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Newslab 154 correta

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9<br />

Imagem Ilustrativa<br />

KARLA VALÉRIA SANTOS DE CAMPOS 1 ,<br />

IZALINA CARLA OLIVEIRA DO NASCIMENTO 1 ,<br />

JOSÉ EDUARDO BATISTA FILHO1,<br />

VANESSA DANILLE DINIZ DA SILVA 2 ,<br />

GERUSINETE BASTOS SANTOS 3<br />

JOSÉ EDUARDO BATISTA 4 *<br />

Tabela 4. Percentuais de Indicadores de Qualidade das análises realizadas em material<br />

artigo 2<br />

citológico de mulheres quilombolas do Maranhão.<br />

Índices Índice encontrado Maranhão<br />

Percentual recomendado<br />

Índice de Positividade 7,8% 2,0% Entre 3% e 10%<br />

- Percentual de exames<br />

compatíveis com células<br />

escamosas atípicas (ASC)<br />

entre os exames satisfatórios<br />

- Razão Atipia escamosa<br />

de significado indeterminado<br />

Lesão intraepitelial<br />

escamosas (Razão ASC/SIL)<br />

- Percentual de exames<br />

compatíveis com lesão<br />

intraepitelial de alto grau<br />

(HSIL)<br />

2,6% 0,9%<br />

No máximo 4% a 5% de<br />

todos os exames<br />

0,5% 1,0% Não superior a 3%<br />

3,2% 0,2% Variável<br />

ASC-US - Atypical squamous cells of undetermined significance; LSIL - Low grade<br />

squamous intraepithelial lesion; ASC-H - Atypical squamous cells cannot exclude highgrade<br />

squamous intraepithelial lesions; HSIL - High grade intraepithelial lesion.<br />

Maranhão o índice de positividade é de<br />

2,0%, abaixo do que é preconizado como<br />

No presente estudo, a maioria das mulheres quilombolas encontrava-se na faixa etária 25 a 50<br />

satisfatório pelo Ministério da Saúde.<br />

Neste estudo o percentual de exames<br />

compatíveis com ASC foi de 2,6%, entre os<br />

exames satisfatórios. Esta taxa encontra-se<br />

pouco abaixo do limite preconizado para<br />

estes diagnósticos que é de 4% e 5% de<br />

todos os exames satisfatórios. No Maranhão<br />

o percentual de exames compatíveis<br />

com ASC é de 0,9% percentual muito<br />

abaixo do limite estabelecido pelo Ministério<br />

da Saúde, porém semelhantes aos<br />

encontrados em outras regiões do País (10).<br />

Este estudo mostrou uma prevalência<br />

de HSIL de 3,2%, considerada alta,<br />

se comparada aos índices apresentados<br />

nacionalmente, como no estudo realizado<br />

em Goiás, que avaliou os Indicadores<br />

da Qualidade dos Exames Citopatológicos<br />

do Colo do Útero de Laboratórios<br />

Privados credenciados pelo Sistema<br />

Único de Saúde. Os laboratórios monitorados<br />

apresentaram uma média de<br />

0,6%, enquanto os não monitorados<br />

evidenciaram 0,2% (11). Entretanto o<br />

índice desse estudo é semelhante aos<br />

índices relatados por Bortolon et al.<br />

(2012) em uma outra população(10).<br />

Os altos índices de HSIL encontrados<br />

podem ser resultado de um controle de<br />

qualidade mais eficiente, realizando uma<br />

<strong>correta</strong> leitura e revisão, alcançando assim<br />

uma melhor abrangência de resultados,<br />

reduzindo assim a ocorrência de falsos<br />

negativos. Outro ponto importante é que<br />

estas maiores taxas de HSIL podem ser<br />

também um reflexo das próprias características<br />

da população, da dificuldade de<br />

DISCUSSÃO<br />

anos equivalendo a 60,5%, seguido pelas mulheres com mais de 50 anos que correspondem a 31,6%. Do<br />

total de 8.951.266 exames citopatológicos do colo do útero registrados no SISCOLO em 2013, 78,7%<br />

acesso à informação aos serviços de saúde,<br />

bem como possíveis fatores genéticos.<br />

De acordo com Oliveira et al. (2014),<br />

vários autores apontam para a relevância<br />

de etnia/raça na produção de enfermidade,<br />

porém, poucos de fato demonstraram<br />

a existência de tal associação(2).<br />

A relação entre saúde/enfermidade<br />

nas minorias étnico-raciais pode ser<br />

abordada de acordo com ele sob duas<br />

vertentes complementares: 1) saúde e<br />

enfermidade como resultante de desigualdades<br />

sociais e/ou discriminação<br />

étnico-racial e 2) saúde e enfermidade<br />

como resultante de fatores biogenéticos.<br />

A partir desta abordagem pode ser possível<br />

ter um olhar mais abrangente sobre a<br />

população quilombola e os diversos fatores<br />

que contribuem para os resultados encontrados<br />

neste estudo, levando em consideração<br />

a miscigenação, cultura, acesso aos<br />

serviços de saúde e ao próprio isolamento<br />

geográfico. Desta forma, a oportunidade<br />

de levantar dados referentes a grupos étnicos<br />

específicos é especialmente importante<br />

para o entendimento das condições de saúde<br />

desta população, bem como de delineamento<br />

de estratégias para melhorias na detecção<br />

precoce e seguimento no tratamento.<br />

CONCLUSÃO<br />

Os resultados para lesões de alto grau<br />

obtidos no estudo contribuem para o entendimento<br />

da situação de um dos grupos<br />

étnicos nos quilombos do Maranhão.<br />

Os índices dos indicadores de qualidade<br />

encontrados, apesar de estarem dentro<br />

dos parâmetros determinados pelo Ministério<br />

da Saúde, reforça a necessidade<br />

de investimento em qualidade dos laboratórios<br />

de citopatologia no Maranhão.<br />

Na análise de 152 de exames citopatológicos,<br />

92,1% (140/152) foram considerados<br />

inflamatórios, enquanto 7,2%<br />

apresentaram anormalidades citológicas,<br />

havendo maior prevalência para HSIL<br />

3,2% (5/152). O índice de positividade<br />

foi 7,8%, percentual de células escamosas<br />

atípicas nos exames satisfatórios foi<br />

2,6% a razão entre células escamosas<br />

atípicas e lesões intraepitelial escamosas<br />

foi 0,5%, exames compatíveis com lesão<br />

intraepitelial escamosa de alto grau foi<br />

3,2%. Os resultados apontam, assim,<br />

maior prevalência para lesões de alto<br />

grau, os indicadores de qualidade da população<br />

estudada dentro dos parâmetros<br />

determinado pelo Ministério da Saúde.<br />

Deste modo, faz-se necessária a intensificação<br />

de ações dos programas de controle e rastreamento<br />

do câncer de colo uterino na população<br />

estudada visando a detecção e tratamento precoce<br />

das lesões precursoras do câncer do colo<br />

uterino, para a redução da incidência e mortalidade<br />

entre a população quilombola.<br />

Conflito de Interesse<br />

Não há conflitos de interesse envolvidos<br />

nesta pesquisa.<br />

REFERÊNCIAS<br />

1. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância<br />

à Saúde. Departamento de Análise de Situação<br />

de Saúde. Plano de ações estratégicas para o enfrentamento<br />

das Doenças Crônicas não Transmissíveis<br />

(DCNT) no Brasil. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2011.<br />

2. BRASIL. Instituto Nacional do Câncer. Estimativa 2016.<br />

Incidência do câncer no Brasil. Rio de Janeiro: Inca, 2015.<br />

Avaliação de indicadores das ações de detecção precoce<br />

dos cânceres do colo do útero e de mama - Brasil e regiões.<br />

Rio de Janeiro: Inca, 2015.3.WHO. WORLD HEALTH OR-<br />

GANIZATION. National Câncer Control Programmes: policies<br />

and managerial guidelines. 2. ed. Geneva: WHO, 2002.<br />

4. BOA SORTE E.T.; NASCIMENTO E.R.; FER-<br />

REIRA S.L. Conhecimento de mulheres quilombolas<br />

sobre o câncer do colo uterino Salvador.<br />

Rev. Baiana Enferm. 30(1):325-334, 2016.<br />

5. SOLOMON D & NAYAR R. Sistema Bethesda para citopatologia<br />

cervico-vaginal. 2. ed. São Paulo: Revinter, 2004.<br />

6. Manual de Gestão da Qualidade para Laboratório de<br />

Citopatologia. Instituto Nacional de Câncer José Alencar<br />

Gomes da Silva, Coordenação Geral de Prevenção<br />

e Vigilância, Divisão de Detecção Precoce e Apoio a Organização<br />

de Rede. Rio de Janeiro: Inca. p 23-28, 2012<br />

7. CARDOSO R.L.S. Vulnerabilidade às DSTs/AIDS entre<br />

jovens de uma comunidade quilombola do município de<br />

Turiaçu-MA. São Luís, 84 p. Dissertação (Mestrado), Universidade<br />

Federal do Maranhão – UFMA, São Luís, 2011<br />

8. BRASIL. Instituto Nacional do Câncer. Programa Nacional<br />

de Controle do Câncer do Colo do Útero. Rio de Janeiro:<br />

INCA, 2011. 9. TAVARES S.B.N.; SOUSA N.L.A.; MANRI-<br />

QUE E.C.; ZEFERINO L.C.; AMARAL R.G.; Improvement in<br />

the Routine Screening of Cervical Smears. A Study Using<br />

Rapid Prescreening and 100%. Rapid Revie as Internal Quality<br />

Control Methods. Cancer Cytopathol; 119:367-376, 2011<br />

10. BORTOLON P.C.; SILVA M.A.F.; CORRÊA F.M.;<br />

KNUPP V.M.A.O. Avaliação da Qualidade dos Laboratórios<br />

de Citopatologia do Colo do Útero no<br />

Brasil. Rev Bras Cancerologia; 58(3):435-444, 2012<br />

11. ÁZARA C.Z.S.; ARAÚJO E.S.; MAGALHÃES J.C.;<br />

AMARAL R.G. Avaliação dos indicadores da qualidade<br />

dos exames citopatológicos do colo do útero<br />

de laboratórios privados do estado de Goiás credenciados<br />

pelo Sistema Único de Saúde. Revista<br />

Brasileira de Cancerologia, 60(4):295-303, 2014.<br />

12. OLIVEIRA M.V.; GUIMARÃES M.D.C & FRANCA EB. Fatores<br />

associados a não realização de Papanicolau em mulheres<br />

quilombolas. Ciência & Saúde Coletiva. 19(11):4535-<br />

4544, 2014.<br />

036<br />

Revista NewsLab | Jun/Jul 2019

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