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to bispo muitas vezes os repelira, ora<br />
com suas tropas, ora com auxílio de<br />
outras. Mas os assaltantes eram senhores<br />
das duas margens do Elba, e<br />
da navegação do mesmo rio. De maneira<br />
que se espalhavam por todo o<br />
território do Saxe e quase chegavam a<br />
Hildesheim. Para detê-los São Bernardo<br />
mandou construir duas fortalezas<br />
em dois pontos de sua diocese, guarnecendo-as.<br />
Não obstante a despesa<br />
acarretada por essa obra, enriqueceu<br />
sua diocese com a aquisição de várias<br />
terras, cultivou-as e guarneceu-as com<br />
belos edifícios.<br />
Quanto à catedral, decorou-lhe as<br />
paredes de painéis com maravilhosas<br />
pinturas. Mandou fazer para as procissões<br />
nos grandes dias santos um livro<br />
com os Evangelhos trabalhado<br />
com ouro e pedras preciosas, incensórios<br />
dos mais altos preços, grande número<br />
de cálices, sendo um de cristal,<br />
um de ouro puro, com peso de vinte<br />
libras, uma coroa de ouro e prata de<br />
prodigioso tamanho, suspensa no centro<br />
da igreja, sem contar uma infinidade<br />
de outros objetos do mesmo gênero.<br />
Rodeou de muralhas e torres o claustro<br />
da catedral, de maneira que servissem<br />
ao mesmo tempo de adorno e defesa.<br />
Nada havia no Saxe que lhe pudesse<br />
ser comparado.<br />
Um homem “pedra filosofal”<br />
Rio Elba<br />
A Santa Igreja é como a pedra filosofal<br />
de que falavam os medievais.<br />
Segundo uma lenda da Idade Média,<br />
havia uma pedra que tinha o condão<br />
de transformar em ouro tudo aquilo<br />
em que ela tocava. Então, os alquimistas<br />
procuravam encontrar o segredo<br />
do fabrico da pedra filosofal,<br />
pois assim ficariam prodigiosamente<br />
ricos.<br />
Pois bem, a Igreja Católica é a verdadeira<br />
pedra filosofal. Tudo aquilo<br />
em que ela toca e que se abre à sua<br />
influência se transforma em ouro, fica<br />
esplêndido.<br />
Quem seria São Bernardo? Este<br />
homem viveu no século X. Ora, esse<br />
era um século ainda pouco distante<br />
do fim das invasões e, portanto, tinha<br />
muito de barbárie. Eram os descendentes<br />
desses bárbaros que governavam<br />
a Europa. Vemos toda a<br />
influência da Igreja na alma de um<br />
semibárbaro, de alguém que se abre<br />
para ela e imediatamente começa a<br />
fazer tudo quanto há de maior e de<br />
melhor, realizando toda espécie de<br />
benefícios, e se põe a civilizar.<br />
Tudo quanto ele faz é grandioso<br />
do ponto de vista temporal, que visa<br />
servir ao espiritual, destinado a colocar<br />
o temporal em ordem ao espiritual.<br />
Nisso São Bernardo age como<br />
um grande príncipe, um grande senhor,<br />
ele que era um grande dignatário<br />
eclesiástico.<br />
Em primeiro lugar, notamos o<br />
amor dele à cultura. Mandou transcrever<br />
livros numa época ainda muito<br />
longe de Gutenberg e da tipografia,<br />
de maneira que era preciso copiar<br />
manualmente cada livro, trabalho<br />
executado por aqueles famosos<br />
copistas que transcreviam obras<br />
enormes. Assim, reuniu ele uma<br />
grande biblioteca, composta tanto<br />
de obras eclesiásticas como filosóficas.<br />
Portanto, é um Santo que não<br />
vai promover apenas uma alfabetização<br />
comum, mas prepara alta cultura.<br />
São livros de Teologia e Filosofia<br />
com os quais ele organiza uma grande<br />
biblioteca.<br />
De outro lado, ele era um artista<br />
e incrementava, com o bafejo e segundo<br />
o espírito da Igreja para a formação<br />
das almas, o aperfeiçoamento<br />
da pintura, dos mosaicos, das serralharias,<br />
da ourivesaria. Esses serralheiros<br />
não só tornavam seguras as<br />
casas, protegendo a ordem, mas suas<br />
obras constituíam adornos para as<br />
portas e davam decoro à vida.<br />
As joias, os mosaicos, esse descendente<br />
de bárbaros amava e produzia<br />
tudo isso. Quão menos bárbaro<br />
era ele do que esses eclesiásticos<br />
miserabilistas de nossos dias, que<br />
querem esvaziar de todas as obras de<br />
arte os santuários e reduzir a igreja a<br />
um local de onde as artes fugiram espavoridas!<br />
Talento e sabedoria imbuídos<br />
do espírito da Igreja<br />
Depois a ficha continua, dizendo<br />
que São Bernardo recolheu cuidadosamente<br />
os trabalhos curiosos que os<br />
estrangeiros enviavam ao rei. É uma<br />
praxe natural de todos os tempos os<br />
Chr95 (CC3.0)<br />
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