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11 - Jornal Paraná Novembro 2018

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SAFRA <strong>2018</strong>/19<br />

Mais etanol, menos açúcar<br />

<strong>Paraná</strong> inverte seu mix de produção<br />

na indústria. E no campo, chuvas<br />

reduzem ritmo de colheita levando<br />

usinas a reprogramarem fim de safra<br />

Marly Aires<br />

Historicamente, o <strong>Paraná</strong><br />

tem se caracterizado<br />

pela produção<br />

e exportação de<br />

açúcar, com suas usinas concentrando<br />

o mix mais açucareiro<br />

em seu processo industrial.<br />

Mesmo em outros momentos<br />

difíceis para o mercado<br />

mundial da commodity,<br />

em que boa parte das usinas<br />

brasileiras voltaram seu foco<br />

para a produção de etanol, o<br />

Estado manteve seu mix de<br />

produção mais açucareiro.<br />

Este ano, entretanto, houve<br />

uma inversão neste cenário.<br />

Com os preços do açúcar em<br />

queda no mercado internacional<br />

e previsões de mais um<br />

ano de superávit mundial de<br />

produção, e diante de um cenário<br />

mais favorável para o<br />

etanol no mercado interno,<br />

ante a alta do dólar e do petróleo,<br />

aliado à política de reajustes<br />

da Petrobras, as usinas do<br />

<strong>Paraná</strong> concentraram sua<br />

atenção na produção de etanol<br />

este ano.<br />

Segundo o presidente da Alcopar,<br />

Miguel Tranin, o mix de<br />

produção que, há mais de 10<br />

anos, era de 60% da matéria<br />

prima para a produção de açúcar<br />

e 40% para etanol, este<br />

ano tem ficado em 55% para<br />

etanol e 45% para açúcar. A<br />

produção recorde de etanol no<br />

Estado foi na safra 2008/09,<br />

quando atingiu os 2,052 bilhões<br />

de litros de etanol. E o<br />

mix de produção foi de<br />

58,29% de etanol e o restante<br />

de açúcar.<br />

Chuva atrasa colheita<br />

“Tem usina que não acreditava<br />

que poderia produzir tanto etanol.<br />

Trabalharam no limite máximo<br />

de sua capacidade alcooleira”,<br />

afirmou Tranin, ressaltando<br />

que os vários anos de<br />

forte crise econômica pela<br />

qual passa o setor sucroenergético<br />

pesaram nesta inversão<br />

de cenário.<br />

No final do ano passado, período<br />

em que normalmente as<br />

usinas fazem sua opção pela<br />

fixação de preços do açúcar<br />

no mercado da commodity, os<br />

valores estavam em queda,<br />

contrapondo-se a uma remuneração<br />

mais positiva ao etanol,<br />

o que permitiria recuperar<br />

parte do prejuízo. “Isso fez<br />

com que as usinas do <strong>Paraná</strong>,<br />

que normalmente fixam o<br />

preço de 80% da produção de<br />

açúcar no período, fixassem<br />

um volume bem menor a espera<br />

de uma recuperação do<br />

mercado, que acabou não<br />

acontecendo”, comentou Tranin.<br />

Cerca de 55% da<br />

matéria prima tem<br />

sido destinada para<br />

a produção de álcool<br />

Da mesma forma que na indústria,<br />

no campo, com as<br />

chuvas que não deram trégua<br />

no <strong>Paraná</strong>, houve também<br />

uma inversão de cenário.<br />

A colheita, apesar de<br />

começar mais tarde do que<br />

nos anos anteriores, vinha<br />

em ritmo acelerado, por causa<br />

de uma sequência de estiagens<br />

este ano. Isso levou<br />

muitas usinas a se programarem<br />

para encerrar a safra<br />

já em meados de novembro.<br />

Com as chuvas incessantes,<br />

a colheita já sofreu<br />

atrasos, com as usinas se<br />

reprogramando para terminarem<br />

a safra dentro do período<br />

normal.<br />

Depois de ficar com mais<br />

de 30,8% da safra a frente<br />

do ano anterior, no acumulado<br />

do final do primeiro semestre<br />

de <strong>2018</strong>, três quinzenas<br />

seguidas com muita<br />

chuva inverteu o cenário.<br />

Até o dia 30 de junho, o <strong>Paraná</strong><br />

tinha esmagado<br />

13,566 milhões de toneladas<br />

no acumulado, comparando<br />

com as 10,373 milhões<br />

de toneladas registradas<br />

no mesmo período do<br />

ano safra 2017/18.<br />

Com 76,4% colhidos do<br />

total esperado (36.762.900)<br />

para a safra <strong>2018</strong>/19, até o<br />

dia 15/10, foram esmagadas<br />

28,078 milhões de toneladas<br />

de cana-de-açúcar,<br />

5,5% a menos que as<br />

29,726 milhões de toneladas<br />

registradas no mesmo<br />

período do ano safra 2017/<br />

18, mostrando o atraso da<br />

colheita este ano em relação<br />

ao anterior.<br />

Chama a atenção também o<br />

volume de produção de etanol<br />

hidratado que, apesar do<br />

atraso na moagem da safra<br />

na comparação, está 72,2%<br />

a frente do volume produzido<br />

no ano passado no período,<br />

acumulando 851,7<br />

milhões de litros contra<br />

494,4 milhões. Por conta da<br />

inversão do mix de produção,<br />

a Alcopar já reviu o volume<br />

total de etanol hidratado<br />

para a safra passando<br />

de 759,3 milhões, previstos<br />

inicialmente, para 1,075 bilhão<br />

de litros.<br />

Já de etanol total foram industrializados<br />

1,296 bilhão<br />

de litros, 33,2% a mais que<br />

os 972,8 milhões produzidos<br />

no ano passado no período.<br />

O volume total esperado<br />

também foi revisto de<br />

1,336 bilhão para 1,607 bilhão.<br />

No caso do etanol anidro,<br />

os números esperados<br />

para a safra foram revisados<br />

para baixo, passando<br />

de 576,2 milhões de litros<br />

para 532,6 milhões. Até a<br />

primeira quinzena de outubro<br />

foram produzidos 444,5<br />

milhões de litros, 7,1% a<br />

menos que no ano anterior,<br />

478,3 milhões de litros.<br />

Quanto à produção de açúcar,<br />

já se prevê uma redução<br />

no volume total na safra<br />

de 2,589 milhões de toneladas<br />

para 2,151 milhões na<br />

safra. Até a primeira quinzena<br />

de outubro foram processadas<br />

1,685 milhão de<br />

toneladas, 29,7% a menos<br />

que as 2,399 milhões de toneladas<br />

do mesmo período<br />

na safra passada.<br />

<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong> 3

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