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Revista Dr Plinio 257

Agosto de 2019

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— Cada vez que eu leio, sinto alguma<br />

coisa que não tinha sentido<br />

anteriormente. Deixa a carta, que isso<br />

é comigo.<br />

Isso indica bem como são diversas<br />

as relações entre mãe e filho. O<br />

próprio do relacionamento do filho<br />

com a mãe é ser totalmente confiante.<br />

Nem lhe passa pela cabeça que<br />

ela não retribua inteiramente o afeto<br />

que se tem por ela. Mas a mãe para<br />

o filho não. Quando é uma boa mãe<br />

católica, ela não rateia nunca. Quer<br />

sentir a alegria da segurança, apalpar<br />

mais outra vez. A releitura da<br />

carta dava a ela essa tranquilidade.<br />

Arquivo <strong>Revista</strong><br />

Filha da Igreja Católica<br />

Apostólica Romana<br />

Quando eu era pequeno, frequentemente<br />

dava-se isto: estávamos<br />

brincando todos no jardim – meus<br />

primos, minha irmã, e eu pelo meio<br />

–, de repente eu sumia e a Fräulein<br />

começava a me procurar. Até<br />

que um dia ela disse: “Não adianta,<br />

quando o <strong>Plinio</strong> some, já se sabe…<br />

ele está com a mãe.”<br />

Eu pensava:<br />

“Mamãe tem outra substância,<br />

outro entretenimento, outro afeto,<br />

outra seriedade... Eu escapo dessa<br />

gente de qualquer modo, subo e vou<br />

dar uma prosinha com ela.”<br />

Podem imaginar como ela me recebia!<br />

E como era a prosinha: olhos<br />

nos olhos, coração no coração, a<br />

mais unida que se possa imaginar.<br />

Até a hora em que viessem me pegar<br />

e pôr no meio da criançada de<br />

novo, com a ideia de que criança<br />

brinca com criança e que não deve<br />

estar muito tempo com os mais velhos.<br />

Então, no meio da criançada<br />

eu brincava também. Mas de vez em<br />

quando me voltava à mente: “Mamãe<br />

deve estar em tal sala assim; se<br />

eu der uma corridinha agora e disser<br />

alguma coisa para ela, obtenho alguma<br />

coisa dela para mim.” Ora, essa<br />

atitude a inclinava a sentir-se unida a<br />

mim, é evidente. Isso desde pequeno<br />

até o último momento, com a graça<br />

de Nossa Senhora, foi assim.<br />

Dessa maneira, as minhas tendências<br />

afinaram, pela graça da Santíssima<br />

Virgem, com as dela. E o seu modo<br />

de ser pareceu-me o feitio natural,<br />

a posição ambiental exata que correspondia<br />

com certo lado do meu modo<br />

de ser que eu desejava que prevalecesse<br />

e vencesse. Portanto, para mim,<br />

aquilo não era apenas uma consonância,<br />

mas um programa de vida.<br />

Esse modo de ser de mamãe resultava<br />

das suas qualidades, da sua<br />

condição de filha da Igreja Católica<br />

Apostólica Romana, mas com o específico<br />

da geração e da família dela,<br />

acompanhado de uma carga de sobrenatural,<br />

infelizmente muito menos<br />

densa em outras pessoas. Entretanto,<br />

trazia uma marca de certa tradição<br />

católica, que o feitio da família<br />

dela indicava bem.<br />

<strong>Plinio</strong>, Ilka e Rosée<br />

Vocabulário elevado, timbres<br />

de voz agradáveis de ouvir<br />

O modo de ser geral na geração<br />

de Dona Lucilia e da mãe dela era,<br />

antes de tudo, muito cerimonioso,<br />

mas muito íntimo. Conversavam sobre<br />

coisas bastante simples com muita<br />

intimidade e naturalidade, mas o<br />

tempo inteiro com muitíssima cortesia.<br />

De maneira que, por exemplo,<br />

no meu tempo de criança, nunca<br />

presenciei uma briga entre os mais<br />

velhos. Sequer um levantar de voz,<br />

um gênero de resposta ácido, nunca<br />

vi isso. Pode ser que quando sozinhos<br />

tivessem algum atrito. Na minha<br />

presença nunca. A coisa corria<br />

num manso lago azul.<br />

Exprimiam-se muito bem, com<br />

um vocabulário bonito, não frequente<br />

em qualquer lugar, habitualmente<br />

com timbres de voz agradáveis de ouvir.<br />

Ninguém tinha voz muito anasa-<br />

9

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