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Hagiografia<br />
Arquivo <strong>Revista</strong><br />
pelo menos a raiz dessa forma de<br />
amor para com a Igreja que é a coisa<br />
mais forte que há no universo. Fala-se<br />
hoje em dia em forças materiais<br />
enormes, organizadas, encadeadas<br />
e desencadeadas pelo homem.<br />
Nada disso é forte como o enlevo, a<br />
veneração e a ternura, forças espirituais<br />
incomparavelmente mais fortes<br />
do que todas as potências materiais.<br />
Que Nossa Senhora implante<br />
em nossas almas essa disposição,<br />
essa veneração e ternura pela Santa<br />
Igreja Católica Apostólica Romana.<br />
Santa Igreja Católica… como não<br />
soltar um “ai” depois de dizer isto?<br />
Como não olhar para as ruínas que<br />
fumegam, para os corpos que enchem<br />
as ruas, para o sangue que se<br />
verte de todos os lados, para os corvos<br />
que se abatem sobre os cadáveres,<br />
para os tremores de terra que<br />
abalam aquilo que os incêndios ainda<br />
não consumiram? Como não ter<br />
um gemido pensando nisso?<br />
A Santa Igreja Católica: Jerusalém<br />
celeste, cidade perfeita, com<br />
muralhas de brilhantes e pérolas,<br />
vias cobertas de safiras e esmeraldas,<br />
torres revestidas de rubis, e as ruas<br />
calçadas de ouro e prata. A Igreja,<br />
minha mãe, onde está ela?<br />
Essa pergunta causa uma dor que<br />
constringe o coração e o coroa de espinhos<br />
em toda a sua superfície. Entretanto,<br />
além de despertar esta dor,<br />
suscita uma alegria: Nosso Senhor<br />
disse que o Reino de Deus está dentro<br />
de nós (cf. Lc 17, 21). O Reino<br />
de Deus é a Igreja Católica, nós somos<br />
os filhos da Igreja, fiéis a ela. Isso<br />
se manifesta na nossa fidelidade<br />
à Doutrina que ela ensina e que não<br />
foi inventada por nós, aos Sacramentos<br />
por ela administrados, à Tradição<br />
gloriosa de dois mil anos que nos<br />
vem em documentos inconcussos e<br />
nos explicam como é verdadeiramente<br />
a Igreja, e aos quais nos conformamos.<br />
Nossas ideias não são um capricho,<br />
nossa orientação<br />
não é um ato de preferência<br />
arbitrária e pessoal,<br />
somos os escravos<br />
da Igreja Católica, que<br />
a seguimos no que ela<br />
quer, no que ela ensina<br />
e sempre ensinou e<br />
que aí está, apesar de<br />
toda a fuligem das épocas,<br />
para nos dar a entender<br />
como devemos<br />
ser. Nós conseguimos<br />
ser como somos por<br />
sermos filhos dela, porque<br />
sua graça tocou em<br />
nós.<br />
Se nos abrirmos<br />
à ação da graça,<br />
venceremos a<br />
Revolução<br />
Se nos abrirmos a<br />
essa graça, como São<br />
Bernardo se abriu, faremos<br />
maravilhas. E não haverá nada<br />
que consiga impedir que nós vençamos<br />
a Revolução. Porque nós vemos,<br />
pelo exemplo dele e de tantos<br />
outros Santos, que para uma alma<br />
aberta à ação da graça absolutamente<br />
nada é impossível.<br />
O Hino das Congregações Marianas<br />
cantava: “De mil soldados não teme<br />
a espada quem pugna à sombra<br />
da Imaculada.” A espada poderá parecer<br />
uma arma bem anacrônica. Pois<br />
bem, de mil bombas atômicas, ainda<br />
que todo o universo se desagregasse<br />
em explosões atômicas, a alma<br />
que se abre à influência de Nossa Senhora<br />
na Igreja não temeria, porque,<br />
se fosse esse o desígnio da Santíssima<br />
Virgem, depois dessas explosões seguiria<br />
o Reino de Maria num universo<br />
renovado. Porque o que Nossa Senhora<br />
quer, isso se faz irrecorrível e<br />
invencivelmente. É o desígnio d’Ela<br />
que manda em tudo. E nós devemos<br />
ter mil vezes mais medo de despertar<br />
uma expressão de tristeza na face augusta<br />
de Maria, do que da cólera de<br />
todos os ímpios e na explosão de todas<br />
as bombas atômicas.<br />
Para isso, temos que abrir as nossas<br />
almas para a graça de Deus. Peçamos,<br />
então, à Santíssima Virgem que Ela<br />
condescenda em ser cada vez mais a<br />
nossa aliada, pois assim faremos tudo.<br />
Que Maria Santíssima nos dê<br />
aquela abertura de alma que sem<br />
Ela não teríamos. Aquela generosidade<br />
da qual Ela é a fonte, para que<br />
possamos dizer-Lhe, ligeiramente<br />
adaptado, aquilo que foi dito por Ela<br />
ao Anjo quando este Lhe anunciou a<br />
missão: “Eis aqui os escravos de Maria,<br />
faça-se em nós segundo a vontade<br />
d’Ela.”<br />
v<br />
(Extraído de conferência de<br />
25/10/1967)<br />
<strong>Dr</strong>. <strong>Plinio</strong> durante um discurso em 1967<br />
1) Cf. ROHRBACHER, René François.<br />
Vidas dos Santos. São Paulo: Editora das<br />
Américas, 1959. Vol. XIX. p. 33-37.<br />
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