Coletânea Digital Cinema e Memória
O Projeto Cineclube nas Escolas promoveu uma coletânea de textos de Profissionais da Secretaria Municipal de Educação da Cidade do Rio de Janeiro. A coletânea trazem memórias afetivas surgidas através de filmes e telas de cinema.
O Projeto Cineclube nas Escolas promoveu uma coletânea de textos de Profissionais da Secretaria Municipal de Educação da Cidade do Rio de Janeiro.
A coletânea trazem memórias afetivas surgidas através de filmes e telas de cinema.
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Nome: Paula Burkardt Moreira.
Função: Professor II
Unidade de Lotação: (07.24.011) Escola Municipal Vice-Almirante Álvaro Alberto da Motta e
Silva
Título do Filme: O Auto da Compadecida
O DIA DO JUÍZO FINAL
“A morte é a única certeza de que temos na vida”. Quem nunca ouviu essa frase?
Independentemente de crença ou religião, essa é uma verdade incontestável, é uma ideia com a qual
somos todos obrigados a conviver durante a nossa breve existência na Terra. Mesmo assim, muitos de
nós levamos a vida como se fôssemos eternos, deuses imortais.
Ariano Suassuna, paraibano, dramaturgo, professor, romancista, ensaísta e poeta, escreveu em
1955, uma peça de teatro intitulada “O Auto da Compadecida”. Essa obra repleta de referências e
tradições regionais nordestinas foi adaptada para o cinema em 2000, sob a direção de Guel Arraes. A
versão cinematográfica, sofreu algumas modificações em relação ao livro, mas a essência da obra foi
apresentada de forma linda e impecável a milhares de brasileiros que tiveram a oportunidade de
conhecer um pouco da obra de Suassuna.
Não me cabe narrar o filme nessas poucas linhas, mas sim comentar o porquê dessa obra receber
o título de “meu filme de afeto”. O desfecho do filme é apresentado diante de um tribunal. É o dia do
juízo final. Os réus são: o padeiro e a mulher dele, o padre e o bispo, um cangaceiro sanguinário
chamado Severino e, por fim, João Grilo, que durante sua vida toda agiu enganando as pessoas e
mentindo para alcançar seus objetivos, se é que podemos dizer que “sobrevivência” pode ser
considerado um “objetivo”. Os pecados que estão sendo julgados são os mais conhecidos entre nós,
aqueles que estão presentes no nosso dia-a-dia, nos noticiários e em nossas vidas de meros mortais –
embora muitas vezes não percebamos isso, como já foi escrito no primeiro parágrafo. Adultério, roubo,
cobiça, ganância, assassinato são alguns dos crimes em questão, julgados por uma tríade composta por
Jesus Cristo, o Diabo, ou o Encourado e pela Virgem Maria, invocada por João Grilo na esperança de
remissão daquelas almas perdidas. Assim segue o julgamento, o Diabo com seus argumentos rígidos,
seguindo ideias predeterminadas e descontextualizadas e a Virgem Maria justificando tais erros,
baseando suas defesas em sentimentos que são inerentes ao ser humano, o medo do sofrimento, da
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