Revista Apólice #240
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celulares<br />
❙❙Patricia Soeiro, da Fenseg<br />
aos 207 milhões de habitantes -, o seguro<br />
para celular chega a apenas 3% desses<br />
gadgets. Em comparação, esse mesmo<br />
tipo de proteção tem penetração de 33%<br />
nos EUA e 90% no Japão, o que evidencia<br />
a falta de cultura de seguro no País,<br />
pois até mesmo esse bem tão precioso<br />
não é cogitado como algo que pode ou<br />
deve ser devidamente protegido. Patricia<br />
Soeiro, vice-presidente da Comissão de<br />
Seguro Garantia Estendida e Afinidades<br />
FenSeg, reconhece que “este ainda é o<br />
nosso desafio: precisamos conscientizar<br />
a população sobre os benefícios e<br />
facilidades do seguro, além de estarmos<br />
sempre atentos às mudanças tecnológicas<br />
e novas demandas dos clientes, para que<br />
possamos atendê-los da melhor maneira<br />
possível”, pontua.<br />
Dentro dessa deficiência cultural, há<br />
dois fatores que são primordiais e devem<br />
ser trabalhados: preço e coberturas. “O<br />
seguro culturalmente ainda não é uma<br />
prioridade para os brasileiros. Algumas<br />
pessoas preferem consertar o celular em<br />
uma assistência com a percepção de que<br />
irão pagar menos pelo serviço do que pelo<br />
seguro”, aponta Michele Borba, diretora<br />
Comercial de Afinidades da Zurich.<br />
24<br />
Obstáculos e coberturas<br />
Para além da cultura do seguro, por<br />
que as pessoas que sabem que essa opção<br />
existe não contratam a proteção? Para<br />
Daniel Hatkoff, fundador e CEO da Pitzi<br />
- clube de proteção para celulares - o<br />
mercado precisa levar em conta alguns fatores<br />
que são decisivos para a aquisição de<br />
uma proteção, como ter um produto que<br />
todo mundo vai querer porque realmente<br />
tem benefícios e é algo em conta. “Hoje,<br />
o prêmio cobrado é muito caro e ainda há<br />
uma franquia de 15 a 30%. Há motivos<br />
para que seja assim, como questões de<br />
fraude, por exemplo, mas isso precisa<br />
ser resolvido”, aponta. Entre os problemas,<br />
ele cita que embora as seguradoras<br />
tenham muita expertise em questões de<br />
risco, ainda precisam ser mais eficientes<br />
em pontos como logística e supply chain.<br />
As seguradoras são empresas que operam<br />
de maneiras mais tradicionais, com<br />
padrões operacionais mais rígidos e<br />
sistemas legados que, apesar de garantir<br />
sua idoneidade e solvência, muitas vezes<br />
retardam o processo de inovação. Para<br />
muitos produtos esses processos são<br />
formas de se proteger, mas em outros,<br />
como o seguro para celular, isso acaba<br />
retardando as melhorias que poderiam<br />
ser feitas “O mercado está evoluindo em<br />
processos e tecnologia, o que tem facilitado<br />
a oferta. Temos o desafio de tornar<br />
cada vez mais simples, ágil e conveniente<br />
todo o processo para o cliente, da venda<br />
ao sinistro. Do lado do consumidor, temos<br />
o desafio de ajudar a difundir a cultura<br />
do seguro”, explica Menezes, da Axa.<br />
É importante destacar que essa evolução<br />
precisa, de qualquer maneira, passar pela<br />
expansão das coberturas oferecidas pelo<br />
mercado. Muitas pessoas deixam de adquirir<br />
o seguro porque as principais proteções<br />
hoje são para roubo e furto qualificado<br />
- aquele no qual o indivíduo precisa<br />
ultrapassar algum tipo de barreira para<br />
subtrair o bem. Patrícia explica que nessa<br />
modalidade a cobertura é de reposição do<br />
aparelho por outro igual ou similar. “Isso<br />
é feito mediante apresentação de documentação<br />
comprobatória, como Boletim<br />
de Ocorrência, por exemplo”, elucida.<br />
Portanto, casos mais comuns, nos quais a<br />
pessoa é roubada sem perceber e também<br />
nos casos de danos como quebra de tela<br />
e líquidos, por exemplo, nem sempre há<br />
cobertura. “Quando o distribuidor disponibiliza<br />
as coberturas individualizadas,<br />
existe uma leve preferência pela cobertura<br />
de Roubo e Furto Qualificado, pois o<br />
valor do prejuízo em caso de um celular<br />
novo é maior que um conserto. Porém, a<br />
❙❙Michele Borba, da Zurich<br />
opção “combo” (Roubo e Furto mais Danos)<br />
é líder da preferência dos consumidores<br />
pois possibilita a proteção completa<br />
do aparelho”, ressalta Michele Borba.<br />
São duas contas que não fecham: a necessidade<br />
de aumentar a tecnologia, para oferecer<br />
produtos mais completos em companhias<br />
que têm sistemas mais lentos,<br />
e dar cobertura total para um aparelho<br />
cujo risco de sinistro é alto e constante.<br />
O interesse em fazer isso acontecer tem<br />
crescido tanto que as discussões sobre<br />
essas mudanças já estão avançadas,<br />
conforme afirma o executivo da Axa.<br />
“O mercado tem discutido em fóruns<br />
institucionais sobre a inclusão da cobertura<br />
para furto simples. Não seria<br />
uma decisão isolada de nenhuma seguradora,<br />
mas de todo o mercado”, pontua.<br />
Para lidar com essas questões, seja nesse<br />
ou em outro produto, as seguradoras<br />
têm procurado startups para atender o<br />
cliente sem precisar mexer diretamente<br />
em seus sistemas, formando parcerias.<br />
A Pitzi é um exemplo disso. Inicialmente,<br />
a startup começou tentando oferecer o<br />
produto diretamente ao cliente, mas em<br />
pouco tempo os idealizadores perceberam<br />
que a parceria com as seguradoras<br />
poderia ser muito mais benéfica para<br />
ambos. “Vimos que esse é um produto<br />
que traz muita alegria para os clientes e<br />
que poderíamos ajudar as seguradoras,<br />
trazendo mais velocidade”, assinala o<br />
CEO da empresa. Com média de dois<br />
dias para devolução de uma demanda dos<br />
clientes, e prazo máximo de cinco dias,