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Revista Dr Plinio 260

Novembro de 2019

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to bispo muitas vezes os repelira, ora<br />

com suas tropas, ora com auxílio de<br />

outras. Mas os assaltantes eram senhores<br />

das duas margens do Elba, e<br />

da navegação do mesmo rio. De maneira<br />

que se espalhavam por todo o<br />

território do Saxe e quase chegavam a<br />

Hildesheim. Para detê-los São Bernardo<br />

mandou construir duas fortalezas<br />

em dois pontos de sua diocese, guarnecendo-as.<br />

Não obstante a despesa<br />

acarretada por essa obra, enriqueceu<br />

sua diocese com a aquisição de várias<br />

terras, cultivou-as e guarneceu-as com<br />

belos edifícios.<br />

Quanto à catedral, decorou-lhe as<br />

paredes de painéis com maravilhosas<br />

pinturas. Mandou fazer para as procissões<br />

nos grandes dias santos um livro<br />

com os Evangelhos trabalhado<br />

com ouro e pedras preciosas, incensórios<br />

dos mais altos preços, grande número<br />

de cálices, sendo um de cristal,<br />

um de ouro puro, com peso de vinte<br />

libras, uma coroa de ouro e prata de<br />

prodigioso tamanho, suspensa no centro<br />

da igreja, sem contar uma infinidade<br />

de outros objetos do mesmo gênero.<br />

Rodeou de muralhas e torres o claustro<br />

da catedral, de maneira que servissem<br />

ao mesmo tempo de adorno e defesa.<br />

Nada havia no Saxe que lhe pudesse<br />

ser comparado.<br />

Um homem “pedra filosofal”<br />

Rio Elba<br />

A Santa Igreja é como a pedra filosofal<br />

de que falavam os medievais.<br />

Segundo uma lenda da Idade Média,<br />

havia uma pedra que tinha o condão<br />

de transformar em ouro tudo aquilo<br />

em que ela tocava. Então, os alquimistas<br />

procuravam encontrar o segredo<br />

do fabrico da pedra filosofal,<br />

pois assim ficariam prodigiosamente<br />

ricos.<br />

Pois bem, a Igreja Católica é a verdadeira<br />

pedra filosofal. Tudo aquilo<br />

em que ela toca e que se abre à sua<br />

influência se transforma em ouro, fica<br />

esplêndido.<br />

Quem seria São Bernardo? Este<br />

homem viveu no século X. Ora, esse<br />

era um século ainda pouco distante<br />

do fim das invasões e, portanto, tinha<br />

muito de barbárie. Eram os descendentes<br />

desses bárbaros que governavam<br />

a Europa. Vemos toda a<br />

influência da Igreja na alma de um<br />

semibárbaro, de alguém que se abre<br />

para ela e imediatamente começa a<br />

fazer tudo quanto há de maior e de<br />

melhor, realizando toda espécie de<br />

benefícios, e se põe a civilizar.<br />

Tudo quanto ele faz é grandioso<br />

do ponto de vista temporal, que visa<br />

servir ao espiritual, destinado a colocar<br />

o temporal em ordem ao espiritual.<br />

Nisso São Bernardo age como<br />

um grande príncipe, um grande senhor,<br />

ele que era um grande dignatário<br />

eclesiástico.<br />

Em primeiro lugar, notamos o<br />

amor dele à cultura. Mandou transcrever<br />

livros numa época ainda muito<br />

longe de Gutenberg e da tipografia,<br />

de maneira que era preciso copiar<br />

manualmente cada livro, trabalho<br />

executado por aqueles famosos<br />

copistas que transcreviam obras<br />

enormes. Assim, reuniu ele uma<br />

grande biblioteca, composta tanto<br />

de obras eclesiásticas como filosóficas.<br />

Portanto, é um Santo que não<br />

vai promover apenas uma alfabetização<br />

comum, mas prepara alta cultura.<br />

São livros de Teologia e Filosofia<br />

com os quais ele organiza uma grande<br />

biblioteca.<br />

De outro lado, ele era um artista<br />

e incrementava, com o bafejo e segundo<br />

o espírito da Igreja para a formação<br />

das almas, o aperfeiçoamento<br />

da pintura, dos mosaicos, das serralharias,<br />

da ourivesaria. Esses serralheiros<br />

não só tornavam seguras as<br />

casas, protegendo a ordem, mas suas<br />

obras constituíam adornos para as<br />

portas e davam decoro à vida.<br />

As joias, os mosaicos, esse descendente<br />

de bárbaros amava e produzia<br />

tudo isso. Quão menos bárbaro<br />

era ele do que esses eclesiásticos<br />

miserabilistas de nossos dias, que<br />

querem esvaziar de todas as obras de<br />

arte os santuários e reduzir a igreja a<br />

um local de onde as artes fugiram espavoridas!<br />

Talento e sabedoria imbuídos<br />

do espírito da Igreja<br />

Depois a ficha continua, dizendo<br />

que São Bernardo recolheu cuidadosamente<br />

os trabalhos curiosos que os<br />

estrangeiros enviavam ao rei. É uma<br />

praxe natural de todos os tempos os<br />

Chr95 (CC3.0)<br />

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