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CAPACITAÇÃO<br />
Resistência de pragas da cana é crescente<br />
FMC oferece curso on line sobre<br />
tema. Palestra de abertura foi dia<br />
5\9 e aulas estão disponíveis aos<br />
profissionais das usinas do <strong>Paraná</strong><br />
Um dos principais desafios<br />
para o aumento<br />
da produtividade<br />
em cana-deaçúcar<br />
está ligado ao controle<br />
de pragas. Conhecer profundamente<br />
as que ocorrem na região,<br />
monitorar e adotar as<br />
melhores estratégias são fatores<br />
fundamentais para o sucesso<br />
no controle. Por isso, foi<br />
realizada no último dia 5 de setembro,<br />
na sede da Alcopar,<br />
em Maringá, a aula inaugural<br />
do curso de Manejo Integrado<br />
de Pragas (MIP), patrocinada<br />
pela empresa FMC, com o<br />
apoio da Alcopar.<br />
A palestra, feita pela doutora<br />
Leila Luci Dinardo Miranda foi<br />
sobre introdução ao MIP e resistência<br />
de insetos a inseticidas.<br />
Esta faz parte do curso<br />
online completo sobre pragas<br />
da cana-de-açúcar que está<br />
disponível aos profissionais<br />
das usinas do <strong>Paraná</strong> que participaram<br />
do evento.<br />
O curso terá seis módulos realizados<br />
via internet, à distância,<br />
e mais uma palestra de encerramento,<br />
em novembro,<br />
onde serão apresentados casos<br />
de resistência de insetos a<br />
inseticidas e outros assuntos,<br />
sendo também uma oportunidade<br />
de tirar dúvidas dos participantes<br />
do curso.<br />
Os módulos, que estarão disponíveis<br />
na plataforma indicada<br />
por 60 dias, são: nematoides,<br />
broca comum, cigarrinha<br />
das raízes, sphenophorus levis,<br />
migdolus e outras pragas,<br />
além de perguntas e respostas<br />
práticas para o dia a dia. O objetivo<br />
é fornecer a base para<br />
implantação de programa de<br />
Manejo Integrado de Pragas e<br />
de nematoides em áreas cultivadas<br />
com cana-de-açúcar.<br />
Leila disse que as diversas<br />
pragas que afetam a cultura da<br />
cana-de-açúcar muitas vezes<br />
coexistem no campo, devendo<br />
se pensar nos produtos e práticas<br />
de controle usados dentro<br />
do manejo integrado porque<br />
o que for usado para uma<br />
praga pode afetar outras, aumentando<br />
ou diminuindo o<br />
problema.<br />
O uso indiscriminado dos defensivos<br />
tem levado a uma<br />
crescente resistência de algumas<br />
pragas, alertou. Além do<br />
uso repetido do mesmo produto,<br />
que exerce a pressão de<br />
seleção, a evolução da resistência<br />
pode ser influenciada<br />
pela quantidade de gerações<br />
que a praga tem no ano, o número<br />
de descendentes por geração,<br />
a capacidade reprodutiva,<br />
as características do inseto,<br />
a sua mobilidade na lavoura,<br />
e a presença de refúgio,<br />
entre outros.<br />
Fatores operacionais também<br />
afetam, como a relação do inseticida<br />
com outros aplicados<br />
previamente, a persistência do<br />
inseticida, número de aplicações<br />
por ciclo e a dose usada,<br />
tanto quando for menor do que<br />
o recomendado, quanto quando<br />
é maior, podendo aumentar<br />
a velocidade da evolução da<br />
resistência.<br />
“Isso evidencia a necessidade<br />
de integrar outras ferramentas<br />
Aula inaugural feita pela doutora Leila Miranda foi sobre introdução<br />
ao MIP e resistência de insetos a inseticidas<br />
para ajudar no controle. Não se<br />
pode pensar só em inseticida”,<br />
afirmou a doutora, ressaltando<br />
que o Manejo Integrado de<br />
Pragas é baseado em um tripé<br />
que envolve nível de dano econômico,<br />
controle e amostragem,<br />
“e sem a equipe de<br />
amostragem que é a base de<br />
tudo, não tem MIP. Como<br />
tomar decisão de controle, que<br />
envolve muito dinheiro, se não<br />
tiver amostragem, sem conhecer<br />
o que tem no campo”. Na<br />
amostragem, citou, é que se<br />
verifica os locais onde a praga<br />
ocorre e estima-se a população<br />
das pragas para poder definir<br />
a medida de controle, “só<br />
adotando-as onde e quando<br />
forem necessárias”, enfatizou.<br />
Segundo Leila, tem que se<br />
conhecer a eficiência de cada<br />
medida de controle adotada,<br />
seja inseticida ou nematicida<br />
químico, biológico ou medidas<br />
físicas e culturais como destruição<br />
de soqueira para controle<br />
de pragas de solo, afastamento<br />
da palha, rotação de<br />
culturas ou variedades resistentes.<br />
“Muitos fazem aplicação<br />
em área total contra o nematoide,<br />
o que poderia ser<br />
economizado, mas não aplicam<br />
em cana soca, que é fundamental.<br />
Tem que controlar<br />
onde realmente é necessário.<br />
Se não tem praga de solo não<br />
tem necessidade de fazer e<br />
não se sabe se não fizer amostragem”.<br />
Para a doutora a grande vantagem<br />
do MIP é o uso racional<br />
de táticas de controle, além de<br />
diminuir a velocidade de evolução<br />
da resistência de insetos.<br />
Ela disse que se comparar<br />
com a soja ou o algodão, a<br />
cana-de-açúcar quase não utiliza<br />
inseticidas, mas o seu uso<br />
vem aumentando muito nos<br />
últimos anos e há insetos<br />
como a cigarrinha que já tem<br />
resistência aos inseticidas.<br />
“Tem que pensar em alternativas<br />
de controle e fazer rotação<br />
de principio ativo”, orientou.<br />
Outro manejo recomendado<br />
para evitar a resistência é ter<br />
áreas de refugio não tratadas<br />
para permitir migração de indivíduos<br />
sucessíveis, visando diminuir<br />
a resistência. Além de<br />
reduzir número de aplicações,<br />
só controlando quando necessário,<br />
é preciso usar dose de<br />
bula, preservar os inimigos naturais<br />
com produtos de baixo<br />
impacto, usar inseticida pouco<br />
persistente com residual não<br />
muito longo, rotacionar produtos<br />
e usar outros métodos de<br />
controle como biológico e cultural.<br />
“É interesse do produtor<br />
trabalhar para ter longevidade<br />
do produto. Tem que cuidar<br />
das moléculas para ter vida<br />
longa e não comprometer o<br />
controle e manejo da praga”,<br />
citou.<br />
A resistência traz consequências<br />
como aplicações mais<br />
frequentes de inseticidas, uso<br />
de doses mais elevadas, uso<br />
de misturas de inseticidas,<br />
mudança de produto e comprometimento<br />
do programa<br />
de manejo de praga. “Mas é<br />
preciso avaliar bem porque<br />
nem sempre que o desempenho<br />
do produto aplicado<br />
não foi satisfatório é caso de<br />
resistência”, alertou. A falha<br />
no controle pode ter sido causada<br />
pela qualidade da aplicação,<br />
bem comum, dose errada<br />
do produto, densidade populacional<br />
da praga muito alta<br />
ou condições climáticas inadequadas.<br />
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<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong>