13.12.2019 Views

Revista Pós-Venda Pesados 25

Na edição de aniversário da Revista Pós-Venda Pesados destaca-se o dossier de cartões frota e a reportagem do salão Equip Auto. A Ok Trucks, da Iveco e a frota da Costa Melo Transportes estão também em destaque. Tudo isto e muito mais na edição de dezembro 2019 / janeiro 2020 da Pós-Venda Pesados.

Na edição de aniversário da Revista Pós-Venda Pesados destaca-se o dossier de cartões frota e a reportagem do salão Equip Auto. A Ok Trucks, da Iveco e a frota da Costa Melo Transportes estão também em destaque. Tudo isto e muito mais na edição de dezembro 2019 / janeiro 2020 da Pós-Venda Pesados.

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

34<br />

PÓS-VENDA PESADOS WWW.POSVENDA.PT DEZEMBRO 2019/JANEIRO 2020<br />

P<br />

PERSONALIDADE<br />

Perfil<br />

Licenciado em Engenharia do Ambiente<br />

pela FCT-NOVA, Mestre pela<br />

Virginia Tech, nos EUA, Doutorado<br />

pela Universidade Nova de Lisboa<br />

e desde sempre um entusiasta das<br />

questões ligadas ao ambiente e à<br />

sustentabilidade, Francisco Ferreira<br />

é professor no Departamento de<br />

Ciências e Engenharia do Ambiente da<br />

Faculdade de Ciências e Tecnologia da<br />

Universidade Nova de Lisboa (FCT-<br />

NOVA) e a sua área de investigação é<br />

a qualidade do ar. Paralelamente, foi<br />

Presidente da Quercus, de 1996 a 2001,<br />

e Vice-Presidente, entre 2007 e 2011.<br />

Foi membro do Conselho Nacional<br />

da Água e do Conselho Nacional<br />

de Ambiente e Desenvolvimento<br />

Sustentável. É, atualmente, Presidente<br />

da ZERO.<br />

a esse nível. Numa oficina, se tudo funcionar<br />

da forma como deveria, todos os<br />

aspetos do tratamento dos resíduos estão<br />

devidamente acautelados. Ou seja,<br />

nas oficinas, de marca e independente,<br />

os resíduos estão identificados. Mas há,<br />

realmente, muitas oficinas em que não<br />

existe essa estrutura, que tem custos, mas<br />

que é fundamental garantir. Há responsabilidade,<br />

por parte de quem coloca um<br />

veículo no mercado, de recolher depois<br />

os seus diferentes componentes. Nos<br />

pneus, temos a Valorpneu, nas baterias<br />

temos também recolhas que são feitas,<br />

nos gases florados também, etc. Se o sistema<br />

funcionasse bem, era garantido que<br />

o impacto ambiental seria muito menor.<br />

E, em muitos casos, há materiais que se<br />

podem aproveitar.<br />

Como analisa a ZERO o trabalho desenvolvido<br />

pelas entidades gestoras<br />

de resíduos?<br />

Temos vindo a acompanhar o trabalho<br />

destas entidades, como o da Valorpneu.<br />

Em muitos casos, sentimos que há soluções<br />

que gostaríamos que fossem melhor<br />

implementadas. Por exemplo, o encaminhamento<br />

de pneus para incineração:<br />

queremos garantir que só vão para incineração<br />

os pneus que realmente não têm<br />

a possibilidade de ser extraída a borracha<br />

para ser depois transformada em piso, ou<br />

para outros aproveitamentos. Por vezes,<br />

não há a noção da quantidade de materiais<br />

diferentes que um automóvel tem,<br />

desde têxteis a componentes de carbono,<br />

são materiais que depois se tornam<br />

resíduos perigosos.<br />

Falta ainda alguma<br />

sensibilização<br />

e envolvimento<br />

pela positiva nas<br />

oficinas<br />

Não existe essa noção por parte das<br />

oficinas?<br />

Falta ainda alguma sensibilização e envolvimento<br />

pela positiva nas oficinas. Se<br />

houver perfeita noção do impacto que<br />

determinadas negligências acabam por<br />

ter, se calhar as oficinas não se importariam<br />

de suportar mais alguns custos para<br />

lidar com estas questões ambientais. A<br />

penalização existe, as inspeções devem ser<br />

feitas, mas, acima de tudo, nestas questões<br />

têm de haver uma dupla ação. Por<br />

um lado, o envolvimento, e, por outro,<br />

a fiscalização.<br />

Quais as propostas da ZERO para este<br />

setor?<br />

Uma das coisas que para nós é fundamental<br />

é o Estado continuar, pelo menos durante<br />

um ou dois anos, com os incentivos<br />

aos veículos elétricos. Há uma fase em<br />

que se deve criar economias de escala e<br />

dar seguimento à solução, mas depois não<br />

se pode continuar a financiar. Achamos<br />

que, neste momento, não devem existir<br />

quotas. Não se deve limitar a veículos,<br />

o Estado deve fazer um esforço para garantir<br />

que todas as compras de veículos<br />

elétricos têm esses incentivos. Depois,<br />

há a diferença entre empresas e particulares,<br />

e essa diferença faz sentido, porque<br />

as empresas têm hipótese de beneficiar<br />

bastante com estas aquisições. Depois,<br />

em relação aos biocombustíveis, achamos<br />

que sempre foram muito complicados,<br />

para nós é fundamental que não<br />

tenham óleo de palma. É uma campanha<br />

à escala mundial, porque o óleo de palma<br />

sustentável deve, no máximo, ir para alimentação.<br />

E o que acontece na Europa<br />

é que o óleo de palma é mais utilizado<br />

no biocombustível do que na alimentação.<br />

Em alguns biocombustíveis, feitas<br />

as contas, não se beneficia assim tanto.<br />

E, portanto, o nosso objetivo é tentar<br />

apostar numa mobilidade elétrica.<br />

E o que mudaria a ZERO em relação<br />

às oficinas?<br />

Na ZERO, defendemos que é muito<br />

importante existir um trabalho das associações<br />

ligadas às oficinas e ao setor automóvel,<br />

no sentido de garantir, até por<br />

questões de mercado, que todos cumprem<br />

as mesmas obrigações. Porque, como é<br />

evidente, se temos duas oficinas concorrentes,<br />

e uma cumpre e outra não, uma<br />

terá custos que a outra não terá. Há que<br />

fazer esse esforço. A Inspeção-Geral da<br />

Agricultura, do Mar, do Ambiente e do<br />

Ordenamento do Território deveria também<br />

atuar mais nesta área, mas os meios<br />

são limitados e há cada vez mais oficinas.<br />

E as oficinas têm de começar também a<br />

adaptar-se à mobilidade elétrica. O que<br />

notamos, em alguns casos, mesmo nas<br />

próprias marcas, é que, como ainda não<br />

têm economia de escala, por vezes o veículo<br />

tem de ir realizar a reparação ou manutenção<br />

noutro país. Ou seja, mesmo<br />

para além dos outros problemas, nesta<br />

parte da mobilidade elétrica, ainda não<br />

se está a dar a resposta que se deveria. E<br />

é algo que também é preciso corrigir.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!