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Revista Dr Plinio 260

Novembro de 2019

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U.S. National Archives (CC3.0)<br />

Churchill, Roosevelt e Stalin durante a conferência de Yalta<br />

des que eu tinha; não compreendia a<br />

beleza que havia nisto. Até me lembro<br />

de ter pensado o seguinte: “Todo<br />

mundo acha isto feio, quem sabe se<br />

é mesmo. Nesse caso, faço uma coisa<br />

feia, mas enfrento todo mundo e<br />

vou para a frente, porque ser de outra<br />

maneira eu não quero.”<br />

No praticar uma coisa que talvez<br />

fosse feia por amor a um ideal, eu<br />

o fazia do modo mais belo possível.<br />

Eu me lembro de que pensava com<br />

meus botões: “Mas que coisa horrível<br />

ser desconsiderado assim! Veja<br />

tal menino de boca porca, de maus<br />

costumes que empolga a aula dizendo<br />

palavrões, e como eu faço um papel<br />

apagado, mole, bobo, com a minha<br />

perpétua observância da pureza,<br />

das boas maneiras, da distinção.”<br />

Mas eu refletia: “A pureza, as<br />

boas maneiras, a distinção valem isto;<br />

assim eu quero ser, ainda que me<br />

rachem.” Eu era, assim, uma espécie<br />

de bichinho se agarrando à tábua<br />

de salvação a todo custo. Ainda<br />

não percebia que essa tábua de salvação<br />

tinha um nome, era a Cruz de<br />

Nosso Senhor Jesus Cristo. Quando<br />

mais tarde percebi, fiquei maravilhado,<br />

mas o passo estava dado, eu tinha<br />

entrado na luta.<br />

Nosso Senhor Jesus Cristo nos é<br />

apresentado sempre enquanto padecendo,<br />

suando Sangue no Horto das<br />

Oliveiras, caminhando para a morte<br />

com uma tristeza enorme; e assim<br />

deve ser, porque devemos ter consciência,<br />

tomar na devida conta os sofrimentos<br />

infinitos que Ele padeceu<br />

por nós.<br />

Mas, de fato, há outro aspecto da<br />

atitude de alma de Nosso Senhor Jesus<br />

Cristo durante a Paixão, que é<br />

o seguinte: Ele não recuou um momento,<br />

caminhou<br />

para a frente continuamente.<br />

Mesmo<br />

quando caiu<br />

sob o peso da Cruz,<br />

foi para levantar de<br />

novo e poder chegar<br />

até o alto do<br />

Calvário; não teve<br />

uma hesitação.<br />

Eu tenho a impressão<br />

de que se<br />

devêssemos olhar,<br />

numa Via Sacra, as<br />

pegadas sangrentas<br />

de Nosso Senhor<br />

no chão, um dos<br />

aspectos por onde<br />

Ele poderia ser visto<br />

era cambaleante,<br />

fazendo um zigue-zague,<br />

quase<br />

caindo ao peso da<br />

Cruz, mas não largando.<br />

Outro seria,<br />

pelo contrário,<br />

em linha reta:<br />

“Eu vou para a frente porque quero!”<br />

Uma vontade serena, majestosa,<br />

mas inteiramente inquebrantável,<br />

até quando encontrou Nossa Senhora<br />

e viu tudo quanto Ela estava sofrendo<br />

pela resolução d’Ele de morrer.<br />

Por fim, no alto da Cruz, aquela<br />

palavra de energia suprema: “Consummatum<br />

est”: foi feito tudo o que<br />

era preciso fazer.<br />

Quando foram prendê-Lo, no<br />

Horto das Oliveiras, Ele perguntou:<br />

— A quem buscais?<br />

— A Jesus Nazareno – responderam<br />

os algozes.<br />

— Sou Eu – afirmou Jesus. E todos<br />

caíram no chão.<br />

Seu poder e sua majestade eram<br />

tais que Nosso Senhor dissera pouco<br />

antes a São Pedro que, se quisesse,<br />

mandava vir legiões de Anjos para libertá-Lo<br />

(cf. Mt 26, 53), mas Ele não<br />

queria. Portanto, tudo aquilo o Divino<br />

Redentor estava sofrendo porque<br />

Ele queria. Eis o Cavaleiro!<br />

Jesus com a Cruz às costas<br />

Catedral de Astorga, Espanha<br />

Helio G.K.<br />

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