ECONOMIA P or mais que o colapso na saúde e na economia causado pela pandemia do Covid-19 deva atrapalhar a concretização das projeções iniciais de crescimento do mercado solar fotovoltaico brasileiro, a expectativa é de que o setor se mostre resiliente frente à crise que se desenha e termine <strong>2020</strong> com um desempenho positivo. Segundo a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), o número de pedidos de outorga para a produção de energia no país cresceu 73% em abril, somando 5.683,27 MW (megawatts), contra 3.282,3 MW no mês anterior, totalizando 132 projetos. Muito se deve ao aumento no número de pedidos relacionados a usinas da fonte solar fotovoltaica, com crescimento de 270% no período – em abril, o volume de pedidos foi de 5.402,77 MW, enquanto em março foram registrados 1.458,90 MW. Já a Absolar (Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica) aponta que a potência instalada de geração solar fotovoltaica no país mostrou crescimento de aproximadamente um GW (gigawatt) entre janeiro e maio de <strong>2020</strong>, com o volume total do país chegando a 5,5 GW. “O mercado cresceu muito esse ano e a expectativa é de que continue crescendo. Óbvio que a pandemia afeta o setor e a economia como um todo. Não teremos o crescimento bombástico que projetávamos inicialmente”, declarou Rodrigo Sauaia, presidente da entidade. Se entre 2015 e 2016 o PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro apresentou queda de 3,8% e 3,6%, o mercado de energia solar cresceu 104% e 125%, respectivamente. Ainda, conforme a Absolar, enquanto o Brasil passou por uma crise grave entre o final de 2014 e 2016, acumulando uma queda de 8% no PIB, o mercado solar cresceu mais de 300% nesse período. Mesmo que o atual momento vá dificultar o crescimento que era esperado para <strong>2020</strong>, a perspectiva é positiva para o pós-crise, já que o segmento de energia solar produz empregos bem qualificados, com boa remuneração e descentralizados. Ainda, a economia gerada para quem investe na energia solar é significativa – a conta de luz pode ficar de 50% a 95% mais barata –, sendo que o retorno médio de investimento é de 3 a 5 anos. O fundo de investimento em energia renovável também tem se mostrado resistente perante a atual crise. Enquanto os fundos de investimentos internacionais sofreram queda média de 16% no valor de suas cotas, os fundos de investimentos em energia renovável registraram redução significativamente menor, de 3,2%. Os dados são da AIC (Association of the Investment Companies). Custos de operação baixos e previsíveis, imunes a tensões geopolíticas como as que mexem com o mercado de petróleo e gás, é uma vantagem a ser citada. Como a energia renovável também não precisa ser despachada, acaba sendo menos impactada pela queda na demanda – o Brasil registrou retração de 11% no consumo de energia elétrica entre 21 de março e 8 de maio deste ano, de acordo com a Ccee (Câmara de Comercialização de Energia Elétrica). Nesse cenário, as energias solar e eólica estão entre as mais competitivas. Ao impulsionar a energia renovável, as emissões globais de dióxido de carbono poderiam ser reduzidas em pelo menos 70% nos próximos 30 anos 36 www.REVISTABIOMAIS.com.br
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