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10 - Jornal Paraná Outubro 2018

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CAPACITAÇÃO<br />

Resistência de pragas da cana é crescente<br />

FMC oferece curso on line sobre<br />

tema. Palestra de abertura foi dia<br />

5\9 e aulas estão disponíveis aos<br />

profissionais das usinas do <strong>Paraná</strong><br />

Um dos principais desafios<br />

para o aumento<br />

da produtividade<br />

em cana-deaçúcar<br />

está ligado ao controle<br />

de pragas. Conhecer profundamente<br />

as que ocorrem na região,<br />

monitorar e adotar as<br />

melhores estratégias são fatores<br />

fundamentais para o sucesso<br />

no controle. Por isso, foi<br />

realizada no último dia 5 de setembro,<br />

na sede da Alcopar,<br />

em Maringá, a aula inaugural<br />

do curso de Manejo Integrado<br />

de Pragas (MIP), patrocinada<br />

pela empresa FMC, com o<br />

apoio da Alcopar.<br />

A palestra, feita pela doutora<br />

Leila Luci Dinardo Miranda foi<br />

sobre introdução ao MIP e resistência<br />

de insetos a inseticidas.<br />

Esta faz parte do curso<br />

online completo sobre pragas<br />

da cana-de-açúcar que está<br />

disponível aos profissionais<br />

das usinas do <strong>Paraná</strong> que participaram<br />

do evento.<br />

O curso terá seis módulos realizados<br />

via internet, à distância,<br />

e mais uma palestra de encerramento,<br />

em novembro,<br />

onde serão apresentados casos<br />

de resistência de insetos a<br />

inseticidas e outros assuntos,<br />

sendo também uma oportunidade<br />

de tirar dúvidas dos participantes<br />

do curso.<br />

Os módulos, que estarão disponíveis<br />

na plataforma indicada<br />

por 60 dias, são: nematoides,<br />

broca comum, cigarrinha<br />

das raízes, sphenophorus levis,<br />

migdolus e outras pragas,<br />

além de perguntas e respostas<br />

práticas para o dia a dia. O objetivo<br />

é fornecer a base para<br />

implantação de programa de<br />

Manejo Integrado de Pragas e<br />

de nematoides em áreas cultivadas<br />

com cana-de-açúcar.<br />

Leila disse que as diversas<br />

pragas que afetam a cultura da<br />

cana-de-açúcar muitas vezes<br />

coexistem no campo, devendo<br />

se pensar nos produtos e práticas<br />

de controle usados dentro<br />

do manejo integrado porque<br />

o que for usado para uma<br />

praga pode afetar outras, aumentando<br />

ou diminuindo o<br />

problema.<br />

O uso indiscriminado dos defensivos<br />

tem levado a uma<br />

crescente resistência de algumas<br />

pragas, alertou. Além do<br />

uso repetido do mesmo produto,<br />

que exerce a pressão de<br />

seleção, a evolução da resistência<br />

pode ser influenciada<br />

pela quantidade de gerações<br />

que a praga tem no ano, o número<br />

de descendentes por geração,<br />

a capacidade reprodutiva,<br />

as características do inseto,<br />

a sua mobilidade na lavoura,<br />

e a presença de refúgio,<br />

entre outros.<br />

Fatores operacionais também<br />

afetam, como a relação do inseticida<br />

com outros aplicados<br />

previamente, a persistência do<br />

inseticida, número de aplicações<br />

por ciclo e a dose usada,<br />

tanto quando for menor do que<br />

o recomendado, quanto quando<br />

é maior, podendo aumentar<br />

a velocidade da evolução da<br />

resistência.<br />

“Isso evidencia a necessidade<br />

de integrar outras ferramentas<br />

Aula inaugural feita pela doutora Leila Miranda foi sobre introdução<br />

ao MIP e resistência de insetos a inseticidas<br />

para ajudar no controle. Não se<br />

pode pensar só em inseticida”,<br />

afirmou a doutora, ressaltando<br />

que o Manejo Integrado de<br />

Pragas é baseado em um tripé<br />

que envolve nível de dano econômico,<br />

controle e amostragem,<br />

“e sem a equipe de<br />

amostragem que é a base de<br />

tudo, não tem MIP. Como<br />

tomar decisão de controle, que<br />

envolve muito dinheiro, se não<br />

tiver amostragem, sem conhecer<br />

o que tem no campo”. Na<br />

amostragem, citou, é que se<br />

verifica os locais onde a praga<br />

ocorre e estima-se a população<br />

das pragas para poder definir<br />

a medida de controle, “só<br />

adotando-as onde e quando<br />

forem necessárias”, enfatizou.<br />

Segundo Leila, tem que se<br />

conhecer a eficiência de cada<br />

medida de controle adotada,<br />

seja inseticida ou nematicida<br />

químico, biológico ou medidas<br />

físicas e culturais como destruição<br />

de soqueira para controle<br />

de pragas de solo, afastamento<br />

da palha, rotação de<br />

culturas ou variedades resistentes.<br />

“Muitos fazem aplicação<br />

em área total contra o nematoide,<br />

o que poderia ser<br />

economizado, mas não aplicam<br />

em cana soca, que é fundamental.<br />

Tem que controlar<br />

onde realmente é necessário.<br />

Se não tem praga de solo não<br />

tem necessidade de fazer e<br />

não se sabe se não fizer amostragem”.<br />

Para a doutora a grande vantagem<br />

do MIP é o uso racional<br />

de táticas de controle, além de<br />

diminuir a velocidade de evolução<br />

da resistência de insetos.<br />

Ela disse que se comparar<br />

com a soja ou o algodão, a<br />

cana-de-açúcar quase não utiliza<br />

inseticidas, mas o seu uso<br />

vem aumentando muito nos<br />

últimos anos e há insetos<br />

como a cigarrinha que já tem<br />

resistência aos inseticidas.<br />

“Tem que pensar em alternativas<br />

de controle e fazer rotação<br />

de principio ativo”, orientou.<br />

Outro manejo recomendado<br />

para evitar a resistência é ter<br />

áreas de refugio não tratadas<br />

para permitir migração de indivíduos<br />

sucessíveis, visando diminuir<br />

a resistência. Além de<br />

reduzir número de aplicações,<br />

só controlando quando necessário,<br />

é preciso usar dose de<br />

bula, preservar os inimigos naturais<br />

com produtos de baixo<br />

impacto, usar inseticida pouco<br />

persistente com residual não<br />

muito longo, rotacionar produtos<br />

e usar outros métodos de<br />

controle como biológico e cultural.<br />

“É interesse do produtor<br />

trabalhar para ter longevidade<br />

do produto. Tem que cuidar<br />

das moléculas para ter vida<br />

longa e não comprometer o<br />

controle e manejo da praga”,<br />

citou.<br />

A resistência traz consequências<br />

como aplicações mais<br />

frequentes de inseticidas, uso<br />

de doses mais elevadas, uso<br />

de misturas de inseticidas,<br />

mudança de produto e comprometimento<br />

do programa<br />

de manejo de praga. “Mas é<br />

preciso avaliar bem porque<br />

nem sempre que o desempenho<br />

do produto aplicado<br />

não foi satisfatório é caso de<br />

resistência”, alertou. A falha<br />

no controle pode ter sido causada<br />

pela qualidade da aplicação,<br />

bem comum, dose errada<br />

do produto, densidade populacional<br />

da praga muito alta<br />

ou condições climáticas inadequadas.<br />

6<br />

<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong>

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