escutar, respeitar e sempre ter bom senso: “Aquilo que não me faz bem, não<br />

fará bem ao outro”.<br />

Mariana: Com toda certeza. A escola tem a importante tarefa <strong>de</strong> auxiliar no<br />

<strong>de</strong>senvolvimento integral do sujeito. Formar cidadãos críticos, agentes e pensantes<br />

na socieda<strong>de</strong> é um dos principais objetivos da educação.<br />

<strong>ComTempo</strong>: É também papel da escola explicar aos alunos<br />

sobre a vida sexual? Qual sua opinião sobre a educação sexual<br />

ainda na infância?<br />

Ana Paula: Acredito que tudo tem o momento certo <strong>de</strong> acontecer. Como<br />

profissional com <strong>de</strong>z anos <strong>de</strong> experiência em sala <strong>de</strong> aula, muitas vezes foi<br />

preciso dar explicações simples aos pequenos por terem vivenciado abuso<br />

ou até mesmo presenciado outras situações familiares. Então, foi necessário<br />

conversar e encaminhar essas crianças a outros profissionais. Penso que a<br />

escola <strong>de</strong>ve ensinar o que faz parte <strong>de</strong> conteúdos relacionados à <strong>de</strong>terminada<br />

disciplina, e na adolescência, consi<strong>de</strong>ro fundamental que os jovens sejam<br />

orientados e escutados por profissionais por conta <strong>de</strong> muitas vezes os pais<br />

não saberem lidar com isso.<br />

Mariana: Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) trazem a Orientação<br />

Sexual como um dos temas transversais nos currículos. É inegável a<br />

mudança comportamental dos adolescentes nas últimas décadas e essas<br />

novas necessida<strong>de</strong>s refletem na sala <strong>de</strong> aula. Ignorar, reprimir ou tentar<br />

ocultar as manifestações sexuais dos alunos é um esforço inútil. Canalizar<br />

toda essa energia para produzir conhecimento, empatia e respeito é ótima<br />

solução. A sexualida<strong>de</strong> nas escolas, além <strong>de</strong> ser questão educacional, é<br />

também questão <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> pública. Conversar com as famílias sobre o assunto,<br />

trazer diferentes profissionais para a discussão da temática e respeitar<br />

a faixa etária das crianças po<strong>de</strong> ser um bom caminho para trabalhar essa<br />

questão tão necessária.<br />

<strong>ComTempo</strong>: Com o avanço cada vez maior da internet e da<br />

tecnologia, é possível notar a aproximação das crianças em<br />

relação aos aparelhos tecnológicos, como celulares, tablet e<br />

até mesmo a televisão. Até que ponto é saudável esse contato<br />

com as novas mídias e quando começa a ser preocupante?<br />

Ana Paula: Sim, há uma aproximação maior, não só das crianças, mas dos<br />

adultos. É saudável quando o uso acontece <strong>de</strong> forma controlada e quando<br />

busca-se informações e conhecimentos em <strong>de</strong>terminado assunto. Começa a<br />

ser preocupante a partir do momento que não há controle dos pais em relação<br />

aos filhos e quando estes acabam utilizando como válvula <strong>de</strong> escape na educação<br />

das crianças, ou mesmo como recompensa. No entanto, a preocupação<br />

aumenta quando o adulto fica o tempo todo utilizando celular ou computador<br />

e esquece <strong>de</strong> estar presente na vida do filho, participando, conversando<br />

e interagindo. Tudo que acontece em excesso é ruim.<br />

Mariana: Muitas vezes, os conteúdos acessados na internet não são especificamente<br />

educativos, por isso, os responsáveis precisam utilizar bloqueadores<br />

e acompanhar frequentemente os sites que são visitados pelas<br />

crianças e adolescentes. Outro fator que merece atenção é o se<strong>de</strong>ntarismo:<br />

os jogos, ví<strong>de</strong>os e re<strong>de</strong>s sociais não po<strong>de</strong>m ocupar mais tempo do que as<br />

ativida<strong>de</strong>s físicas. A socialização e a interação real não po<strong>de</strong> ser substituída<br />

pela virtual, é <strong>de</strong> suma importância que o sujeito estabeleça relações e conviva<br />

com amigos e familiares.<br />

<strong>ComTempo</strong>: Sobre educação, <strong>de</strong> modo geral, o Brasil está<br />

longe <strong>de</strong> ser referência nesta área? Se sim, o que falta para<br />

atingirmos ou nos aproximarmos <strong>de</strong>ste patamar?<br />

Ana Paula: Sim, está longe, porque há muitas questões envolvidas como: interesses<br />

políticos, econômicos, sociais. Há também certo comodismo por parte<br />

da população que não exige porque não tem competência intelectual para<br />

lutar por seus direitos e cumprir com seus <strong>de</strong>veres. Creio que para atingirmos<br />

um patamar satisfatório <strong>de</strong> educação é necessário que as Políticas Públicas<br />

sejam pensadas e aplicadas diante da situação real <strong>de</strong> nosso país, pois aqui o<br />

mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> educação é sempre copiado <strong>de</strong> países <strong>de</strong> fora. No entanto, o que<br />

funciona no exterior, não funciona aqui. Primeiramente, é preciso que nossos<br />

governantes preocupem-se com o bem estar geral da nação e não somente<br />

bem estar próprio. Há <strong>de</strong> se exigir responsabilida<strong>de</strong> familiar sobre crianças e<br />

não assistencialismo barato em troca <strong>de</strong> interesses próprios.<br />

Mariana: Infelizmente, a educação brasileira está longe <strong>de</strong> ser uma referência<br />

mundial. É difícil dizer quais são os passos que <strong>de</strong>vemos trilhar para chegar<br />

a uma educação <strong>de</strong> excelência. Gostaria <strong>de</strong> ter uma receita que nos fizesse<br />

atingir melhores resultados, no entanto, é uma situação complexa que envolve<br />

os mais diferentes fatores, afinal <strong>de</strong> contas, a escola é um espelho da<br />

socieda<strong>de</strong>, uma pequena amostra do que acontece para além dos muros.<br />

Na minha opinião, um bom começo seria maiores e melhores investimentos<br />

financeiros, além da valorização dos profissionais da educação.

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