Revista Pós-Venda Pesados 25
Na edição de aniversário da Revista Pós-Venda Pesados destaca-se o dossier de cartões frota e a reportagem do salão Equip Auto. A Ok Trucks, da Iveco e a frota da Costa Melo Transportes estão também em destaque. Tudo isto e muito mais na edição de dezembro 2019 / janeiro 2020 da Pós-Venda Pesados.
Na edição de aniversário da Revista Pós-Venda Pesados destaca-se o dossier de cartões frota e a reportagem do salão Equip Auto. A Ok Trucks, da Iveco e a frota da Costa Melo Transportes estão também em destaque. Tudo isto e muito mais na edição de dezembro 2019 / janeiro 2020 da Pós-Venda Pesados.
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PÓS-VENDA PESADOS WWW.POSVENDA.PT DEZEMBRO 2019/JANEIRO 2020<br />
P<br />
PERSONALIDADE<br />
Perfil<br />
Licenciado em Engenharia do Ambiente<br />
pela FCT-NOVA, Mestre pela<br />
Virginia Tech, nos EUA, Doutorado<br />
pela Universidade Nova de Lisboa<br />
e desde sempre um entusiasta das<br />
questões ligadas ao ambiente e à<br />
sustentabilidade, Francisco Ferreira<br />
é professor no Departamento de<br />
Ciências e Engenharia do Ambiente da<br />
Faculdade de Ciências e Tecnologia da<br />
Universidade Nova de Lisboa (FCT-<br />
NOVA) e a sua área de investigação é<br />
a qualidade do ar. Paralelamente, foi<br />
Presidente da Quercus, de 1996 a 2001,<br />
e Vice-Presidente, entre 2007 e 2011.<br />
Foi membro do Conselho Nacional<br />
da Água e do Conselho Nacional<br />
de Ambiente e Desenvolvimento<br />
Sustentável. É, atualmente, Presidente<br />
da ZERO.<br />
a esse nível. Numa oficina, se tudo funcionar<br />
da forma como deveria, todos os<br />
aspetos do tratamento dos resíduos estão<br />
devidamente acautelados. Ou seja,<br />
nas oficinas, de marca e independente,<br />
os resíduos estão identificados. Mas há,<br />
realmente, muitas oficinas em que não<br />
existe essa estrutura, que tem custos, mas<br />
que é fundamental garantir. Há responsabilidade,<br />
por parte de quem coloca um<br />
veículo no mercado, de recolher depois<br />
os seus diferentes componentes. Nos<br />
pneus, temos a Valorpneu, nas baterias<br />
temos também recolhas que são feitas,<br />
nos gases florados também, etc. Se o sistema<br />
funcionasse bem, era garantido que<br />
o impacto ambiental seria muito menor.<br />
E, em muitos casos, há materiais que se<br />
podem aproveitar.<br />
Como analisa a ZERO o trabalho desenvolvido<br />
pelas entidades gestoras<br />
de resíduos?<br />
Temos vindo a acompanhar o trabalho<br />
destas entidades, como o da Valorpneu.<br />
Em muitos casos, sentimos que há soluções<br />
que gostaríamos que fossem melhor<br />
implementadas. Por exemplo, o encaminhamento<br />
de pneus para incineração:<br />
queremos garantir que só vão para incineração<br />
os pneus que realmente não têm<br />
a possibilidade de ser extraída a borracha<br />
para ser depois transformada em piso, ou<br />
para outros aproveitamentos. Por vezes,<br />
não há a noção da quantidade de materiais<br />
diferentes que um automóvel tem,<br />
desde têxteis a componentes de carbono,<br />
são materiais que depois se tornam<br />
resíduos perigosos.<br />
Falta ainda alguma<br />
sensibilização<br />
e envolvimento<br />
pela positiva nas<br />
oficinas<br />
Não existe essa noção por parte das<br />
oficinas?<br />
Falta ainda alguma sensibilização e envolvimento<br />
pela positiva nas oficinas. Se<br />
houver perfeita noção do impacto que<br />
determinadas negligências acabam por<br />
ter, se calhar as oficinas não se importariam<br />
de suportar mais alguns custos para<br />
lidar com estas questões ambientais. A<br />
penalização existe, as inspeções devem ser<br />
feitas, mas, acima de tudo, nestas questões<br />
têm de haver uma dupla ação. Por<br />
um lado, o envolvimento, e, por outro,<br />
a fiscalização.<br />
Quais as propostas da ZERO para este<br />
setor?<br />
Uma das coisas que para nós é fundamental<br />
é o Estado continuar, pelo menos durante<br />
um ou dois anos, com os incentivos<br />
aos veículos elétricos. Há uma fase em<br />
que se deve criar economias de escala e<br />
dar seguimento à solução, mas depois não<br />
se pode continuar a financiar. Achamos<br />
que, neste momento, não devem existir<br />
quotas. Não se deve limitar a veículos,<br />
o Estado deve fazer um esforço para garantir<br />
que todas as compras de veículos<br />
elétricos têm esses incentivos. Depois,<br />
há a diferença entre empresas e particulares,<br />
e essa diferença faz sentido, porque<br />
as empresas têm hipótese de beneficiar<br />
bastante com estas aquisições. Depois,<br />
em relação aos biocombustíveis, achamos<br />
que sempre foram muito complicados,<br />
para nós é fundamental que não<br />
tenham óleo de palma. É uma campanha<br />
à escala mundial, porque o óleo de palma<br />
sustentável deve, no máximo, ir para alimentação.<br />
E o que acontece na Europa<br />
é que o óleo de palma é mais utilizado<br />
no biocombustível do que na alimentação.<br />
Em alguns biocombustíveis, feitas<br />
as contas, não se beneficia assim tanto.<br />
E, portanto, o nosso objetivo é tentar<br />
apostar numa mobilidade elétrica.<br />
E o que mudaria a ZERO em relação<br />
às oficinas?<br />
Na ZERO, defendemos que é muito<br />
importante existir um trabalho das associações<br />
ligadas às oficinas e ao setor automóvel,<br />
no sentido de garantir, até por<br />
questões de mercado, que todos cumprem<br />
as mesmas obrigações. Porque, como é<br />
evidente, se temos duas oficinas concorrentes,<br />
e uma cumpre e outra não, uma<br />
terá custos que a outra não terá. Há que<br />
fazer esse esforço. A Inspeção-Geral da<br />
Agricultura, do Mar, do Ambiente e do<br />
Ordenamento do Território deveria também<br />
atuar mais nesta área, mas os meios<br />
são limitados e há cada vez mais oficinas.<br />
E as oficinas têm de começar também a<br />
adaptar-se à mobilidade elétrica. O que<br />
notamos, em alguns casos, mesmo nas<br />
próprias marcas, é que, como ainda não<br />
têm economia de escala, por vezes o veículo<br />
tem de ir realizar a reparação ou manutenção<br />
noutro país. Ou seja, mesmo<br />
para além dos outros problemas, nesta<br />
parte da mobilidade elétrica, ainda não<br />
se está a dar a resposta que se deveria. E<br />
é algo que também é preciso corrigir.