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SCMedia News | Revista | Janeiro 2020

A revista dos profissionais de logística e supply chain.

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Jan’ <strong>2020</strong><br />

4,60€<br />

Mensal<br />

7<br />

KLAVENESS<br />

LIGA NORUEGA<br />

E PORTUGAL<br />

A IMPORTÂNCIA<br />

DOS PARQUES<br />

INDUSTRIAIS<br />

E LOGÍSTICOS<br />

DESAFIOS<br />

DA SUPPLY CHAIN<br />

E DO PROCUREMENT<br />

EM <strong>2020</strong><br />

SCIENCE4YOU<br />

A BRINCADEIRA<br />

É NEGÓCIO SÉRIO<br />

PERFIL PROFISSIONAL <strong>2020</strong><br />

Gestor de Logística quem és tu?


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Gestão de Stocks<br />

Negociação na Logística<br />

Gestão do Armazém<br />

Auditoria Logística<br />

Gestão de Compras<br />

Workshops/Cursos<br />

Intra-Empresas<br />

estruturados e<br />

construídos à medida,<br />

realizados nas<br />

instalações da<br />

empresa, nos horários<br />

que forem mais<br />

convenientes.<br />

Procurement eficiente<br />

Seleção e avaliação de fornecedores<br />

O essencial da Gestão Logística e da Cadeia de Abastecimento<br />

Libertar e maximizar o potencial das equipas logísticas<br />

através da liderança eficaz<br />

Lean Logistics<br />

Gestão de Processos<br />

Facility Management<br />

Esta é uma oportunidade<br />

para reciclar<br />

conhecimentos, ampliar<br />

outros e alargar horizontes<br />

profissionais.<br />

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Gestão de Rotas<br />

Gerir com sucesso a sua frota<br />

Como minimizar os custos de transporte<br />

Ferramentas de gestão logística para transitários<br />

Marcação de reuniões no Sector Transitário<br />

Sector Transitário - Formação em Vendas<br />

Formação Air & Sea - Vertente Comercial<br />

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Formação em Supply Chain<br />

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dora.assis@supplychainmagazine.pt<br />

Dora Assis<br />

EDITORIAL<br />

QUEM ÉS TU GESTOR DE LOGÍSTICA?<br />

“Não é o mais forte que sobrevive, nem o mais inteligente,<br />

mas o que melhor se adapta às mudanças.”<br />

Autor desconhecido<br />

A famosa frase que antecede este editorial,<br />

apesar de ser atribuída a Charles Darwin, na<br />

verdade parece que nunca foi dita por ele.<br />

Curiosidade à parte e independentemente da<br />

desconhecida paternidade, a premissa não<br />

deixa de ser verdadeira, no que à vida das<br />

empresas diz respeito e, em particular, aos<br />

logísticos.<br />

A-dap-ta-ção, “processo pelo qual um ser<br />

se ajusta a uma nova situação” de acordo com<br />

o dicionário. A logística é feita de fluxos, de<br />

movimento, de mudança. Como a vida, é um<br />

movimento constante entre o nosso tempo,<br />

o tempo das coisas, o tempo dos outros e<br />

o tempo dos dias. E, por isso, do gestor de<br />

logística espera-se que seja dinâmico, atento,<br />

informado e com uma visão global do mundo e<br />

das coisas.<br />

Há muito que estes profissionais deixaram<br />

de ser os responsáveis e os heróis invisíveis<br />

do armazém para passarem a estar também<br />

eles debaixo dos holofotes da indústria e<br />

da gestão eficaz e eficiente das cadeias de<br />

abastecimento modernas, com toda a pressão<br />

que essa mudança de paradigma acarretou. E<br />

está a acarretar.<br />

A mudança é, contudo, talvez a mais<br />

interessante das características da logística.<br />

A renovação acontece todos os dias pois<br />

nenhuma cadeia de abastecimento se mantém<br />

imutável. E hoje pede-se aos logísticos que<br />

desenvolvam soluções, encontrem sinergias e<br />

poupem recursos, neste mundo tão diferente,<br />

onde os dados se transmitem a uma velocidade<br />

nunca antes alcançada. Portanto, a mudança é<br />

constante e célere.<br />

Mas quem são os homens e mulheres que<br />

assumem as rédeas da logística nas nossas<br />

empresas? De onde vêm? Onde estão? Que<br />

idade têm? Quanto ganham em média? Que<br />

valores os norteiam?<br />

Encontra a resposta a esta e a muitas<br />

outras perguntas na secção Carreira, no artigo<br />

que teve como ponto de partida o Estudo<br />

“Caracterização do Gestor de Logística em<br />

Portugal”.<br />

Os elevados padrões de trabalho<br />

e a velocidade a que tudo acontece hoje,<br />

em muitos momentos transformam a logística<br />

numa tarefa quase ciclópica. Mas há muito<br />

tempo que quem está na logística se<br />

habituou a tratar os desafios por tu.


4<br />

JANEIRO <strong>2020</strong><br />

#26 #35 #51<br />

ÍNDICE<br />

FACTOS & NÚMEROS<br />

10 tendências tecnológicas<br />

para a logística e a supply chain<br />

em <strong>2020</strong> 6<br />

LOGÍSTICA<br />

Noruega e Portugal unidos<br />

pelo calçado Klaveness 8<br />

A importância dos parques<br />

industriais e logísticos 14<br />

Uma rotina mais ecológica 20<br />

A supply chain em <strong>2020</strong> 26<br />

PROCUREMENT<br />

Profissionais de procurement<br />

antevêem desafios para <strong>2020</strong> 35<br />

Profissionais de compras<br />

e procurement<br />

vão a jogo em Março 42<br />

INTRALOGÍSTICA<br />

Pick to Light para operações<br />

Just in Time 48<br />

Leva-se o negócio a sério<br />

através da brincadeira 51


SCM Supply Chain Magazine 5<br />

TECNOLOGIAS<br />

Tracking por RFID? Just do it! 54<br />

Just In Time agiliza o processo<br />

de transporte urgente 60<br />

TRANSPORTES<br />

CARREIRA<br />

#60 #68<br />

Big Data pode ser a resposta<br />

à distribuição de última milha 64<br />

Estudo Caracterização do Gestor<br />

de Logística em Portugal 68<br />

O MUNDO É REDONDO<br />

Crítica do livro O que podemos aprender<br />

com os psicopatas, Kevin Dutton 74<br />

FICHA TÉCNICA<br />

Sede, Administração e Redacção_<br />

Al. Júlio Dinis, n.º 68 – São Francisco<br />

2890-307 Alcochete<br />

T: 210 499 074<br />

Direcção Geral_<br />

Filipe Barros<br />

Directora_<br />

Dora Assis<br />

Redacção_<br />

Ana Paiva, Fábio Santos<br />

Colaboraram nesta edição_<br />

Cláudia Brito, Manuel Gomes<br />

Projecto gráfico_<br />

Maria João Carvalho<br />

Paginação _<br />

Maria João Carvalho<br />

Circulação & Eventos _<br />

Inês Ferreira<br />

Direcção Comercial _<br />

Filipe Barros<br />

Sales & Marketing _<br />

Margarida Matildes<br />

Impressão _<br />

VASP DPS<br />

MLP – Quinta do Grajal,<br />

Venda Seca<br />

2739-511 Agualva Cacém<br />

Tiragem _<br />

3 mil exemplares<br />

Propriedade_<br />

SC Media Unipessoal, Lda.<br />

Al. Júlio Dinis, n.º 68 – São Francisco<br />

2890-307 Alcochete<br />

T: 210 499 074<br />

Capital Social_<br />

100,00€<br />

Participações sociais_<br />

Susana Silva<br />

Administração_<br />

Filipe Barros<br />

Registo na ERC n.º _<br />

127322<br />

Depósito Legal n.º _<br />

458604/19<br />

Os artigos assinados apenas veiculam<br />

a posição dos seus autores.<br />

Interdita a reprodução de textos e<br />

imagens sem autorização expressa.


6 JANEIRO <strong>2020</strong><br />

FACTOS<br />

& NÚMEROS<br />

10 TENDÊNCIAS<br />

TECNOLÓGICAS<br />

PARA A LOGÍSTICA<br />

E A SUPPLY CHAIN<br />

EM <strong>2020</strong><br />

Tendências tecnológicas<br />

para a logística<br />

e a supply chain<br />

A<br />

Transmetrics publicou no seu blog<br />

uma previsão do que consideram<br />

ser as tendências em <strong>2020</strong> para<br />

as empresas que actuam na área da<br />

logística e supply chain, tendo por base<br />

o desenvolvimento das tecnologias e dos<br />

mercados. Segundo explica, estes deverão<br />

ser alguns dos tópicos-chave a que as<br />

empresas deverão estar atentas neste ano<br />

que se aproxima, e que serão importantes<br />

impulsionadores do negócio.<br />

Com os mercados externos a apresentarem<br />

incertezas cada vez maiores na economia,<br />

desde o Brexit, a tensão entre EUA e Irão, etc.,<br />

os profissionais de logística deverão estar<br />

atentos e pensar em planos alternativos para<br />

contornar possíveis situações, sejam elas de<br />

natureza política e económica ou até mesmo<br />

a nível ambiental. Deste modo, os destaques<br />

apresentados pela Transmetrics vêm assim<br />

promover a pro-actividade e a agilidade<br />

na cadeia. •<br />

Top 10 Logistics<br />

and Supply Chain<br />

Technology Trends<br />

in <strong>2020</strong>:<br />

» Inteligência Artificial aumentada;<br />

» Gémeos Digitais;<br />

» Visibilidade da supply chain em tempo real;<br />

» Blockchain<br />

» Standardização da informação e análise avançada;<br />

» O aumento da importância dos recém-chegados da indústria;<br />

» O crescente investimento nas startups de logística de capital de risco e empresas;<br />

» Sustentabilidade impulsionada pela tecnologia;<br />

» Veículos autónomos;<br />

» Robótica de armazém.


8<br />

LOGÍSTICA<br />

Klaveness exporta 120.000<br />

sapatos por ano para<br />

o mercado escandinavo<br />

Texto: Ana Paiva<br />

Fotos: Klaveness<br />

NORUEGA E PORTUGAL UNIDOS<br />

PELO CALÇADO KLAVENESS<br />

A Klaveness é uma empresa norueguesa que tomou a decisão estratégica de transferir<br />

a produção e logística do país de origem para Portugal. Arriscou e conquistou.<br />

É em solo português que é fabricado calçado tradicional e médico, à medida do cliente,<br />

e é exportado de volta para a Escandinávia. Há desafios e oportunidades, mas o sucesso<br />

é a prova de que este foi um passo dado no caminho certo.<br />

K<br />

laveness. Uma marca de calçado<br />

norueguesa que deslocou a produção do<br />

seu país-mãe para Portugal, local de onde<br />

enviam, diariamente, cerca de 100 pares de<br />

sapatos feitos à medida, bem como 120 pares<br />

de palmilhas com a mesma especificidade.<br />

O negócio é B2B e produzem calçado de<br />

conforto tradicional e calçado médico,<br />

em que a maioria das clínicas que encomenda<br />

calçado de stock, também requisita por medida.<br />

Em média, em cada três pares de sapatos<br />

destinados a clínicas, dois são de stock e um é<br />

por medida, quem o diz é Nuno Moreira, IT &<br />

logistics manager da Klaveness.<br />

Por ano, exportam cerca de 120.000 pares<br />

de sapatos. O mais curioso? É que o mercado


SCM Supply Chain Magazine 9<br />

de exportação mais importante<br />

é, de facto, o escandinavo.<br />

As encomendas partem da<br />

Escandinávia, são produzidas em<br />

Portugal, e expedidas de volta.<br />

Vejamos. O processo começa<br />

nas clínicas de ortopedia,<br />

na Escandinávia, onde são<br />

recolhidos os dados dos<br />

pacientes, que são enviados<br />

para a fábrica de Portugal, e<br />

inicia-se o fabrico da forma<br />

individual do sapato. Monta-se<br />

a gáspea do sapato na sola, bem<br />

como as palmilhas interiores<br />

customizadas a partir das<br />

medidas do cliente, às quais<br />

chamam “orthotics”, explica<br />

Bjorn Klaveness, responsável<br />

pela empresa, numa entrevista<br />

ao Dinheiro Vivo.<br />

No final, os produtos são<br />

enviados para os mercados onde<br />

a Klaveness está presente, em<br />

particular o Escandinavo, em<br />

países como Noruega, Suécia,<br />

Finlândia e Dinamarca, mas<br />

também têm exportações<br />

residuais para o Reino Unido,<br />

Canadá e Japão.<br />

Apesar de a Klaveness estar<br />

inserida na indústria do calçado,<br />

o facto de produzir sapatos<br />

ortopédicos também a relaciona,<br />

de certa forma, com a área de saúde, o que<br />

implica que existam pedidos urgentes por parte<br />

dos pacientes.<br />

Sendo a encomenda registada num país e<br />

a produção noutro, como funciona a urgência<br />

nestes casos? Bjorn Klaveness explica que “se<br />

a encomenda for enviada para Portugal antes<br />

do meio dia, nós desenhamos o modelo em 3D,<br />

produzimos na CNC, aplicamos o revestimento<br />

e o acabamento antes das quatro da tarde,<br />

e enviamos por DHL. O cliente recebe a<br />

encomenda amanhã”.<br />

Relativamente ao transporte, o calçado<br />

Confort e a gama Medical Stock são expedidas


10<br />

JANEIRO <strong>2020</strong><br />

através de camião. Por sua vez, as encomendas<br />

de calçado e palmilhas produzidos à medida<br />

são enviadas através de meios aéreos.<br />

A sede da empresa mantém-se na Noruega,<br />

o centro de distribuição situa-se no Porto,<br />

em Portugal, perto da unidade de produção<br />

própria, e na Polónia detêm uma segunda<br />

fábrica.<br />

VIAGEM DE IDA-E-VOLTA<br />

2.766,69 km foi a distância percorrida pela<br />

Klaveness quando deslocou a produção para<br />

território luso e é realizada de volta para enviar<br />

as encomendas. Da Noruega para Portugal, esta<br />

nunca é uma viagem só de ida.<br />

SE A ENCOMENDA FOR<br />

ENVIADA PARA PORTUGAL<br />

ANTES DO MEIO DIA, NÓS<br />

DESENHAMOS O MODELO<br />

EM 3D, PRODUZIMOS NA CNC,<br />

APLICAMOS O REVESTIMENTO<br />

E O ACABAMENTO ANTES DAS<br />

QUATRO DA TARDE,<br />

E ENVIAMOS POR DHL.<br />

O CLIENTE RECEBE<br />

A ENCOMENDA AMANHÃ


SCM Supply Chain Magazine 11<br />

Inicialmente, a fábrica situava-se na Noruega.<br />

Segundo o responsável da empresa, sentiram<br />

necessidade “de enveredar por um tipo de<br />

produto mais complexo porque a nossa<br />

produção era muito simples. Produzíamos uns<br />

sapatos típicos do folclore norueguês, que<br />

ainda fazemos hoje, e pouco tempo depois,<br />

começamos a comprar alguns chinelos em<br />

Portugal”.<br />

Em 1988, transferiram a produção do<br />

calçado para Portugal, consolidando o negócio<br />

a nível nacional e diminuindo o que existia<br />

na Noruega. Um dos factores que também o<br />

impulsionou foi o aumento do custo de mãode-obra<br />

no país escandinavo e de o nosso país<br />

ser um forte cluster do calçado na Europa,<br />

segundo Nuno Moreira.<br />

Falamos de dois países muito diferentes em<br />

que, as diferenças conjugadas resultam numa<br />

mais-valia. A Noruega prioriza a tecnologia,<br />

enquanto que em Portugal o artesanato é de<br />

boa qualidade, como refere Bjorn Klaveness<br />

ao Dinheiro Vivo “o trabalhador português<br />

é um excelente artesão. Os portugueses<br />

têm realmente a História, têm todos os<br />

fornecedores por perto e em combinação com<br />

esta tecnologia e artesania, conseguimos criar<br />

o produto final que o mercado deseja”.<br />

Desde <strong>Janeiro</strong> de 2019 que a empresa<br />

decidiu não só produzir em Portugal,<br />

como também deslocar o centro logístico da<br />

Suécia para o nosso país.


12<br />

JANEIRO <strong>2020</strong><br />

Actualmente todas as matérias-primas dos<br />

fornecedores são recebidas no país luso e, daí,<br />

realiza-se a distribuição do produto acabado<br />

para todos os clientes.<br />

O DESAFIO DO CALÇADO<br />

FEITO À MEDIDA<br />

Por ser uma empresa que, além da produção<br />

normal, também desenha calçado feito à<br />

medida, e ainda exporta de Portugal para a<br />

Escandinávia, há vários desafios que estão<br />

inerentes à sua actividade. Um dos principais<br />

é o stock.<br />

Neste caso, não se trata de stock de<br />

produto-acabado mas sim de matéria-prima<br />

“porque oferecemos a possibilidade do<br />

paciente poder encomendar qualquer sapato<br />

de qualquer cor do nosso catálogo feito por<br />

medida, e uma vez que o nosso tempo de<br />

entrega é de 10 dias, para conseguirmos<br />

atingir o tempo de entrega<br />

temos de ter bastante stock<br />

de matérias-primas”, explica<br />

Nuno Moreira.<br />

Aliado a este factor ainda<br />

acrescente o tempo de<br />

resposta. Hoje-em-dia, as<br />

lojas querem o menos stock<br />

possível, por isso, exigem<br />

tempos de resposta curtos<br />

e reposições de poucas<br />

quantidades, num espaço<br />

de tempo diminuído.<br />

Contudo, uma das<br />

palavras-chave da empresa<br />

é a flexibilidade. Segundo<br />

Bjorn Klaveness,<br />

o planeamento da produção<br />

de 100 pares de sapatos é o mesmo que<br />

se forem 10.000, embora fique mais caro<br />

fazer apenas 100. O lado positivo é que,<br />

desta forma, podem reduzir os maus stocks<br />

e ter vários estilos de sapatos em pequenas<br />

quantidades.<br />

De um modo geral, há ainda desafios que<br />

são, actualmente, transversais a todas as<br />

empresas da indústria do calçado que se<br />

prendem pela dificuldade de integrar mão-deobra<br />

jovem especializada e, por outro lado,<br />

a continuada transformação dos hábitos de<br />

consumo, refere o logistics manager.<br />

É uma escolha incomum. Sair do seu país<br />

para se instalar noutro e, daí, fazer o negócio<br />

para exportar para o mercado de origem. A<br />

Klaveness arriscou e acabou por acrescentar<br />

o que faltava o seu negócio: a mão-de-obra<br />

portuguesa. Numa era em que a tecnologia<br />

predomina, o lado humano ainda é valorizado<br />

e, em casos como este, é o suficiente para<br />

dar uma volta de 360 graus e ainda assim,<br />

conquistar o sucesso. •


SCM Supply Chain Magazine 13<br />

“O TRABALHADOR<br />

PORTUGUÊS É UM<br />

EXCELENTE ARTESÃO.<br />

OS PORTUGUESES<br />

TÊM REALMENTE A<br />

HISTÓRIA, TÊM TODOS<br />

OS FORNECEDORES POR<br />

PERTO E EM COMBINAÇÃO<br />

COM ESTA TECNOLOGIA E<br />

ARTESANIA, CONSEGUIMOS<br />

CRIAR O PRODUTO FINAL<br />

QUE O MERCADO DESEJA”


14<br />

JANEIRO <strong>2020</strong><br />

Texto: Ana Paiva<br />

Fotos: VGP<br />

A IMPORTÂNCIA<br />

DOS PARQUES<br />

INDUSTRIAIS<br />

E LOGÍSTICOS<br />

São muitos os benefícios que os parques<br />

industriais e logísticos trazem às empresas<br />

que lá se instalam, mas há-que ter em conta<br />

múltiplos factores no que diz respeito<br />

à concepção e construção. Entidades como<br />

a VGP adaptam os espaços às empresas<br />

que ocupam estes espaços, consoante<br />

as suas necessidades.<br />

O<br />

s parques industriais e logísticos<br />

apresentam-se como uma mais-valia<br />

para as empresas que lá se instalam,<br />

independentemente do sector de actividade<br />

onde actuam. Neste caso, importa falar sobre<br />

os benefícios para a área de logística.<br />

A multinacional VGP desenvolve<br />

projectos deste tipo principalmente a nível<br />

internacional. Por cá, iniciou actividade no<br />

início de 2019 e, em Outubro desse ano,<br />

avançou com a construção do seu primeiro<br />

parque industrial e logístico no nosso país.<br />

Localizado a 20 km do Porto, em Santa<br />

Maria da Feira, junto ao nó de ligação A1/A4,<br />

o projecto encontra-se num terreno com uma<br />

área superior a 73.500 m2 e oferece uma área<br />

de armazém superior a 30.000 m2, adequada<br />

ao desenvolvimento de diferentes tipos de<br />

actividades industriais e logísticas.<br />

LOGÍSTICA<br />

VGP constrói o seu<br />

primeiro parque industrial<br />

e logístico em Portugal<br />

José Ferreira, country manager da<br />

empresa em Portugal, explica, que para<br />

a VGP, a importância de desenvolver um<br />

parque industrial e logístico desde raiz “é a<br />

possibilidade de o executar de acordo com<br />

as necessidades do mercado, dos potenciais<br />

arrendatários e dos vários modelos de<br />

negócio, e principalmente, da exigência de<br />

versatilidade a que hoje um parque se obriga”.<br />

Refere ainda que os edifícios que são<br />

desenvolvidos para uma empresa em<br />

específico não são versáteis e não permitem<br />

o seu arrendamento imediacto, caso<br />

existam problemas financeiros com o actual<br />

arrendatário. Em Portugal, na maioria dos<br />

parques existentes, identificam-se ‘monos’,<br />

que consistem em edifícios que servem apenas<br />

para honorar o custo do terreno, mas que na<br />

verdade não têm qualquer utilidade.


SCM Supply Chain Magazine 15<br />

As empresas de logística que se instalem<br />

nos parques desenvolvidos pela VGP têm<br />

várias vantagens, segundo José Ferreira, desde<br />

altura de armazenamento, que aumenta a<br />

relação custo-benefício, a redução de custos<br />

de seguro pelo conjunto de infraestruturas de<br />

protecção contra incêndio e de manutenção,<br />

bem como IMI, localização, menor pegada<br />

ecológica e responsabilidade social, tendo em<br />

consideração o impacto na vida dos residentes<br />

da área envolvente.<br />

Um dos aspectos a ter em conta na<br />

planificação e construção de um parque<br />

industrial é, de facto, a sua pegada ecológica<br />

e, com o aumento do e-commerce, a<br />

logística já tem um grande peso na parte da<br />

distribuição, que em muito contribui para os<br />

níveis de poluição e tráfego. Neste sentido,<br />

a VGP, a partir de <strong>Janeiro</strong> de <strong>2020</strong>, avançou<br />

com a obrigatoriedade de obter a certificação<br />

‘Breeam’ na classe ‘Very Good’ em todos os<br />

futuros parques e nos que estão numa fase<br />

inicial de construção.<br />

É A POSSIBILIDADE<br />

DE O EXECUTAR DE ACORDO<br />

COM AS NECESSIDADES DO<br />

MERCADO, DOS POTENCIAIS<br />

ARRENDATÁRIOS E DOS VÁRIOS<br />

MODELOS DE NEGÓCIO,<br />

E PRINCIPALMENTE,<br />

DA EXIGÊNCIA DE<br />

VERSATILIDADE A QUE HOJE<br />

UM PARQUE SE OBRIGA


16<br />

JANEIRO <strong>2020</strong><br />

Para tal serão implementadas medidas como<br />

“painéis solares, aproveitamento das águas<br />

das chuvas para rega e lavagem, zonas<br />

de bicicletas, zona de carregamento de<br />

automóveis eléctricos, entre outras”, segundo<br />

José Ferreira. Claro que todas estas apostas<br />

resultam num custo de construção mais<br />

elevado, mas a “VGP está comprometida com<br />

o futuro, não fosse o nosso slogan ‘Building<br />

Tomorrow Today’”.<br />

A VGP não é a única empresa empenhada em<br />

reduzir a sua pegada ecológica. A DB Schenker<br />

também integrou no seu compromisso de<br />

sustentabilidade a projecção e construção<br />

de terminais e centro logísticos de consumo<br />

reduzido e baixas emissões de carbono. Os<br />

novos terminais e escritórios urbanos da<br />

empresa são praticamente neutros do ponto<br />

de vista ambiental, graças ao uso de I+D para<br />

a implementação de soluções ECO nos centros<br />

de actividade, cumprindo, assim, os requisitos<br />

oficiais de eficiência energética.<br />

À semelhança das medidas implementadas<br />

pela VGP, a DB Shenker equipou os centros<br />

com sistemas de poupança de recursos para<br />

“Painéis solares,<br />

aproveitamento das águas<br />

das chuvas para rega e lavagem,<br />

zonas de bicicletas, zona de<br />

carregamento de automóveis<br />

eléctricos, entre outras”<br />

o uso de águas pluviais, painéis solares e<br />

ventilação automática, iluminação LED e<br />

ventiladores controlados mediante pressão.<br />

O betão foi o material utilizado na concepção<br />

e construção destes projectos, que tem uma<br />

pegada de carbono de apenas 30%.<br />

O MERCADO IMOBILIÁRIO<br />

E LOGÍSTICO EM <strong>2020</strong><br />

Imóveis com boa qualidade inseridos num<br />

mercado imobiliário um pouco inconstante.<br />

É assim que, entre 2011 e <strong>2020</strong>, se projecta o<br />

mercado imobiliário e logístico em Portugal.<br />

Para este novo ano, a Savills divulgou<br />

aquelas que serão as principais tendências para<br />

o mercado imobiliário no sector da logística,


SCM Supply Chain Magazine 17


18<br />

JANEIRO <strong>2020</strong><br />

Quem o diz é Nuno Esteves, Associate do<br />

departamento Development da Savills. “Existe<br />

oferta assim como qualidade nos imóveis<br />

disponíveis para o mercado logístico, factor<br />

este que induz a alguma instabilidade de norte<br />

a sul do país. Por outro lado, assistimos ainda<br />

a um hiato no que se refere a novos projectos,<br />

bem como a promotores dedicados”, refere.<br />

Verifica-se ainda que unidades em<br />

utilização estão desactualizadas em relação<br />

às necessidades actuais e o investidor procura<br />

classes de activos mais líquidos com saídas<br />

mais rápidas, correndo riscos relativamente<br />

baixos e apostando na edificação especulativa.<br />

“Também a concentração da oferta na<br />

periferia dos aglomerados urbanos e a<br />

compressão de Yield noutras classes de activos<br />

leva à atractividade pela Prime Yield Logística.<br />

Neste sentido, identificam-se oportunidades de<br />

investimento e a existência de Pipeline, bem<br />

como alguns lançamentos de projectos com<br />

edificação especulativa, insuficientes face à<br />

procura registada”, explica o responsável.<br />

Num futuro próximo, a tendência será que<br />

a oferta evolua, assim como a quantidade e<br />

qualidade dos imóveis neste sector. •<br />

apresentando ainda as melhores oportunidades<br />

de investimento neste âmbito, no nosso país.<br />

Em Portugal, estamos perante um mercado<br />

imobiliário “pouco organizado e disperso”, no<br />

período entre 2011 e <strong>2020</strong>.<br />

“EXISTE OFERTA ASSIM COMO<br />

QUALIDADE NOS IMÓVEIS<br />

DISPONÍVEIS PARA O MERCADO<br />

LOGÍSTICO, FACTOR ESTE QUE<br />

INDUZ A ALGUMA INSTABILIDADE<br />

DE NORTE A SUL DO PAÍS. POR<br />

OUTRO LADO, ASSISTIMOS AINDA<br />

A UM HIATO NO QUE SE REFERE<br />

A NOVOS PROJECTOS, BEM COMO<br />

A PROMOTORES DEDICADOS”


20<br />

JANEIRO <strong>2020</strong><br />

Texto: Ana Paiva<br />

Fotos: Mind the Trash<br />

UMA ROTINA MAIS ECOLÓGICA<br />

LOGÍSTICA<br />

Mind the Trash vende<br />

produtos orgânicos<br />

100% sustentáveis<br />

Foi um grito de ajuda do planeta ouvido pela Mind the Trash que tem como princípio no seu<br />

negócio a venda de produtos amigos do ambiente sem recorrer a plástico ou desperdícios.<br />

Tem registado um crescimento significativo, tendo vindo a inspirar outras pessoas a adoptar<br />

um estilo de vida mais sustentável. Desde artigos para a casa a produtos de higiene, a oferta é<br />

imensa. Já não há desculpa para não nos preocuparmos com o ambiente.


SCM Supply Chain Magazine 21<br />

A<br />

s práticas pouco, ou nada, sustentáveis<br />

têm vindo a intensificar-se e o planeta<br />

está a senti-lo. O lado positivo é que, com<br />

o aumento do plástico e do desperdício, está<br />

a surgir uma onda de projectos sustentáveis<br />

que visam mudar os hábitos diários dos<br />

consumidores.<br />

“Já nos tempos de faculdade me questionava<br />

sobre as quantidades absurdas de plástico<br />

que trazia para casa após uma ida ao<br />

supermercado. Quem não teve uma gaveta<br />

destinada aos sacos de plástico, e estava<br />

sempre cheia? Em casa dos meus pais<br />

tínhamos, e estava sempre tão cheia que<br />

a gaveta nem fechava totalmente”, esta<br />

é a realidade da maioria dos portugueses,<br />

e era também a de Catarina Matos,<br />

sócia-gerente e CEO da Mind the Trash,<br />

uma loja online de produtos alternativos ao<br />

plástico e não-naturais.<br />

Este projecto nasceu em 2016, mas a ideia<br />

de o criar surgiu dois anos antes quando<br />

Catarina Matos se mudou para Londres para<br />

trabalhar enquanto arquitecta. Foi lá que se<br />

deparou com o “apocalipse do plástico”, mas<br />

também com várias alternativas, segundo a<br />

mesma.<br />

A Mind the Trash nasceu na rede social<br />

Instagram e servia para a CEO partilhar tudo<br />

o que estava a descobrir sobre este novo<br />

mundo, mostrando os seus hábitos diários<br />

com o objectivo de motivar outras pessoas a<br />

adoptar um estilo de vida mais “consciente e<br />

sustentável”.<br />

Quando vinha de férias a Portugal, não<br />

encontrava lojas que vendessem os produtos<br />

amigos do ambiente que já usava e, por isso,<br />

decidiu trazê-los para o seu país de origem<br />

para, em conjunto com o seu parceiro de<br />

negócio, Christian Andersen, comercializá-los<br />

através da Mind the Trash enquanto loja<br />

online. Desta vez o objectivo passava mesmo<br />

por dar a possibilidade de fornecer produtos<br />

sustentáveis a quem decidisse comprá-los,<br />

independentemente da localização em<br />

Portugal, objectivo que, segundo Catarina<br />

Matos tem sido cumprido ao registarem<br />

“encomendas para estrada ‘X’, km ‘Y’, onde<br />

nem existe número de porta”.<br />

“ENCOMENDAS PARA<br />

ESTRADA ‘X’, KM ‘Y’,<br />

ONDE NEM EXISTE<br />

NÚMERO DE PORTA”<br />

EMPRESA E FORNECEDORES<br />

LIGADOS PELOS MESMOS<br />

VALORES<br />

A Mind the Trash, além de vender produtos<br />

orgânicos e sustentáveis, desde artigos para<br />

a casa a cuidados e higiene pessoal, também<br />

inclui um blog e informações sobre eventos<br />

como workshops para aprender a fazer velas<br />

e ambientadores, sabonetes e cremes do<br />

corpo, bálsamos, entre outros, com recurso a<br />

ingredientes naturais.<br />

Como há produtos que não encontram em<br />

Portugal, ou não se identificam com o produtor<br />

ou distribuidor, adquirem a fornecedores<br />

estrangeiros “dando o nosso voto a quem<br />

acreditamos”, segundo a CEO. A Georganics<br />

é um deles, que comercializa produtos<br />

orgânicos relacionados com a higiene oral,<br />

como dentífricos, fio dentário ou elixir bucal.<br />

No entanto, a maioria dos fornecedores da<br />

empresa são portugueses.


22<br />

JANEIRO <strong>2020</strong><br />

Catarina Matos, CEO Mind The Trash<br />

A escolha dos fornecedores é um<br />

procedimento rigoroso para a Mind the Trash,<br />

pois é importante saber se partilham os<br />

mesmos ideais. Por vezes, recebem encomendas<br />

dos fornecedores em caixas reutilizadas e com<br />

acondicionamento também reutilizado. Se se<br />

mantiverem em boas condições, são também<br />

reutilizadas para os clientes da empresa.<br />

Quanto às caixas de maiores dimensões, que<br />

são, por norma, utilizadas para a cadeia de<br />

fornecimento, oferecem a clientes, que podem<br />

ser usadas para mudanças, ou são cortadas e<br />

aproveitadas como reforço de caixas de envio,<br />

como acondicionamento ou para a realização<br />

de divisórias nas prateleiras do armazém. As<br />

embalagens de cartão que estejam muito<br />

danificadas e não é possível aproveitar, colocam<br />

grande parte no compostor.<br />

Procuram manter sempre um contacto<br />

próximo com os seus fornecedores e<br />

monitorizam a produção e o envio dos<br />

produtos, quando possível, e a comunicação<br />

é um elo-chave entre ambos os lados pois “é<br />

essencial para nos certificarmos que se regem<br />

pelos mesmos princípios que nós no que toca<br />

ao desperdício zero”.<br />

No entanto, pretendem produzir a maioria<br />

dos produtos com marca própria, de forma<br />

a controlar todo o processo de fabrico para<br />

assegurarem que o desperdício de matériasprimas<br />

é minimizado.<br />

“A sustentabilidade é a nossa missão e a<br />

cadeia de abastecimento é muito importante<br />

para nos ajudar a reduzir a pegada ecológica”,<br />

afirma Catarina Matos. Tudo o que se encontra<br />

no site já foi comprado pela empresa,<br />

e encontra-se no armazém, que tem 30<br />

metros quadrados, dividido em duas salas.<br />

Os responsáveis pela logística e distribuição<br />

removem do armazém o necessário para as


SCM Supply Chain Magazine 23<br />

encomendas do dia e é tudo controlado<br />

por um sistema de código de barras através<br />

de um sistema separado de gestão de stock.<br />

Há produtos que, devido aos seus<br />

componentes, devem estar bemacondicionados<br />

para manterem a sua<br />

total integridade, como por exemplo os<br />

cosméticos que não podem estar expostos<br />

ao sol ou a altas temperaturas.<br />

“A SUSTENTABILIDADE<br />

É A NOSSA MISSÃO E A CADEIA<br />

DE ABASTECIMENTO É MUITO<br />

IMPORTANTE PARA NOS<br />

AJUDAR A REDUZIR A PEGADA<br />

ECOLÓGICA”<br />

RECEPTIVIDADE<br />

ENQUANTO PALAVRA-CHAVE<br />

A adesão a este tipo de iniciativas, tanto por<br />

parte dos mercados, como dos consumidores,<br />

é uma questão pertinente, pois trata-se de<br />

produtos mais caros o que pode, por vezes,<br />

criar um distanciamento. Contudo, tem vindo<br />

a verificar-se o contrário.<br />

Catarina Matos refere que tem sentido uma<br />

grande evolução na receptividade do mercado<br />

a este tipo de produtos “quando abrimos a Mind<br />

the Trash, fomos pioneiros no lançamento de<br />

alguns tipos de produtos e é interessante ver<br />

que, de momento, já existem outras marcas a<br />

fabricarem produtos idênticos”. Afirma ainda que<br />

têm surgido mais lojas como a sua, mostrando<br />

interesse neste mercado tão específico.<br />

30JAN20<br />

PALÁCIO MARQUESES DA PRAIA, LOURES<br />

PROMOTORES :<br />

ORGANIZAÇÃO:


24<br />

JANEIRO <strong>2020</strong><br />

“QUANDO ABRIMOS A MIND<br />

THE TRASH, FOMOS PIONEIROS<br />

NO LANÇAMENTO DE ALGUNS<br />

TIPOS DE PRODUTOS E É<br />

INTERESSANTE VER QUE, DE<br />

MOMENTO, JÁ EXISTEM OUTRAS<br />

MARCAS A FABRICAREM<br />

PRODUTOS IDÊNTICOS”<br />

Por sua vez, do lado dos consumidores, ainda<br />

há muitas pessoas que não se preocupam<br />

com a sua pegada ecológica e, aliado a isso,<br />

acresce o facto de os preços serem elevados.<br />

No entanto, a CEO indica que há cada vez<br />

mais pessoas a optar por este tipo de produtos<br />

pela sua durabilidade, compensando o preço a<br />

longo-prazo.<br />

A pensar nos que adquirem estes produtos<br />

e se preocupam com o ambiente, a Mind the<br />

Trash vende para toda a Europa, embora o<br />

mercado principal seja Portugal. Já estão<br />

presentes na Dinamarca como cadeia de<br />

distribuição para os países nórdicos.<br />

Mas não querem ficar por aqui.<br />

Um dos objectivos para este novo ano é<br />

duplicar não só as vendas dos seus produtos,<br />

mas também a revenda dos mesmos nas lojas<br />

onde estão presentes. Têm ainda a ambição, a<br />

longo-prazo, de abrir uma loja física.<br />

No que à logística diz respeito, tentam sempre<br />

“estar um passo à frente”, ou seja, querem estar<br />

sempre preparados para o aumento das vendas<br />

e de stock, de forma a suavizar o processo<br />

das transições sem constrangimentos.<br />

Por isso mesmo, desde cedo que optaram por<br />

um sistema profissional de gestão de stock para<br />

os ajudar na parte de organização.


SCM Supply Chain Magazine 25<br />

A CEO termina dizendo que “um dos nossos<br />

maiores desafios para <strong>2020</strong> será a falta de<br />

espaço no armazém e o aumento da equipa<br />

para distribuição e logística que terá de ter as<br />

mesmas preocupações com o desperdício”.<br />

Não é difícil escolhermos ter um estilo de<br />

vida mais sustentável, e projectos como a Mind<br />

the Trash servem para nos dar essa opção.<br />

Apesar de os preços poderem não ser acessíveis<br />

para todos, há produtos em que o valor se<br />

reflecte na durabilidade, uma vez que podem<br />

ser reutilizados pelo próprio cliente. Este é o<br />

preço a pagar para lutarmos por um planeta<br />

mais ‘verde’. O único que temos. •<br />

“UM DOS NOSSOS MAIORES<br />

DESAFIOS PARA <strong>2020</strong> SERÁ<br />

A FALTA DE ESPAÇO<br />

NO ARMAZÉM E O<br />

AUMENTO DA EQUIPA PARA<br />

DISTRIBUIÇÃO E LOGÍSTICA<br />

QUE TERÁ DE TER AS<br />

MESMAS PREOCUPAÇÕES<br />

COM O DESPERDÍCIO”


26<br />

JANEIRO <strong>2020</strong><br />

Texto: Ana Paiva<br />

A SUPPLY CHAIN<br />

EM <strong>2020</strong><br />

LOGÍSTICA<br />

Tecnologia<br />

e sustentabilidade são<br />

os maiores desafios<br />

Foram muitos os marcos de 2019, desde grandes negócios, a implementações e apostas<br />

estratégicas. Fechado este capítulo, abre-se um novo que se mostra desafiante aos olhos<br />

dos profissionais da supply chain. As previsões direcionam-se no mesmo sentido.<br />

Só esperamos que o resultado seja de resolução e superação.


VALIDADE DAS<br />

CINTAS DE<br />

AMARRAÇÃO<br />

A ARTEFITA é uma empresa especialista na<br />

produção de cintas de amarração destinadas<br />

Conteúdo<br />

Patrocinado<br />

DE QUE ESTAMOS<br />

A FALAR? NA PRÁTICA... Quando um motorista é,<br />

por exemplo, confrontado numa acção de<br />

anos de percurso e exportando mais de 85%<br />

do volume de negócios para os mercados mais<br />

exigentes, impõe-se todo o rigor no que se refere<br />

ao cumprimento normativo e regulamentar em<br />

todas as fases e componentes do processo de<br />

fabrico (desde a pesquisa da matérias-primas à<br />

validação laboratorial do comportamento dos<br />

produtos).<br />

Dado o elevado nível de exigência<br />

em tudo o que produz e entrega ao<br />

mercado, a ARTEFITA assume como<br />

vital a responsabilidade de enquadrar de<br />

forma objectiva e correcta o que está em<br />

causa quando falamos em validade das cintas<br />

de amarração.<br />

A Norma Europeia EN12195-2 que regula<br />

a normalização das cintas de amarração é<br />

omissa em relação à validade das mesmas. Ou<br />

seja, esta norma de referência não menciona<br />

qualquer validade temporal para as cintas.<br />

da validade, mas antes que a cinta não está<br />

em condições de ser usada.<br />

UMA CINTA NÃO PODE SER USADA QUANDO:<br />

» Não possuir etiquetas ou estas estiverem<br />

ilegíveis.<br />

» 10% da largura da cinta estiver cortada/rasgada.<br />

Numa cinta de 50 mm de largura, por exemplo,<br />

o corte, ou o rasgão, não poderá ser superior a 5<br />

mm.<br />

» Os ganchos estiverem tortos ou empenados.<br />

»<br />

D ado Apresentar roquetes ou ganchos dourados, em<br />

vez de prateados, pois o acabamento deve ser<br />

“Cr6 free”, de acordo com a legislação REACH.<br />

» A aparência da cinta for demasiado suja, não<br />

oferecendo garantia de segurança ao carregador.<br />

QUEM PODE E DEVE INSPECIONAR AS FITAS?<br />

A avaliação do estado e integridade das cintas<br />

deve ser feita regularmente pelas empresas<br />

que com elas operam, não sendo necessária<br />

a acreditação de qualquer laboratório ou<br />

entidade.<br />

Esta tarefa pode e deve ser feita diretamente<br />

NA REALIDADE... Uma cinta até pode ter<br />

10 anos de idade que, se estiver em perfeito<br />

estado de conservação “está válida”.<br />

Nota Importante: A informação regulamentar mencionada está válida à presente data, pelo que a ARTEFITA não poderá ser responsabilizada se, após<br />

referência à mesma, o conteúdo desta vier a tornar-se obsoleto por força de eventuais alterações.<br />

Conte com o apoio técnico e/ou comercial da ARTEFITA para a actualidade de informação neste âmbito.


28<br />

JANEIRO <strong>2020</strong><br />

A<br />

no novo vida nova. <strong>2020</strong> chegou e<br />

consigo traz vários desafios para a área<br />

da logística. Os nossos profissionais<br />

esperam um ano desafiante, e há dois<br />

factores transversais a todos os discursos: a<br />

tecnologia e a sustentabilidade.<br />

Bruno Gil, iberian supply chain manager<br />

da Eden Springs, encara como factor de<br />

sobrevivência para qualquer empresa,<br />

nos próximos anos, o investimento em<br />

tecnologias de informação como CRM,<br />

e-commerce, ERP, MRP, RFID, Inteligência<br />

Artificial, Predictive Analytics, etc.<br />

Além das inúmeras oportunidades que<br />

providenciam no controlo e redução de<br />

custos, através de um maior controlo e<br />

precisão de stocks, análises automatizadas de<br />

fornecedores e despesas, maior alinhamento<br />

entre a oferta e procura, redução de stock,<br />

etc, aumenta a produtividade e eficiência<br />

através da automatização e optimização na<br />

produção, no armazenamento, na recepção,<br />

preparação e expedição de encomendas, e<br />

digitalização de documentos. Oferece ainda<br />

aos clientes várias garantias nas áreas da<br />

qualidade, visibilidade e transparência em<br />

Bruno Gil, iberian supply chain manager da Eden Springs<br />

tempo real de entregas e incidências que<br />

permitem a disponibilidade do produto/<br />

serviço no momento e local indicado pelo<br />

cliente, refere Bruno Gil.<br />

“É necessário entender, a nível<br />

organizacional, que o investimento em<br />

tecnologias de informação não se trata de<br />

substituir as pessoas, mas sim de substituir<br />

tarefas, e libertar as pessoas para se<br />

focarem em actividades que tragam maiores<br />

benefícios à organização”, salienta.<br />

Por sua vez, Mariana Azevedo, logistics<br />

manager da Perrigo, aponta que os principais<br />

desafios que prevê para <strong>2020</strong> na área da<br />

supply chain prendem-se com uma maior<br />

eficiência nos custos operacionais suportados<br />

pelo desenvolvimento de áreas como Big<br />

Data ou Business Intelligence.<br />

“As novas tecnologias são determinantes<br />

para aumentar a produtividade da cadeia<br />

de abastecimento pelo que o investimento<br />

nestas áreas deve ser visto como uma<br />

aposta num factor de diferenciação e de<br />

sustentabilidade da própria empresa”, afirma.<br />

A curto-prazo, os sistemas de dados serão<br />

mais ágeis e determinantes para automatizar<br />

actividades operacionais, optimizar processos<br />

e suportar tomadas de decisão.<br />

Em concordância com Mariana Azevedo<br />

está Eduardo Dias, logistics manager<br />

da Bosch Security Systems, que refere<br />

que a gestão da supply chain, em <strong>2020</strong>,<br />

permanecerá focada na agilidade dos<br />

processos, suportada pelas novas tecnologias<br />

e orientadas para novos desafios relacionados<br />

com o meio ambiente.<br />

Assim sendo, no que ao seu negócio<br />

diz respeito, será mantido o esforço na<br />

digitalização de toda a informação que<br />

alimenta a cadeia de valor e o investimento<br />

na automatização e robotização dos seus


Eduardo Dias, logistics manager da Bosch Security Systems<br />

Mariana Azevedo, logistics manager da Perrigo<br />

SCM Supply Chain Magazine 29<br />

processos produtivos e logísticos será<br />

intensificado. O objectivo é obter processos<br />

mais transparentes, eficientes, robustos e<br />

fiáveis.<br />

Ainda respeitante à tecnologia, Telmo<br />

Simão, supply chain manager da Brodheim,<br />

enumera dos dois maiores desafios que<br />

a área da logística enfrentará este ano: a<br />

digitalização de processos, que para tornar<br />

as cadeias de abastecimento mais flexíveis<br />

e ágeis, é fundamental que os sistemas<br />

estejam integrados, quer sejam internos<br />

ou com parceiros externos; e a gestão de<br />

dados, em que é vital ter ferramentas que<br />

permitam aos decisores terem visibilidade<br />

sobre os resultados das diferentes áreas da<br />

supply chain. Assim, será importante obter<br />

rápidas e objectivas conclusões de maneira a<br />

sustentar as tomadas de decisão e antecipar as<br />

necessidades do cliente externo e interno.<br />

“É NECESSÁRIO ENTENDER,<br />

A NÍVEL ORGANIZACIONAL,<br />

QUE O INVESTIMENTO<br />

EM TECNOLOGIAS DE<br />

INFORMAÇÃO NÃO SE<br />

TRATA DE SUBSTITUIR<br />

AS PESSOAS, MAS SIM<br />

DE SUBSTITUIR TAREFAS,<br />

E LIBERTAR AS PESSOAS<br />

PARA SE FOCAREM EM<br />

ACTIVIDADES QUE TRAGAM<br />

MAIORES BENEFÍCIOS<br />

À ORGANIZAÇÃO”


Telmo Simão, supply chain manager da Brodheim<br />

30<br />

JANEIRO <strong>2020</strong><br />

AUMENTAR A APOSTA<br />

NA SUSTENTABILIDADE<br />

A sustentabilidade é também encarada como<br />

um desafio, principalmente neste sector que<br />

pode contribuir para reduzir uma grande parte<br />

da pegada ecológica do planeta. Assim sendo,<br />

apesar de ser tratada como um desafio, deve<br />

ser pensada ainda mais como um objectivo.<br />

Anabela Lopes Pinto, coordenadora de aprovisionamentos da Bondalti Chemicals<br />

Luís Pica, chief supply chain off i cer da Daufood<br />

“AS NOVAS TECNOLOGIAS<br />

SÃO DETERMINANTES PARA<br />

AUMENTAR A PRODUTIVIDADE<br />

DA CADEIA DE ABASTECIMENTO<br />

PELO QUE O INVESTIMENTO<br />

NESTAS ÁREAS DEVE SER VISTO<br />

COMO UMA APOSTA NUM<br />

FACTOR DE DIFERENCIAÇÃO<br />

E DE SUSTENTABILIDADE DA<br />

PRÓPRIA EMPRESA”<br />

Anabela Lopes Pinto, coordenadora de<br />

aprovisionamentos da Bondalti Chemicals, está<br />

de acordo com este princípio, referindo que<br />

se deve ter em consideração “os desafios da<br />

desmaterialização de processos e o ‘sustainable<br />

behaviour’, ter uma supply chain sustentável<br />

com menor pegada ecológica”.<br />

Assim como Luís Pica, chief supply chain<br />

officer da Daufood, que afirma que existe<br />

uma maior necessidade de ter uma cadeia de<br />

abastecimento mais verde, fazendo um maior<br />

recurso a energias limpas e também<br />

de embalagens amigas do ambiente.


31<br />

De acordo com a visão de Luís Pica está<br />

Eduardo Dias, que frisa que os esforços<br />

devem ser aplicados em torno da redução o<br />

impacto das operações através de medidas que<br />

permitiam a diminuição do consumo energético<br />

e apostando também nas energias limpas.<br />

“O desafio será, portanto, como tornar as<br />

organizações mais ágeis, fortalecendo as<br />

suas preocupações ambientais garantindo a<br />

satisfação dos clientes, cada vez mais exigentes,<br />

num ambiente cada vez mais competitivo”,<br />

salienta. Acredita ainda que existirá um maior<br />

investimento no aumento da proximidade<br />

entre as cadeias de abastecimento que poderá<br />

ser feito através de uma maior integração de<br />

processos, reduzindo a dependência de uma<br />

supply chain “mais complexa, longa e acima de<br />

tudo, mais poluente!”.<br />

As políticas de sustentabilidade das empresas<br />

tendem a ser mais exigentes, e estas estão<br />

a ser cada vez mais pressionadas a revelar<br />

e a anunciar o que fazem com resíduos que<br />

produzem e o que preveem fazer para diminuir<br />

a emissão de CO 2<br />

para a utilização de energias<br />

renováveis e de materiais biodegradáveis nos<br />

seus produtos, segundo Bruno Gil. Desta forma,<br />

não só se ajuda o planeta, como também se<br />

eleva a reputação das empresas, que reduzem<br />

“os custos de logística, nomeadamente na<br />

optimização de rotas e transportes com<br />

menores consumos, utilização de combustíveis<br />

‘verdes’, o aproveitamento de coberturas<br />

superiores dos armazéns para painéis de<br />

energia solar, e consequente redução de<br />

consumos energéticos, sendo esta uma forma<br />

de aumentar a fidelidade dos seus clientes”.<br />

PÓS-GRADUAÇÃO<br />

Supply Chain<br />

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rita.anjos@iscte-iul.pt<br />

Professor Catedrático de<br />

Operações e Logistica<br />

no ISCTE-IUL


32<br />

JANEIRO <strong>2020</strong><br />

AGILIDADE, ESTRATÉGIA<br />

E PLANEAMENTO<br />

Além de desafios como a tecnologia e a<br />

sustentabilidade, os profissionais da supply chain<br />

apontaram outros que também se farão sentir<br />

em <strong>2020</strong>, e que é importante ter em conta.<br />

Mariana Azevedo refere a exigência<br />

dos clientes como um deles, bem como a<br />

optimização do rácio custo/benefício nas<br />

empresas da indústria farmacêutica, no que<br />

diz respeito ao seu negócio. Acrescenta<br />

ainda que a supply chain “deverá assumir<br />

um papel cada vez mais estratégico dentro<br />

das empresas e menos de suporte, onde<br />

se espera que acrescente um maior valor<br />

significativo ao negócio”.<br />

Por sua vez, Anabela Lopes Pinto indica<br />

que um desafio, não só para <strong>2020</strong>, mas a<br />

longo-prazo se prende com a necessidade<br />

de uma resposta ao cliente cada vez mais<br />

individualizada e rápida, perante a volatilidade<br />

na procura. A agilidade também é importante,<br />

pois as empresas devem ter a capacidade para<br />

se adaptar, de forma a “vingarem num mundo<br />

em constante alteração”, frisa.<br />

A pressão para os custos logísticos, a<br />

crescente regulamentação nas diferentes áreas<br />

onde se opera e a gestão de risco na cadeia,<br />

são outros dos desafios apontados por Anabela<br />

Lopes Pinto.<br />

A volatilidade dos preços dos combustíveis e<br />

as incertezas políticas serão também desafios<br />

a enfrentar pela não só pelas empresas de<br />

logística, mas pelas restantes indústrias,<br />

segundo Bruno Gil, “pois podem representar um<br />

incremento do preço final para o consumidor,<br />

assim como colocar em causa a disponibilidade<br />

das matérias-primas e/ou produto acabado”.<br />

Esta visão vai ao encontro da de Luís Pica que<br />

encara a questão das incertezas nas relações<br />

comerciais como um desafio, pois podem<br />

fazer aumentar o preço ou escassear algumas<br />

matérias-primas.<br />

A motivação de equipas e retenção de<br />

talento, e a estratégia e planeamento, são<br />

também factores desafiantes assinalados por<br />

Bruno Gil para o presente ano.<br />

Desejamos um <strong>2020</strong> repleto de<br />

oportunidades de superação para todos<br />

estes desafios, de forma a tornar a nossa<br />

logística mais eficiente, ágil, tecnológica<br />

e sustentável. •<br />

“O DESAFIO SERÁ, PORTANTO,<br />

COMO TORNAR AS ORGANIZAÇÕES<br />

MAIS ÁGEIS, FORTALECENDO AS<br />

SUAS PREOCUPAÇÕES AMBIENTAIS<br />

GARANTINDO A SATISFAÇÃO<br />

DOS CLIENTES, CADA VEZ MAIS<br />

EXIGENTES, NUM AMBIENTE CADA<br />

VEZ MAIS COMPETITIVO”


O QUE FAZEMOS<br />

COM ALMA<br />

NÃO CONHECE<br />

LIMITES<br />

Fundada em 5 de janeiro de 1995, a ARTEFITA é uma<br />

empresa global, detentora de um forte know-how e<br />

uma vasta experiência na resposta aos mercados mais<br />

exigentes, incluindo o sector da Logística e Transportes.<br />

Contamos com 85 colaboradores altamente preparados<br />

e dedicados, 100% focados na satisfação ao cliente a<br />

<br />

problema de mercado, ou nova ideia vai ser respondida<br />

ou concretizada, com competência e qualidade.<br />

Exportamos mais de 85% do nosso volume de negócios,<br />

para mais de 30 países, sendo a França, Escandinávia e<br />

EUA os nossos principais mercados. Somos ainda a maior<br />

empresa exportadora do sector das Passamanarias, sendo<br />

responsáveis por 35% das suas exportações, e estamos<br />

no Top 500 das empresas de Aveiro, no Top 700 das<br />

empresas exportadoras da região Norte e no Top 1500<br />

das empresas exportadoras nacionais.<br />

Em 2019 voltamos a crescer, atingindo um volume de<br />

negócios de 7 milhões de euros.<br />

Quem procura a ARTEFITA encontra reconhecida<br />

competência técnica e a certeza do cumprimento<br />

regulamentar e normativo. Primamos por desenvolver<br />

soluções simples indo ao encontro das necessidades dos<br />

nossos clientes, mesmo as mais complexas e exigentes. A<br />

qualidade dos nossos produtos fala por nós – KNOT Strap<br />

Solutions, ARCTIC Insulated Solutions e ARTEFITA®<br />

Narrow Fabrics With Soul – porque o que fazemos com<br />

alma não conhece limites.<br />

PME líder<br />

CERTIFICAÇÃO<br />

EN 12195-2<br />

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34


PROCUREMENT<br />

35<br />

Desafios de <strong>2020</strong><br />

Texto: Fábio Santos<br />

PROFISSIONAIS<br />

DE PROCUREMENT<br />

ANTEVÊEM<br />

OS DESAFIOS<br />

PARA <strong>2020</strong><br />

Segundo se diz, “ano novo, vida nova”…<br />

Mas o que devemos esperar dessa<br />

nova vida? Novas formas de trabalhar?<br />

Começarão a aparecer novos obstáculos?<br />

Novos temas surgirão?<br />

E será o procurement feito da mesma<br />

maneira?... As respostas concretas, não<br />

as sabemos dar, mas podemos dar as<br />

previsões de quem mais percebe do<br />

assunto: os verdadeiros profissionais<br />

de procurement.


36<br />

JANEIRO <strong>2020</strong><br />

A<br />

s incertezas são garantidas, mas ainda<br />

assim é possível tentar conhecer<br />

as tendências e os desafios que os<br />

profissionais esperam deste ano que agora<br />

começa, pois planeamento e pro-actividade<br />

já fazem parte do seu quotidiano. Para tal,<br />

procurámos informar-nos junto de cinco<br />

profissionais do sector, que nos ajudaram<br />

a perceber o que poderemos esperar do<br />

procurement em <strong>2020</strong>. A única certeza<br />

é que nenhuma resposta está errada.<br />

Pedimos a cada pessoa para indicar<br />

quais os dois maiores desafios que esperam<br />

de <strong>2020</strong>, e as respostas foram tão<br />

diversificadas que apenas uma foi repetida,<br />

totalizando nove desafios apontados<br />

pelos profissionais.<br />

Gestão de Risco<br />

As nossas senhoras, Isabel Santos, head of<br />

procurement department da Sogrape e Ana<br />

Maria Dias, global procurement director na<br />

Cerealto, mostraram-se bastante prevenidas,<br />

e ambas apontaram a gestão de risco como um<br />

dos desafios para o procurement em <strong>2020</strong>.<br />

Isabel Santos especificou precisamente a<br />

gestão de risco de aquisição. “É crucial gerir o<br />

risco em todo o processo de sourcing, gestão<br />

de fornecedores e no próprio fornecimento<br />

de forma transversal e contínua, em toda a<br />

organização”, defende a profissional da Sogrape.<br />

Já Ana Maria Dias defende que “o comércio<br />

global e os mercados emergentes trazem<br />

novos desafios”, e que estes podem ir desde<br />

os “desastres naturais que cada dia vemos<br />

ocorrer com cada vez mais frequência e que<br />

afectam fortemente os mercados, passando<br />

pelos conflitos geopolíticos, os ciber-ataques<br />

e a fragilidade e a volatilidade dos mercados<br />

emergentes”.<br />

Isabel Santos, head of procurement department da Sogrape<br />

É CRUCIAL GERIR O RISCO EM TODO<br />

O PROCESSO DE SOURCING, GESTÃO<br />

DE FORNECEDORES E NO PRÓPRIO<br />

FORNECIMENTO DE FORMA<br />

TRANSVERSAL E CONTÍNUA<br />

Ana Maria Dias, global procurement director na Cerealto<br />

O COMÉRCIO GLOBAL<br />

E OS MERCADOS EMERGENTES<br />

TRAZEM NOVOS DESAFIOS


SCM Supply Chain Magazine 37<br />

Incerteza a nível internacional<br />

Relacionado com o risco, Nelson Sampaio<br />

head of procurement and supply chain na<br />

Siemens Postal, Parcel & Airport Logistics,<br />

aponta o aumento da incerteza a nível<br />

internacional como um dos desafios que<br />

o novo ano irá trazer.<br />

O responsável considera mesmo que neste<br />

clima de incerteza acrescida, e onde novos<br />

paradigmas ainda estão por se estabelecer,<br />

“há com certeza um aumento do risco a<br />

gerir”, indo ao encontro da ideia das duas<br />

profissionais, e que se deve antecipar, em<br />

muitos casos, “uma continuada pressão sobre<br />

os preços e prazos”.<br />

“Temas como o Brexit, as guerras comerciais<br />

ocidente-oriente assentes no aumento das<br />

Nelson Sampaio, head of procurement and supply chain na Siemens Postal, Parcel & Airport Logistics,<br />

tarifas de importação, a implementação<br />

da sobretaxa IMO <strong>2020</strong> Low Sulphur no<br />

transporte marítimo, a regulamentação<br />

procurement<br />

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38<br />

JANEIRO <strong>2020</strong><br />

cada vez mais exigente relativamente à<br />

segurança (safety e security), qualidade e<br />

responsabilidade social, são apenas alguns<br />

exemplos das causas destes desafios”, enumera.<br />

Compras Sustentáveis<br />

“Enfrentamos um cenário cada vez mais<br />

complexo, dominado por imposições legais<br />

– nacionais e internacionais – e por uma<br />

crescente preocupação com a sustentabilidade<br />

nos seus eixos ambiental, económico e social”,<br />

contextualiza Isabel Santos.<br />

“Estamos a evoluir de uma contratação<br />

transaccional para uma contratação sustentável”,<br />

comenta a responsável da Sogrape, admitindo<br />

que apesar das mudanças já serem visíveis,<br />

os objectivos dos profissionais de compras e<br />

procurement ainda não estão próximos, tendo<br />

de estar “conscientes do caminho que há ainda a<br />

percorrer para encontrar um equilíbrio na criação<br />

de valor ambiental, económico e social”.<br />

Importância da Sustentabilidade<br />

na Cadeia de Abastecimento<br />

Ainda no tema da sustentabilidade,<br />

mas numa vertente diferente, Nelson<br />

Sampaio acredita que esta irá ganhar força,<br />

seja virada para os aspectos ambientais,<br />

seja para os comerciais, “muito ligada ao<br />

compliance”.<br />

Face aos desafios, o responsável considera<br />

necessário “aumentar a resiliência das<br />

cadeias logísticas através<br />

da permanente colaboração e inovação<br />

com os fornecedores”, “aumentar a agilidade<br />

na implementação de novas opções, que<br />

continuem a trazer valor sem comprometer<br />

a exigência e qualidade” e, ao mesmo<br />

tempo, também destaca que “o aumento da<br />

digitalização das actividades de Procurement<br />

é factor essencial para acelerar e melhorar<br />

a qualidade da tomada de decisão por parte<br />

das equipas”.


Pedro Estima, procurement & logistics da Mota-Engil<br />

SCM Supply Chain Magazine 39<br />

Digitalização das compras<br />

Ricardo Rodrigues, head of purchasing na<br />

Webasto Business Services, considera que em<br />

certas áreas especificas de compras, como a<br />

aquisição de material indirecto, faz sentido que<br />

“evoluam para mercados virtuais para que o<br />

requisitante interno só tenha que escolher o<br />

que precisa e que foi previamente negociado”.<br />

“A velocidade com que os negócios se<br />

processam e a necessidade de transparência<br />

faz com que cada vez mais os departamentos<br />

de compras precisem de robustos integrados<br />

que respondam não só às necessidades de<br />

quem compra, mas também dos fornecedores”,<br />

defende.<br />

Ricardo Rodrigues, head of purchasing na Webasto aBusiness Services,<br />

Proximidade<br />

Indo ao encontro da ideia de Nelson Sampaio,<br />

mas sendo mais específico, também Pedro<br />

Estima, procurement & logistics da Mota-Engil,<br />

refere que a proximidade com o fornecedor<br />

é um dos desafios do procurement para o<br />

próximo ano.<br />

Complexidade<br />

Todos estes desafios apontados consolidam<br />

num: a complexidade da cadeia, e segundo<br />

explica Ana Dias, o procurement hoje enfrenta<br />

“um aumento exponencial de complexidade,<br />

quer a nível interno quer a nível externo”, pelo<br />

que no próximo ano tende a aumentar.<br />

“Cada vez mais é pedido à área de<br />

Procurement que crie mais valor para as<br />

empresas mas que o faça também com menos<br />

recursos e com budgets mais apertados”,<br />

explica, comentando que as organizações se<br />

tornam cada vez mais complexas internamente,<br />

e que por isso sentem “a necessidade de se<br />

EM <strong>2020</strong> TEREMOS DE TRABALHAR<br />

EM PROXIMIDADE COM O PARCEIRO<br />

EXTERNO E COM O PARCEIRO<br />

INTERNO DE MODO A CRIAR<br />

SINERGIAS


40<br />

JANEIRO <strong>2020</strong><br />

reinventar e ajustar constantemente” de modo<br />

a conseguir responder às necessidades do<br />

mercado e tornarem-se competitivas.<br />

Falamos de “mercados que mudam cada vez<br />

mais rápido e nos quais enfrentamos mega<br />

fornecedores que emergiram fruto de anos de<br />

sourcing estratégico e consolidação industrial,<br />

com níveis de complexidade interna cada vez<br />

maior”, elucida a responsável, acrescentando<br />

que isto gera “relações comerciais mais<br />

complexas, menor poder de negociação e<br />

menor flexibilidade a diversos níveis”.<br />

Conhecimento<br />

Pedro Estima aponta também a necessidade de<br />

conhecimento como um dos desafios para <strong>2020</strong>,<br />

e aliado a esse conhecimento está tudo o que<br />

vem depois na supply chain. Tendo uma maior<br />

percepção e premonição conseguimos ser mais<br />

pro-activos, rápidos e eficientes.<br />

“O ano <strong>2020</strong> vai exigir mais e melhor<br />

conhecimento para atingirmos a eficiência de<br />

forma ágil”, comenta mesmo o responsável.<br />

Este nível de conhecimento advém da<br />

experiência, e é necessário apostar nas pessoas,<br />

o que leva ao último tópico referido pelos<br />

inquiridos.<br />

Identificação e Retenção<br />

de Talento<br />

Embora assuma que é um tópico muito<br />

relacionado com recursos humanos, Ricardo<br />

Rodrigues também o considera importante para<br />

as funções de compras. “É hoje-em-dia difícil de<br />

encontrar candidatos que tenham o background<br />

académico e profissional, o mindset certo e a<br />

paixão para muitas das posições de compras<br />

que se encontram no mercado de trabalho”,<br />

defende o responsável da Webasto.<br />

Considera importante ter programas fortes<br />

e claros para a retenção de talento dentro das<br />

empresas, devido à oferta limitada do mercado.<br />

“Quando existem esses candidatos é depois<br />

difícil de os reter já que, como são poucos,<br />

deparam-se com oportunidades aliciantes<br />

dentro e fora de Portugal”, explica. •<br />

10 OPINIÕES, 9 DESAFIOS DIFERENTES<br />

É visível a quantidade diversificada de desafios que se espera que enfrentem o sector.<br />

O desafio foi lançado “no escuro”, e quase todos apontaram tópicos diferentes. É provável<br />

que se fossem inquiridos mais profissionais, novos desafios fossem postos em cima da mesa,<br />

porque a verdade é que os há, e são imensos… Esperemos para ver o que <strong>2020</strong> irá trazer.<br />

Até lá, foram estes os previstos pelos nossos profissionais.


42<br />

PROCUREMENT<br />

12 Horas<br />

de Procurement<br />

Texto: Fábio Santos<br />

Fotos: Sfori<br />

PROFISSIONAIS DE COMPRAS E PROCUREMENT<br />

VÃO A JOGO EM MARÇO<br />

No dia 6 de Março, os profissionais de compras e procurement vão ter a oportunidade<br />

de experienciar uma nova dinâmica formativa. Funcionando num registo mais lúdico<br />

que o habitual, as 12 Horas de Procurement têm como objectivo proporcionar um momento<br />

de aprendizagem numa área onde a oferta formativa nacional é escassa.


43<br />

Tal como acontece anualmente numa<br />

parceria entre a SCM e a Sfori, com o<br />

evento 24 Horas de Logística, que este<br />

ano irá chegar à sua 15ª edição, as empresas<br />

apresentam agora o seu mais recente evento,<br />

apostando numa nova área: o procurement.<br />

Para anteriores participantes ou<br />

conhecedores do caso, este novo modelo<br />

irá manter algumas características a que<br />

as 24 Horas de Logística já nos habituaram,<br />

mas para aqueles que não estão<br />

familiarizados com o evento, passamos<br />

a explicar em que consiste.<br />

CONTINUA A NÃO HAVER<br />

FORMAÇÃO ESPECÍFICA<br />

ACADÉMICA DE PROFISSIONAIS DE<br />

COMPRAS E PROCUREMENT COMO<br />

EXISTE LÁ FORA E, PORTANTO,<br />

SEMPRE CONSIDERÁMOS QUE<br />

ORGANIZAR EVENTOS E ACÇÕES<br />

DE FORMAÇÃO PARA O SECTOR<br />

FAZIA TODO O SENTIDO<br />

FILIPE BARROS


44<br />

JANEIRO <strong>2020</strong><br />

AS 12 HORAS DE PROCUREMENT<br />

Contextualizando, as 12 Horas de Procurement<br />

são um novo evento formativo, que se<br />

diferencia das habituais formações por ser<br />

realizado em formato de jogo. A primeira edição<br />

irá decorrer na Nova SBE, em Carcavelos.<br />

As empresas podem inscrever as suas equipas<br />

de compras e procurement para participar,<br />

podendo estas ter dois ou três elementos, e ao<br />

longo de 12 horas consecutivas os profissionais<br />

serão desafiados através de diversas provas<br />

relacionadas com actividades com que se<br />

deparam no seu dia-a-dia, umas em termos<br />

mais operacionais e outras estratégicas.<br />

De forma a proporcionar um ambiente de<br />

aprendizagem, os participantes poderão contar<br />

com provas práticas e teóricas que os obrigarão<br />

a agir em equipa, tendo ainda a vantagem de<br />

haver um contacto entre os profissionais da<br />

mesma área, resultando num momento de<br />

networking entre os participantes. Ao mesmo<br />

tempo, trabalha com a vertente lúdica, sendo<br />

que o modelo em formato de jogo/competição<br />

entre equipas, proporciona um ambiente mais<br />

recreativo para as equipas, ao mesmo tempo<br />

que trabalha componentes importantes para<br />

a área.<br />

“AS 12 HORAS<br />

DE PROCUREMENT<br />

É O SEGUIMENTO NATURAL<br />

A UMA LÓGICA DE TRAZER<br />

AOS PROFISSIONAIS DE<br />

COMPRAS EVENTOS<br />

QUE AGREGUEM E<br />

ACRESCENTEM VALOR”<br />

FILIPE BARROS


SCM Supply Chain Magazine 45<br />

As provas serão entregues e, posteriormente,<br />

pontuadas, sendo estabelecido um ranking para<br />

galardoar as equipas que se destacaram.<br />

Por parte da SCM, Filipe Barros, director<br />

executivo, apresenta grandes expectativas em<br />

relação ao evento, realçando a importância<br />

deste modelo formativo para este sector<br />

que ainda se encontra em crescimento.<br />

“Cada vez mais o Procurement é estratégico<br />

nas empresas, e temos claramente um sector<br />

a crescer e a ganhar dimensão e importância.<br />

Continua a não haver formação específica<br />

académica de profissionais de Compras e<br />

Procurement como existe lá fora e, portanto,<br />

sempre considerámos que organizar eventos<br />

e acções de formação para o sector fazia<br />

todo o sentido”, comenta. Em termos de<br />

participantes, o responsável comenta que<br />

esperam ter entre 45 a 60 profissionais do<br />

sector nesta primeira edição.<br />

Pedro Brito, coordenador do evento por<br />

parte da Sfori, explica que a ideia surgiu<br />

devido à parceria anterior, com as 24 Horas<br />

de Logística, mas também à Procurement<br />

Conferência, um dos eventos anuais da SCM,<br />

“onde a área nos suscitou bastante curiosidade<br />

pela sua importância e relevância dentro<br />

das organizações”, defende.<br />

“Na SCM temos um comprometimento muito<br />

grande com os profissionais de Logística,<br />

Operações e Compras: trazer-lhes a melhor<br />

informação sobre o sector e proporcionar-lhes<br />

os melhores eventos de partilha de<br />

conhecimentos e transferência de boas<br />

práticas”, defende Filipe Barros, acrescentando<br />

ainda que “as 12 Horas de Procurement é o<br />

seguimento natural a uma lógica de trazer<br />

aos profissionais de Compras eventos que<br />

agreguem e acrescentem valor”.<br />

O responsável da Sfori considera que “as<br />

principais vantagens serão o desenvolvimento<br />

“AS PRINCIPAIS VANTAGENS<br />

SERÃO O DESENVOLVIMENTO<br />

PROFISSIONAL DOS<br />

PARTICIPANTES<br />

(INDIVIDUAL E COLECTIVO),<br />

O NETWOKING COM<br />

DIVERSOS PROFISSIONAIS<br />

E EMPRESAS DA MESMA<br />

ÁREA FUNCIONAL, VISANDO<br />

DEIXAR OS INDIVÍDUOS MAIS<br />

CAPAZES E AUTÓNOMOS NO<br />

DESENVOLVIMENTO<br />

DAS SUAS FUNÇÕES”<br />

profissional dos participantes (individual<br />

e colectivo), o netwoking com diversos<br />

profissionais e empresas da mesma área<br />

funcional, visando deixar os indivíduos mais<br />

capazes e autónomos no desenvolvimento das<br />

suas funções”, e destaca ainda que as soft-skills<br />

são das ferramentas mais importantes para os<br />

profissionais, e que elas são muito trabalhadas<br />

neste modelo formativo.<br />

“Temos cada vez mais a tendência de<br />

procurar situações que nos ponham à prova e<br />

que nos façam sair do conforto do trabalho de<br />

equipa normal, e o modelo inovador do evento,<br />

em formato jogo, traz isso mesmo. Serão 12<br />

horas de muito espírito de equipa, com muitas<br />

tarefas pensadas pelos consultores dos nossos<br />

parceiros da Quay e por nós, para serem<br />

realizadas em equipa, tendo como pano de<br />

fundo a Nova SBE, que nos receberá muito bem<br />

nas suas instalações, em Carcavelos”, conclui<br />

Filipe Barros.


46<br />

JANEIRO <strong>2020</strong><br />

A pessoa que mete à prova:<br />

Alexandra Azevedo<br />

NO FINAL DAS 12H,<br />

PRETENDEMOS QUE TODAS AS<br />

EQUIPAS LEVEM UMA MALA<br />

CHEIA DE BOA DISPOSIÇÃO,<br />

DE NOVOS CONTACTOS<br />

E, NATURALMENTE,<br />

DE CONHECIMENTO TÉCNICO<br />

QUE POSSAM APLICAR NAS<br />

SUAS ORGANIZAÇÕES<br />

Alexandra Azevedo<br />

Alexandra Azevedo, managing partner<br />

da Quay e parceira técnica das 12 Horas de<br />

Procurement, foi desafiada a ser responsável<br />

pelas provas que irão ser feitas durante o<br />

evento. “Encaro esta colaboração com grande<br />

entusiasmo, e na mesma medida, com enorme<br />

sentido de responsabilidade”, comenta,<br />

“é uma oportunidade única poder participar<br />

numa 1ª edição de um modelo que tem provas<br />

dadas há tantos anos”.<br />

A responsável considera que “as empresas<br />

participantes terão a ganhar em vários aspectos<br />

mas, identificaria como um dos mais relevantes,<br />

o facto de jogarem em equipas inter-empresas”.<br />

Destaca a importância de “sair da zona de<br />

conforto” para resolver problemas com outros<br />

profissionais de empresas distintas e avança<br />

que irão ser feitas provas relativas<br />

“às actividades diárias dos compradores, umas<br />

mais operacionais outras mais estratégicas”.<br />

Defende que “todas as iniciativas que<br />

potenciem o aumento de competências<br />

técnicas dos compradores e directores de<br />

compras, que ajudem a colocar o Procurement<br />

no topo da pirâmide e, sobretudo, que<br />

promovam a partilha de conhecimento entre<br />

empresas, são muito bem-vindas”, e mostra<br />

elevadas expectativas relativamente a esta<br />

primeira edição “por acreditar que é uma<br />

viragem na forma como se aprende e se<br />

partilha informação dentro das empresas”.<br />

“No final das 12h, pretendemos que todas<br />

as equipas levem uma mala cheia de boa<br />

disposição, de novos contactos e, naturalmente,<br />

de conhecimento técnico que possam aplicar<br />

nas suas organizações”, conclui Alexandra<br />

Azevedo. •


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48<br />

JANEIRO <strong>2020</strong><br />

INTRALOGÍSTICA<br />

ZetesMedea optimiza<br />

operações da Simoldes<br />

Texto: Ana Paiva<br />

PICK TO LIGHT<br />

PARA OPERAÇÕES<br />

JUST IN TIME<br />

O Grupo Simoldes decidiu<br />

apostar na solução ZetesMedea<br />

para optimizar as operações<br />

da linha de montagem ‘Just in<br />

Time’ e os resultados têm-se<br />

mostrado positivos, pois já<br />

aumentaram a produtividade.


SCM Supply Chain Magazine 49<br />

S<br />

ediada em Portugal no departamento<br />

dos plásticos, o Grupo Simoldes,<br />

especializado na produção e fornecimento<br />

de componentes plásticos para a indústria<br />

automóvel, encontra-se no mercado desde<br />

1980 e tem subsidiárias em vários países da<br />

Europa e na América do Sul.<br />

Optimização é uma palavra-chave no sector<br />

da logística. Qualquer empresa pretende<br />

realizar um trabalho, que gere lucro, no menor<br />

tempo possível. É nesta óptica que a Simoldes<br />

decide melhorar as suas operações na linha de<br />

montagem que se encontram sempre situadas<br />

nas proximidades das fábricas, para garantir<br />

que respondem às notas de encomenda<br />

emitidas pelos clientes.<br />

Além de trabalhar com curtos prazos,<br />

a empresa está a deparar-se com um<br />

crescente nível de personalização das portas<br />

dos automóveis, colocando uma pressão<br />

adicional nos níveis de stock para garantir a<br />

disponibilidade dos produtos.<br />

Com o objectivo de economizar nos custos<br />

e no espaço, o Grupo Simoldes iniciou a<br />

procura por uma solução capaz de se integrar<br />

com o seu sistema ERP, e que lhe permitisse<br />

ter em stock apenas as peças necessárias para<br />

a sequência de produção. Assim, selecionou<br />

a ZetesMedea para este efeito, utilizando a<br />

tecnologia pick to light, optimizando<br />

as operações na linha de montagem ‘Just In<br />

Time’ (JIT).<br />

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50<br />

JANEIRO <strong>2020</strong><br />

Ao receber os planos de produção da<br />

instalação de fabrico com apenas algumas<br />

horas de antecedência, o ERP da Simoldes<br />

envia tarefas de picking para o ZetesMedea. Os<br />

operadores são orientados de forma eficiente e<br />

precisa através de tecnologia de separação por<br />

indicação luminosa, para recolherem as peças<br />

exactas para a ordem de montagem.<br />

Este passo estratégico para a Simoldes<br />

permitiu reduzir significativamente os níveis de<br />

inventário, resultando também numa melhor<br />

utilização do espaço de armazém, pois esta<br />

solução tem como principal objectivo melhorar,<br />

precisamente, os processos críticos de armazém<br />

e inventário.<br />

Manuel Silva, gestor de melhoria contínua<br />

da empresa, mostra-se satisfeito com os<br />

resultados desta implementação “o ZetesMedea<br />

permitiu-nos responder melhor às exigências<br />

dos nossos clientes. Melhorou as nossas<br />

operações e aumentou a produtividade em<br />

mais de 40%. A aplicação deste conceito para a<br />

produção de painéis de portas também ajuda a<br />

eliminar a necessidade de produção em série e<br />

de alterações constantes às referências na linha<br />

de produção”.<br />

Reforça, dizendo que esta solução permite<br />

ainda fornecer ao cliente uma resposta JIT<br />

e diminuir o tempo do ciclo de produção<br />

de automóveis em mais de 90% na linha de<br />

montagem. •<br />

“O ZETESMEDEA<br />

PERMITIU-NOS RESPONDER<br />

MELHOR ÀS EXIGÊNCIAS DOS<br />

NOSSOS CLIENTES. MELHOROU AS<br />

NOSSAS OPERAÇÕES E AUMENTOU<br />

A PRODUTIVIDADE EM MAIS<br />

DE 40%. A APLICAÇÃO DESTE<br />

CONCEITO PARA A PRODUÇÃO<br />

DE PAINÉIS DE PORTAS TAMBÉM<br />

AJUDA A ELIMINAR A NECESSIDADE<br />

DE PRODUÇÃO EM SÉRIE E DE<br />

ALTERAÇÕES CONSTANTES ÀS<br />

REFERÊNCIAS NA LINHA DE<br />

PRODUÇÃO”


INTRALOGÍSTICA<br />

51<br />

Science4You<br />

implementa ERP SAP<br />

nas suas operações<br />

Texto: Ana Paiva<br />

F otos: Jornal Sol, ECO, Notícias ao Minuto<br />

e Science4You<br />

LEVA-SE O NEGÓCIO<br />

A SÉRIO ATRAVÉS<br />

DA BRINCADEIRA<br />

A Science4You é uma empresa que nasceu<br />

num projecto de faculdade e actualmente<br />

faz sucesso junto dos mais pequenos.<br />

Comercializa brinquedos científicos,<br />

promovendo o conhecimento e a diversão.<br />

No backstage, é importante que todas<br />

as operações estejam sincronizadas para<br />

que tudo corra como planeado,<br />

e os produtos cheguem ao destino na data<br />

certa, da maneira certa. Neste sentido,<br />

implementaram, há dois anos, o ERP SAP<br />

e os ganhos já são significativos.<br />

N<br />

asceu do projecto final do curso de<br />

finanças de Miguel Pina Martins, em<br />

2007. Mal sabia o futuro presidente da<br />

Science4You, o que estava para vir.<br />

A ideia de negócio surgiu na Faculdade de<br />

Ciências da Universidade de Lisboa que, através<br />

da parceria com o ISCTE Business School,<br />

os alunos de gestão puderam desenvolver o<br />

projecto que tinha como objectivo produzir<br />

kits científicos para as escolas e comercializar<br />

brinquedos deste tipo.<br />

O plano de negócios acabou por demonstrar<br />

que a área rentável era de facto a produção e<br />

comercialização de brinquedos científicos com<br />

uma vertente educativa, produto até então<br />

inexistente em Portugal. Actualmente é uma<br />

empresa consolidada, de sucesso e presente em<br />

mais de 40 países.<br />

A sua logística é constituída por três<br />

sectores principais geridos pelo head of<br />

operations: o planning, que integra a produção<br />

de MRP e stocks; as operações, onde a<br />

continuidade é realizada através da produção,<br />

inventário, shipping, entradas e facilities;<br />

e melhoria contínua, segundo Hugo Morais,


52<br />

JANEIRO <strong>2020</strong><br />

CTO da empresa, Filipe<br />

Silveira, head of growth,<br />

organization, innovation<br />

and buying director e Tiago<br />

Pegado, COO.<br />

No que respeita à<br />

tecnologia, não vivem sem<br />

ela, “as TI [Tecnologias<br />

de Informação] têm tido<br />

um papel bastante activo<br />

não só nas suas áreas mais tradicionais<br />

de sistemas, mas também no que toca a<br />

processos organizacionais”, como referem os<br />

profissionais. Têm tido um papel fundamental<br />

na redução de custos directos em várias áreas,<br />

quer através de mudanças de processos, mas<br />

também da construção de ferramentas que<br />

permitem aumentar o controlo e visibilidade<br />

sob a operação. Na automatização e processos,<br />

também têm tido um papel importante.<br />

Foi também graças ao recurso à tecnologia<br />

que a empresa conseguiu optimizar as suas<br />

operações, através da implementação do ERP<br />

SAP S74 Hana, em 2018. Antes desta aposta,<br />

a Science4You “trabalhava em mais de sete<br />

sistemas distintos. Alguns deles não integrados<br />

o que provocava uma dificuldade bastante<br />

elevada na manutenção e actualização de<br />

dados”, indicam as fontes da empresa. Esta<br />

diversidade de sistemas criava falhas na<br />

sincronização da informação, bem como<br />

dificuldades na manutenção e actualização<br />

destes mesmos sistemas, o que levava a vários<br />

custos directos e indirectos. Além disso, existia<br />

ainda uma grande falta de visibilidade de<br />

falhas processuais e de controlo no transporte<br />

de mercadorias por falta de integração dos<br />

sistemas envolvidos.<br />

A fase de implementação do ERP<br />

“com a dimensão do SAP” passou por<br />

constrangimentos que, segundo Hugo Morais,<br />

“AS TI [TECNOLOGIAS DE<br />

INFORMAÇÃO] TÊM TIDO UM<br />

PAPEL BASTANTE ACTIVO<br />

NÃO SÓ NAS SUAS ÁREAS<br />

MAIS TRADICIONAIS DE<br />

SISTEMAS, MAS TAMBÉM<br />

NO QUE TOCA A PROCESSOS<br />

ORGANIZACIONAIS”<br />

Filipe Silveira e Tiago<br />

Pegado, são comuns a várias<br />

empresas que passam pelo<br />

mesmo, e a Science4You não<br />

foi excepção, “o maior factor<br />

de risco para as organizações<br />

que abraçam este tipo de<br />

projectos é o compromisso<br />

e disponibilidade dos<br />

seus intervenientes. Não<br />

é só o mais frequente, mas também o que<br />

naturalmente terá um maior impacto directo,<br />

seja por desconhecimento ou por decisões<br />

menos correctas que, por vezes, levam a<br />

desenvolvimentos altamente prejudiciais às<br />

organizações”.<br />

Dá o exemplo que, em Agosto de 2018,<br />

cancelou-se a implementação do SAP<br />

no Lidl, após um custo estimado de 500 mil<br />

euros. Na sequência disto, a directora da<br />

Oracle, Andrea Cravero, frisou que o ritmo<br />

da mudança em muitas indústrias, retalho<br />

e distribuição tem vindo a aumentar, e os<br />

sistemas ERP têm de conseguir acompanhar<br />

esse ritmo. Acrescenta que<br />

“as customizações devem ser evitadas<br />

sempre que possível, usando as práticas<br />

recomendadas incorporadas que já fazem<br />

parte dos sistemas ERP modernos na cloud”.<br />

Contudo, o novo ERP já está a gerar<br />

ganhos, desde o controlo que tem permitido<br />

à empresa crescer enquanto organização<br />

no que diz respeito aos processos, a custos<br />

de manutenção e licenciamento anuais que<br />

devem rondar os 50% face a anos anteriores.<br />

Outro dos benefícios prende-se com a<br />

visibilidade sobre as falhas de processos que<br />

“é drasticamente maior, o que permite, em<br />

muitas situações, identificar mais facilmente<br />

a origem dos problemas e corrigi-los”,<br />

referem os profissionais.


SCM Supply Chain Magazine 53<br />

DESAFIOS QUE ENFRENTAM,<br />

OPORTUNIDADES QUE AGARRAM<br />

A curto e médio-prazo, a empresa terá desafios<br />

relacionados com a cadeia de abastecimento,<br />

nomeadamente as “coberturas de stock e risco<br />

numa indústria em depressão”, de acordo<br />

com as fontes referenciadas. Por outro lado,<br />

depara-se também com o ajuste pós-falência de<br />

grandes players de mercado, que obrigam a que<br />

as produções da Science4You sejam just in time<br />

e com excelentes ‘Service Level Agreement’.<br />

Os desafios não se ficam por aqui. A empresa<br />

está presente em mais de 40 países e a fábrica<br />

está sediada em Portugal, o que, do ponto<br />

de vista da exportação, poderá trazer alguns<br />

contratempos logísticos. Neste momento, estão<br />

a debater-se com a complexidade do ajuste<br />

“às mais diversas necessidades de mercado/<br />

cliente face à entrada/colaboração de grandes<br />

clientes”, que exercem pressão no que diz<br />

respeito aos requisitos de produção, explicam<br />

Hugo Morais, Filipe Silveira e Tiago Pegado.<br />

Numa perspectiva de ‘o que já fazemos’<br />

e não ‘desafios que temos de ultrapassar’, a<br />

Science4You é uma empresa que leva a sério<br />

o tema da sustentabilidade ambiental. Além<br />

de terem adpotado várias medidas para as<br />

suas salas e escritórios, como mini-ecopontos,<br />

controlo de luzes acesas e temperatura, a<br />

nível da produção estão a reduzir em 30% a<br />

utilização de filme para plastificar brinquedos.<br />

Para o futuro, a linha de brinquedos não será<br />

filmada, garantem os profissionais. Acrescenta<br />

ainda que “do ponto de vista do produto,<br />

fazemos um trabalho constante de procurement<br />

de conteúdos em materiais reciclados para<br />

substituir elementos plásticos”. •


54<br />

JANEIRO <strong>2020</strong><br />

TECNOLOGIAS<br />

Nike investe<br />

em Tracking por RFID<br />

Texto: Fábio Santos<br />

TRACKING POR RFID?<br />

JUST DO IT!<br />

A Nike está a investir na tecnologia RFID em quase<br />

todos os seus artigos não-licenciados de vestuário e<br />

calçado, como forma de agilizar os processos, melhorar<br />

o tracking e obter uma visão mais completa do seu<br />

inventário. Segundo revela o CEO Mark Parker, estamos<br />

a falar de centenas de milhões de produtos, sendo que<br />

também estão a utilizar códigos QR para auxiliar nesse<br />

tracking de alguns produtos.


SCM Supply Chain Magazine 55<br />

V<br />

isibilidade é a chave para a velocidade,<br />

segundo explicam os executivos da Nike,<br />

e por isso a empresa tem vindo a investir<br />

na redução drástica do seu lead time, em<br />

alguns casos mesmo para metade. Através<br />

dela, a marca explica que conseguem obter<br />

ganhos ao nível da tomada de decisão, o que<br />

gera uma produção mais rápida.<br />

A curto prazo nas lojas da Nike, e a longo<br />

na base de consumidores da marca, irão<br />

ser disponibilizadas estas informações de<br />

visibilidades de stock e de velocidade de<br />

produção.<br />

Para além da cadeia de abastecimento<br />

própria da Nike, o RFID pode ainda permitir à<br />

empresa ter uma visão de inventário existente<br />

nos clientes do retalho, e dar à marca uma<br />

melhor visão do que está a ser vendido e,<br />

na teoria, oferecer uma ferramenta para<br />

os retalhistas poderem analisar e levar os<br />

clientes a conseguir os produtos que querem,<br />

quando o quiserem.<br />

Mark Parker considera que, provavelmente,<br />

o aspecto mais nítido e intuitivo da aposta<br />

nesta tecnologia, deva ser a visibilidade<br />

do inventário, especialmente no caso<br />

de uma empresa com a dimensão da Nike.<br />

“Sermos capazes de alavancar o nosso<br />

RFID para dar quase 100% de visibilidade<br />

daquilo que temos, por estilo, cor e<br />

tamanho em todo o nosso mercado é uma<br />

oportunidade incrível para responder<br />

aos pedidos do consumidor em tempo real”,<br />

comenta.


56<br />

JANEIRO <strong>2020</strong><br />

“ESTÁ RAPIDAMENTE A<br />

TORNAR-SE A FERRAMENTA<br />

MAIS PRECISA DO NOSSO<br />

ARSENAL A ENCONTRAR<br />

UMA NECESSIDADE<br />

ESPECÍFICA DE UM<br />

CONSUMIDOR INDIVIDUAL<br />

NO MOMENTO CERTO”<br />

Segundo explica, o RFID dá-lhes a visão<br />

mais completa do inventário que a Nike já<br />

alguma vez teve, e “está rapidamente a<br />

tornar-se a ferramenta mais precisa do<br />

nosso arsenal a encontrar uma necessidade<br />

específica de um consumidor individual no<br />

momento certo”.<br />

“A nossa iniciativa RFID, por exemplo,<br />

está a melhorar a visibilidade do produto,<br />

e isso é um passo importante para integrar<br />

diversas experiências físicas e digitais no<br />

nosso ecossistema, centros de distribuição e<br />

fábricas contratadas”, comenta Mark Parker,<br />

acrescentando que “isto irá permitir que o<br />

consumidor tenha um acesso facilitado ao<br />

produto e permitir à Nike corresponder à<br />

demanda mundial mais eficazmente e, por<br />

fim, alimentar um crescimento melhor e de<br />

qualidade”.<br />

A NIKE ENTRA NA CORRIDA<br />

Mark Parker explica que cerca de 20% do<br />

inventário da Nike no Médio Oriente e Norte<br />

de África é de “Express Lane”, a estratégia de<br />

produção mais rápida da marca. Esta iniciativa<br />

passou por uma aposta num novo design e<br />

processos de entrega, de modo a torná-los<br />

mais rápidos, favorecendo assim as margens<br />

de vendas. O foco está na entrega de produtos<br />

através do canal directo ao consumidor, em 12<br />

cidades pelo mundo.<br />

Para além disso, cerca de metade dos<br />

produtos da colecção de ano novo chinês da<br />

Nike foram produzidos com prazos mais curtos,<br />

devido à Express Lane. Segundo explica o<br />

CFO, Andy Campion, explica que “através da<br />

nossa iniciativa Express Lane, temos uma visão<br />

mais próxima do consumidor para actualizar


SCM Supply Chain Magazine 57<br />

os principais estilos com novos materiais,<br />

impressão e cores em prazos significativamente<br />

mais curtos”. O responsável também revela<br />

que os produtos Express Lane representaram<br />

cerca de 10% dos lucros da empresa no terceiro<br />

trimestre de 2018.<br />

Apesar de não ter apresentado um aumento<br />

de produção substancial, em 2018 a empresa<br />

apresentou um aumento de receita na ordem<br />

dos 7% nesse mesmo ano.<br />

Parker explica que o Express Lane<br />

também foi utilizado de forma pro-activa,<br />

exemplificando com a mudança de equipa<br />

do LeBron James que, sabendo de antemão a<br />

contratação do craque por parte dos Lakers,<br />

começaram uma produção express, o que<br />

“baixou o nosso lead time para metade”, revela.<br />

Através desta visibilidade dos prazos de<br />

entrega e da detecção e planeamento dos<br />

“ISTO IRÁ PERMITIR QUE<br />

O CONSUMIDOR TENHA UM<br />

ACESSO FACILITADO<br />

AO PRODUTO E PERMITIR<br />

À NIKE CORRESPONDER À<br />

DEMANDA MUNDIAL MAIS<br />

EFICAZMENTE E, POR FIM,<br />

ALIMENTAR UM CRESCIMENTO<br />

MELHOR E DE QUALIDADE”<br />

pedidos através da tecnologia, a Nike mostra<br />

que as suas vendas são ganhas, sendo<br />

compensadas ao longo da cadeia. Ao mesmo<br />

tempo, a redução deste lead time é uma


58<br />

JANEIRO <strong>2020</strong><br />

aposta a longo tempo, de forma a não acumular<br />

pedidos e a libertar os processos para que<br />

estejam disponíveis assim que os grandes<br />

pedidos cheguem.<br />

“Hoje o consumidor valoriza a agilidade.<br />

As empresas que se adaptam e escalam<br />

primeiro são as que crescem mais depressa.<br />

Para isso, a Nike está à procura ao longo<br />

do espectro da cadeia de valor através dos<br />

parceiros da nossa fábrica para cidades-chave,<br />

de modo a conseguirmos tirar vantagem das<br />

nossas oportunidades mais importantes”,<br />

comenta Mark Parker.<br />

VANTAGENS PARA OS PARCEIROS<br />

Com este investimento no RFID a Nike não só<br />

facilitou o seu próprio processo, mas também<br />

dos seus parceiros, como é o caso da Authentic<br />

Feet, uma loja de calçado desportivo<br />

brasileira, que também é distribuidora desta<br />

marca. Segundo conta o CEO, Leonardo<br />

Xambre, a implantação desta tecnologia<br />

aumentou os níveis de exigência e melhorou<br />

o controlo do inventário, em grande parte dos<br />

produtos Nike, que correspondiam a cerca de<br />

60% dos stocks em loja.<br />

“Com a iniciativa da Nike de enviar seus<br />

produtos todos etiquetados com RFID, tivemos<br />

a ideia de aproveitar essa oportunidade para<br />

controlar seus produtos em stock com a<br />

mesma tecnologia”, explicou o responsável<br />

da empresa.<br />

“Com a iniciativa da Nike de enviar<br />

seus produtos todos etiquetados<br />

com RFID, tivemos a ideia de<br />

aproveitar essa oportunidade para<br />

controlar seus produtos em stock<br />

com a mesma tecnologia”


SCM Supply Chain Magazine 59<br />

Leonardo Xambre acrescenta ainda<br />

que outro ponto positivo passará pelo<br />

próximo passo do projecto, que prevê o<br />

controlo da ruptura dos produtos em loja,<br />

possibilitando uma melhor gestão e controlo<br />

da exposição dos itens com maior eficiência.<br />

Segundo explica, procuram estender este<br />

projecto a todas as filiais da Authentic Feet,<br />

inicialmente com os produtos Nike.<br />

“Actualmente o processo com RFID<br />

está bem ajustado para recepção<br />

e inventário”, comenta, acrescentando que<br />

“os próximos passos do projecto serão<br />

utilizar as etiquetas RFID para fazer venda<br />

e transferência entre as filiais via RFID,<br />

fazendo com que o controlo seja muito<br />

melhor e mais ágil”. •<br />

Hoje o consumidor valoriza<br />

a agilidade. As empresas<br />

que se adaptam e escalam<br />

primeiro são as que crescem<br />

mais depressa.


60<br />

JANEIRO <strong>2020</strong><br />

TECNOLOGIAS<br />

Think Open Solutions<br />

JUST IN TIME AGILIZA<br />

O PROCESSO DE<br />

TRANSPORTE URGENTE<br />

A transportadora Just In Time (JIT)<br />

apostou na tecnologia do Odoo para<br />

agilizar os seus processos de envios<br />

urgentes. Para a implementação contou<br />

com a tecnológica Think Open Solutions,<br />

que desde 2011 é parceira oficial da Odoo.


A<br />

transportadora apresentou algumas<br />

necessidades específicas, pelo que<br />

procurava uma solução que lhe<br />

permitisse responder a diversas áreas<br />

em simultâneo. Em causa estavam<br />

essencialmente áreas de gestão, acesso<br />

remoto, integração com sistemas internos,<br />

entre outros descritos de seguida.<br />

DESAFIOS APONTADOS<br />

O novo sistema consistiu numa implementação<br />

100% baseada em cloud, pois era necessário<br />

que o acesso a esta plataforma fosse facilitado<br />

em qualquer parte, e através de uma plataforma<br />

inteiramente digital haveria uma diminuição de<br />

custos com infra-estruturas e TI’s.<br />

Era ainda necessário terem uma ferramenta<br />

integrável com os sistemas previamente<br />

existentes na empresa, especialmente com<br />

a ferramenta de tracking TomTom Webfleet,<br />

permitindo a gestão integrada das operações e<br />

reduzir os tempos de comunicação<br />

entre a gestão do tráfego e os motoristas.<br />

Para além disso, a JIT tinha a<br />

necessidade de uma ferramenta que<br />

fizesse a gestão de todas as áreas da<br />

empresa. Através da função multi-empresa,<br />

a transportadora passa a poder gerir de<br />

forma unificada as operações, separando<br />

as componentes financeira e de recursos<br />

humanos por cada empresa sem que haja<br />

uma replicação da informação.​<br />

O sistema também precisava de permitir<br />

a importação massiva de dados,<br />

nomeadamente extractos de portagens<br />

e combustíveis, como forma de reduzir<br />

tempos administrativos, e incluir um CRM<br />

para gestão dos clientes e aumento da<br />

eficácia do departamento comercial.<br />

Nesta implementação foi ainda feita a<br />

importação da totalidade do histórico,<br />

gestão da mudança e houve uma<br />

reengenharia e optimização de processos.


62<br />

JANEIRO <strong>2020</strong><br />

PONTOS-CHAVE<br />

A Think Open Solutions apontou cinco<br />

pontos-chave da implementação,<br />

tendo respondido às necessidades<br />

apontadas pela transportadora através<br />

desta solução.<br />

Gestão de frota<br />

A alma do negócio de uma transportadora<br />

é, claramente, o transporte. O sistema<br />

consegue garantir o controlo de toda a<br />

informação relacionada com a frota, tais como<br />

custos diários de cada viatura (portagens<br />

e combustível), gestão e planeamento da<br />

manutenção, custos de aquisição e leasing e<br />

margens operacionais.<br />

Integração com sistemas externos<br />

A conectividade é importante, e o sistema<br />

conseguiu responder a essa necessidade<br />

através de processos automatizados que<br />

permitiam a importação das despesas de<br />

veículos (abastecimento de combustível e<br />

portagens), apontando entre elas a Via Verde,<br />

Repsol, Cepsa, ESSO, AD24 e a DKV).<br />

Também a conectividade com o sistema de<br />

tracking, tal como referido anteriormente,<br />

TomTom Webfleet, permitindo o envio e<br />

recepção dos percursos nos dispositivos de GPS<br />

de cada veículo em tempo real.<br />

Gestão de recursos humanos<br />

A tecnológica aponta ainda a possibilidade<br />

de se fazer uma gestão de colaboradores<br />

através da plataforma, controlar as férias<br />

e faltas, processamento de ajudas de custo<br />

e compensação por quilómetros, gestão<br />

de alertas de caducidade de documentos<br />

e contractos e gestão da formação<br />

e controlo de despesas.<br />

Gestão de qualidade<br />

É ainda indicado o registo de todos os dados<br />

necessários ao sistema de qualidade (da normal<br />

ISSO 9001), obtenção dos cálculos das métricas<br />

de gestão (KPI’s) de forma automática e em<br />

tempo real.


SCM Supply Chain Magazine 63<br />

Gestão de tráfego<br />

A solução também inclui um sistema de<br />

controlo de tráfego de viagens, customizado<br />

de acordo com os processos da Just In Time.<br />

Foi desenhado e implementado de forma a<br />

simplificar a sua gestão e planeamento.<br />

“O Odoo é a nossa ferramenta de trabalho<br />

diário, a qual adaptamos, e estamos a<br />

adaptar, à nossa maneira de trabalhar, o que<br />

tem sido fácil. A questão de estar situada<br />

na cloud permite-nos ter uma versatilidade<br />

de acesso que antes não tínhamos, apenas<br />

necessitamos de ter internet. A interação<br />

com a Think Open é extraordinária e facilita<br />

o desenvolvimento do Odoo às nossas<br />

exigências” – Luís Carlos, Accounting<br />

Department na Just In Time. •<br />

Food Service Logistics<br />

O seu parceiro de negócio<br />

HAVI.COM


64<br />

JANEIRO <strong>2020</strong><br />

TRANSPORTE<br />

Last Mile<br />

Texto: Fábio Santos<br />

BIG DATA PODE SER<br />

A RESPOSTA À DISTRIBUIÇÃO<br />

DE ÚLTIMA MILHA<br />

Já algumas empresas tentam apostar num novo sistema de entregas de última milha:<br />

a distribuição múltipla. Neste sistema, um veículo de maior dimensão leva grandes<br />

quantidades de encomendas para chegar o mais longe possível dentro das cidades,<br />

passando de seguida a uma entrega mais direccionada, com veículos de menor<br />

dimensão como bicicletas.


SCM Supply Chain Magazine 65<br />

A<br />

utilização do Big Data para melhorar este<br />

método de distribuição pode facilitar<br />

as entregas de última milha, e Matthias<br />

Winkenbach, director do Laboratório de<br />

Logística de Mega-cidades do MIT, explica ao<br />

Observatório das Empresas que conseguem<br />

ajudar a desenhar esses sistemas através de<br />

métodos quantitativos, “para perceber onde<br />

colocar os volumes, que bicicletas e quantas<br />

utilizar, como as distribuir, que percursos<br />

devem fazer”.<br />

Existe, no entanto, um grande desafio pela<br />

frente, e o responsável aponta dois motivos para<br />

isso acontecer, a urbanização, devido à ascensão<br />

das mega-cidades, e o comércio electrónico.<br />

“Quando as cidades atingem os limites físicos<br />

da sua expansão geográfica têm de começar a<br />

aumentar a densidade populacional”, explica.<br />

“É essa densidade que torna o transporte<br />

mais complexo. Cria congestões e incerteza, e<br />

situações aleatórias, como os acidentes, alteram<br />

o processo logístico”, revela.<br />

Relativamente ao comércio electrónico,<br />

Matthias Winkenbach confirma as dificuldades<br />

que os profissionais sentem todos os dias.<br />

Estes serviços permitem que o cliente escolha<br />

a hora de entrega, a sua rapidez, separar os<br />

pedidos em envios individuais, mas isso<br />

cria uma “fragmentação dos envios”. Explica<br />

que “cada vez mais se enviam encomendas<br />

pequenas para grandes centros urbanos,<br />

aumentando assim o número de entregas e<br />

dificultando o planeamento de rotas eficientes<br />

para as realizar”.<br />

Outro dos problemas apontados foi o dos<br />

custos associados. Revela que os clientes foram<br />

mal habituados por grandes empresas do<br />

sector para as melhorias de serviço sem custos<br />

adicionais, como a não existência de custos<br />

associados ao transporte, por vezes mesmo<br />

gratuitos no próprio dia. “Nem pensamos<br />

no que custa aos serviços logísticos fornecer um<br />

serviço com essas características”, defende.<br />

A resposta, revela, está nos dados. “Há uns<br />

anos as empresas não pesquisavam, porque<br />

o seu problema era a falta de dados. Hoje em<br />

dia, o problema é terem demasiados dados e<br />

demasiados problemas”, conta, acrescentando<br />

que elas não sabem que dados devem ou não<br />

usar para solucionar os seus problemas.<br />

“Usamos as ferramentas quantitativas de que<br />

dispomos como académicos para os ajudar a<br />

tomar melhores decisões no futuro”, explica,<br />

e desmistifica a ideia de que é necessária uma<br />

grande e complexa quantidade de dados para<br />

tomarem melhores ideias.<br />

PODEMOS OBTER MUITAS<br />

INFORMAÇÕES VALIOSAS A<br />

PARTIR DE DADOS SIMPLES QUE<br />

QUASE TODAS AS EMPRESAS<br />

TÊM, COMO REGISTOS DE<br />

ENCOMENDAS, DE ENTREGAS<br />

OU DE CLIENTES.<br />

Matthias Winkenbach<br />

Do ponto de vista logístico, o director do<br />

Laboratório de Logística do MIT revela que o<br />

mais interessante é poder combinar e georeferenciar<br />

as informações de que dispõem,<br />

tornando-as em rotas que visam facilitar as<br />

entregas. “Os dados geo-espaciais são muito<br />

importantes para nós, bem como os dados<br />

de movimento como, por exemplo, os dados<br />

de GPS dos veículos de entregas, que muitas<br />

empresas armazenam, mas não utilizam”,<br />

explica.


66<br />

JANEIRO <strong>2020</strong><br />

Defende ainda que os autónomos são uma<br />

grande revolução para as entregas de última<br />

milha, mas que ainda existe um grande<br />

caminho a percorrer. “Os passageiros de um<br />

veículo autónomo sabem quando têm de sair, e<br />

saem sozinhos. As encomendas não”, pelo que é<br />

necessário haver um elo de comunicação entre<br />

os autónomos e os edifícios ou instalações que<br />

irão receber as encomendas”.<br />

O responsável do MIT defende que a<br />

combinação entre a distribuição com drones e<br />

veículos potencialmente autónomos poderia<br />

resultar numa grande mudança no panorama<br />

logístico, por poder combinar a capacidade<br />

de movimentar várias encomendas de forma<br />

autónoma com o transporte aéreo de última<br />

milha de um drone, tornando o processo<br />

logístico mais eficiente. •<br />

A INFRA-ESTRUTURA<br />

NECESSÁRIA PARA UM<br />

SISTEMA DE DISTRIBUIÇÃO<br />

TOTALMENTE AUTÓNOMO<br />

É IMPRESSIONANTE,<br />

E É PROVAVELMENTE UM<br />

DESAFIO MAIOR DO QUE<br />

CONSEGUIR OS VEÍCULOS<br />

AUTÓNOMOS.<br />

Matthias Winkenbach


AÉREO MARÍTIMO TERRESTRE


68<br />

JANEIRO <strong>2020</strong><br />

CARREIRA<br />

Estudo “Caracterização<br />

do Gestor de Logística<br />

em Portugal”<br />

GESTOR<br />

DE LOGÍSTICA<br />

Este é o profissional que supervisiona<br />

e administra todas as operações do sector<br />

logístico de uma empresa. O acompanhamento<br />

envolve várias etapas, passando por aquisição<br />

de materiais, armazenagem e transportes.<br />

É importante não confundir o cargo com<br />

o de director de supply chain, e embora as<br />

funções tenham semelhanças, são distintas.<br />

Algumas empresas optam por ter apenas<br />

um do profissionais e outras entendem<br />

a importância e contam com ambos<br />

entre os seus colaboradores.<br />

Texto: Dora Assis<br />

QUEM ÉS TU<br />

GESTOR DE LOGÍSTICA?<br />

Sempre quis saber quem são os profissionais que assumem o comando das operações de logística<br />

e gestão da supply chain em Portugal, conhecer as suas competências técnicas e pessoais, de onde<br />

vêm, para onde esperam ir, há quanto tempo estão na área, qual o seu percurso profissional, área<br />

de formação, etc., etc., etc.? Então, este artigo é mesmo para si. Tudo o que sempre quis saber<br />

sobre o gestor de logística em Portugal e que não tinha a quem perguntar.


SCM Supply Chain Magazine 69<br />

A<br />

pergunta feita no título é nossa<br />

mas surgiu na sequência do estudo<br />

“Caracterização do Gestor de Logística<br />

em Portugal”, realizado por Daniel Revés da<br />

Silva, estudante da Escola Superior de Ciências<br />

Empresariais do Instituto Politécnico de<br />

Setúbal e que contou com o professor Tiago<br />

Pinho como orientador. Trata-se do Projecto<br />

Organizacional Aplicado do estudante Daniel<br />

Revés da Silva (ver caixa) para a obtenção do<br />

grau de licenciado em Gestão da Distribuição e<br />

da Logística, sendo que o resultado do mesmo<br />

é um excelente barómetro para conhecermos<br />

com mais exactidão o perfil profissional do<br />

gestor de logística em Portugal em <strong>2020</strong>*.<br />

ENTRE AS OPERAÇÕES<br />

E A ESTRATÉGIA<br />

A logística é, por definição, uma função de<br />

interface e, por isso, o gestor logístico tem que<br />

ser capaz de dialogar e de coordenar as suas<br />

acções por um lado com os operacionais e, por<br />

outro, com a direcção estratégica da empresa<br />

e/ou administração. Trocado por miúdos, dele<br />

se espera que entenda todas as nuances do<br />

negócio para saber concretizá-las no terreno.<br />

É que como bem sabe quem veste e sua a<br />

camisola, todas as decisões numa empresa<br />

afectam a logística e esta, por sua vez, tem<br />

influência no desempenho da empresa em<br />

todas as suas vertentes. Vamos então conhecer<br />

o gestor de logística português em <strong>2020</strong>?<br />

Dos 366 profissionais que responderam<br />

ao inquérito, 45% encontram-se no grupo<br />

etário entre os 41 e os 50 anos, que em<br />

conjunto com o grupo etário entre os 30 e<br />

40 anos, representam aproximadamente 75%<br />

dos indivíduos da amostra. Em termos de<br />

género, o gap continua a existir: os homens<br />

representam 70% da amostra contra os 30%<br />

que representam o género feminino.


100%<br />

Feminino<br />

70<br />

JANEIRO <strong>2020</strong><br />

80%<br />

Masculino<br />

género<br />

Género<br />

100%<br />

80%<br />

60%<br />

40%<br />

69.13%<br />

60%<br />

40%<br />

20%<br />

0%<br />

69.13%<br />

Feminino<br />

Masculino<br />

30.87%<br />

E onde exercem afinal estes profissionais<br />

a sua actividade? Dos inquiridos, a zona<br />

onde maior percentagem de profissionais<br />

desempenha as suas funções é em empresas<br />

localizadas na área metropolitana de Lisboa<br />

com quase 49% dos indivíduos, seguindo-se a<br />

região norte com 15,6%, a região centro com<br />

13,7% e a área metropolitana do Porto com<br />

12,3%. Importa ainda realçar aqui que 5,5% dos<br />

respondentes se encontram presentemente a<br />

desenvolver a sua actividade profissional no<br />

estrangeiro.<br />

20%<br />

30.87%<br />

FORMAÇÃO E EXPERIÊNCIA<br />

0%<br />

Faixa Etária<br />

50%<br />

40%<br />

30%<br />

feixa etária<br />

29.23%<br />

45.06%<br />

Relativamente às habilitações dos gestores<br />

de logística antes de iniciarem a sua carreira<br />

profissional, verificou-se que 7% dos inquiridos<br />

concluiu um curso técnico profissional, cerca<br />

de 5% um bacharelato, 42,4% dos indivíduos<br />

da amostra possui uma licenciatura, 16% um<br />

mestrado, 12,6% uma pós-graduação e pouco<br />

mais de 1% tem doutoramento. Ou seja, mais<br />

de 80% dos respondentes têm formação<br />

superior, sendo que os três cursos<br />

com maior representatividade<br />

são Gestão (15%), Gestão da<br />

Distribuição e da Logística (13%)<br />

e Engenharia e Gestão Industrial<br />

(11%). Não obstante, já no decorrer<br />

da sua carreira profissional<br />

ixa etária<br />

20%<br />

13.66%<br />

10%<br />

9.84%<br />

45.06%<br />

2.19%<br />

0%<br />

29.23%<br />

Mais de 30<br />

anos<br />

De 30 a 40<br />

anos<br />

De 41 a 40<br />

anos<br />

De 51 a 60<br />

anos<br />

Mais de 60<br />

anos


SCM Supply Chain Magazine 71<br />

aproximadamente 74% dos indivíduos<br />

frequentou formação específica na área da<br />

Logística.<br />

Estamos perante uma área profissional<br />

que começa a revelar alguma maturidade em<br />

termos de saber e experiência acumulados.<br />

Vejamos: 15% dos inquiridos exercem funções<br />

na área há 20 - 25 anos, 21% de há 10 - 15<br />

anos a esta parte, sendo que o escalão de<br />

mais de 25 anos foi o que apresentou a menor<br />

percentagem (9%), em consonância com aquilo<br />

que tem sido o desenvolvimento da logística<br />

em Portugal que apenas começou a ganhar<br />

notoriedade há sensivelmente 20 anos.<br />

Nesta altura provavelmente quer saber<br />

onde desempenham estas pessoas as suas<br />

funções. Pois bem, três sectores estão no<br />

topo do ranking: Transporte e Armazenagem,<br />

2AF_Anuncio175x115.pdf 1 02/08/2019 17:42<br />

Comércio por Grosso e a Retalho e as Indústrias<br />

Transformadoras. Não menos importante<br />

é salientar que quase 60% dos inquiridos<br />

trabalham numa grande empresa, cerca de<br />

22% numa média empresa, aproximadamente<br />

13% da amostra estão numa pequena empresa<br />

e apenas 6% numa microempresa. E, já<br />

agora, vale a pena acrescentar que 80% dos<br />

profissionais que responderam a este inquérito<br />

possuem um contrato de trabalho sem termo.<br />

Em termos de remuneração, estes<br />

profissionais de quem se espera que tenham<br />

uma visão de futuro mas adaptada ao momento<br />

e ao que são as necessidades concretas do<br />

presente, pelos dados recolhidos verifica-se<br />

que o escalão com maior percentagem, 26%, é<br />

o escalão salarial entre os 10 e os 20 mil euros,<br />

seguindo-se com 23% o escalão entre os 20<br />

A Formação de Executivos<br />

tem um novo horizonte.<br />

Do qual todos fazemos parte.<br />

Sabemos o que queremos ser: pioneiros do futuro, numa<br />

comunidade determinada a impactar e transformar o agora.<br />

Junte-se a nós. O próximo capítulo desta história é consigo.<br />

exed.novasbe.pt/oproximocapitulo


72<br />

JANEIRO <strong>2020</strong><br />

e os 30 mil euros, o terceiro escalão com maior<br />

percentagem (21%) é o escalão com salários<br />

superiores a 50 mil euros. Salientamos que o<br />

escalão salarial mais baixo representa apenas<br />

4% desta amostra.<br />

ÉTICA, LIDERANÇA E RESILIÊNCIA<br />

No que diz respeito à categoria profissional,<br />

26% da amostra corresponde à categoria<br />

de Director, seguindo-se o responsável<br />

de departamento com 21%. Qualquer das<br />

restantes apresenta percentagem muito<br />

inferior, existindo apenas mais uma, a categoria<br />

de técnico, que atinge os dois dígitos (10,4%).<br />

O autor do trabalho considerou relevante<br />

adicionar algumas questões sobre<br />

competências, para perceber o que pensam<br />

os profissionais sobre o tema. Para todas<br />

as competências elencadas obteve-se uma<br />

média superior a 4, o que significa que em<br />

média os respondentes consideraram que<br />

todas competências se encontram entre<br />

o razoavelmente e o muito importante.<br />

Apesar da pouca margem que as separa, as<br />

três competências mais valorizadas são a<br />

Ética, Liderança e Resiliência. Em termos<br />

de competências técnicas é de sublinhar as<br />

competências de Gestão (53%) seguindo-se<br />

as competências analíticas (44%). Chamados<br />

a pronunciar-se sobre quais as competências<br />

que mais valorizam, a esmagadora maioria<br />

dos participantes no estudo (78%) valoriza as<br />

competências comportamentais, em detrimento<br />

das competências técnicas.<br />

Quem é o gestor logístico português? Tudo<br />

menos um profissional de secretária e ao vasto<br />

conjunto de aptidões que deve reunir há talvez<br />

duas que poderão dar jeito nestes tempos de<br />

acelerada mudança: criatividade e bom senso.<br />

Zona geográfica<br />

50%<br />

48.63%<br />

40%<br />

30%<br />

20%<br />

15.57%<br />

12.30%<br />

13.66%<br />

10%<br />

0%<br />

Norte<br />

Área<br />

Metropolitana<br />

do Porto<br />

Centro<br />

Área<br />

Metropolitana<br />

do Lisboa<br />

3.55%<br />

Alentejo<br />

0.82%<br />

Madeira<br />

5.46%<br />

Internacional


SCM Supply Chain Magazine 73<br />

Daniel Revés da Silva<br />

> Os cursos mais frequentados foram<br />

cursos na área da Gestão, Logística e<br />

Engenharia e Gestão Industrial;<br />

> Os gestores são profissionais<br />

experientes, com muitos anos de<br />

experiência profissional, inclusive na<br />

área da logística;<br />

O foco são as pessoas<br />

Os estudos já realizados no sector da<br />

Logística e na área da Supply Chain<br />

abordavam de forma superficial os<br />

profissionais, apenas como parte da<br />

caracterização das empresas dos respectivos<br />

segmentos empresariais.<br />

Neste estudo o foco são as pessoas.<br />

Os profissionais. No entanto, é impossível<br />

dissociar os profissionais das suas empresas<br />

e obtivemos algumas informações adicionais<br />

sobre as mesmas. Por forma a recolher<br />

o maior número possível de dados, e em<br />

função do tempo de resposta dos inquiridos,<br />

utilizámos mais tempo do que o inicialmente<br />

delineado, o que nos deixou com uma<br />

margem mais reduzida para a análise.<br />

Ainda assim, os objectivos do estudo foram<br />

cumpridos. Sobre as questões que colocámos<br />

como ponto de partida deste estudo,<br />

concluímos que:<br />

> A maioria dos gestores tem formação<br />

superior;<br />

> A escolha pela área da logística foi,<br />

essencialmente, uma escolha do<br />

profissional, quer por oportunidade de<br />

carreira, quer por interesse pela área.<br />

> A formação profissional foi parte<br />

integrante do percurso profissional da<br />

maioria dos inquiridos;<br />

> Áreas como a Gestão de Stock,<br />

Negociação Logística ou TIC são as<br />

preferidas pelos gestores para futura<br />

formação;<br />

> As competências são um tema<br />

importante para os gestores,<br />

que valorizam mais as soft skills<br />

(competências comportamentais),<br />

em detrimento das hard skills<br />

(competências técnicas).<br />

Após o cruzamento de algumas variáveis,<br />

percebemos que este é apenas o início<br />

de uma investigação que necessita de<br />

mais tempo, mas que merece e deve<br />

ser aprofundada, pela sua riqueza<br />

informacional. Este projecto termina aqui,<br />

mas deixa a “porta aberta” para uma nova<br />

investigação. •<br />

* - Como metodologia para o desenvolvimento do trabalho foi utilizado um estudo quantitativo, sendo o inquérito a principal<br />

fonte de recolha dos dados. Os inquéritos foram realizados a 366 profissionais, de pequenas, médias e grandes empresas de<br />

vários sectores que têm na logística uma parte integrante das suas operações.


74<br />

O MUNDO É REDONDO, por Cláudia Brito<br />

O que podemos aprender com os psicopatas,<br />

Kevin Dutton, Lua de Papel, edição de 2014<br />

Para se ser bom em qualquer coisa, não é suficiente ter as necessárias competências, tem também de<br />

se ter a personalidade certa para as operacionalizar. Por exemplo, a um desarmador de bombas não<br />

basta a perícia técnica, se for realmente excepcional tem de ficar ainda mais calmo no momento crucial<br />

em que vai finalmente cortar o fio de contacto. Esta é uma característica psicopática, assim como o são<br />

a forte auto-estima, o poder de persuasão, a ausência de remorsos e a resistência mental, qualidades<br />

que reconhecemos em muitos políticos, cirurgiões, advogados, espiões e líderes de empresas.<br />

Do ponto de vista científico, um psicopata tem<br />

uma configuração de atributos de personalidade<br />

distinta: implacabilidade, charme, concentração,<br />

frieza sob pressão e, claro, as suas imagens<br />

de marca, falta de empatia e de consciência.<br />

Kevin Dutton gosta de se lhes referir como<br />

botões numa mesa de mistura, com múltiplas<br />

combinações, o que faz com que haja um<br />

espectro de psicopatia, que se manifesta<br />

em diferentes circunstâncias, e é favorecido<br />

por certas profissões. A psicopatia em casos<br />

extremos, que são raros, é classificada como<br />

uma desordem mental, mas, como todas as<br />

perturbações psicológicas, pode ser adaptativa<br />

(por exemplo, a ansiedade começa no medo, o<br />

qual pontualmente é mesmo um sentimento<br />

necessário). Portanto, há ocasiões em que não<br />

é necessariamente mau ser-se psicopata, antes<br />

pelo contrário, há vezes em que o talento dos<br />

psicopatas pode proporcionar uma vantagem<br />

à sociedade. Kevin Dutton confirmou por<br />

experiências em laboratório que indivíduos com<br />

pontuações altas na “Escala de Psicopatia Auto-<br />

Aplicável” são mais precisos a detectar alguém<br />

que esconde algo, dado o seu “faro” para a<br />

vulnerabilidade, o que pode ser útil na segurança<br />

dos aeroportos, por exemplo.<br />

A piscopatia pode ser vista como uma<br />

estratégia biológica que proporcionou alguma<br />

vantagem competitiva na evolução humana,<br />

pressupondo que um certo grau de violência<br />

predatória seria favorecido em tempo de guerra,<br />

embora fosse perigoso em tempo de paz. Esta<br />

teoria sugere ainda que a maioria da população<br />

pacífica tivesse por sua vez desenvolvido<br />

um “radar” emocional de identificação<br />

de psicopatas, o qual foi comprovado<br />

experimentalmente. Contudo, uma vez que as<br />

eventuais características psicopáticas existem<br />

em diferentes níveis e variações, os psicopatas<br />

que são bem-sucedidos a longo prazo terão os<br />

elementos anti-sociais atenuados, em parte por<br />

maior auto-disciplina.<br />

Porque é que os psicopatas têm algo a ensinarnos?<br />

Mostram-nos a relevância da atenção plena,<br />

a qual lhes permite manter o autodomínio de um<br />

monge budista. Mas também porque aquilo que<br />

mais os define é a sua indiferença perante o que<br />

a sociedade, como um todo, pode achar dos seus<br />

actos. Num mundo em que a imagem, as marcas<br />

e a opinião dos outros movem tudo, estar fora do<br />

porto seguro normativo da sociedade pode ser<br />

assustador, mas é também libertador.<br />

Kevin Dutton formou-se e doutorou-se em Psicologia<br />

na Universidade de Essex, lecionou Ciência e Religião<br />

na Universidade de Cambridge e é actualmente<br />

investigador na Universidade de Oxford.


CONSTRUÍMOS O FUTURO<br />

COM OS NOSSOS<br />

CLIENTES<br />

O Q U E É B O M V E M D A Q U I

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