26 Thalia Gonçalves Gegê Barbudo No torno movido à água
27 Pedra Sabão em Cachoeira do Brumado Thalia Gonçalves* Há aproximadamente 200 anos iniciou-se a fabricação das panelas de pedra-sabão no distrito de Cachoeira do Brumado, Mariana-MG, que na atualidade viria a consagrar a comunidade no pioneirismo da produção do artesanato, homologando em 2015 o modo de fazer as panelas de pedra com o título de Patrimônio Imaterial de Mariana. Segundo Geraldo Teixeira, que aos 65 anos é o artesão mais velho da comunidade, as primeiras panelas de pedra-sabão foram feitas utilizando apenas uma ferramenta semelhante a uma machadinha, realizando todo o trabalho de modelagem e acabamento do artesanato com as mãos. A expansão da venda por várias cidades mineiras e nacionais pelos tropeiros, homens que conduziam tropas de cavalos para vender seus produtos, consolidou a importância da venda do artesanato, juntamente com os tapetes de sisal, para o sustento das famílias cachoeirenses. Em homenagem a esses homens, o senhor Mário Ramos Eleutério, filho e neto de tropeiro, inaugurou em 2014 o “Memorial Antônio Pedro Eleutério” a fim de manter viva, para as gerações futuras, a memória desses senhores que são personagens marcantes para a história do distrito. No Memorial, além de uma galeria de fotos dos tropeiros da comunidade é possível ver também objetos como arreios, ferraduras, capas, utensílios domésticos entre outros itens usados por eles em suas viagens. Ao decorrer dos anos, o ofício passado de geração a geração, foi se firmando em Cachoeira do Brumado e novas técnicas foram sendo implantadas pelos artesãos no processo de produção, deixando de ser feitas com machadinhas para serem fabricadas em tornos movidos à água. Esses tornos são uma espécie de motor que fica acoplado a um moinho, que gera energia a partir da água. Assim, o bloco de pedrasabão que está preso no equipamento irá girar, facilitando na modelagem da rocha, enquanto recebe os acabamentos e detalhes pelo artesão. Hoje há apenas um torno movido à água em funcionamento no distrito, pertencente ao artesão Geraldo Teixeira, o Gegê Barbudo . Localizado próximo à queda d'água o local é também um ponto de visita dos turistas, que curiosos, visitam o local para verem de perto como são feitas as panelas de pedra. Apesar da idade avançada, o senhor Geraldo continua a fabricar o seu artesanato, produzindo cerca de uma carga – jogo de dezesseis panelas, que era o peso que os burros suportavam carregar no passado – por dia. “Eu faço por amor à minha Terra”, afirma. Além das panelas de pedra, atualmente a pedra-sabão é também utilizada na fabricação de formas de pizza e lasanha, grelhas, churrasqueiras, panelas de pressão, reachaud, pilão, adornos, filtro, barril para pinga, entre outros objetos que são comercializados em todo país. *Estudante de jornalismo