Detetar Fragilidades e Oportunidades para Bragança
Análise da influência do comércio tradicional no turismo, comunidade e desenvolvimento local
Análise da influência do comércio tradicional no turismo, comunidade e desenvolvimento local
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DETETAR FRAGILIDADES<br />
E OPORTUNIDADES<br />
PARA BRAGANÇA<br />
Análise da influência do comércio tradicional no<br />
turismo, comunidade e desenvolvimento local<br />
ACISB 10/2020
ÍNDICE<br />
Enquadramento<br />
Sumário Executivo<br />
Análise Territorial<br />
Recursos Naturais<br />
Recursos históricos e patrimoniais<br />
Recursos culturais e tradicionais<br />
Eventos<br />
Recursos gastronómicos<br />
Agentes turísticos e comerciais<br />
Produtos-chave da região <strong>para</strong> o setor do turismo<br />
Análise SWOT<br />
Caracterização do território<br />
Identificação dos principais atrativos da região<br />
Linha de orientação estratégica<br />
Conclusões<br />
Referências Bibliográficas<br />
5<br />
7<br />
9<br />
12<br />
19<br />
41<br />
44<br />
46<br />
51<br />
57<br />
63<br />
67<br />
70<br />
72<br />
77<br />
80<br />
3
ENQUA<br />
DRAMENTO<br />
“DETETAR FRAGILIDADES E OPORTUNIDADES PARA<br />
BRAGANÇA: Análise da influência do comércio<br />
tradicional no turismo, comunidade e desenvolvimento<br />
local”, é o tema de um estudo promovido pela Associação<br />
Comercial, Industrial e Serviços de <strong>Bragança</strong> (ACISB), no<br />
âmbito do projeto Turistando por <strong>Bragança</strong>, face à<br />
necessidade de organizar e estruturar o setor do turismo,<br />
ao qual é reconhecido um enorme potencial de criação<br />
de riqueza e desenvolvimento.<br />
Pretende-se com este estudo perceber as fragilidades e<br />
apontar caminhos <strong>para</strong> as superar, ao mesmo tempo que<br />
se reconhecem oportunidades que fomentem a procura<br />
do mercado interno e externo.<br />
Assim, a estratégia pretende criar uma proposta de valor<br />
que, necessariamente, tem de ir ao encontro das<br />
expectativas dos comerciantes e agentes ativos do setor<br />
do turismo, compreendendo as tendências atuais e<br />
futuras dos potenciais consumidores/turistas e que deve<br />
ser definida em consonância com as políticas regionais e<br />
nacionais já traçadas <strong>para</strong> o Turismo.<br />
fixação de recursos humanos qualificados no território.<br />
<strong>Bragança</strong> precisa de conseguir afirmar a identidade do<br />
concelho. Precisa “abrir as portas” e seduzir os turistas,<br />
<strong>para</strong> que se entusiasmem a explorar o território, <strong>para</strong> que<br />
queiram conhecer a cultura, as tradições, o património, a<br />
gastronomia, a paisagem e, claro, os produtos e serviços<br />
que oferecem o tecido económico local.<br />
Este estudo é realizado num período atípico, onde todas<br />
as regras e tendências da procura turística se alteraram,<br />
devido à presença, em todo o mundo, do Vírus<br />
SARS-CoV-2, causador da doença conhecida como<br />
COVID-19.<br />
É necessário atender ao contexto atual e perceber se as<br />
mudanças causadas por esta pandemia são meramente<br />
conjunturais ou vão impor alterações estruturais.<br />
Esta estratégia deve considerar as expetativas e ambições<br />
dos agentes já instalados no terreno, apontar novas ideias<br />
e oportunidades de negócio <strong>para</strong> a criação de outras<br />
empresas, contribuindo, assim, <strong>para</strong> o aumento da<br />
procura e criação de postos de trabalho que ajudem na<br />
5
SUMÁRIO<br />
EXECUTIVO<br />
Numa altura em que as tendências de procura mundiais<br />
apontam como caminho o “Turismo de Experiências”,<br />
<strong>Bragança</strong> precisa de se “estruturar”, apostando nos<br />
recursos naturais e produtos endógenos mais importantes<br />
de território, e trabalhar a informação interna e externa de<br />
destino “limpo e seguro”.<br />
As “experiências” eram já a tendência marcadamente<br />
mais presente nas escolhas do turismo de qualidade e<br />
ganham agora nova força, em contexto de pandemia,<br />
onde a população em geral se deixa influenciar pela<br />
palavra “exclusividade”. Territórios que permitem<br />
“experiências exclusivas”, adaptadas à dimensão de<br />
pequenos grupos de familiares ou amigos, são destinos<br />
que gradualmente se podem afirmar e diferenciar no<br />
panorama geral.<br />
<strong>Bragança</strong> possui potencial <strong>para</strong> criar uma oferta<br />
sustentável e competitiva que possa concorrer com<br />
outros destinos no mercado global.<br />
O objetivo principal é conseguir definir uma estratégia<br />
integrada que seja capaz de promover uma dinâmica<br />
económica global, capaz de gerar riqueza e<br />
empregabilidade e esse objetivo só se pode alcançar com<br />
o aumento do fluxo de turistas que visitam e usufruem do<br />
concelho. Um desafio que ganha maior dimensão<br />
quando o período que atravessamos é de quebra na<br />
emissão geral de turistas e quebra nos próprios fluxos de<br />
movimento e consumo interno.<br />
Transformar uma dificuldade numa oportunidade é repto<br />
que se impõe a todos quantos trabalham neste setor de<br />
atividade.<br />
E <strong>para</strong> que possamos criar essa oferta é imprescindível<br />
identificar os recursos existentes e avaliar de que forma<br />
podem ser trabalhados <strong>para</strong> alavancar todo o setor<br />
turístico e económico.<br />
Ao definir fragilidades e apontar potencialidades o que se<br />
pretende é obter o conhecimento interno necessário <strong>para</strong><br />
capacitar o território, os agentes turísticos que nele<br />
operam e os organismos com responsabilidade neste<br />
sector, <strong>para</strong> a afirmação de um “produto” que se quer<br />
mostrar e “vender” na região, no país e no mundo.<br />
7
ANÁLISE<br />
TERRITORIAL<br />
No âmbito do ordenamento territorial no setor do<br />
Turismo, o município de <strong>Bragança</strong> integra, juntamente<br />
com mais 85 concelhos, que constituem a NUT II – Norte,<br />
a Entidade Regional de Turismo do Porto e Norte de<br />
Portugal (TPNP). Esta entidade, com Sede em Viana do<br />
Castelo, é uma pessoa coletiva pública, de natureza<br />
associativa, com autonomia administrativa e financeira e<br />
com património próprio.<br />
É a responsável pela valorização e o desenvolvimento das<br />
potencialidades turísticas da respetiva área regional de<br />
turismo, a promoção interna e o mercado alargado dos<br />
destinos turísticos regionais, bem como a gestão<br />
integrada dos destinos no quadro do desenvolvimento<br />
turístico regional.<br />
A atuação da TPNP tem na sua base um diversificado e<br />
vasto leque de recursos naturais e patrimoniais, produtos<br />
únicos e marcas de grande qualidade, que constituem a<br />
oferta turística de um território trabalhado de acordo com<br />
quatro sub-destinos – Porto, Douro, Minho e Trás-os-Montes.<br />
Tendo como “visão” Inovar na oferta potenciando a<br />
redução das assimetrias regionais, a TPNP traçou como<br />
“missão” a promoção e o desenvolvimento da cadeia de<br />
valor do Turismo da Região Porto e Norte de Portugal.<br />
O Município de <strong>Bragança</strong> é também um dos nove<br />
concelhos que integra a Comunidade Intermunicipal<br />
Terras de Trás-os-Montes (CIM-TTM), juntamente com<br />
Alfândega da Fé, <strong>Bragança</strong>, Macedo de Cavaleiros,<br />
Miranda do Douro, Mirandela, Mogadouro, Vila Flor,<br />
Vimioso e Vinhais. No seu conjunto abrangem uma área<br />
de cerca de 5538 km2.<br />
A norte e a leste, faz fronteira com as províncias<br />
espanholas de Galiza e Castela e Leão, respetivamente; a<br />
sul situam-se os municípios que integram a CIM do Douro<br />
e a oeste os da CIM do Alto do Tâmega.<br />
A região apresenta duas realidades distintas no que diz<br />
respeito às características morfológicas e climáticas, que<br />
deram origem às designações Terra Fria e Terra Quente<br />
Transmontana. A primeira é constituída por relevos com<br />
uma altitude mais elevada e um clima mais frio e húmido,<br />
a segunda apresenta relevos de altitude mais baixa e um<br />
clima mais quente e seco.<br />
A diversidade não é apenas climática e morfológica,<br />
apesar de muitas características comuns, a cultura, as<br />
tradições, os produtos endógenos mais relevantes<br />
também são diferentes entre as referidas Terra Quente e<br />
Terra Fria.<br />
9
Destacam-se na área da Terra Quente o Azeite e os Vinhos<br />
(parte deste território integra a Região Demarcada do<br />
Douro), na Terra Fria (e nalguns concelhos de transição) o<br />
produto rei é a Castanha.<br />
<strong>Bragança</strong> é a cidade de maior dimensão da CIM-TTM,<br />
sendo também a capital de distrito.<br />
É no concelho de <strong>Bragança</strong>, área de atuação da ACISB,<br />
que vamos focar esta análise, ficando-nos nos recursos<br />
endógenos que podem e devem potenciar o<br />
desenvolvimento turísticos da região, nomeadamente:<br />
• Recursos Naturais;<br />
• Património;<br />
• Espaços Culturais;<br />
• Cultura e Tradição;<br />
• Eventos;<br />
• Gastronomia;<br />
• Agentes Turísticos e Comerciais.<br />
Do ponto de vista da Natureza o concelho de <strong>Bragança</strong><br />
faz parte da Reserva da Biosfera Transfronteiriça (RBT)<br />
Meseta Ibérica, reconhecida pela UNESCO em 2015, que<br />
abrange um total de 87 municípios, sendo 12 municípios<br />
no território português e no território espanhol, 48<br />
municípios da província de Zamora e 27 da província de<br />
Salamanca.<br />
A Reserva da Biosfera da Meseta Ibérica foi a 15.ª<br />
transfronteiriça em todo o mundo e é a maior da Europa,<br />
tem uma Área Total de 1.132.607 ha (11 326 Km2),<br />
equivalente ao Norte de Portugal.<br />
O estatuto de Reserva da Biosfera é uma espécie de "selo<br />
de qualidade" atribuído pela UNESCO a territórios pelo<br />
uso e preservação da biodiversidade no âmbito do<br />
programa científico intergovernamental sobre o Homem<br />
e a Biodiversidade.<br />
Recentemente esta entidade conseguiu a certificação<br />
“Biosphere” <strong>para</strong> o território, que é uma referência<br />
universalmente reconhecida no campo da<br />
sustentabilidade. Os referenciais da Biosphere<br />
Responsible Tourism foram os primeiros a ser acreditados<br />
e reconhecidos pelo Global Sustainable Tourism Council.<br />
Em Portugal, a certificação encontra-se a cargo do<br />
Instituto de Turismo Responsável, que é uma das<br />
organizações responsáveis pela promoção dos princípios<br />
da Carta Mundial do Turismo Sustentável.<br />
E estes reconhecimentos e certificações só são possíveis<br />
graças à perfeita simbiose entre a ação humana e o<br />
respeito pela natureza. Dessa união nasceram lugares<br />
como a Aldeia de Rio de Honor, considerada uma 7<br />
Maravilhas de Portugal (Aldeias).<br />
Uma aldeia pitoresca e muito emblemática não apenas<br />
pela peculiar arquitetura, pela paisagem, mas sobretudo<br />
pela cultura e pelas tradições, muito baseadas no<br />
comunitarismo.<br />
Há outras aldeias e há a cidadela de <strong>Bragança</strong> que, do<br />
ponto de vista do património edificado, é o grande<br />
ex-libris do concelho. O Imponente Castelo, a singular<br />
Domus Municipalis, a Igreja de Santa Maria e a Muralha,<br />
intacta, que guarda, preserva e abraça séculos de História<br />
e de Estórias.<br />
10
No património Religioso o concelho de <strong>Bragança</strong> conta<br />
com a Basílica de Santo Cristo de Outeiro, mais uma<br />
referência capaz de integrar os mais arrojados programas<br />
de oferta turística.<br />
<strong>Bragança</strong> dispõe de um vasto núcleo de equipamentos<br />
culturais, modernos e atrativos, e tem arte também na<br />
rua, a Street Art já tem perto de uma centena de obras,<br />
distribuídas por toda a cidade.<br />
11
RECURSOS<br />
NATURAIS<br />
A natureza e todos os produtos que dela derivam (a<br />
biodiversidade, a paisagem, os lugares imperdíveis, a<br />
agricultura) são, talvez, os elementos que garantem maior<br />
reconhecimento externo a <strong>Bragança</strong>, nomeadamente o<br />
Parque Natural de Montesinho, área protegida<br />
classificada desde 1979.<br />
A área das serras de Montesinho e Coroa foi escolhida<br />
<strong>para</strong> Parque Natural por reunir condições em que é visível<br />
a integração harmoniosa do homem com o meio<br />
ambiente.<br />
O Parque Natural de Montesinho é uma das maiores<br />
áreas protegidas de Portugal. Com uma superfície de 75<br />
000 ha. É constituído por uma sucessão de elevações<br />
arredondadas e vales profundamente encaixados, com<br />
altitudes variando entre os 438m e os 1481m onde as<br />
aldeias, aninhadas em pontos abrigados e discretos,<br />
passam facilmente despercebidas aos olhos do visitante<br />
ocasional.<br />
Poucos territórios possuem biodiversidade tão rica como<br />
o Parque Natural de Montesinho. Com oitenta por cento<br />
dos mamíferos que ocorrem em Portugal, só aqui se<br />
poderá de<strong>para</strong>r com um grupo de veados junto à estrada,<br />
avistar um corço a alimentar-se num carvalhal, descobrir<br />
sinais da presença de javalis num prado ou escutar o uivo<br />
de um lobo, numa noite límpida.<br />
Nos céus, a águia-real, a cegonha-negra ou o<br />
picanço-de-dorso-vermelho fazem companhia a cento e<br />
sessenta espécies de aves, muitas delas igualmente raras,<br />
transformando a região num <strong>para</strong>íso <strong>para</strong> ornitólogos.<br />
O fabuloso mosaico de paisagens, composto por montes<br />
arredondados, os vales encaixados dos rios Sabor, Maçãs e<br />
Baceiro, searas, lameiros, soutos extensos, bosques de<br />
azinheiras e a maior mancha de carvalho-negral da<br />
Europa, é percorrido por inúmeros trilhos assinalados que<br />
permitem agradáveis passeios a pé ou a prática de BTT<br />
em cenários de arrebatadora beleza.<br />
À variedade geográfica e climática, que permite o<br />
convívio invulgar de exemplares tanto da flora<br />
mediterrânica como de ambientes mais frios, soma-se a<br />
existência de serpentinitos, rochas ultrabásicas onde<br />
florescem preciosidades botânicas endémicas dos solos<br />
transmontanos. Do ponto de vista geológico destacam-se<br />
também as rochas presentes no maciço de <strong>Bragança</strong>, as<br />
mais antigas do país, com cerca de mil milhões de anos.<br />
Acrescente-se ainda a abundância de cogumelos, os<br />
mares de papoilas primaveris, a quietude matinal depois<br />
de um nevão ou a sombra dos freixos numa tarde de calor.<br />
Um Reino Maravilhoso, em qualquer estação do ano.<br />
O concelho faz parte também da Reserva da Biosfera<br />
Transfronteiriça Meseta Ibérica (RBTMI), a maior reserva<br />
transfronteiriça da Europa, com uma área equivalente ao<br />
Norte de Portugal e que abrange municípios da Terra Fria,<br />
Terra Quente, Douro Superior e Beira Alta do lado<br />
português, e de Zamora e Salamanca, do lado espanhol.<br />
Foi esta entidade que conseguiu recentemente a<br />
certificação “Biosphere”, uma referência universalmente<br />
reconhecida no campo da sustentabilidade.<br />
12
Esta certificação distingue territórios que apresentem um<br />
forte compromisso com a melhoria contínua no sentido<br />
de se tornarem mais sustentáveis, competitivos e<br />
qualificados.<br />
A integração da RBTMI na rede “Biosphere” confere-lhe<br />
uma maior projeção e notoriedade internacional,<br />
passando a integrar um lote restrito de destinos com um<br />
posicionamento estabelecido e diferenciado no mercado<br />
turístico. Abre-se assim a porta a um perfil de turista em<br />
franco crescimento – o turista responsável – que percebe<br />
a responsabilidade do indivíduo <strong>para</strong> com o planeta e<br />
que, por esse motivo, consome destinos, produtos e<br />
serviços turísticos cuja sustentabilidade está garantida à<br />
partida.<br />
Paralelamente ao destino em si, esta certificação abre<br />
portas <strong>para</strong> que outras entidades possam também obter<br />
certificações próprias, nomeadamente: alojamentos<br />
turísticos, museus, parques temáticos, operadores<br />
turísticos, transportes, entre outros.<br />
A espetacularidade das serras, dos rios e dos vales, a<br />
paisagem que resulta da harmonia da ação do homem<br />
com o meio natural, tudo isto é retratado e apresentado<br />
como uma imagem que seduz e encanta, que é um dos<br />
maiores atrativos do território. A Serra da Nogueira ou<br />
Serra da Pena Mourisca é outro “lugar imperdível” que<br />
convém destacar. É a décima primeira maior elevação de<br />
Portugal Continental, com 1319 metros de altitude.<br />
Estende-se pelos concelhos de <strong>Bragança</strong>, Macedo de<br />
Cavaleiros e Vinhais.<br />
Na serra de Nogueira encontra-se o maior carvalhal de<br />
Portugal. Alias, presume-se, que esta serra possua as mais<br />
extensas áreas de carvalho negral de toda a Europa.<br />
Esta espécie contribui <strong>para</strong> a variação cromática da<br />
paisagem ao longo do ano, verde clara, matizada com o<br />
rebento das folhas em abril, vai escurecendo lentamente<br />
até setembro, quando a folhagem se torna rubra,<br />
permanecendo crestada e presa aos ramos até aos ventos<br />
fortes da invernia que despem e grisalham de líquenes a<br />
nudez do ritidoma.<br />
É com esta aparência, tão variável de estação <strong>para</strong><br />
estação, que a serra da Nogueira nos oferece, enquadrada<br />
na majestosa paisagem.<br />
Estes são alguns locais que devem ser visitados e<br />
explorados em caminhadas ou de BTT. O município<br />
possui uma Rede de Pequenas Rotas interessante, que<br />
permite, passo a passo, conhecer o concelho de norte a<br />
sul, em permanente contacto com a natureza.<br />
Os percursos variam entre 4 a 10 km, com a duração<br />
máxima de 3 horas, num ritmo calmo acessível a todas as<br />
pessoas que gostem de caminhar e pedalar, contemplar a<br />
natureza e conhecer melhor o concelho de <strong>Bragança</strong> e a<br />
sua diversidade paisagística.<br />
Apontamos os Percursos Pedestres Homologados:<br />
ESTAÇÃO DE BIODIVERSIDADE DE CARRAZEDO<br />
A Estação da Biodiversidade de Carrazedo é um percurso<br />
pedestre linear de 1,6 km, com início na aldeia de<br />
Carrazedo e 8 painéis informativos dispersos ao longo do<br />
caminho. Os painéis funcionam como um guia de campo,<br />
com imagens e comentários sobre plantas e animais<br />
comuns a observar.<br />
O percurso pertence ao sítio Natura 2000<br />
Montesinho-Nogueira. No início do caminho atravessa-se<br />
uma série de campos agrícolas, entrando de seguida<br />
13
numa extensa área de bosque de carvalhos. Durante o<br />
percurso poderão observar-se mais de metade das<br />
espécies de borboletas diurnas que voam em Portugal.<br />
PERCURSO ALFAIÃO<br />
É um percurso pedestre sinalizado denominado de<br />
Pequena Rota (PR).<br />
A época aconselhável <strong>para</strong> a sua realização é a Primavera,<br />
com ótimas condições climáticas, uma grande<br />
diversidade de plantas e de fauna ao longo do rio. Este<br />
percurso tem início na aldeia de Alfaião, junto da<br />
escultura de homenagem aos emigrantes. Segue-se <strong>para</strong><br />
baixo e passa-se junto da Igreja de São Martinho. Após<br />
visita ao local, desce-se mais até ao parque de merendas.<br />
Depois em direção à Senhora da Veiga. Sempre próximo<br />
ao rio é possível ver e ouvir o som das aves. As pessoas da<br />
aldeia aproveitam os terrenos junto ao rio <strong>para</strong> a<br />
realização das atividades agrícolas, devido à proximidade<br />
da água e à fertilidade dos solos. São ainda visíveis os<br />
vestígios de outrora, as termas e um moinho de água.<br />
passando algum tempo em Espanha, na Galiza. Quando<br />
voltou à Palestina, no ano 44, foi preso e decapitado, a<br />
mando de Herodes Agrippa I, filho de Aristobulus e neto<br />
de Herodes o Grande. Dois dos seus discípulos, Teodoro e<br />
Atanásio, roubaram o corpo do mestre e embarcaram-no<br />
(num barco com tripulação angélica) e em sete dias<br />
chegaram à Galiza e a Iria Flávia onde o sepultaram,<br />
secretamente, num bosque de nome Libredón.<br />
Não há certezas quanto à data da descoberta do sepulcro<br />
apostólico, mas a maioria das fontes católicas apontam<br />
datas entre 813 e 820. A lenda conta que um ermitão do<br />
bosque de Libredón, de nome Pelágio (ou Pelaio),<br />
observou durante algumas noites seguidas uma “chuva<br />
de estrelas” sobre um monte do bosque. Avisado das<br />
luzes, o bispo de Iria Flávia, Teodomiro, ordenou<br />
escavações e encontrou uma arca de mármore com os<br />
ossos do santo e dos seus discípulos. Mas já muito antes<br />
da data apontada pela igreja <strong>para</strong> a descoberta da tumba<br />
do apóstolo, existia uma rota de peregrinação (romana e<br />
anteriormente celta), que ia do extremo Este ao Oeste de<br />
Espanha, até Finisterra. Este velho caminho de<br />
peregrinação simbolizava a viagem do sol de Oriente <strong>para</strong><br />
Ocidente, “afogando-se” no oceano <strong>para</strong> voltar a surgir no<br />
dia seguinte.<br />
PERCURSO CAMINHOS DE SANTIAGO<br />
Existem vários Tiagos (ou Santiagos - São Tiago) no Novo<br />
Testamento – O Santo de que falamos é Tiago “Maior”<br />
filho de Zebedeu e Salomé, pescador, irmão de João, o<br />
evangelista, e um dos quatro primeiros discípulos de<br />
Jesus.<br />
Segundo a lenda católica, após a dispersão dos Apóstolos<br />
pelo mundo, Santiago foi pregar em regiões longínquas,<br />
PERCURSO CARVALHAL DA NOGUEIRA<br />
O trilho pelo Carvalhal da Nogueira é um percurso<br />
pedestre sinalizado denominado de Pequena Rota (PR).<br />
Este percurso realiza-se na Serra da Nogueira, no<br />
Concelho de <strong>Bragança</strong>, nas Freguesias de Carrazedo e de<br />
Zoio. Não se verificam grandes diferenças de desnível,<br />
185m, no entanto recomenda-se alguma pre<strong>para</strong>ção.<br />
A época aconselhável <strong>para</strong> a sua realização é a Primavera,<br />
14
com ótimas condições climáticas e uma grande<br />
diversidade de plantas em flor, de salientar a diversidade<br />
de orquídeas.<br />
O percurso tem início na aldeia de Carrazedo, de frente<br />
<strong>para</strong> a Igreja, a 835 m de altitude, subimos a estrada de<br />
calçada do lado esquerdo da Igreja até às últimas casas<br />
da aldeia.<br />
Ao realizar este percurso poderá usufruir das sombras<br />
associadas às zonas de carvalhal e contemplar as<br />
espécies de flora e fauna associadas a estes locais.<br />
Também um denso azinhal assinala a influência<br />
Mediterrânica no nordeste, a este mosaico formado por<br />
diversos estratos reflete-se uma maior diversidade animal.<br />
Estes bosques têm características que lhes permitem<br />
suportar a irregularidade climática, folhas planas, duras<br />
(coriáceas) e perenes. A eles estão associadas plantas<br />
mediterrânicas, algumas com elevado valor de<br />
conservação, como por exemplo, a gilbardeira, o<br />
medronheiro e o trovisco.<br />
Quase no final do percurso já é possível contemplar uma<br />
boa panorâmica da aldeia de Carrazedo, com os seus<br />
campos de cultivo a envolve-la. O caminho vai<br />
desemborcar numa estrada de asfalto, seguimos pela<br />
direita, em direção à aldeia. Entre as ruelas, paredes de<br />
xisto ou granito e gente simpática, chegamos ao Bairro<br />
d’Além, passamos pelo lavadouro e seguimos até à Igreja,<br />
chegamos assim ao fim do percurso.<br />
PERCURSO CASTRO DE AVELÃS<br />
Famosa pelo seu património arqueológico e monumental<br />
– o importante povoado castrejo que emprestaria seu<br />
nome à freguesia e o celebrado mosteiro medieval de<br />
invulgar arquitetura “hispânica” – Castro de Avelãs bem<br />
merece uma atenta e pro-longada visita, tanto mais que<br />
se localiza a escassa meia dezena de quilómetros <strong>para</strong> o<br />
poente da capital concelhia, beneficiando ainda de ótima<br />
acessibilidade através do IP4 e EN 103.<br />
Com uma história atribulada até aos inícios da Idade<br />
Moderna, o Mosteiro de S. Salvador de Castro de Avelãs<br />
viria a ser extinto pelos meados do século XVI (1545-1546).<br />
Do complexo monacal primitivo só restará hoje, de<br />
genuína arquitetura românica cluniacense, a formosa<br />
cabeceira do templo, de remate semicircular e<br />
revestimento em tijolo, com manifesta influência<br />
inspiradora da arte leonesa de S. Lourenço, de Sahagun.<br />
A planta original incluiria três naves, apenas restando<br />
atualmente a central e esta de fábrica posterior e<br />
absolutamente incaracterística. No interior de um dos<br />
absidíolos, agora aberto no exterior, abriga-se em<br />
interessante arcaz tumular granítico, com tampa de<br />
formato prismático onde se inscreve uma data<br />
trecentista.<br />
A tradição popular diz ser esta a última morada de um<br />
poderoso cavaleiro – o Conde de Ariães, misteriosa<br />
personagem de tenebrosa e lendária história.<br />
PERCURSO GUADRAMIL<br />
trilho “Na Rota dos Cervídeos” é um percurso pedestre<br />
sinalizado denominado de Pequena Rota (PR), inserido<br />
na área do Parque Natural de Montesinho.<br />
A época aconselhável <strong>para</strong> a sua realização é o Outono<br />
devido ao facto de haver uma maior probabilidade de<br />
observação de cervídeos, embora os seus vestígios sejam<br />
visíveis o ano todo. Recomenda-se ainda o mês de<br />
Outubro, pois é quando estes se encontram na brama.<br />
Dependendo da época, além de cervídeos poderá<br />
15
também observar cogumelos que vão aparecendo ao<br />
longo do percurso. Ao longo do vale comprido, é de notar<br />
os diferentes aproveitamentos dados pela população ao<br />
uso do solo, tais como, agri-cultura, pastagem e bosque.<br />
PERCURSO MONTESINHO<br />
Esta ampla freguesia que integra as aldeias de França,<br />
Montesinho e Portelo é a mais setentrional do concelho<br />
de <strong>Bragança</strong>, localizando-se junto à orla fronteiriça e<br />
abarcando ampla parcela do Parque Natural de<br />
Montesinho.<br />
Para além dos apreciáveis trechos de pai¬sagem, uma<br />
outra excecional riqueza jaz oculta no subsolo desta<br />
freguesia. Falamos dos recursos da mineração, outrora<br />
com grande ascendente nestas <strong>para</strong>gens<br />
contabilizando-se as minas de estanho (Chaira da Cruz,<br />
Vale da Formiga e Portela da Lameira), as de ouro e prata<br />
(Covas Altas, Fonte Cova e Vale do Cancelo) e uma de<br />
ouro, esta gostosamente denominada Pingão dos<br />
Quintais.<br />
A Igreja Paroquial de Pombares, invocada a S. Frutuoso, é<br />
um templo de porte mediano e traça austera, a um gosto<br />
possivelmente setecentista.<br />
Ladeiam-no, quais gigantescas sentinelas arbóreas, dois<br />
altivos e melancólicos ciprestes.<br />
Após a povoação de Pombares, iremos entrar no vale que<br />
antes observamos do alto, seguindo em direção à Capela<br />
de S. Frutuoso. Bem conservado, este templo está ligado<br />
a curiosas práticas de culto das águas, neste caso muito<br />
especificamente de uma “fonte milagrosa” existente em<br />
Teixedo, que o próprio S. Frutuoso teria benzido, segundo<br />
a tradição. Os animais enfermos das aldeias<br />
circunvizinhas são ali levados com fins “profiláticos”,<br />
vendo-se posteriormente (e ao que consta) livres das suas<br />
mazelas.<br />
A riqueza arbórea, onde o carvalho domina é alternada<br />
pelo som suave do vento e do correr das águas. Quando<br />
realizado o percurso no Outono, a variedade cromática<br />
deste troço inebria a visão do caminhante.<br />
Ao longo do vale, no qual corre o Rio Azibo, os declives são<br />
inexistentes apenas se verificando uma subida no final do<br />
trajeto até à aldeia de Pereiros.<br />
PERCURSO PEREIROS<br />
Este percurso pode iniciar-se quer em Pereiros quer em<br />
Pombares. Deverá ser feito no sentido contrário ao dos<br />
ponteiros do relógio. Iniciando em Pereiros, iremos subir<br />
em direção à Fraga Rachada, contornando o Cabeço e<br />
apreciando a beleza do vale que se abre à nossa esquerda.<br />
A vegetação é abundante sendo salpicada pontualmente<br />
por lameiros verdejantes.<br />
PERCURSO REFOIOS<br />
Ainda na orla ocidental deste concelho brigantino, a<br />
confrontar (do ponte e sul) com Vinhais, fica a freguesia<br />
de Zoio. O seu território, medianamente extenso, surge<br />
uma vez mais a abarcar um dos pendores da Serra da<br />
Nogueira, desta vez na sua vertente ocidental (com<br />
altitude média a rondar os 700 metros). Pese embora a<br />
falta de notícias comprovando achados de objetos ou<br />
estações arqueológicas comprovativos de remota<br />
16
ocupação local, é de todo plausível que também esta<br />
freguesia tivesse conhecido um povoamento pelo menos<br />
proto-histórico, a julgar pelo menos a abundância relativa<br />
de estações castrejas recenseadas pelas limítrofes<br />
Carrazedo, Nogueira e Rebordãos.<br />
Este percurso inicia-se e termina em Refoios, devendo ser<br />
feito no sentido contrário ao dos ponteiros do relógio.<br />
A Igreja de Refoios (invocando a N. Sra. do Ó) será talvez a<br />
mais imponente da freguesia, com sua graciosa traça ao<br />
gosto barroco que se há-de prever setecentista. Na<br />
frontaria, rematada ao alto por enorme campanário de<br />
tripla sineira, destaca-se o correspondente portal, de<br />
robusta arquitrave dupla e encimado por um frontão<br />
interrompido por caprichosas volutas enquadrando um<br />
nicho central (atualmente vazio). Pelo último quartel do<br />
século passado, Pinho Leal aludia a duas capelas públicas<br />
invocadas a S. Sebastião, uma “no Zoio” e a outra em<br />
Refoios (já então arruinada), <strong>para</strong> além de um templete<br />
particular na Casa dos Ferreiras, em Refoios.<br />
PERCURSO RIO DE ONOR<br />
Abrangendo uma área considerável, incluída no<br />
perímetro do Parque Natural de Montesinho, esta<br />
freguesia partilha o nome com o rio que a atravessa, no<br />
sentido norte-sul, tornando-se posteriormente tributário<br />
do Sabor.<br />
É precisamente aí, junto à linha da fronteira setentrional,<br />
que assenta o povoado principal, bem conhecida pelas<br />
suas peculiaridades e sobrevivências de um ancestral<br />
comunitarismo agro-pastoril, a esbater-se já no decurso<br />
inexorável dos tempos.<br />
Com uma orografia montanhosa e planáltica, registando<br />
uma altitude média na or-dem dos 750 metros, Rio de<br />
Onor inclui, porém, um extenso trecho de vale, aberto,<br />
amplo e aprazível, banhado pelo Onor e protegido pelas<br />
imponentes Serras de Montesinho (a poente), Sanábria (a<br />
norte) e Guadramil (a nascente).<br />
Com as suas típicas casas de xisto, de paredes escuras,<br />
sem reboco e de aparelho miúdo, as aldeias desta<br />
freguesia preservam um carácter arcaico e rústico,<br />
“casando” perfeitamente com a belíssima paisagem<br />
natural. Rio de Onor é um caso emblemático, reforçado<br />
pela sua posição fronteiriça, com a homónima espanhola<br />
– Rihonor de Castilla – ali à distância de uns passos,<br />
se<strong>para</strong>da apenas pelo rio (que não chega a ser obstáculo,<br />
pois é vencido por esplêndida ponte medieval de<br />
alvenaria e múltiplos arcos).<br />
PERCURSO VIAS AUGUSTAS<br />
Conquistado pelas tropas romanas nos finais do séc. I a.C.,<br />
o território da atual região transmontana terá sido alvo de<br />
um processo de reordenamento em que os anteriores<br />
povoados fortificados foram romanizados ou<br />
abandonados, a autossuficiência deu lugar a uma<br />
economia de mercado baseada no uso da moeda, na<br />
intensificação agropecuária e exploração da riqueza<br />
mineira, ao qual não terá sido alheia uma nova ordem<br />
social, política e religiosa.<br />
Foi criada uma intensa rede viária, cujo eixo principal,<br />
nesta região, era a via que ligava Bracara Augusta (Braga)<br />
a Asturica Augusta (Astorga) por Aquae Flaviae (Chaves),<br />
tomando o sentido geral este-oeste, num total de 247<br />
milhas, ao longo da qual existiram dezenas de miliários.<br />
O seu traçado percorre os atuais concelhos portugueses<br />
17
de Braga, Póvoa de Lanhoso, Vieira do Minho, Montalegre,<br />
Boticas, Chaves, Valpaços, Mirandela, Macedo de<br />
Cavaleiros, Vinhais e <strong>Bragança</strong>, entrando em território<br />
espanhol por terras de Zamora (Villardeciervos,<br />
Santibánez, Rosinos de Vidriales e Camarza de Tera) até<br />
Astorga, passando ainda pela comunidade leonesa de<br />
Castrocalbón.<br />
A esta via - a mais antiga do Noroeste peninsular<br />
conforme atestam os miliários do imperador Augusto, um<br />
dos quais encontrado na Torre Velha (Castro de Avelãs) –<br />
foi atribuído o número XVII num roteiro viário romano, o<br />
Itinerário de Antonino, elaborado no decurso do século III.<br />
PERCURSO VIDUEDO<br />
Este percurso poderá ter início em qualquer ponto do<br />
traçado, devendo ser feito no sentido contrário ao dos<br />
ponteiros do relógio.<br />
Saindo da aldeia de Viduedo, a subida em direção ao<br />
Cabeço do Pombal é íngreme e dura. Depois de passada<br />
a maior dificul¬dade deste percurso, a visão que se tem é<br />
magnífica, podendo observar à direita a Serra da<br />
Nogueira. O descanso poderá ser feito em Rebordainhos,<br />
lugar que teve antigamente o estatuto de vila, com direito<br />
a justiça própria, erguendo-se no centro da povoação de<br />
Rebordainhos o respetivo pelourinho, do tipo comum<br />
bragançano.<br />
Este sóbrio testemunho de uma antiga e há muito perdida<br />
autonomia local foi classificado como Interesse Público em<br />
1933. De medianas proporções e austera traça, a um gosto<br />
tipicamente bragançano e possivelmente já oitocentista, é a<br />
Igreja Matriz de Rebordaínhos.<br />
A última fase do percurso irá desenvolver-se aproveitando a<br />
antiga linha de caminho-de-ferro, que nos levará até Viduedo.<br />
A par da Rede de Percursos outro produto de elevado<br />
potencial turístico são os Miradouros que, oferecem<br />
paisagens deslumbrantes. Destacamos dois dos mais<br />
emblemáticos:<br />
MIRADOURO S. BARTOLOMEU<br />
Localizado a sul da cidade de <strong>Bragança</strong>, o Cabeço de São<br />
Bartolomeu, que acolhe um santuário com o mesmo<br />
nome e uma imagem de S. Bento, padroeiro da Diocese<br />
de <strong>Bragança</strong>-Miranda, é um local privilegiado <strong>para</strong><br />
observação da cidade, com destaque <strong>para</strong> a Cidadela.<br />
Nas imediações do templo, na vertente voltada a leste, a<br />
topografia e alguns fragmentos cerâmicos da pré-história<br />
recente denunciam que aqui terá existido um povoado<br />
fortificado.<br />
MIRADOURO SENHORA DA SERRA<br />
No cume mais alto da Serra da Nogueira, local de uma das<br />
maiores manchas de carvalho negral da Europa, localiza-se<br />
o santuário da Senhora da Serra, já mencionado no séc.<br />
XVI, local da maior romaria da região, que, entre 30 de<br />
Agosto e 8 de Setembro, atrai milhares de devotos, alguns<br />
dos quais pernoitam nos “quartéis” adjacentes ao templo,<br />
construído em Época Moderna, ainda que tenha provável<br />
origem medieval.<br />
A esta componente religiosa alia-se uma forte componente<br />
gastronómica e lúdica. Na encosta sul, próximo da Fonte<br />
do Milagre, fica a Fraga da Senhora, ou Fraga das<br />
Ferraduras, um afloramento de xisto que apresenta um<br />
motivo em forma de pegada e outro de ferradura.<br />
18
RECURSOS<br />
HISTÓRICOS<br />
E PATRIMONIAIS<br />
O património edificado é outro dos pontos fortes do<br />
Território. O centro histórico de <strong>Bragança</strong>, com o Castelo<br />
em estado de conservação inigualável, a Domus<br />
Municipalis, monumento único na Península Ibérica, a<br />
monumentalidade das muralhas que desenham um<br />
coração que no seu interior preserva a cidadela, a velha<br />
vila, que mais parece um labirinto, que se mantém<br />
habitada, viva, e que conta histórias em cada esquina.<br />
O património que existe em todas as aldeias do concelho,<br />
Igrejas e capelas, Santuários, Pelourinhos e tantos sítios<br />
de elevado valor arqueológico. E cada lugar tem uma<br />
lenda que as comunidades locais insistem em preservar e<br />
divulgar, como um legado precioso que se cair no<br />
esquecimento morre e com ele um mundo imaginário<br />
cheio de encantamento.<br />
E depois há aldeias que são tão emblemáticas que só por<br />
si entram nesta categoria de recursos patrimoniais:<br />
ALDEIA DE RIO DE HONOR – 7 MARAVILHAS DE<br />
PORTUGAL (ALDEIAS)<br />
O comunitarismo foi sempre o elemento mais distintivo<br />
desta localidade, onde os moradores ainda partilham<br />
terrenos e moinhos, na memória fica o rebanho e o boi<br />
comunitários, que já não existem.<br />
Mantém um modo de administração rural, liderado por<br />
dois Mordomos, designados pelo Conselho – assembleia<br />
com representantes de todas as famílias da aldeia. A “Vara<br />
da Justiça” garante o cumprimento das regras e aplica<br />
multas, muitas vezes pagas em medidas de vinho ou<br />
azeite.<br />
Rio de Honor está integrada no Parque Natural de<br />
Montesinho e foi eleita em 2017 uma das 7 Maravilhas de<br />
Portugal (Aldeias).<br />
A arquitetura tradicional de xisto, a ponte romana, a Igreja<br />
Matriz e um Castro medieval, são elementos do<br />
património que tornam esta povoação numa aldeia muito<br />
pitoresca, emblemática que, cada vez mais, se assume<br />
como um dos mais populares cartões de visita do<br />
concelho.<br />
Rio de Honor divide o “aglomerado habitacional do<br />
território” com a sua homónima espanhola, Rihonor de<br />
Castilla. São duas localidades, divididas por uma fronteira,<br />
mas com uma convivência muito próxima que deu<br />
origem ao dialecto – o rionorês.<br />
ALDEIA DE MONTESINHO (ALDEIA TÍPICA)<br />
Situada a norte da cidade de <strong>Bragança</strong>, na fronteira com<br />
Espanha, a aldeia de Montesinho partilha o nome com a<br />
serrania que a acolhe.<br />
19
Considerada como uma das aldeias mais carismáticas do<br />
Parque Natural de Montesinho, o aglomerado<br />
habitacional, configura-se alongado e <strong>para</strong>lelo ao curso<br />
da ribeira de Vilar, é notoriamente reconhecido pelo seu<br />
bom estado de conservação.<br />
Próximo da aldeia, destaca-se na paisagem a barragem<br />
da Serra Serrada, complexo hidráulico construído em<br />
finais da década de 80, com uma superfície de<br />
aproximadamente de 31ha atinge os 1500 m de extensão,<br />
constitui-se como um ecossistema artificial propício à<br />
pesca da truta e à observação da avifauna, sendo de<br />
destacar a águia-real e o melro das rochas, ainda que<br />
muitas outras espécies aqui ocorram.<br />
E é da junção da monumentalidade do património<br />
natural e edificado, das aldeias com as lendas e tradições<br />
que o conjunto patrimonial de <strong>Bragança</strong> se diferencia,<br />
adquire um extraordinário valor e se revela num produto<br />
turístico fabuloso.<br />
Do património edificado destacamos:<br />
É um templo de planta retangular com três naves,<br />
se<strong>para</strong>das por pilares octogonais. O pavimento está<br />
revestido a xisto e vértebras que desenham rosáceas e a<br />
cobertura do corpo da igreja apresenta uma magnífica<br />
pintura cenográfica, que tem algumas semelhanças com<br />
as obras pictóricas das igrejas de Santa Clara, de São<br />
Vicente e de São Francisco. No centro desta composição<br />
surge uma imagem de Nossa Senhora da Assunção,<br />
rodeada de vários elementos arquitetónicos pintados em<br />
trompe l’oeil.<br />
Est. de Conservação: bom<br />
Localização: Cidadela do Castelo de <strong>Bragança</strong><br />
Lendas e Tradições: este templo, possivelmente o mais<br />
antigo da cidade, também é conhecido como a igreja de<br />
Nossa Senhor do Sardão. Conta uma lenda popular que<br />
esta terá sido descoberta após a expulsão dos<br />
muçulmanos, entre uns penhascos povoados por sardões,<br />
sobranceiros à confluência dos rios Fervença e Sabor.<br />
A Senhora do Sardão é a padroeira da freguesia de Santa<br />
Maria e tem festa a 15 de agosto, integrada nas festas da<br />
cidade que ocorrem de 10 a 22 de agosto.<br />
DOMUS MUNICIPALIS<br />
IGREJA DE SANTA MARIA<br />
Datação: templo reconstruído no século XVI, que sofreu<br />
algumas alterações nos séculos XVII e XVIII.<br />
Descrição: a igreja apresenta uma fachada tipo retábulo,<br />
com um portal barroco de almofadados flanqueados por<br />
duas colunas salomónicas, decoradas por folhas de vides<br />
e cachos, encimado por um frontão interrompido por um<br />
nicho, que terá sido concluído em 1720, pela intervenção<br />
do bispo de Miranda D. João Franco de Oliveira.<br />
Datação: propõem-se várias datas <strong>para</strong> a construção<br />
deste edifício, que variam entre os séculos XII e XIV.<br />
Classificação: MN (Dec. de 16-6-1910, Boletim n.º da<br />
DGEMN).<br />
Descrição: o ex-libris da cidade de <strong>Bragança</strong> é um<br />
monumento excecionalmente raro no panorama artístico<br />
nacional, que suscita grande controvérsia e discussão<br />
quanto à sua datação, ao seu estilo artístico e à função<br />
<strong>para</strong> que foi destinado. Parece tratar-se de uma cisterna,<br />
20
de grandes proporções, com abóbada e três arcos torais, à<br />
qual se acrescentou um novo edifício na parte superior.<br />
Aqui o volume da cisterna foi aproveitado <strong>para</strong> se edificar<br />
sobre ela uma sala de reuniões, onde funcionaram as<br />
sessões camarárias. Nesta sala, iluminada por um<br />
conjunto de arcos de volta perfeita, foi introduzido um<br />
banco corrido de pedra. Para alguns autores esta bancada<br />
servia de assento aos edis, enquanto <strong>para</strong> outros era<br />
usada pelas mulheres <strong>para</strong> pousarem os cântaros,<br />
enquanto esperavam a sua vez de tirar a água.<br />
A cobertura deste espaço é feita através de um telhado<br />
com um sistema de escoamento das águas pluviais,<br />
canalizadas <strong>para</strong> a cisterna. O pavimento interior,<br />
composto por lajes de granito, assenta sobre a abóbada<br />
da cisterna e está 1,56 metros acima do solo.<br />
Est. De Conservação: bom.<br />
Localização: Cidadela do Castelo de <strong>Bragança</strong><br />
TORRE DE MENAGEM DO CASTELO<br />
Datação: século XV (1409-1449).<br />
Descrição: a torre de menagem é uma construção gótica<br />
de planta quadrangular, de três pisos com 33 metros de<br />
altura e 17 de largura, onde se salientam as ameias, as<br />
janelas em ogiva e as seteiras.<br />
Na fachada Sul rasga-se uma janela ogival geminada,<br />
ornada por trifólios e quadrifólios, sobre a qual assenta o<br />
escudo da dinastia de Avis.<br />
O primeiro andar da torre dá acesso, através de um<br />
saguão vertical, à cisterna. Esta estrutura está rodeada por<br />
uma segunda cinta de muralhas. Na Torre de Menagem<br />
funciona o Museu Militar de <strong>Bragança</strong>, onde se podem<br />
encontrar peças de artilharia. O acervo museológico, que<br />
é bastante representativo da evolução do armamento<br />
ligeiro dos séculos XVI ao início do século XX, está dividido<br />
pelos três pisos da torre.<br />
Est. de Conservação: bom.<br />
Localização: Cidadela de <strong>Bragança</strong><br />
TORRE DA PRINCESA DO CASTELO<br />
Datação: Época Medieval.<br />
Descrição: a Torre da Princesa é uma estrutura<br />
retangular, adossada à muralha na face norte, que<br />
representa o que restou do Paço do Alcaide ou do<br />
governador da praça. Na fachada virada <strong>para</strong> o interior da<br />
fortaleza há cinco portas e uma janela. Todos estes vãos<br />
são em esquadria.<br />
Est. De Conservação: bom.<br />
Localização: Cidadela de <strong>Bragança</strong><br />
Lendas e Tradições: esta torre é tema de várias lendas,<br />
todas elas tendo em comum a protagonista, uma<br />
princesa, e o enredo, um amor proibido.<br />
Numa delas contada por Júlio Gil, fala-se que esta torre foi<br />
a prisão de uma princesa moura (...) "<strong>para</strong> impedir e<br />
castigar seus amores com um cristão; como continuasse<br />
a repudiar o noivo imposto pelo pai, foi entregue ao<br />
carrasco"... Noutra versão conta-se que aqui viveu<br />
aprisionada uma jovem moura que era a paixão de um<br />
cristão, possivelmente de um trovador.<br />
21
CASTELO<br />
Datação: século XV.<br />
Classificação: Monumento Nacional (Dec. De 16-6-1910).<br />
Descrição: este sistema defensivo é composto por uma<br />
muralha, com a barbacã atualmente bastante reduzida e<br />
pelo castelo que inclui a Torre de Menagem, uma cinta<br />
amuralhada de menores proporções que envolve esta<br />
torre, a Torre da Princesa e o "Poço do Rei". A muralha que<br />
encerra a praça de armas, com um perímetro de 600<br />
metros, é rematada por ameias e acompanhada pelo<br />
caminho de ronda. Tem 15 cubelos e o grosso muro, de 2<br />
metros de espessura, é interrompido pela Porta da Vila, a<br />
Porta de Santo António e no lado oposto a Porta do Sol e<br />
a Porta da Traição.<br />
Est. De Conservação: muito Bom.<br />
PELOURINHO DE BRAGANÇA E A PORCA DA VILA<br />
Datação: Época Medieval.<br />
Classificação: MN (Dec. de 16-6-1910).<br />
Descrição: o pelourinho tem uma base poligonal, de três<br />
degraus, onde assenta uma figura zoomórfica, a Porca da<br />
Vila, em cujo dorso se eleva uma coluna cilíndrica lisa, de<br />
6,40 metros de altura rematada por um capitel, do qual<br />
parte uma cruz de braços iguais cujos torsos são<br />
decorados por carrancas representando motivos<br />
geométricos, zoomórficos e vegetalistas. No remate surge<br />
um sinelo que segura um escudo com as armas da cidade<br />
<strong>Bragança</strong>.<br />
Est. De Conservação: bom<br />
Localização: Cidadela do Castelo de <strong>Bragança</strong><br />
Lendas e Tradições: nas imediações do castelo, no lado<br />
Poente, desde o século XV existiu a igreja paroquial de<br />
Santiago, destruída no século XVII. No lugar desse templo<br />
foi colocado o pelourinho da vila de <strong>Bragança</strong>, que até<br />
1860 esteve situado em frente da casa da Câmara.<br />
IGREJA DE SÃO VICENTE<br />
Datação: construída no século XIII, demolida no século<br />
XVI a mando do bispo D. António Pinheiro e reconstruída<br />
pela Confraria de Santa Cruz, muito possivelmente, entre<br />
1571 e 1638.<br />
Descrição: no espaço externo salienta-se o portal lateral<br />
maneirista, que marca a entrada na igreja conventual, o<br />
fontanário setecentista (1746) com um brasão rocaille<br />
com o escudo real e a torre sineira que substitui uma<br />
anterior. Encontramos ainda no muro sul o painel de<br />
azulejos, no muro sul, mandado executar por Raúl Teixeira<br />
onde se representa a proclamação do general Sepúlveda,<br />
contra a Segunda Invasão Francesa, colocado em 1929 (11<br />
de junho) nas comemorações dos 121 anos desta<br />
efeméride. É uma igreja de nave única de formato<br />
retangular, coberta por uma abóbada de berço revestida<br />
a estuque com um baixo-relevo, no qual se representa, ao<br />
centro, a Ascensão de Cristo e, nos cantos, os Quatro<br />
Evangelistas.<br />
Est. De Conservação: muito bom.<br />
Localização: Rua Abílio Beça, <strong>Bragança</strong><br />
Lendas e Tradições: esta igreja está ligada a várias<br />
tradições religiosas e profanas. Conta uma delas que aqui<br />
se realizou o casamento secreto de D. Pedro I e D. Inês de<br />
Castro, celebrado pelo deão da Sé da Guarda, D. Gil, que<br />
depois foi prelado da diocese. Outra tradição, pouco<br />
22
verosímil, diz que a paróquia de São Vicente, já referida<br />
nas Inquirições de 1258, foi extinta no século XVI por falta<br />
de fregueses.<br />
reedificado em 1734, pelo bispo D. João de Sousa<br />
Carvalho que edificou "casas novas", onde hoje se<br />
encontra instalado o Museu Abade de Baçal.<br />
MUSEU DE ABADE DE BAÇAL<br />
Datação: séculos XVI/XVII.<br />
Classificação: abrange o edifício e jardim do antigo Paço<br />
Episcopal de <strong>Bragança</strong> – IIP (Dec. nº1/86, DR 2 de 3 janeiro<br />
1986.)<br />
Descrição: a fachada deste edifício, que se assemelha a<br />
um solar setecentista, é comprida e está dividida em três<br />
corpos. A porta do extremo ocidental está ladeada por<br />
duas janelas gradeadas, como as janelas do piso nobre<br />
que têm sobre elas outras portas e varandins, também<br />
com grade. No centro ostenta-se a pedra de armas<br />
esculpida por João Alves Lagido, ladeada por três janelas.<br />
Este brasão é em tudo idêntico ao executado na campa<br />
do bispo D. João de Sousa Carvalho, que se encontra na<br />
capela de Nossa Senhora dos Remédios da Sé da Miranda<br />
do Douro. O Museu de Abade de Baçal é antes de mais<br />
um museu dedicado à Arte, à Arqueologia e à Etnografia.<br />
Est. De Conservação: muito bom.<br />
Localização: Rua Abílio Beça, n.º 27, 5300-011 <strong>Bragança</strong><br />
Lendas e Tradições: segundo informações do Monsenhor<br />
José de Castro, os bispos de Miranda tinham de morar<br />
meio ano em <strong>Bragança</strong>. Os Bispos desta cidade, como<br />
não tinham uma residência apropriada, viviam no<br />
Castelo, como acontecia com os seus congéneres de<br />
Miranda, até D. António Pinheiro. O terceiro bispo de<br />
Miranda, D. Julião d’ Alva, instituiu em <strong>Bragança</strong> o Colégio<br />
de São Pedro, que serviu de residência ao bispo.<br />
Este edifício, o Paço Episcopal ou casa de <strong>Bragança</strong>, foi<br />
IGREJA DE SÃO BENTO E MOSTEIRO DE SANTA<br />
ESCOLÁSTICA<br />
Datação: século XVI (1590).<br />
Descrição: na fachada barroca de janelas assimétricas<br />
rasga-se um portal seiscentista (1690) da autoria do<br />
mestre Martinho da Veiga. Sobre o pórtico num pequeno<br />
nicho, em forma de concha flanqueado por duas aletas,<br />
está guardada a imagem de Santa Escolástica. No lado<br />
esquerdo surge o brasão dos Teixeiras, que patrocinaram<br />
esta obra. Neste alçado há vários vãos de janelas, algumas<br />
das quais no nível superior têm molduras de ladrilho<br />
mudéjar. Dentro da igreja, é notável o teto de abóbada de<br />
berço com pintura de perspetiva a óleo sobre madeira, do<br />
pintor Manuel Caetano Fortuna de Castelo Branco, de<br />
1763 onde se representa o templo santo.<br />
Est. De Conservação: bom.<br />
Localização: Rua de S. Francisco, <strong>Bragança</strong><br />
Lendas e Tradições: São Bento é o padroeiro da diocese<br />
de <strong>Bragança</strong>-Miranda e da paróquia de São Bento e São<br />
Francisco. A sua festa acontece anualmente no dia 11 de<br />
julho.<br />
IGREJA E CONVENTO DE SÃO FRANCISCO<br />
Datação: raiz medieval (século XIII/XVIII. O documento<br />
mais antigo que se faz referência ao convento e à igreja é<br />
um testamento de D. Afonso III, de 22 de novembro de 1271).<br />
23
Classificação: IIP (Dec. n.º/86, DR 2 de 3 de janeiro 1986).<br />
Descrição: a fachada está enquadrada por duas pilastras,<br />
a do lado direito é decorada por uma pirâmide e do lado<br />
esquerdo sustenta o campanário quadrangular com<br />
quatro vãos <strong>para</strong> os sinos. A torre sineira é rematada por<br />
quatro coruchéus e está coroada por uma pirâmide<br />
hexagonal com cruz e catavento. Do lado sul da igreja é<br />
bem visível a saliência da capela de Nossa Senhora da Boa<br />
Morte, com quatro janelas. A cabeceira tem a forma de<br />
uma abside românica. É um templo românico,<br />
transformado no período maneirista e barroco, de cruz<br />
latina coberto por uma cúpula cilíndrica.<br />
Est. De Conservação: muito bom.<br />
Lendas e Tradições: conta uma lenda, que a fundação<br />
deste espaço religioso se ficou a dever ao próprio São<br />
Francisco de Assis, quando por aqui passou em 1214 no<br />
regresso da peregrinação a Santiago de Compostela. Em<br />
1634 iniciou-se um peditório dominical <strong>para</strong> as obras da<br />
igreja, prolongando-se até 1679.<br />
Localização: Convento de S. Francisco, 5301 – 902<br />
<strong>Bragança</strong><br />
CAPELA DE SÃO SEBASTIÃO<br />
Datação: século XVI (1569).<br />
Descrição: a pequena e singela capela de São Sebastião<br />
ostenta um retábulo-mor neoclássico com uma imagem<br />
do padroeiro. Terá sido fundada numa época de peste e<br />
resultará de um voto feito por D. Manuel em 1505, no<br />
momento em que a peste assolou o reino. Este monarca<br />
prometeu erigir nos arrabaldes de todas as cidades uma<br />
ermida dedicada a São Sebastião.<br />
Est. De Conservação: bom.<br />
Lendas e Tradições: da capela de São Sebastião saía a<br />
imagem de São Jorge <strong>para</strong> a procissão do Corpus Christi,<br />
sendo acompanhada por um piquete de cavalaria e de<br />
militares. A Câmara estava obrigada a conduzir a sua<br />
imagem, no dia 23 de Abril, à capela de São Jorge perto de<br />
Vila Nova, onde se fazia uma missa campal no seu<br />
exterior, isto porque o povo tinha receio que a imagem, ao<br />
passar <strong>para</strong> a outra margem da ribeira onde se<br />
encontravam as ruínas, nunca mais de lá sairia.<br />
Localização: Rua de São Francisco, <strong>Bragança</strong><br />
IGREJA DA MISERICÓRDIA<br />
Datação: a igreja da Misericórdia foi constantemente<br />
alterada, desde 1539, sendo alvo de várias reconstruções<br />
entre os séculos XVII a XIX.<br />
Descrição: igreja de nave única, com abóbada de berço.<br />
Do seu espólio deve salientar-se as imagens da<br />
Misericórdia e em especial a imagem de Cristo do século<br />
XVI de tamanho natural, exposta no retábulo-mor de<br />
talha da autoria do escultor Manuel Madureira (1682),<br />
onde está colocado o estandarte seiscentista da Santa<br />
Casa da Misericórdia. No lado do Evangelho, surge o altar<br />
de São João Evangelista, do século XVIII que tomou o<br />
lugar de um mais antigo (século XVII).<br />
Est. De Conservação: bom.<br />
Localização: Rua Abílio Beça, <strong>Bragança</strong><br />
IGREJA DO CONVENTO DE SANTA CLARA<br />
Datação: século XVI – O convento foi iniciado em 1569.<br />
Descrição: trata-se de uma igreja de construção robusta,<br />
24
de uma só nave. O portal sul almofadado é uma obra<br />
renascentista de linhas clássicas com alguns<br />
apontamentos barrocos, ornada por dois medalhões. No<br />
seu tímpano está inscrita a data de 1597 e na arquitrave<br />
está assente o brasão da cidade, do período manuelino. A<br />
nave única apresenta uma cobertura de madeira com<br />
pintura cenográfica do século XVIII e tem inscrita a data<br />
de 1930 que corresponderá, muito possivelmente, à data<br />
do restauro. A capela-mor está coberta por uma abóbada<br />
de berço com painéis e tem um retábulo setecentista,<br />
com a imagem de Nossa Senhora das Graças (1862).<br />
Est. De Conservação: bom.<br />
Localização: Rua Emídio Navarro, <strong>Bragança</strong><br />
Lendas e Tradições: a padroeira da cidade de <strong>Bragança</strong>, a<br />
Nossa Senhora das Graças, tem festa no dia 22 de agosto,<br />
num altar desta igreja. As celebrações dedicadas a esta<br />
Santa começam no dia 10 e só terminam no dia 22.<br />
CRUZEIRO DA SÉ<br />
Datação: a data – 1689 está inscrita numa cartela no<br />
pedestal, sob o símbolo da ordem religiosa dos Jesuítas.<br />
Descrição: o cruzeiro é constituído por uma coluna<br />
salomónica, encimada por uma cruz com decoração<br />
floral, com a data de 1689. No fuste de ornatos barrocos há<br />
recortes em espiral, decorados por parras. Em cima do<br />
fuste surge um capitel compósito e no topo uma cruz.<br />
Est. De Conservação: bom.<br />
Localização: Praça da Sé, <strong>Bragança</strong><br />
IGREJA DE SÃO JOÃO BAPTISTA DA SÉ<br />
Datação: século XVI/XVIII<br />
Descrição: na fachada, no alçado norte, rasga-se um<br />
portal da renascença, com alguns elementos já da<br />
estética barroca, constituído por um arco de volta perfeita<br />
encimado por dois medalhões. O entablamento está<br />
assente em duas pilastras de capitéis compósitos e o<br />
frontão apresenta nos extremos dois pináculos, no centro<br />
deste surge um nicho que alberga uma imagem da<br />
Virgem com o Menino, flanqueado por duas pilastras.<br />
Sobre este rasgou-se, posteriormente, uma rosácea<br />
lobulada. Interiormente, o espaço da nave retangular está<br />
ornado por retábulos de talha dourada barroca. Do lado<br />
da Epístola, encontram-se mais dois retábulos barrocos,<br />
um dos quais já com ornatos rocaille. Neste lado,<br />
destaca-se o púlpito seiscentista, de estrado em cantaria<br />
e balaústres feitos em pau-preto, tal como o dossel.<br />
O coro alto barroco também é balaustrado. A cobertura<br />
da capela-mor é abobadada e nela nota-se a mistura de<br />
influências góticas e renascentistas.<br />
Est. De Conservação: muito bom.<br />
Localização: Praça da Sé, <strong>Bragança</strong><br />
Lendas e Tradições: na freguesia da Sé as principais<br />
festas religiosas são a de Nossa Senhora das Graças, que<br />
realiza entre os dias 12 e 22 de agosto, a do Santo<br />
Condestável em junho e a dos Santos Mártires em julho.<br />
CASAS DA RUA DIREITA<br />
Datação: Época Moderna e Contemporânea.<br />
Descrição: na Rua Direita destacam-se várias<br />
construções como o solar dos Morgados, antigo edifício e<br />
25
sede dos Paços do Concelho da Câmara Municipal,<br />
comprado pela edilidade em 1864. O Solar dos Morgados<br />
data provavelmente do século XVIII. Apresenta três pisos,<br />
com duas urnas no remate superior. No rés-do-chão<br />
abrem-se 5 portas de moldura lisa, no piso nobre corre<br />
uma varanda com gradeamento e no piso superior há 5<br />
janelas de guilhotina. A casa do Coronel Machadinho<br />
aparece-nos com os seus lavores decorativos<br />
concentrados na abertura central do piso intermédio,<br />
também ele corrido por uma varanda com grade de ferro.<br />
A casa do coronel tem o portal principal flanqueado por<br />
duas pilastras, apresenta gárgulas na cornija e tem um<br />
último piso recuado.<br />
Est. De Conservação: bom.<br />
Localização: Rua Direita, <strong>Bragança</strong><br />
CAPELA DE SANTO ANTÓNIO<br />
Datação: século XVIII.<br />
Descrição: a capela de pequenas dimensões ergue-se do<br />
solo sobre um conjunto de degraus de granito.<br />
Na fachada surge o escudo real, em cantaria de granito<br />
barroca. Interiormente o espaço está coberto por uma<br />
abóbada em cujo fecho se ostenta o brasão da família dos<br />
Figueiredos e Sarmentos. No exterior, junto da entrada,<br />
há um túmulo de granito do fundador deste espaço<br />
religioso, aqui sepultado a 2 de Fevereiro de 1713.<br />
Est. De Conservação: bom.<br />
Localização: Rua Santo António 5300-257 <strong>Bragança</strong><br />
IGREJA DE NOSSA Sª DO LORETO<br />
Datação: século XVI (1536)<br />
Descrição: a igreja quinhentista foi reconstruída no início<br />
de Oitocentos. É uma igreja de uma nave, que mantém o<br />
púlpito assente numa mísula de granito e com balaústres<br />
de madeira e altares de talha no corpo da igreja e na<br />
capela-mor.<br />
Est. De Conservação: muito bom.<br />
Localização: Rua do Loreto, <strong>Bragança</strong><br />
IGREJA DE NOSSA SENHORA DA RAINHA<br />
Datação: século XVIII-XXI. As obras da nova catedral só<br />
foram iniciadas em 1988. Em 7 de Outubro de 2001 a<br />
igreja foi dedicada a Nossa Senhora Rainha.<br />
Descrição: é a maior e mais importante de todas as<br />
edificações religiosas da cidade. Concebida <strong>para</strong> ser<br />
Igreja do Bispo, onde toma posse, celebra a eucaristia e<br />
preside aos grandes acontecimentos diocesanos.<br />
Edifício de caraterísticas modernas tem como referência<br />
arquitetónica as torres das antigas Igrejas de Sta. Maria e<br />
da Sé. O projeto é da autoria do Arquiteto Vassalo Rosa,<br />
que em 1964 ganha o concurso promovido pela<br />
Fundação Calouste Gulbenkian. Só a 30 de dezembro de<br />
1988 é que se iniciam os trabalhos e a 7 de outubro de<br />
2001 é dedicada a Nossa Senhora Rainha. A necessidade<br />
da construção de uma catedral <strong>para</strong> <strong>Bragança</strong> remonta a<br />
27 de setembro de 1780, quando o Papa Pio VI pede a<br />
reunificação das duas dioceses, de <strong>Bragança</strong> e Miranda,<br />
numa só, com sede em <strong>Bragança</strong>. Foi inaugurada pelo<br />
Bispo Dom António Rafael.<br />
26
Est. De Conservação: muito bom.<br />
Localização: Av. Eng. Amaro da Costa, <strong>Bragança</strong><br />
CAPELA DO SENHOR DOS AFLITOS<br />
Datação: século XIX (por volta de 1804, muito<br />
provavelmente).<br />
Descrição: na fachada revestida a azulejos azuis e<br />
brancos, rasga-se um portal de verga curva, flanqueado<br />
por dois óculos gradeados, encimado por um frontão<br />
circular interrompido por um janelão gradeado, que<br />
comunica com o coroamento do frontispício. No segundo<br />
registo, onde aparecem duas urnas nos cantos e uma<br />
cruz latina sobre um plinto no topo.<br />
Est. De Conservação: muito bom.<br />
Lendas e Tradições: no frontispício há um nicho onde os<br />
devotos colocam as velas, símbolo das suas promessas.<br />
PONTE E FONTE DO JORGE<br />
Datação: século XVI (1557).<br />
Descrição: ponte de tabuleiro horizontal composta por<br />
um arco de ogiva, com aduelas em xisto azul, cujas<br />
fundações assentam no maciço rochoso. Tem 40 metros<br />
de comprimento, 7 metros de vão, 4,40 metros de flecha,<br />
8 metros de altura e 3,50 metros de largura. As guardas<br />
baixas são de alvenaria de xisto e o pavimento é de terra.<br />
Faz conjunto com a Fonte do Jorge, uma fonte de<br />
espaldar seiscentista ou setecentista.<br />
Est. De Conservação: bom.<br />
Lendas e Tradições: algumas pessoas consideram que a<br />
Fonte do Jorge foi usada como pia batismal enquanto<br />
<strong>para</strong> outras servia de bebedouro.<br />
Localização: <strong>Bragança</strong><br />
MOSTEIRO E IGREJA DE CASTRO DE AVELÃS<br />
SANTUÁRIO DE SÃO BARTOLOMEU<br />
Datação: Época Contemporânea.<br />
Descrição: este edifício religioso tem vindo a ser<br />
remodelado ao longo dos tempos. Apresenta uma<br />
fachada divida em três corpos, com seis janelas<br />
gradeadas e uma porta de arco de volta perfeita no<br />
espaço central. O remate da fachada é feito pela sineira<br />
que interrompe a empena. Nela surgem três vãos <strong>para</strong> os<br />
sinos coroados por uma cruz no topo e dois pináculos nos<br />
cantos.<br />
Est. De Conservação: bom.<br />
Localização: São Bartolomeu, <strong>Bragança</strong><br />
Datação: séculos XIII/XVI/XVIII.<br />
Classificação: MN (Dec. De 16-6-1910).<br />
Descrição: o Mosteiro beneditino de Castro de Avelãs<br />
gozou da proteção de Afonso Henriques, exercendo este<br />
uma influência determinante na economia da região<br />
onde foi implantado, pelo menos até ao século XIII. Foi<br />
um núcleo monacal extremamente importante do<br />
Nordeste Transmontano, entre os séculos XII e XVI.<br />
A igreja situa-se entre as ruínas do convento e o que<br />
restou de uma torre e casa paroquial. A velha e<br />
incompleta igreja foi construída ao estilo românico<br />
mudéjar de raiz leonesa, com tijolo vermelho, um<br />
material pouco usado entre nós. Deste projeto, nunca<br />
27
concluído, restaram a cabeceira, com três capelas<br />
semicirculares, uma das torres da fachada e o arranque<br />
da parede da nave lateral, visível no lado sul. No absidíolo<br />
sul encontra-se um sarcófago monolítico de granito,<br />
composto por arco feral <strong>para</strong>lelepipédico, com tampa de<br />
secção pentagonal com remate superior de duas águas.<br />
O túmulo está decorado por dois brasões e uma inscrição<br />
inacabada – "ERA DE MIL E CCC E" – gravada na sua tampa.<br />
Est. De Conservação: bom.<br />
Localização: Aldeia de Castro de Avelãs<br />
Lendas e Tradições: uma velha tradição diz que o túmulo,<br />
guardado no interior de um dos absidíolos, pertence ao<br />
cavaleiro D. Pelaio, conhecido como conde de Ariães.<br />
Segundo reza a lenda, este conde fazia vitoriosas<br />
incursões bélicas contra os muçulmanos no tempo de D.<br />
Ramiro II, que encantavam os habitantes de <strong>Bragança</strong>.<br />
Este propusera-lhe entregar a cidade, caso concordasse<br />
entrar num desafio campal com um mouro, mas em<br />
força desigual. Confiante do seu triunfo, o conde aceitou o<br />
desafio marcado <strong>para</strong> o dia de São Jorge, a quem<br />
prometeu, em caso de vitória, erigir uma capela da sua<br />
invocação a qual visitaria anualmente em procissão.<br />
No Prado do Talho, o cavaleiro derrotou o inimigo, no<br />
limite da veiga de Airães, e mandou edificar um templo<br />
em honra de São Jorge. Outra tradição conta um episódio<br />
menos feliz da história deste conde. Certo dia, este<br />
zangou-se com a sua mãe, por esta não ter o jantar<br />
pronto quando voltava da caça e no pico da sua ira<br />
atiçou-lhe os cães que a mataram. Como forma de<br />
castigo, pelo crime horrendo que cometera, foi obrigado a<br />
tirar um cabelo da sua cabeça e metê-lo numa pia com<br />
água debaixo de uma pedra, até que este se<br />
transformasse numa cobra. Quando o animal estivesse<br />
bem crescido, seria metido com o conde numa tumba,<br />
identificada com o túmulo do mosteiro de Castro de<br />
Avelãs, <strong>para</strong> que fosse devorado pela cobra e assim fosse<br />
vingada a morte da sua mãe.<br />
PONTE DE ARIÃES<br />
Datação: Idade Média/Idade Moderna.<br />
Descrição: ponte de tabuleiro em cavalete assente sobre<br />
três arcos desiguais com longas rampas. O arco de<br />
maiores dimensões é o arco do meio, quebrado como o<br />
arco lateral Sul. O arco lateral norte é de volta perfeita.<br />
Na base dos arcos há cavidades <strong>para</strong> apoio dos<br />
agulheiros. O tabuleiro tem cerca de 3 metros de largura,<br />
está pavimentado com camada betuminosa e tem<br />
guardas de metal. O aparelho é de alvenaria de xisto, tem<br />
dois pegões reforçados com contrafortes, talhantes<br />
triangulares e talha mares de secção circular.<br />
Est. De Conservação: bom.<br />
Localização: Castro de Avelãs, <strong>Bragança</strong><br />
IGREJA DE SÃO SALVADOR DO MUNDO, MATRIZ<br />
DE GOSTEI<br />
Datação: século XVIII (conjetural) /século XIX.<br />
Descrição: igreja barroca de planta longitudinal, com<br />
uma nave e capela-mor de formato retangular. Do lado<br />
esquerdo tem adossado o batistério e a sacristia. O<br />
altar-mor apresenta um retábulo de talha dourada e<br />
branca com a imagem de São Sebastião no centro.<br />
Est. De Conservação: muito bom.<br />
Localização: Gostei, <strong>Bragança</strong><br />
28
PELOURINHO E CASA DO TRIBUNAL E CADEIA<br />
Datação: o Pelourinho será do século XIII (conjetural).<br />
Classificação: o Pelourinho está classificado IIP (Dec. N.º<br />
122, DG 231 de 11 outubro 1933).<br />
Descrição: pelourinho de tipo bragançano, segundo a<br />
tipologia criada por Luís Chaves, tem um soco composto<br />
por dois degraus e assenta numa base quadrangular.<br />
O fuste cilíndrico tem a superfície lisa e é de baixa altura.<br />
No remate surge uma pirâmide de quatro faces.<br />
Est. De Conservação: bom.<br />
Localização: Gostei, <strong>Bragança</strong><br />
IGREJA DE NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO,<br />
MATRIZ DE REBORDÃOS<br />
Datação: a igreja primitiva seria medieval. No portal<br />
lateral está inscrita uma data que corresponderá a 1677.<br />
Descrição: igreja de planta retangular, em cuja fachada<br />
se abre um portal protegido por um alpendre. No remate<br />
do frontispício surge a torre sineira quadrangular, com<br />
dois vãos <strong>para</strong> os sinos. O relógio da igreja datado de 1914<br />
tem um curioso mecanismo acionado por dois blocos de<br />
granito. No interior da nave única há trabalhos de talha<br />
policroma popular nos retábulos e no púlpito e há pintura<br />
de cariz popular na cobertura da nave e da capela-mor.<br />
Na cabeceira salienta-se a imagem da padroeira, Nossa<br />
Senhora da Assunção, entronizada num retábulo de talha<br />
dourada, que será anterior a 1722. Em frente do portal<br />
lateral há uma capela da invocação de Santo Cristo.<br />
Est. De Conservação: bom.<br />
Lendas e Tradições: a imagem da capela de Santo Cristo,<br />
situada junto do portal lateral, era considerada milagrosa<br />
no século XVIII.<br />
Localização: Rebordãos, <strong>Bragança</strong>.<br />
PELOURINHO DE REBORDÃOS<br />
Descrição: Pelourinho rústico formado por uma base de<br />
granito onde assenta uma coluna tosca de fuste oitavado<br />
ornamentado, a meia altura, por semiesferas e<br />
sobrepujado por um capitel cúbico, com arestas<br />
parcialmente cortadas por golpes côncavos. O conjunto é<br />
rematado por uma calote esférica.<br />
Classificação: IIP (Dec. n.º 122, DG 231 de 11 outubro 1933).<br />
Datação: século XII/XIV.<br />
Est. De Conservação: mau.<br />
Localização: Rebordãos, <strong>Bragança</strong><br />
SANTUÁRIO DA SENHORA DA SERRA<br />
Datação: a fachada do santuário deverá ser do final do<br />
século XVI ou do início do século XVII. O interior do templo<br />
poderá ser mais antigo, sendo datável do século XV ou XVI.<br />
Descrição: o Santuário da Senhora da Serra, também<br />
conhecido como o Santuário de Nossa Senhora das<br />
Neves, é uma igreja de três naves, se<strong>para</strong>das por colunas<br />
e pilastras cujos capitéis, de especto arcaico, parecem ser<br />
do século XV ou XVI. O altar-mor, de talha setecentista, foi<br />
restaurado nos anos 70 e a imagem da Senhora da Serra<br />
é do início do século XX. Entre 30 de agosto e 8 de<br />
setembro, esta igreja é palco de grandes celebrações<br />
religiosas e profanas que culminam com a romaria de<br />
29
Nossa Senhora da Serra.<br />
Localização: Rebordãos; Serra da Nogueira, <strong>Bragança</strong><br />
Lendas e Tradições: conta a lenda a história de uma<br />
pastora muda, que certo dia, ao apascentar o seu rebanho<br />
no alto da serra, foi visitada pela Virgem. Esta Senhora<br />
pediu-lhe que transmitisse o seu desejo ao juiz de<br />
Rebordãos, de ver erigida uma capela em sua honra no<br />
ponto mais alto da serra. A pastora transmitiu a Sua<br />
mensagem, mas o juiz do povo não cumpriu a vontade da<br />
Virgem, pois procurou um lugar mais próximo do<br />
povoado e mais protegido dos ventos. A Virgem mandou<br />
então chamar João Rodrigues, o homem mais rico da<br />
aldeia, <strong>para</strong> que o Seu templo fosse edificado no local<br />
indicado. No dia marcado <strong>para</strong> o encontro, a 5 de agosto,<br />
o dito senhor começou a obra. Numa fraga do planalto da<br />
Senhora da Serra surgiram umas inscrições, que o povo<br />
identifica como as marcas da ferradura da "burrinha que<br />
levou Nossa Senhora ao Egipto". A grande festa religiosa<br />
dedicada a Nossa Senhora da Serra ocorre no dia 8 de<br />
setembro, o dia da Natividade.<br />
BASÍLICA DE SANTO CRISTO DE OUTEIRO<br />
Classificação: MN - Decreto n.º 14 615, DG, I Série, n.º 260,<br />
de 24-11-1927<br />
Descrição: de acordo com uma inscrição patente na<br />
igreja, de 26 de abril de 1698, num pequeno templo<br />
existente à entrada da povoação do Outeiro suou sangue<br />
o Santo Xpo. Este milagre, que haveria de conhecer<br />
grande divulgação e originar ainda maior devoção, levou<br />
a que, ainda nesse mesmo ano de 1698, fosse lançada a<br />
primeira pedra do novo santuário, evocativo deste<br />
acontecimento. Apesar da importância da obra, esta<br />
somente ganhou fôlego em pleno reinado de D. João V,<br />
remontando a sua edificação aos anos de 1725 e 1739.<br />
Situada junto à fronteira com Espanha, onde as guerras<br />
da Restauração, primeiro, e as da Sucessão, depois, se<br />
fizeram sentir mais veementemente, esta imponente e<br />
grandiosa igreja constitui um caso raro, senão único, no<br />
panorama arquitetónico português dos anos do Barroco.<br />
Muito embora a arquitetura setecentista tenha sido<br />
marcada por um forte ecletismo (GOMES, 1988), Santo<br />
Cristo do Outeiro destaca-se por se assumir como<br />
experiência revivalista, à margem dos modelos eruditos<br />
que à época se produziam na capital. De facto, o que aqui<br />
observamos é um retorno a 1500, consubstanciado numa<br />
série de citações gótico-renascentistas, e também<br />
maneiristas, que têm por principal fonte a igreja de Santa<br />
Maria de Belém, monumento emblemático do reinado de<br />
D. Manuel. Merece especial atenção a fachada principal,<br />
flanqueada por torres, com remate piramidal revestido<br />
por telha. O corpo central, em cantaria, e rematado por<br />
uma balaustrada que une as duas torres, organiza-se em<br />
função do portal mainelado (ao qual falta o mainel), a que<br />
se sobrepõe um óculo decorado, ambos de tipologia<br />
manuelina. Ladeiam estes elementos duas colunas<br />
dóricas, que são continuadas por colunas torsas, estas<br />
enquadrando nichos de frontão interrompido.<br />
Não se conhece o autor do projeto, cujo desenho se<br />
encontra riscado no chão do templo, mas parece fora de<br />
dúvida que a planta tenha vindo de Lisboa. Sabe-se,<br />
contudo, o nome de muitos dos artífices que aqui<br />
trabalharam, destacando-se uma série de mestres<br />
pedreiros de origem galega e leonesa. Supõe-se, assim, o<br />
contacto destes trabalhadores com a arquitetura lisboeta,<br />
facto de grande significado <strong>para</strong> o estudo das ligações<br />
arquitetónicas de fronteira. Longe dos modelos barrocos<br />
que, ao tempo, se edificavam na capital, Santo Cristo do<br />
Outeiro, que durante o século XVIII se tornou um<br />
30
concorrido santuário de peregrinação, parece dever o seu<br />
programa de retorno a 1500 à tentativa de revitalização de<br />
uma época áurea <strong>para</strong> Portugal, legitimadora da<br />
identidade de Portugal e de forte pendor nacionalista,<br />
que se explica pela proximidade com Espanha e a ainda<br />
muito recente memória das guerras da Independência e<br />
da Sucessão (IDEM, p. 198). (RC)<br />
CASTELO DE REBORDÃOS/ CASTELO DE TOURÕES<br />
Datação: Medieval (século XIII conjetural).<br />
Classificação: Imóvel de Interesse Público (Dec. n.º 361,<br />
DG 228 de 20 outubro de 1955).<br />
Descrição: do castelo medieval de planta elíptica,<br />
construído num pico rochoso, subsistem algumas<br />
secções de muros feitos de pedra miúda e argamassa.<br />
Esta fortificação tinha acesso pelo lado Sul, onde se<br />
situaria a entrada, mas pelo lado Este o acesso também<br />
era fácil. A Norte e a Oeste ficam as escarpas. Neste ponto,<br />
antes do castelo, terá existido um povoado fortificado da<br />
Idade do Ferro, estudado entre outros pelo Abade de Baçal.<br />
Est. De Conservação: ruínas.<br />
Lendas e Tradições: segundo a lenda, o Castelo de<br />
Taurones ou dos Tourões pertencia a um potentado<br />
mouro a quem as populações vizinhas pagavam como<br />
tributo, um indeterminado número de donzelas <strong>para</strong> o<br />
seu harém. Uma das donzelas, em conluio com o seu<br />
povo, colocou uma vela acesa num prado da vizinhança,<br />
enquanto o seu carcereiro dormia. Mediante este sinal o<br />
mouro foi morto e o castelo destruído. Na região este<br />
castelo é conhecido como o castelo dos mouros, o que<br />
deu azo à crença popular de que ali existirem tesouros<br />
escondidos e desencadeou várias escavações, nas quais<br />
apareceram: cerâmica, telha, mós, pontas de seta e<br />
esporas de ferro e ossadas.<br />
Localização: Rebordãos, <strong>Bragança</strong><br />
PELOURINHO DE REBORDAINHOS<br />
Datação: Medieval (conjetural).<br />
Classificação: IIP (Dec. nº23 122, DG 231 de 11 outubro 1933).<br />
Descrição: o pelourinho ergue-se sobre dois degraus<br />
assentes no afloramento rochoso. A coluna tem um fuste<br />
octogonal com anel de ferro. O remate é feito através de<br />
um bloco, ou capitel prismático quadrado, com as faces<br />
rebaixadas decoradas com baixos-relevos historiados,<br />
hoje bastante apagados, mas onde se pode ver uma cara<br />
e uma cruz de Santo André.<br />
Est. De Conservação: razoável.<br />
Localização: Rebordainhos, <strong>Bragança</strong><br />
CAPELA DA CABEÇA BOA<br />
Datação: Época Moderna (a primitiva igreja seria do<br />
século XV).<br />
Descrição: a fachada está revestida a azulejos modernos.<br />
O portal está decorado por um concheado sobre o qual se<br />
rasga um janelão gradeado. No remate do frontispício<br />
surge um frontão triangular interrompido pela sineira.<br />
Interiormente destacam-se os altares de talha policroma.<br />
Est. De Conservação: bom.<br />
Lendas e Tradições: a romaria do Senhor da Cabeça Boa<br />
ocorre no primeiro Domingo de Maio. Certo dia, um<br />
emigrante português no Brasil ao ver-se perdido no alto<br />
mar pediu ajuda a Santo Cristo, prometendo edificar-lhe<br />
um templo se fosse salvo. Assim nasceu a capela de Santo<br />
31
Cristo, onde se festeja a chegada do Cristianismo às terras<br />
de Vera Cruz. Diz-se também que nas noites mais escuras,<br />
o lampião suspenso do zimbório da capela é avistado nas<br />
serras distantes.<br />
Localização: Samil, <strong>Bragança</strong><br />
PATRIMÓNIO ARQUEOLÓGICO DE SAMIL<br />
Descrição: em Samil preservam-se alguns vestígios do<br />
seu passado mais longínquo. No lugar de Martim<br />
Cansado foi encontrada uma escultura escavada na rocha<br />
e a cerca de 3 km de <strong>Bragança</strong> subsistem as ruínas do<br />
castro de Samil, um povoado de 400 metros, cercado por<br />
muralhas e cingido por dois fossos. Num desses fossos<br />
existe o "Castanheiro do Senhor", isto é uma grande<br />
árvore que segundo a tradição local marca o lugar de<br />
uma cisterna oculta, povoada por mouras encantadas.<br />
Neste local foram encontrados vestígios da muralha,<br />
pedras de granito decorados, partes de machados e<br />
cerâmica. Em Castrilhas foram achados alguns vestígios<br />
de uma fortaleza, destruída pelos espanhóis em 1762.<br />
Lendas e Tradições: segundo uma lenda, debaixo das<br />
fragas do Castanheiro do Senhor vivem mouras<br />
encantadas que ainda se ouvem a tecer em engenhos de<br />
ouro no dia de São João (24 de junho).<br />
Localização: Samil, <strong>Bragança</strong><br />
IGREJA DE SANTA MARIA MADALENA,<br />
PAROQUIAL DE GRIJÓ DE PARADA<br />
Datação: a igreja primitiva seria medieval, possivelmente<br />
do século XIII ou XIV, da qual só se conserva o portal<br />
românico.<br />
32<br />
Descrição: a fachada de aspeto robusto e bastante<br />
estreita terá tido um alpendre. Nela destaca-se o portal de<br />
arco de volta perfeito com três arquivoltas. A torre sineira,<br />
construída de alvenaria rebocada, será fruto de um<br />
acrescento do século XVIII. O portal lateral, localizado no<br />
lado da Epístola, de jambas apilastradas e capitéis da<br />
Ordem Toscana, tem um frontão triangular que alberga<br />
uma imagem da padroeira, Santa Maria Madalena e<br />
apresenta uma inscrição. No interior, de uma nave, o solo<br />
está revestido a lajes de granito e a decoração resume-se<br />
a dois retábulos de talha barroca, que ladeiam o arco<br />
cruzeiro e um púlpito, de estrado e escadaria de granito,<br />
adossado à parede no lado do Evangelho.<br />
Est. De Conservação: bom.<br />
Lendas e Tradições: em Grijó de Parada há um monte<br />
chamado Torre de Modorra, do qual se tiraram as pedras<br />
<strong>para</strong> a reconstrução da igreja. Não parece tratar-se de<br />
uma mamoa, mas possivelmente de um castro ou de um<br />
reduto defensivo.<br />
Localização: Grijó de Parada, <strong>Bragança</strong><br />
IGREJA DE SÃO LOURENÇO, PAROQUIAL<br />
DE PAREDES<br />
Datação: igreja de raiz medieval, reconstruída no final do<br />
século XVIII.<br />
Descrição: o pórtico poderá ser anterior à reconstrução<br />
da igreja, no final do século XVIII. Tem jambas apilastradas<br />
e dintel retilíneo que sustenta um frontão triangular,<br />
flanqueado por duas pirâmides e encimado por um óculo<br />
quadrilobado. Interiormente apresenta uma nave de<br />
muros lisos. Ao fundo, do lado do Evangelho, fica a capela<br />
batismal e mais à frente surgem a porta de acesso pelo<br />
lado norte e ainda duas janelas. No lado da Epístola
destaca-se o púlpito com um gradeamento de talha<br />
rocaille, ao qual se acede por uma escada localizada na<br />
sacristia. A capela-mor, de planta retangular, tem lajes de<br />
granito no piso, duas janelas, e paredes cobertas a cal.<br />
Est. De Conservação: bom.<br />
Localização: Parada, <strong>Bragança</strong><br />
CASTRO DE CIRAGATA<br />
Datação: Idade do Ferro/Romanização<br />
Classificação: IIP (Dec. nº1/86, DR 2 de 3 janeiro 1986).<br />
Descrição: povoado fortificado da Idade do Ferro, depois<br />
romanizado, já muito destruído, situado num monte com<br />
cerca de 890 metros de altitude onde se ergueram<br />
estruturas de pedra solta e um fosso largo e profundo que<br />
rodeava a muralha. Noutros pontos mais acessíveis<br />
edificou-se uma linha de muralha.<br />
Est. De Conservação: mau.<br />
Localização: Parada, <strong>Bragança</strong><br />
IGREJA MATRIZ DE PARADA<br />
Datação: Idade Média/Idade Moderna. Igreja de raiz<br />
medieval transformada no século XVIII.<br />
Descrição: o pórtico principal, de arco apontado,<br />
decorado por meias esferas, encontra-se sobrepujado por<br />
cachorros que indiciam a existência prévia de um<br />
alpendre. Na torre do relógio, do lado esquerdo vê-se uma<br />
carantonha. No seu interior apresenta três naves<br />
se<strong>para</strong>das por colunas, uma das quais tem adossada uma<br />
pia de água benta de granito. Na nave mantém-se o<br />
púlpito de granito, com a forma de um capitel toscano,<br />
ornado por uma pintura popular datada de 1920. Tem<br />
altares de talha dourada e policroma e no piso há lajes de<br />
granito, ladeadas por traves de madeira. A cobertura do<br />
corpo da igreja é feita de madeira sem decoração,<br />
enquanto que a da capela-mor se encontra forrada a<br />
caixotões com pintura hagiológica. O arco cruzeiro<br />
neoclássico está decorado por uma tarja de talha<br />
dourada rocaille.<br />
Est. De Conservação: bom.<br />
Lendas e Tradições: diz o povo, que no Vale de Sio, saiu<br />
uma moura encantada, um ser híbrido meio humano<br />
meio cabra, que se dirigiu a um homem dizendo: "Anda<br />
cá, António Alves, que levarás <strong>para</strong> ti, filhos, netos e<br />
tataranetos". Com medo este fugiu e o encanto terminou.<br />
Localização: Parada, <strong>Bragança</strong><br />
SANTUÁRIO DE NOSSA SENHORA DO AVISO<br />
Descrição: neste local além do santuário, composto por<br />
oito cenários alusivos ao calvário, fica também a fonte dos<br />
Engaranhos com umas inscrições impercetíveis.<br />
Datação: século XVIII (conjetural).<br />
Est. De Conservação: razoável.<br />
Lendas e Tradições: o povo acredita que a fonte dos<br />
Engaranhos tem o poder de curar pessoas que sofrem de<br />
problemas de crescimento, de locomoção e até de fala.<br />
Em maio de 1932, o Abade de Baçal descobriu várias<br />
insculturas pré-históricas numa rocha perto da Fonte dos<br />
Engaranhos, pertencente, muito possivelmente, a um castro<br />
luso-romano. Em Serapicos também se falam de tesouros<br />
escondidos e de mouras encantadas. A romaria da Senhora<br />
do Aviso é celebrada no primeiro Domingo de Junho.<br />
Localização: Serapicos, <strong>Bragança</strong><br />
33
PELOURINHO DE SANCERIZ<br />
Datação: século XIV<br />
Classificação: IIP (Dec. n.º 122, DG 231 de 11 outubro 1933).<br />
Descrição: Pelourinho de pinha assente sobre um soco de<br />
três degraus quadrados de diferentes alturas feitos em<br />
xisto. A base da coluna é composta por um tronco de<br />
pirâmide octogonal, de forma oblonga com 80 cm de<br />
altura, sob a qual se ergue o fuste octogonal de superfície<br />
lisa.<br />
Est. De Conservação: razoável<br />
Localização: Macedo do Mato; <strong>Bragança</strong><br />
em bisel e faces de jusante arredondadas. O coroamento<br />
das guardas é feito de pedra, com a parte superior<br />
arredondada e parte restante destas com pedra<br />
trabalhada colocada ao alto. Tem 30.6 metros de<br />
comprimento, 2.5 metros de largura entre as guardas,<br />
vãos de 2, 3, 4, 3 e 2 metros e altura máxima de 5 metros.<br />
O pavimento é do tipo calçada à portuguesa.<br />
Datação: século XV (data provável da sua construção).<br />
Classificação: VC (Dec. n.º/90, DR 163 de 17 julho 1990).<br />
Est. De Conservação: bom.<br />
Localização: Macedo do Mato, <strong>Bragança</strong><br />
PELOURINHO DE FRIEIRA<br />
IGREJA DE NOSSA SENHORA DA ASSUNÇÃO,<br />
MATRIZ DE IZEDA<br />
Datação: século XIII/XIV.<br />
Descrição: este pelourinho de "tipo bragançano" tem um<br />
enquadramento quadrangular recente que acompanha o<br />
declive do terreno, está assente num soco de dois degraus<br />
quadrangulares e apresenta uma base do mesmo formato.<br />
Classificação: IIP (Dec. n.º 122, DG 231 de 11 outubro 1933).<br />
Est. De Conservação: razoável.<br />
Localização: Macedo do Mato, <strong>Bragança</strong><br />
PONTE DE FRIEIRA<br />
Descrição: ponte de tabuleiro em cavalete, de 5 arcos de<br />
volta perfeita, sendo o central de maior vão, cujas<br />
fundações assentam diretamente no solo. Os pilares e<br />
talha mares têm faces de montante triangulares, cortadas<br />
Datação: poderá ter sido construída ou reconstruída em 1757.<br />
Descrição: o acesso a este templo, de grandes dimensões,<br />
é feito por uma escadaria ampla. No adro ajardinado da<br />
igreja há uma pia de água benta proveniente da capela<br />
arruinada de Santa Eulália, onde se diz ter existido a<br />
cidade de Medea. Na imponente fachada destaca-se a<br />
alta torre sineira de três registos. No interior há 9 altares<br />
de talha policroma; um púlpito revestido a talha; o<br />
batistério de granito e o altar-mor sobrepujado pelas<br />
armas nacionais.<br />
Est. De Conservação: bom.<br />
Lendas e Tradições: numa casa da Rua da Fonte do<br />
Mouro, no Bairro do Pereiro, subsiste a memória do local<br />
de assento da antiga paroquial. Trata-se de uma pedra<br />
com a data 1622. As principais festividades religiosas desta<br />
vila são a de São Sebastião (no 3º Domingo de Janeiro), a<br />
de Santo Apolinário (no último Domingo de Julho) e a de<br />
34
Nossa Senhora da Assunção (a 15 de agosto). Aqui<br />
também se realiza uma feira quinzenal (a 8 e a 26 de cada<br />
mês) e uma feira anual (a 8 de dezembro).<br />
Localização: Izeda, <strong>Bragança</strong><br />
CAPELA DA SENHORA DE IDERA/CAPELA<br />
DA HERA<br />
Datação: Cova de Lua foi sede de uma freguesia da<br />
invocação de Santa Comba, que aparece documentada<br />
desde o século XIII.<br />
Classificação: IIP (Dec. n.º/86, DR 2 de 03 janeiro de 1986 e<br />
Dec. n.º/93, DR 280 de 30 de novembro de 1993.<br />
Descrição: desta capela terá restado apenas uma parede<br />
e um vão que pertenceria a um arco quebrado. Em 1905 a<br />
capela de Nossa Senhora da Idera era já um monte de<br />
ruínas, entre as quais se encontrou uma lápide de granito<br />
dedicada a Baudue, que segundo J. Cardoso Borges era<br />
uma divindade autóctone e que indica o culto à Lua.<br />
Est. De Conservação: ruínas.<br />
Localização: Espinhosela, <strong>Bragança</strong><br />
Todos os alçados são percorridos por um embasamento e<br />
cornija, com cunhais rematados por pináculos. O espaço<br />
interior apresenta paredes rebocadas e o rodapé pintado<br />
de azul. O coro alto de madeira tem balaustres e escada<br />
de acesso do lado da Epístola. Na nave destacam-se:<br />
quatro capelas colaterais, de arco de volta perfeita; a porta<br />
de acesso ao coro alto e ao adro; a pia de água benta e o<br />
púlpito sobre mísula com balaustres.<br />
Est. De Conservação: bom<br />
Localização: Espinhosela, <strong>Bragança</strong><br />
IGREJA DE SANTO ESTEVÃO, MATRIZ<br />
DE ESPINHOSELA<br />
Datação: século XIV (conjetural) / Idade Moderna<br />
Descrição: igreja maneirista de planta retangular, com<br />
um alpendre quadrangular. Tem uma nave única,<br />
capela-mor e sacristia adossada do lado esquerdo.<br />
Apresenta cobertura única em telhados de duas águas,<br />
exceto no alpendre onde a cobertura é de três águas.<br />
35
ESPAÇOS<br />
CULTURAIS<br />
O Município de <strong>Bragança</strong> dispõe de uma excelente rede<br />
de equipamentos e espaços culturais. Espaços temáticos<br />
que são portas abertas <strong>para</strong> a diversão e o lazer, mas,<br />
fundamentalmente, <strong>para</strong> o conhecimento da cultura e da<br />
tradição do território, <strong>para</strong> a interpretação de movimentos<br />
artísticos, <strong>para</strong> encontros com a arte e a criatividade.<br />
Apontamos os mais significativos:<br />
FUNDAÇÃO “OS NOSSOS LIVROS”<br />
Descrição: antigo Solar dos Teixeiras. É uma construção<br />
do século XVII e ostenta o Brasão dos Teixeiras no cunhal.<br />
Este brasão também se encontra na fachada da Igreja de<br />
S. Bento. Edifício dos fins do séc. XVI.<br />
Neste imóvel instalou-se, por iniciativa e apoio da Câmara<br />
Municipal a Sede da Fundação “Os Nossos Livros”, sendo a<br />
sua Biblioteca inaugurada em 1996, descerrando-se o<br />
busto em bronze do Doutor Artur Águedo de Oliveira, seu<br />
fundador.<br />
Biblioteca: O acervo bibliográfico possuído pela Fundação<br />
“OS NOSSOS LIVROS”, proporcionando ao leitor colher<br />
informações acerca do passado histórico, político,<br />
sociológico, financeiro, jurídico e cultural, constitui,<br />
igualmente, um incentivo metodológico no estudo do<br />
planeamento do passado recente da História de Portugal.<br />
Morada: Rua Trindade Coelho nº 32, <strong>Bragança</strong><br />
AUDITÓRIO PAULO QUINTELA<br />
Descrição: a casa que foi do Visconde de Ervedosa (filho<br />
do Tenente-General Sepúlveda) preparou-se, em 1910,<br />
<strong>para</strong> receber o Rei D. Manuel II durante a visita à cidade,<br />
que, no entanto, não se chegou a realizar. Em 1942, o<br />
edifício foi adquirido <strong>para</strong> Sede do Município, onde se<br />
manteve até 1982. Recuperado <strong>para</strong> "Centro Cultural",<br />
serviu, primeiro, a instalação da Presidência da República<br />
(Presidência aberta de Mário Soares - fevereiro de 1987).<br />
Hoje, após a abertura do novo Centro Cultural, localizado<br />
na Praça da Sé, este edifício funciona como Auditório, que<br />
serve a Assembleia Municipal e, nas restantes<br />
dependências, o Arquivo Municipal.<br />
Morada: Rua Abílio Beça, 75/77, <strong>Bragança</strong><br />
CENTRO CULTURAL MUNICIPAL<br />
ADRIANO MOREIRA<br />
Descrição: o Centro Cultural Adriano Moreira foi durante<br />
séculos destinado a fins educativos. Construído no ano de<br />
1562 <strong>para</strong> Convento de Freiras Claras foi entregue aos<br />
Jesuítas onde fundaram um prestigiado Colégio. Com a<br />
expulsão da Ordem no ano de 1759, aí se instalou em 1766<br />
o Seminário Diocesano; de 1853 a 1968 o Liceu Nacional e<br />
de 1968 a 1995 a Escola Pre<strong>para</strong>tória Augusto Moreno.<br />
Recuperado no ano de 2004 pelo Município de <strong>Bragança</strong>,<br />
aqui estão instaladas: a Biblioteca Municipal; a Biblioteca<br />
36
Adriano Moreira; a Academia de Letras de Trás-os-Montes;<br />
o Conservatório de Música; Salas de Exposições e espaço<br />
de memória da Cidade.<br />
Morada: Centro Cultural Municipal Adriano Moreira, Praça<br />
da Sé, <strong>Bragança</strong><br />
TEATRO MUNICIPAL<br />
do Dr. Raul Teixeira, Diretor do Museu do Abade de Baçal<br />
entre 1935 e 1955. Grande impulsionador da cultura da<br />
região e defensor do seu património, que desempenhou<br />
um papel decisivo na projeção do Museu e na angariação<br />
de parte significativa do seu acervo, visando as<br />
excelentes relações que tinha junto dos meios culturais e<br />
artísticos da época.<br />
Morada: Rua Abílio Beça, n.º 27, <strong>Bragança</strong><br />
Descrição: o Teatro Municipal de <strong>Bragança</strong> é o principal<br />
teatro do nordeste transmontano. O edifício foi<br />
inaugurado em 2004. A estrutura foi projetada pelo<br />
arquiteto português Filipe Oliveira Dias no ano de 2001.<br />
Faz parte da rede nacional de teatros portuguesa.<br />
Morada: Teatro Municipal de <strong>Bragança</strong>, Praça Professor<br />
Cavaleiro Ferreira, <strong>Bragança</strong><br />
CENTRO DE ARTE CONTEMPORÂNEA GRAÇA<br />
MORAIS<br />
Descrição: o Centro de Arte Contemporânea, inaugurado<br />
em junho de 2008, tem origem no protocolo celebrado<br />
em fevereiro de 1999 entre os municípios de <strong>Bragança</strong> e<br />
Zamora.<br />
MUSEU DO ABADE DE BAÇAL<br />
Descrição: as principais coleções que integram o acervo<br />
do museu são Arqueologia, Epigrafia, Arte Sacra, Pintura,<br />
Ourivesaria, Numismática, Mobiliário e Etnografia.<br />
O espólio do museu tem sido gradualmente enriquecido<br />
através de doações, legados e aquisições.<br />
O Museu foi criado por Decreto Lei em 13 de novembro de<br />
1915 sob a designação de Museu Regional de Obras de<br />
Arte, Peças Arqueológicas e Numismática de <strong>Bragança</strong>.<br />
Em 1935, data da jubilação do Abade de Baçal, passa a<br />
designar-se Museu do Abade de Baçal, em homenagem<br />
ao erudito, investigador e também Diretor do Museu<br />
entre 1925 e 1935.<br />
Revestiu-se de grande importância <strong>para</strong> o Museu a ação<br />
O Centro de Arte Contemporânea Graça Morais tem<br />
como missão sensibilizar e promover o conhecimento da<br />
arte contemporânea, nacional e internacional, em geral, e<br />
da obra da pintora Graça Morais, em particular. A sua<br />
dinâmica assenta num programa de exposições<br />
temporárias, coletivas e individuais, reforçado por outras<br />
iniciativas de âmbito pluridisciplinar, nomeadamente<br />
através da organização de programas pedagógicos<br />
capazes de promover, ampliar e fidelizar públicos<br />
interessados na arte contemporânea e de originar uma<br />
relação estreita com a comunidade local.<br />
O Centro de Arte tem ainda como objetivo a constituição<br />
de uma coleção de arte, feita a partir de doações, obras<br />
em depósito ou de aquisições diretas.<br />
Projeto de autoria do arquiteto Eduardo Souto Moura,<br />
37
vencedor do Prémio Pritzker 2011 (o maior galardão<br />
mundial na área da arquitetura).<br />
Morada: Rua Abílio Beça, 105, <strong>Bragança</strong><br />
CENTRO DE FOTOGRAFIA GEORGES DUSSAUD<br />
Descrição: inaugurado em 2013, durante as<br />
comemorações do 25 de abril, o Centro de Fotografia<br />
Georges Dussaud ocupa o primeiro andar do edifício<br />
Paulo Quintela.<br />
A coleção aqui apresentada da autoria de Georges<br />
Dussaud é constituída por um total de 148 fotografias a<br />
preto e branco. Este acervo fotográfico conta com<br />
retratos, de onde sobressaem histórias de vida, povoadas<br />
de homens, mulheres e crianças, mas também de<br />
lugares, de olhares, de gestos, de instantes irrepetíveis<br />
registados a cada rigoroso disparo da máquina<br />
fotográfica.<br />
A presente exposição propõe, sala a sala, um percurso<br />
demarcado por temáticas precisas que caracterizam o<br />
trabalho fotográfico desenvolvido em Trás-os-Montes,<br />
território de sua eleição.<br />
Morada: Rua Abílio Beça nº 75/77, <strong>Bragança</strong><br />
MUSEU IBÉRICO DA MÁSCARA E DO TRAJE<br />
Descrição: integrado no projeto “Máscaras”, o Museu<br />
Ibérico da Máscara e do Traje tem como base uma parceria<br />
de cooperação transfronteiriça entre o Município de<br />
<strong>Bragança</strong> e a Deputación de Zamora, sendo, por isso,<br />
apoiado pela União Europeia através dos fundos<br />
INTERREG. Inaugurado no dia 24 de fevereiro de 2007, o<br />
museu tem como objetivo preservar e promover a<br />
identidade e a cultura do povo desta região de fronteira,<br />
unido por milénios de história. Dele fazem parte trajes e<br />
máscaras característicos de determinadas Festas de<br />
Inverno e Carnaval de Trás-os-Montes, Lazarim e distrito de<br />
Zamora, permitindo ao visitante contactar, em qualquer<br />
altura do ano, com uma multiplicidade de festas,<br />
personagens e rituais, elementos únicos da nossa cultura.<br />
Morada: Rua D. Fernão, “O Bravo”, nº 24/26, <strong>Bragança</strong><br />
MUSEU MILITAR<br />
Descrição: a sua fundação remonta a 1929, (na<br />
prevalência do Regimento de Infantaria 10 aqui<br />
aquartelado e, posteriormente, o Batalhão de Caçadores<br />
3). Sob o pretexto da recuperação do Castelo e a<br />
consequente extinção do Batalhão também o Museu<br />
Militar partiu, regressando em 1983 com o acervo original<br />
enriquecido por peças de armamento ligeiro desde o séc.<br />
XII até à 1ª Guerra Mundial.<br />
O Museu Militar de <strong>Bragança</strong> ocupa todo o interior da<br />
Torre impondo-se como espaço memória das vivências<br />
militares da cidade, porquanto a maioria das peças<br />
originais foram doadas pelos habitantes, participantes<br />
nas Campanhas de África e 1ª Guerra Mundial.<br />
Morada: Museu Militar – Torre de Menagem, Cidadela –<br />
Castelo, <strong>Bragança</strong><br />
38
CENTRO DE INTERPRETAÇÃO DA CULTURA<br />
SEFARDITA DO NORDESTE TRANSMONTANO<br />
Descrição: o Centro de Interpretação da Cultura Sefardita<br />
do Nordeste Transmontano é um espaço destinado á<br />
preservação das vivências das comunidades judaicas que<br />
habitaram a região transmontana e cuja memória, ainda<br />
hoje, perdura muito viva.<br />
A informação organiza-se sob a designação: Judeus<br />
sefarditas do Nordeste Transmontano: uma viagem no<br />
Tempo e ao fundo da Consciência social e pretende ser<br />
uma revisitação daquilo que a historiografia temática dá<br />
conta do que terão sido as vivências dos judeus sefarditas<br />
que habitaram a região.<br />
Morada: Rua Abílio Beça, 103, <strong>Bragança</strong><br />
CENTRO DE MEMÓRIA FORTE S. JOÃO DE DEUS<br />
Descrição: a construção do Forte S. João de Deus surgiu<br />
da necessidade de se reforçar o sistema defensivo da<br />
cidade e das fronteiras da região bragançana. Após a<br />
Restauração da independência em 1640, com a<br />
aclamação de D. João IV (8º Duque de <strong>Bragança</strong>) como<br />
Rei de Portugal. Este “lugar” - sítio do Sardoal - (onde uma<br />
presumível ermida se converteu em Forte) foi, desde<br />
então, palco de vivências dos sucessivos fazedores de<br />
<strong>Bragança</strong>. Na iniciativa de requalificar este local, todo o<br />
espaço sofreu uma profunda alteração urbanística que<br />
permitiu que a modernidade e a história se<br />
complementassem. Cuidou-se da recuperação de<br />
edifícios que ainda aquartelaram o derradeiro - Batalhão<br />
de Caçadores 3, <strong>para</strong> instalar o “Centro de Memória do<br />
Forte de S. João de Deus”.<br />
Trata-se de um espaço interativo que realça a importância<br />
da presença militar em <strong>Bragança</strong> e que recorda a<br />
existência de uma fortificação que, em honra do seu<br />
santo padroeiro, foi designada como Forte de S. João de<br />
Deus.<br />
Morada: Câmara Municipal de <strong>Bragança</strong>, Forte S. João de<br />
Deus s/n, <strong>Bragança</strong><br />
CENTRO CIÊNCIA VIVA<br />
Descrição: edifício que coincide com a localização da<br />
antiga central de produção de energia elétrica, instalada<br />
em 1914 em plena Grande Guerra pelo engenheiro francês<br />
Lucien Guerche.<br />
Inaugurado em 2007, é constituído por dois espaços: o<br />
Centro de Monitorização e Interpretação Ambiental<br />
(projeto da arquiteta italiana Giulia Appolonia, com<br />
soluções inovadoras de climatização e energia) e a Casa<br />
da Seda instalada num antigo moinho recuperado (de<br />
entre os vários que fabricavam neste troço do rio<br />
Fervença). Espaços lúdicos experimentais, vocacionados<br />
<strong>para</strong> visitas com crianças em idade escolar.<br />
Morada: Centro Ciência Viva de <strong>Bragança</strong>, Rua do Beato<br />
Nicolau Dinis, <strong>Bragança</strong>.<br />
NÚCLEO MUSEOLÓGICO DE BRAGANÇA DO<br />
MUSEU FERROVIÁRIO NACIONAL<br />
O Núcleo Museológico de <strong>Bragança</strong> do Museu Ferroviário<br />
Nacional localiza-se no centro desta cidade, na zona da<br />
antiga estação de caminhos de ferro. Ocupa o edifício<br />
39
anteriormente destinado ao parqueamento de<br />
carruagens daquela que foi a estação terminal da Linha<br />
do Tua. São mais de 200 peças, entre locomotivas,<br />
carruagens e outros objetos que fizeram parte do<br />
quotidiano da centenária linha férrea.<br />
Morada: Avenida João da Cruz, Estação Rodoviária de<br />
<strong>Bragança</strong><br />
STREET ART<br />
novos espaços com arte, que qualificam a cidade e o<br />
território. Esta é também uma excelente forma de<br />
massificar a cultura, a arte está na rua, muitas vezes nos<br />
lugares mais inesperados, a acrescentar alegria, colorido e<br />
beleza a <strong>Bragança</strong>.<br />
SM’ARTE – Festival de Street Art já trouxe artistas de<br />
renome local, nacional e internacional a <strong>Bragança</strong>, como<br />
Bordalo II, Zabou, Frederico Draw, Gonçalo Mar, Daniel<br />
Eime, The Caver, Glam, Duarte Saraiva, Trip Dtos, Cain<br />
Ferreras e Leon Keer, entre outros.<br />
<strong>Bragança</strong> tem um enorme peso pelo património histórico<br />
edificado, mas, nos últimos anos, as ruas da cidade<br />
ganharam também modernidade, graças à aposta na<br />
Arte Urbana e Stret Art.<br />
A escultura é um dos elementos predominantes de<br />
embelezamento de espaços verdes e rotundas,<br />
abordando, quase sempre, temas de valorização dos<br />
recursos endógenos locais. Exemplo disso são a Rotunda<br />
do Lavrador, a Rotunda dos Caretos, a Rotunda do<br />
Caçador, entre muitas outras, que eternizam na arte o<br />
reconhecimento do valor destes recursos que, no fundo,<br />
são valores identitários do território.<br />
A arte manifesta-se também no embelezamento de<br />
espaços com a designada Street Art.<br />
A primeira iniciativa do género aconteceu em 2014,<br />
durante o Congresso Internacional Smart Travel -<br />
Destinos Inteligentes, que trouxe o artista, reconhecido<br />
internacionalmente, Bordalo II, e criou a sua primeira obra<br />
na cidade em frente ao Teatro Municipal de <strong>Bragança</strong>.<br />
Foi o ponto de partida de uma nova aposta, de<br />
modernidade e criatividade, e desde então a cidade tem<br />
vindo a realizar o festival SM’ARTE – Festival de Street Art,<br />
que já deu origem à criação de perto de uma centena de<br />
40
RECURSOS<br />
CULTURAIS E<br />
TRADICIONAIS<br />
Nos últimos anos <strong>Bragança</strong> tem promovido uma<br />
verdadeira exaltação da figura e de todos os rituais<br />
associados aos Caretos. Estas figuras peculiares, coloridas,<br />
atrevidas e quase diabólicas, fazem parte das tradições da<br />
boa parte das aldeias do concelho.<br />
Devido ao despovoamento e muitas vezes ausência de<br />
jovens <strong>para</strong> manter os grupos de Caretos vivos, em muitas<br />
localidades foram, pouco a pouco, desaparecendo.<br />
Com revitalizar a sua importância, ao fazer destas figuras<br />
protagonistas principais nos eventos mais significativos<br />
da cidade, nas receções a entidades “oficias”, os caretos<br />
forma renascendo e a sua presença nas aldeias<br />
consolidou-se.<br />
Os Caretos e as Máscaras forma alvo de uma candidatura<br />
protagonizada pelo Agrupamento de Cooperação<br />
Transfronteiriça ZASNET, <strong>para</strong> o seu reconhecimento pela<br />
UNESCO como Património Imaterial da Humanidade.<br />
Falta de diálogo, de coordenação ou entendimento,<br />
talvez, fez com que Podence, no concelho de Macedo de<br />
Cavaleiros, avançasse com uma candidatura semelhante,<br />
de forma isolada, e conseguiu em 2019 que os Caretos de<br />
Podence recebessem a tão ansiada chancela da UNESCO.<br />
Mas mesmo que <strong>Bragança</strong> não possa “ostentar” este selo<br />
da UNESCO, o efeito de contágio que advém da conquista<br />
dos Caretos de Podence, pode e deve ser aproveitado<br />
pelos territórios vizinhos, que devem promover a<br />
diversidade, mesmo de uma temática que é única e que é<br />
comum não só a vários concelhos transmontanos como<br />
também aos municípios fronteiriços da vizinha Espanha.<br />
Os Caretos e as Máscaras são os elementos fundamentais<br />
dos rituais das Festas de Inverno que, na verdade, são as<br />
celebrações, mas originais de que o concelho dispõe e<br />
que são mais “um produto” <strong>para</strong> potencializar<br />
turisticamente.<br />
FESTAS DE INVERNO (CARETOS)<br />
“A origem dos mascarados liga-se ao culto dos<br />
antepassados, considerados detentores privilegiados de<br />
poderes sobre as bases essenciais da sobrevivência do<br />
indivíduo no plano físico e mental, velando pela<br />
fertilidade dos campos, pela fecundidade dos homens e<br />
dos animais, pela manutenção da lei cívica e moral, e da<br />
origem por eles modelada e estabelecida. O mascarado<br />
assume-se como a personagem central, em torno da qual<br />
toda a ação festiva se desenrola, desempenhando os mais<br />
variados papéis, consoante o determina a tradição e ritual<br />
de cada lugar.<br />
A máscara é um elemento que, temporal e<br />
espacialmente, conhece uma enorme representação e<br />
um universalismo que nenhum outro testemunho<br />
41
material da cultura humana iguala. Através dela o mundo<br />
dos deuses e dos mortos instaura-se temporariamente<br />
entre os homens - ela encarna o princípio do jogo da vida.<br />
O fato dos mascarados, em regra, é feito de colchas de<br />
fabrico caseiro, decorado de trama de lã vermelha,<br />
composto de casaco com capuz e calças, recamados de<br />
espessas franjas de lã colorida. Recentemente, servem-se<br />
de fatos-macacos que recobrem de fiadas franjadas de<br />
tecido de cores berrantes e contrastantes. Completa-se<br />
com coleiras de gado vacum munidas de campainhas,<br />
postas a tiracolo, cinto largo com uma enfiada de<br />
chocalhos <strong>para</strong> “chocalharem” as mulheres numa atitude<br />
provocatória com sentido obscuro de fecundidade.<br />
Os ritos solsticiais são os que os mascarados celebram no<br />
decorrer do ciclo dos doze dias, num primeiro momento,<br />
Natal e Santo Estêvão – solstício de inverno, e num<br />
segundo momento o carnaval, vindo sequencialmente do<br />
primeiro, através dos ritos simbólicos, em muito<br />
semelhantes pela transferência de celebrações do<br />
solstício <strong>para</strong> o equinócio da primavera. As festas dos<br />
mascarados são ritos do mais profundo esoterismo e<br />
simbolismo que resistiram à passagem do tempo e se<br />
conservam bem vivas na cultura do povo da região de<br />
<strong>Bragança</strong>.”<br />
(Fonte: www.cm-braganca.pt)<br />
E das muitas Festas de Inverno que ocorrem no concelho<br />
destacamos as seguintes:<br />
A FESTA DE SANTO ESTÊVÃO EM GRIJÓ<br />
DE PARADA<br />
Nos dias 26 e 27 de dezembro realiza-se a Festa de Santo<br />
Estevão ou Festa dos Rapazes em Grijó de Parada.<br />
Protagonizada pelos rapazes solteiros a festa começa<br />
com uma ronda de Boas Festas e peditório por toda a<br />
aldeia, com “rei” e “bispo” e atuação dos caretos.<br />
A FESTA DOS REIS DE SALSAS<br />
Realiza-se de 1 a 5 de janeiro. Durante as noites deste<br />
período, os caretos de Salsas saem à rua <strong>para</strong> atormentar<br />
os vizinhos (sobretudo as moças), entrando nas casas<br />
sempre que for necessário ou lhes aprouver.<br />
Na noite do dia 5 fazem o peditório (fumeiro…) <strong>para</strong>, logo<br />
em seguida, fazerem o leilão. Segue-se o baile e o convívio<br />
<strong>para</strong> todo o povo.<br />
A FESTA DOS REIS (FESTA DOS CARETOS)<br />
DE BAÇAL<br />
A Festa começa com a alvorada (antes do nascer do sol)<br />
com os rapazes participantes na festa e o gaiteiro a<br />
acordarem a comunidade; segue-se a ronda das<br />
chouriças, com peditório e saudação aos moradores da<br />
terra, e com os alimentos recolhidos pre<strong>para</strong>-se, à noite, a<br />
ceia dos rapazes.<br />
Os caretos saem de novo no dia seguinte, fazem nova<br />
ronda que se destina a chamar o povo <strong>para</strong> os “colóquios”<br />
– crítica social, proclamada pelos caretos do alto da fonte<br />
42
de pedra, à entrada da povoação; aqui se publicam os<br />
factos mais relevantes e dignos de crítica que<br />
aconteceram ao longo do ano que findou.<br />
FESTA DE SANTO ESTÊVÃO DE REBORDÃOS<br />
Acontece no dia 26 de dezembro. Três dos quatro<br />
mordomos vão realizar o ritual do peditório, cada qual na<br />
sua área de influência, de casa em casa e acompanhado<br />
por um "careta" (mascarado). O quarto mordomo<br />
permanece na Casa do Povo <strong>para</strong> tratar da gestão da<br />
refeição comunitária.<br />
A Mesa de Santo Estêvão, é uma refeição comunitária cujo<br />
prato principal é constituído por bacalhau e batatas<br />
cozidas, <strong>para</strong> todo o povo e forasteiros, com a atuação de<br />
pantominas dos “caretas” (mascarados) que são os<br />
grandes animadores da festa.<br />
FESTA DOS RAPAZES DE AVELEDA<br />
A festa começa a 25 de dezembro com rondas pela aldeia<br />
com gaiteiro, comédias (crítica social), atuação dos<br />
caretos, convívio popular e baile. No dia 26 de dezembro –<br />
dia de Santo Estêvão, os caretos continuam a marcar<br />
presença pelas ruas da localidade.<br />
FESTA DOS RAPAZES DE VARGE<br />
25 de dezembro: Rondas com gaiteiro, loas com teatro de<br />
rua (crítica social), atuação dos caretos, ronda de Boas<br />
Festas pela aldeia com os dois mordomos que<br />
transportam cada um a sua vara em forma de árvore,<br />
onde colocam os donativos.<br />
26 de dezembro – dia de Santo Estêvão: Rondas, almoço<br />
<strong>para</strong> os rapazes com eleição e proclamação dos novos<br />
mordomos, jantar, convívio e baile.<br />
MORTE, DIABO E CENSURA<br />
Nos últimos anos regressaram às principais ruas do<br />
centro histórico da cidade, sempre na quarta-feira de<br />
Cinzas. O trio de personagens, constituído pela Morte, o<br />
Diabo e a Censura, sai à rua pelos bairros mais antigos da<br />
cidade com a finalidade de perseguir as moças; quando<br />
as alcançam, castigam-nas com seus chicotes; quando<br />
ela se refugiam em casa, o Diabo arranja maneira de<br />
entrar; não sendo possível entrar pela porta, saltam pelas<br />
janelas ou varandas. Tudo isto se justifica: estamos na<br />
Quarta-feira de Cinzas e necessário se torna lembrar às<br />
pessoas que devem fazer penitência. Contudo, o ritual<br />
acaba por se tornar um momento de diversão; por isso se<br />
diz que <strong>Bragança</strong> tem mais um dia de Carnaval.<br />
OS REIS DE REBORDAINHOS<br />
O cantar dos Reis em Rebordainhos faz-se à luz do dia;<br />
logo pela manhã, reúnem-se os cantores, à porta da<br />
igreja; como que guiados pelo careto, que vai à frente,<br />
dirigem-se a todas as casas da freguesia, onde cantam os<br />
tradicionais “reis” e recebem os donativos dos moradores.<br />
No final faz-se o leilão, revertendo o estipêndio em<br />
benefício das almas dos defuntos. O careto, sendo<br />
conotado com o diabo, desempenha o papel (quase)<br />
sagrado de mestre-de-cerimónias de todo o ritual.<br />
43
EVENTOS<br />
Os eventos são uma das maiores razões de visita a<br />
<strong>Bragança</strong>.<br />
O contexto atual de pandemia da doença COVID-19<br />
obrigou ao cancelamento de todos os eventos e festas e,<br />
no curto prazo, não se será fácil retomar este tipo de<br />
iniciativas.<br />
O clima permanece de instabilidade e medo, as<br />
campanhas de informação (e a desinformação que se<br />
instalou), as orientações das entidades competentes, são<br />
fatores que tem vindo a semear o temor e que<br />
condicionam a mobilidade das pessoas. Ainda que a<br />
realização de eventos possa voltar a ser permitida, a<br />
afluência do público poderá ficar muito aquém dos<br />
números registados antes da situação pandémica.<br />
Ainda assim, os Eventos, devem logo que possível ser<br />
retomados, numa fase inicial com configurações<br />
diferentes, controlo de entradas (nos espaços fechados),<br />
diminuição do numero de expositores, etc., <strong>para</strong>, passo a<br />
passo, ir recuperando a confiança das pessoas.<br />
<strong>Bragança</strong> tinha já alguns marcos importantes, capazes de<br />
atrair um elevado número de visitantes e turistas.<br />
Apontamos alguns:<br />
FEIRA DAS CANTARINHAS<br />
De origem medieval, a Feira das Cantarinhas, constituía<br />
uma verdadeira celebração festiva. Na noite de véspera,<br />
pre<strong>para</strong>vam-se os produtos <strong>para</strong> vender, os alimentos<br />
<strong>para</strong> os animais e enfeitavam-se as albardas com colchas<br />
tecidas no tear de casa.<br />
No dia da feira, de manhã cedo, os caminhos enchiam-se<br />
com os habitantes das aldeias limítrofes apressados em<br />
chegar e em escolher um lugar bom, onde a exposição<br />
dos produtos facilitasse a venda. A agitação entre<br />
vendedores e compradores era grande e, no último dia da<br />
feira, antes de regressar a casa, era obrigatório comprar os<br />
presentes <strong>para</strong> os mais pequenos e a cântara de barro<br />
que no campo acompanhava os trabalhadores com a<br />
água fresca.<br />
Atualmente, a feira continua a ser um momento festivo,<br />
onde se compram as cantarinhas <strong>para</strong> decorar as casas<br />
transmontanas e <strong>para</strong> oferecer a quem se quer bem.<br />
Esta Feira, que atualmente integra a Feira de Artesanato,<br />
é organizada pela ACISB, são cinco dias de Festa e de<br />
grande movimentação na cidade.<br />
Acontece ao ar livre, o que é uma vantagem <strong>para</strong> a<br />
afluência de visitantes.<br />
CARNAVAL<br />
Em <strong>Bragança</strong> esta data de festa e folia assume um<br />
caracter diferenciador ao promover desfiles de Caretos.<br />
Em <strong>Bragança</strong> os disfarces carnavalescos obedecem à<br />
tradição e este é um “produto” atrativo <strong>para</strong> angariar<br />
visitantes e Turistas.<br />
44
FESTIVAL DO BUTELO E DAS CASULAS<br />
Este festival gastronómico temático promove um<br />
produto típico da Terra Fria Transmontana, e apesar de<br />
não ser um evento que atraia multidões, é uma iniciativa<br />
que valoriza a tradição, os saberes e os sabores locais e<br />
que contribui <strong>para</strong> a criação de uma entidade local.<br />
NORCAÇA, NORPESCA E NORCASTANHA<br />
Este evento pretende promover três recursos<br />
importantes: a caça, a pesca e a castanha que no<br />
concelho de <strong>Bragança</strong> é “produto rei”, pela riqueza que<br />
gera e também porque os soutos de castanheiros são o<br />
elemento mais presente na paisagem.<br />
Esta Feira nunca conseguiu ter muita afluência,<br />
notando-se sobretudo a ausência das comunidades dos<br />
concelhos vizinhos. É na vertente cinegética, graças á<br />
realização de muitas atividades <strong>para</strong>lelas ligadas á caça,<br />
que o evento tem maior sucesso.<br />
45
RECURSOS<br />
GASTRONÓMICOS<br />
A matéria prima e o saber fazer, os sabores da tradição,<br />
são os elementos distintivos dos recursos gastronómicos<br />
de <strong>Bragança</strong>.<br />
E nesta matéria o concelho tem um elevado potencial.<br />
Possui um vasto leque de produtos certificados, com<br />
Denominação de Origem Protegida (DOP) ou Indicação<br />
Geográfica Protegida (IGP) e até uma das 7 Maravilhas de<br />
Portugal, na categoria dos Doces, que é o Mel de<br />
Montesinho.<br />
Começamos por identificar as carnes certificadas de<br />
animais de Raças Autóctones:<br />
RAÇA BOVINA MIRANDESA<br />
Descrição: a “Carne Mirandesa” é o expoente máximo da<br />
produção da Raça Bovina Mirandesa, que em harmonia<br />
com as condições edafoclimáticas, aliado ao saber fazer<br />
de quem a produz, resulta num produto de referência<br />
nacional e internacional.<br />
A Raça Bovina Mirandesa possui características genéticas<br />
próprias que associadas a um sistema de alimentação<br />
natural conferem à carne qualidades organoléticas<br />
ímpares. Destaca-se, a excecional tenrura e suculência,<br />
aromas e sabores que a diferenciam de qualquer outra<br />
carne de bovino. A “carne Mirandesa” deu origem a um<br />
prato que é um dos ex-líbris da gastronomia portuguesa,<br />
em particular da transmontana, a famosa “Posta<br />
Mirandesa”.<br />
A região de produção é composta por seis concelhos do<br />
Distrito de <strong>Bragança</strong>, designados pelo solar da raça,<br />
sendo eles os concelhos de Miranda do Douro,<br />
Mogadouro, Vimioso, Vinhais, <strong>Bragança</strong> e Macedo de<br />
Cavaleiros.<br />
O maneio alimentar é caraterizado pela especificidade<br />
das suas pastagens naturais, designadas tradicionalmente<br />
por lameiros, característicos do nordeste transmontano<br />
pela razão destas possuírem uma composição florística<br />
própria, aliada ao facto desta região se situar acima dos<br />
500 m de altitude, constituindo deste modo as condições<br />
que fomentam a base alimentar do gado adulto.<br />
Apesar da Denominação de Origem Protegida (DOP) ser<br />
comercializada em duas categorias; vitela e novilho, a<br />
categoria de vitela assume pratic amente a totalidade da<br />
carne comercializada. Ao nível visual a carne de vitela<br />
apresenta uma cor rosa claro, com uma gordura de cor<br />
branca e distribuição homogénea, com grão fino,<br />
consistência firme e ligeiramente húmida.<br />
Para garantir a genuinidade da Carne Mirandesa, o<br />
sistema de controlo e certificação permite assegurar a<br />
rastreabilidade no decurso de toda a fileira, desde o<br />
nascimento do animal até ao ponto de venda.<br />
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CORDEIRO BRAGANÇANO<br />
Descrição: a carne do Cordeiro <strong>Bragança</strong>no deve as suas<br />
características às condições da terra fria transmontana,<br />
refletindo em particular o gosto das pastagens,<br />
transmitido através do leite materno. Esta carne é obtida<br />
da raça Churra Galega <strong>Bragança</strong>na.<br />
A fixação dos caracteres desta raça está muito ligada ao<br />
ambiente onde vivem, com um clima rigoroso - de acordo<br />
com os locais «9 meses de inverno e 3 de inferno», o relevo<br />
acidentado e as especificidades do solo local (a sua<br />
alimentação na primavera é feita à base de arbustos como<br />
a esteva, a giesta, urze, tojo, etc… no inverno apenas<br />
existem as ervas dos lameiros e algumas folhadas).<br />
A produção de ovinos traduz-se em alimento, agasalho e<br />
fertilização dos solos, sendo por vezes, a única riqueza dos<br />
agricultores. O cordeiro ocupa lugar de destaque na<br />
cozinha tradicional transmontana tendo no cordeiro<br />
branco de Montesinho o seu expoente máximo, e que tem<br />
o seu ponto alto de consumo na época da Páscoa, em que<br />
é tradicionalmente assado em forno de lenha.<br />
pastagem mais elevadas e pobres, em pastoreio de<br />
percurso, utilizando os animais de menor corpulência, e<br />
uma outra, onde é explorada a vertente leiteira, em<br />
grupos reduzidos, com animais de maior porte criados<br />
perto das habitações, ou em pequenos núcleos<br />
integrados em rebanhos de ovinos.<br />
De momento ainda não existe, embora quando de tenra<br />
idade, era uma especialidade gastronómica muito<br />
apreciada na região onde era conhecido como Cabrito<br />
Branco de Montesinho devido às suas carnes claras.<br />
A produção de ovinos traduz-se em alimento, agasalho e<br />
fertilização dos solos, sendo por vezes, a única riqueza dos<br />
agricultores. O cordeiro ocupa lugar de destaque na<br />
cozinha tradicional transmontana tendo no cordeiro<br />
branco de Montesinho o seu expoente máximo, e que tem<br />
o seu ponto alto de consumo na época da Páscoa, em que<br />
é tradicionalmente assado em forno de lenha.<br />
Como já foi feita referência <strong>Bragança</strong> realiza anualmente a<br />
Feira das Casulas e do Butelo.<br />
Este enchido integra uma vasta lista de produtos de<br />
elevada qualidade, sabor, paladar e aromas únicos.<br />
Na oferta gastronómica associada ao Fumeiro temos:<br />
CABRITO DE MONTESINHO<br />
Descrição: a Raça Preta de Montesinho (responsável por<br />
um dos pratos mais apreciados na região, o Cabrito de<br />
Montesinho) é a raça caprina portuguesa mais recente e<br />
também a que está em maior risco de extinção.<br />
Foi reconhecida oficialmente e nos finais de 2009, altura<br />
em que se iniciou o Registo Zootécnico dos animais<br />
existentes. Existem duas formas de exploração, uma mais<br />
vocacionada <strong>para</strong> a produção de carne, em zonas de<br />
SALPICÃO<br />
O salpicão é um enchido cuja base de confeção é o lombo<br />
de porco. O pre<strong>para</strong>do de carne, devidamente<br />
condimentada com sal, vinho tinto ou branco da região,<br />
água, alho, colorau e louro é introduzido numa tripa<br />
grossa de porco de forma cilíndrica. Depois de curado, o<br />
salpicão pode ser consumido cru, finamente fatiado, ou,<br />
enquanto fresco, ser assado na brasa.<br />
47
CHOURIÇA<br />
A chouriça de carne tem na sua composição carne e<br />
gordura de porco. À carne e gordura é adicionado sal,<br />
vinho tinto ou branco da região, água, alho, colorau, louro<br />
e a massa resultante é inserida numa tripa delgada de<br />
porco ou de vaca. A chouriça pode ser consumida crua,<br />
assada ou cozida, conforme o tempo que tem de cura.<br />
ALHEIRA<br />
Este enchido típico de Trás-os-Montes foi criado por<br />
cristãos novos que mantinham em segredo o judaísmo.<br />
A alheira parecia ser feita de porco quando, na verdade,<br />
era de galinha, o que era suficiente <strong>para</strong> enganar a<br />
inquisição cristã. Na versão moderna do prato, a alheira é<br />
feita com porco, frango, pão regional de trigo e azeite<br />
transmontano, a que se junta sal, alho e colorau. A pasta<br />
resultante, de onde em onde se podem detetar alguns<br />
pequenos pedaços, como carnes desfiadas, servirá <strong>para</strong><br />
encher uma tripa delgada e seca de vaca. Depois de<br />
fumada, a alheira deve consumir-se assada.<br />
BUTELO<br />
O butelo é um enchido fumado, confecionado com carne<br />
de porco, gordura, ossos e cartilagens da costela e coluna<br />
vertebral de porco. As carnes com ossos e as cartilagens,<br />
depois de condimentadas com sal, alho colorau, louro,<br />
água e vinho branco ou tinto da região, são introduzidas<br />
em estômago, o chamado bucho, bexiga ou tripa do<br />
intestino grosso do porco. Este enchido deve ser<br />
consumido cozido.<br />
Este enchido é tradicionalmente servido com casulas<br />
(feijão seco, com a vagem).<br />
CHOURIÇO AZEDO<br />
Para se fabricar este enchido fumado, adiciona-se à carne<br />
pão de trigo da região e azeite transmontano. As carnes e<br />
a gordura, condimentadas com sal, são cozidas e<br />
desfiadas e misturadas com o pão. A massa resultante é<br />
condimentada com colorau, alho e azeite e é colocada em<br />
intestino grosso do porco. O chouriço azedo deve ser<br />
consumido cozido.<br />
CHOURIÇA DOCE<br />
A chouriça doce é feita com carne magra e carne gorda de<br />
porco, sangue de porco, pão de trigo da região, mel, nozes<br />
e amêndoas e azeite de Trás-os-Montes. Para se fazer a<br />
massa deste enchido fumado, que é introduzida em tripa<br />
delgada de vaca ou porco, são cozidas as carnes e gordura<br />
em água, previamente condimentadas. Depois de<br />
cozinhadas, as carnes são desfiadas e é adicionado o pão<br />
e os restantes ingredientes. Por fim, basta cozer a<br />
chouriça <strong>para</strong> ser consumida.<br />
48
PRESUNTO<br />
O presunto obtém-se das pernas de porco adulto.<br />
Durante cerca de 30 dias as pernas estão em salga.<br />
Quando esta é concluída, o presunto é untado com uma<br />
mistura composta por colorau, azeite e/ou banha e<br />
exposto à ação gradual do fumo da queima de carvalho<br />
ou castanho. A cura e envelhecimento acontece em local<br />
frio e seco e todo o processo demora, no mínimo, um ano.<br />
Quando o presunto está pronto, deve ser consumido cru,<br />
cortando-se finas fatias.<br />
De entre os pratos típicos da região sublinhamos ainda a<br />
importância dos pratos de Caça, que valorizam o elevado<br />
potencial cinegético de toda a região.<br />
Trás-os-Montes é uma região que oferece vários e ricos<br />
recursos cinegéticos como o coelho, a lebre, o javali, a<br />
raposa, o tordo, a perdiz, o pombo e rola que fazem as<br />
delícias de caçadores e de experientes podengos e<br />
perdigueiros.<br />
Esta riqueza cinegética entra nas ementas de alguns dos<br />
restaurantes da região, que já se tornaram conhecidos<br />
pela excelência de pratos como Coelho à Caçador, o Javali<br />
no Pote ou a Perdiz Estufada. Em boa parte destes<br />
restaurantes os pratos apresentados são confecionados<br />
em cozedura lenta, ao lume, nos tradicionais potes de<br />
ferro, que apuram ainda mais o sabor dos alimentos.<br />
O Galo no Pote é outra das “iguarias” que temos de<br />
destacar.<br />
Para confecionar este prato tem de ser com o Galo criado<br />
no campo, com uma alimentação 100% natural, com, no<br />
mínimo, um ano de criação e quatro quilos de peso.<br />
A carne é escura e, tradicionalmente, cozinhada em lume<br />
branco por mais de uma hora num pote de ferro à lareira.<br />
Este prato, típico na região, apenas se encontra em<br />
restaurantes tradicionais e quase sempre mediante<br />
encomenda.<br />
No setor dos Peixes sublinhamos a importância das<br />
Trutas.<br />
Os rios frios e com forte corrente da região são habitats<br />
propícios <strong>para</strong> as trutas, o único peixe, com origem local,<br />
que integra os pratos de gastronomia regional. A Truta em<br />
escabeche ou assadas na brasa são pratos muito<br />
apreciados e que facilmente se encontra nos restaurantes<br />
tradicionais da região de <strong>Bragança</strong>.<br />
Outros produtos como o Mel do Parque (DOP), uma das 7<br />
Maravilhas de Portugal na categoria de doces, são mais<br />
um argumento de peso na gastronomia.<br />
O “Mel do Parque” é um mel de zona de Montanha,<br />
multifloral, produzido na área dos Concelhos de <strong>Bragança</strong><br />
e Vinhais, onde se encontram predominantemente<br />
manchas de Carvalho Negral e Castanheiros, <strong>para</strong> além da<br />
existência de muitas lamas com Freixos, e junto às linhas<br />
de água: Salgueiros e Amieiros, e também múltiplas<br />
plantas silvestres de importância apícola. Nas áreas das<br />
matas a vegetação é representada pelas urzes, carquejas,<br />
arçãs, giestas e estevas.<br />
Um dos produtos que do ponto de vista económico tem<br />
maior peso no concelho é a Castanha da Terra Fria (DOP).<br />
A produção do fruto, por muitos considerado o ouro da<br />
região, e a respetiva colheita são as fases específicas da<br />
área geográfica delimitada. A recolha dos frutos é feita do<br />
chão não podendo ser usado nenhum método mecânico<br />
ou outro <strong>para</strong> forçar a queda dos frutos da árvore a fim de<br />
49
se completar a maturação. Os frutos são recolhidos por<br />
variedade e juntos em lotes.<br />
A Castanha da Terra Fria DOP apresenta uma forma<br />
elíptica alongada, cor castanha avermelhada, brilhante<br />
com linhas escuras e longas. Um kg contém entre 70 a 95<br />
castanhas. Apresenta um sabor intenso.<br />
Por fim os cogumelos silvestres, abundantes<br />
essencialmente no outono em Trás-os-Montes,<br />
movimentam muitas pessoas na apanha <strong>para</strong> consumo e<br />
<strong>para</strong> venda, mas são também atração turística que traz<br />
cada vez mais visitantes à região.<br />
Realizam-se, cada vez com maior frequência, caminhadas<br />
com apanha e identificação de cogumelos, encontros<br />
micológicos ou mostras gastronómicas.<br />
Este recurso natural é cada vez mais utilizado na<br />
gastronomia regional, confecionado sozinho ou<br />
combinando com diversos pratos de carne<br />
No potencial gastronómico cabe ainda referir que<br />
<strong>Bragança</strong> possui, desde 2018, um restaurante com 1<br />
Estrela atribuída pelo Guia Michelin (Restaurante G), e<br />
um restaurante com Bib Gourmand (Tasca do Zé Tuga)<br />
igualmente atribuído pelo Guia Michelin que, neste<br />
segundo casa, destaca a excelente relação<br />
qualidade/preço.<br />
Estes dois restaurantes são os maiores promotores da<br />
gastronomia regional, colocando <strong>Bragança</strong> no patamar<br />
da excelência gastronómica, uma classificação que acaba<br />
por beneficiar todo o setor da restauração local.<br />
50
AGENTES<br />
TURÍSTICOS<br />
E COMERCIAIS<br />
Nem sempre os organismos e entidades com<br />
responsabilidade na gestão local ou central, na área do<br />
Turismo, se preocupam em auscultar a opinião do setor<br />
privado, dos agentes turísticos e comerciais que operam<br />
no território, nem sempre as políticas definidas pelas<br />
referidas entidades vão ao encontro da visão empresarial<br />
dos agentes privados, mas são eles os principais<br />
protagonistas do setor do turismo, os embaixadores da<br />
região e, basicamente, deles depende o sucesso da<br />
afirmação de um território como “destino turístico” de<br />
qualidade.<br />
Há algumas áreas de atividade principais que interessa<br />
identificar:<br />
Restauração;<br />
Alojamento;<br />
Animação Turística;<br />
Artesanato;<br />
Comércio local.<br />
RESTAURAÇÃO<br />
Alma Lusa<br />
Emiclau<br />
Solar <strong>Bragança</strong>no<br />
A Gôndola<br />
Taberna do Javali<br />
Sport<br />
Príncipe Negro<br />
Casa de pasto O Copinhos<br />
Careto<br />
Casa Nostra<br />
Bela Época<br />
Churrasqueira Brasa Viva<br />
Quinta das Queimadas<br />
O Batoque<br />
A Lareira<br />
Quinta Dona Florinda<br />
Churrasqueira Atlântico<br />
Restaurante Dom Roberto<br />
Poças<br />
O Rochedo<br />
Mc Donalds<br />
51
O Geadas<br />
Iguarias da Veiga<br />
O Bem Falado – Tio Artur<br />
O Grelhador<br />
Sabores da Aldeia<br />
Oriental<br />
Cavaleiro<br />
Académico<br />
Turismo (Hotel Estalagem Turismo)<br />
Armazém do Caffé –Food &Lounge<br />
Restaurante Tia Rita<br />
Moderno I<br />
Snack Bar Beck’s<br />
O Capelas<br />
Neves<br />
Glamping Hills<br />
Snack-Bar Box – Pasta Café<br />
Stoo<br />
Contradição – Gastro-Bar<br />
O Javali<br />
Tasca Noz<br />
Quinta das Covas<br />
Ponto de Encontro<br />
Tuela<br />
O Abel<br />
Restaurador<br />
Big Bob’s<br />
O Pote<br />
Arado<br />
Tasca do Zé Tuga<br />
Cervejaria Alypios<br />
Sabor Brasil<br />
O Marrafinhas<br />
O Pipo<br />
Rota dos Sabores<br />
Sandwich Snack<br />
Tribuna 5300<br />
F’Grill Pizza Mais<br />
Lombada<br />
Xing Long<br />
Picantone<br />
S. Sebastião<br />
Cervejaria Traquina<br />
Burguer King <strong>Bragança</strong><br />
Pizza Hut<br />
O Bisarinho<br />
O Rústico<br />
Pizzeria Luna<br />
A Moca<br />
O Nó da Seara<br />
O Agrário<br />
Serra da Nogueira<br />
ALOJAMENTO<br />
Casa do Lello<br />
Casa da Escola<br />
Hotel Tic-Tac<br />
Baixa Hotel<br />
Casa do Enchido<br />
Glamping Hills<br />
52
Casa do Pascoal<br />
Pousada da Juventude de <strong>Bragança</strong><br />
Casa da Bica<br />
Moinho do Caniço<br />
Hotel Tulipa<br />
Cepo Verde<br />
Bétula Studios<br />
Casa da Aldeia de França<br />
Lagosta Perdida<br />
Casa da Mestra<br />
Hotel IBIS<br />
Parque de Campismo Rural de Rio de Onor<br />
NC Apartamentos<br />
Hotel São Lázaro<br />
My Historic House<br />
Casa do Rio<br />
Casa da Gadanha Turismo Rural<br />
Pata da Moura<br />
Casarão dos Reis<br />
Chez Gorete<br />
Casa da Fonte<br />
Hotel Santa Apolónia<br />
Casa Freixedelo<br />
Casa da Aldeia de Baçal<br />
Hotel S. Roque & Suites<br />
Igual Habitat<br />
Hotel Nordeste Shalom<br />
Parque de Campismo Municipal – Rio Sabor<br />
Atliê Moisés<br />
Casa do Serra<br />
Casa do Passal<br />
Apimonte City House<br />
Ninho do Melro<br />
Moinho da Ceira de Baixo<br />
Casa do Forno e Casa do Terreto<br />
Casa da Baixa<br />
Casa da Barriada<br />
Casa Luiz Gonzaga<br />
Casa do Tuga<br />
Casa do Parada<br />
Moinho da Ponte Velha<br />
Casa da Porta de Santo António<br />
<strong>Bragança</strong> Apartments<br />
Hotel Classis<br />
Arco da Velha<br />
Casa do Bísaro<br />
Adega do Martinho<br />
Casa Machado<br />
Alojamento do Arado<br />
Casa da Portela<br />
Quinta das Colmeias<br />
A Casa de Salsas<br />
Casa do Rio Fervença<br />
Camões Studios<br />
Casa dos Infantes<br />
EAF - Eduardo Abreu Faria<br />
Baixa Apartamento<br />
Quinta das Covas<br />
Quinta da Boa Ventura<br />
Solar de Rabal<br />
53
Cantinho de Rio de Honor – Gusthouse<br />
Abrigo IV Montesinho<br />
Casa de Onor<br />
Casa do Alpendre<br />
Pousada de Portugal S. Bartolomeu<br />
Casa Anjos<br />
Reabilitar Carrazedo<br />
Casa Moleiro de Baçal<br />
Candeias do Souto<br />
Casa do Pomar<br />
Abel Hotel Rural<br />
Solar de Sta. Maria<br />
Casa do Lúpulo<br />
Casa do Javali<br />
Casal de Palácios<br />
Charmy Large Family Apartment<br />
Onda Jovem<br />
Casa do Soto<br />
Quinta da Rica-fé<br />
Casa dos Praças<br />
Dez a Seis<br />
Casa da Ranheta<br />
Hotel Estalagem Turismo<br />
Casa do Arado<br />
Lupulex Guesthouse<br />
ANIMAÇÃO TURÍSTICA<br />
Aventura Norte<br />
NordestPark<br />
Associação Equestre de <strong>Bragança</strong><br />
Ao Sabor do Vento<br />
My Tous (sazonal mês de agosto)<br />
A Montesinho Turismo<br />
Montesinho Aventura<br />
Anda D’i<br />
História e Arte<br />
Bétula Tours<br />
Cepo Verde Turismo de Natureza<br />
Ciência Natura<br />
Centro Hípico de França<br />
GOMOV<br />
ARTESANATO<br />
O artesanato tradicional produzido no concelho de<br />
<strong>Bragança</strong> tem um cariz essencialmente utilitário,<br />
materializando-se em objetos úteis e funcionais que ao<br />
longo dos tempos se foram transformando em peças<br />
mais ligadas aos atos festivos e à decoração.<br />
As peças mais distintivas do concelho de <strong>Bragança</strong> são as<br />
Cantarinhas de Pinela, que dão nome à maior Feira do<br />
concelho. A olaria que durante décadas “alimentou” a<br />
aldeia de Pinela, onde se fazia uma enorme diversidade<br />
loiça de barro, praticamente desapareceu. Ficaram as<br />
Cantarinhas e uma artesã que a continua a confecionar.<br />
Muitos dos atuais artesãos exercem sua atividade como<br />
um hobby, não sendo essa a sua atividade principal.<br />
Quase a desaparecer está o artesanato em cobre, outrora<br />
tão procurado, precisamente devido á sua utilidade.<br />
Em cobre produziam-se, essencialmente, alambiques e<br />
caldeiras, usadas na confeção de doces e enchidos ou<br />
tachos de uso quotidiano. O reportório das formas em<br />
54
zinco é mais variado, incluindo igualmente, caldeiras <strong>para</strong><br />
idêntico uso ao das de cobre, mas também cântaros,<br />
candeias, almotolias, funis e regadores <strong>para</strong> a rega dos<br />
hortos.O Artesanato estava também e continua ligado às<br />
Festas, e, provavelmente, esta é o único segmento, a<br />
produção de máscaras, onde o número de artesãos<br />
(ainda que apenas nas horas livres), tem vindo a<br />
aumentar. A peculiaridade e originalidade da tradição<br />
das Festas de Inverno e dos caretos motivou alguns<br />
artesãos a produzir estas máscaras, em folha-de-flandres<br />
ou madeira, com uma finalidade, essencialmente,<br />
decorativa.<br />
A cestaria artesanal continua viva em algumas aldeias,<br />
sendo óbvia a sua importância numa sociedade rural<br />
onde os trabalhos agrícolas e as lides domésticas são as<br />
principais atividades. Atualmente, também na cestaria, as<br />
peças produzidas têm uma finalidade meramente<br />
decorativa. Os tecidos de linho e lã, a par do algodão e<br />
trapos, têm aplicações diversas ligadas ao vestuário, de<br />
trabalho e de lazer, e ao uso doméstico como lençóis de<br />
linho, mantas de trapos, cobertores de lã e colchas de<br />
linho, de lã ou de algodão. Nos dias de hoje, estas<br />
confeções foram-se convertendo em relíquias e só, de<br />
quando em vez, são utilizadas em festas e romarias ou<br />
noutras manifestações mais folclóricas.<br />
COMÉRCIO LOCAL<br />
O comércio em <strong>Bragança</strong> está muito mais dependente<br />
do consumo local do que da vinda de visitantes e turistas,<br />
com a ressalva <strong>para</strong> os visitantes da vizinha Espanha que<br />
nos últimos anos se deslocavam a <strong>Bragança</strong> com dois<br />
propósitos bem definidos: fazer compras e comer.<br />
Porque estamos a falar maioritariamente de pequenos<br />
estabelecimentos, microempresas, de cariz familiar,<br />
qualquer quebra no consumo tem um enorme reflexo<br />
em caixa. Mas pela mesma razão são negócios, sobretudo<br />
pelo seu cariz familiar, que conseguem “aguentar” e<br />
superar melhor a crise.<br />
Há muito medo e uma enorme apreensão atualmente no<br />
comércio em geral. As escassas casas que vendem<br />
produtos endógenos, já transformados, não têm sentido<br />
tanto a quebra, notando-se que é crescente a apetência<br />
dos visitantes e turistas <strong>para</strong> comprar produtos<br />
exclusivos, de elevada qualidade, se possíveis certificados.<br />
Estes espaços de venda de produtos locais percebem a<br />
necessidade de adequar o seu funcionamento à procura<br />
e abrem portas aos fins-de-semana e feriados, quando há<br />
mais movimento na cidade e quando o comércio geral<br />
está fechado. São casos de sucesso que demonstram que<br />
os produtos endógenos da região são um elemento<br />
fulcral <strong>para</strong> o turismo.<br />
Outra forma de provar os produtos locais é comer nos<br />
restaurantes da terra. Na generalidade abastecem-se no<br />
território, desde os legumes às carnes, e a matéria prima<br />
que com arte confecionam e colocam à mesa, faz a<br />
diferença e é até motivo <strong>para</strong> que muitos visitantes<br />
venham a <strong>Bragança</strong> propositadamente <strong>para</strong> comer.<br />
Os restaurantes da zona histórica da cidade não estão a<br />
sentir tanto a crise, porque a procura continua, apesar da<br />
limitação nos lugares de que dispõe dentro do próprio<br />
restaurante.<br />
Fora do centro his tórico o comércio em geral está a sofrer<br />
fortes quebras porque o consumo local diminuiu<br />
drasticamente, ao reduzir o convívio, ao condicionar a<br />
permanência nos espaços, a comunidade adotou uma<br />
postura defensiva frequentando o comércio exclusivamente<br />
à medida das necessidades.<br />
55
PRODUTOS-CHAVE<br />
DA REGIÃO PARA<br />
O SETOR DO TURISMO<br />
Para entender a importância do Turismo no território é<br />
imprescindível definir o conceito-chave do produto que<br />
se pretende vender e esse conceito implica a definição<br />
explícita dos produtos estratégicos que se pretende<br />
comunicar.<br />
Um produto turístico é um conceito que se refere à oferta<br />
que, neste caso, o território possui <strong>para</strong> atrair pessoas, seja<br />
com fins de lazer, culturais, de negócios, etc.<br />
Esta noção não se refere a um produto no sentido<br />
material, pois abarca tanto os bens físicos como os<br />
serviços que caracterizam um destino específico e que<br />
fazem parte da experiência que vive um turista no lugar.<br />
O produto turístico, por conseguinte, tem componentes<br />
tangíveis (como monumentos, aldeias, serras, museus,<br />
etc.), mas também intangíveis (a hospitalidade das<br />
pessoas, a qualidade de atenção). As suas características<br />
são dadas pela interação e a combinação entre todos<br />
estes componentes. Pode dizer-se que o produto turístico<br />
inclui todos os elementos que permitem o<br />
desenvolvimento da atividade turística.<br />
Os peritos em turismo afirmam, neste sentido, que os<br />
viajantes procuram sempre produtos turísticos e não<br />
destinos: isto é, não se conformam com um atrativo<br />
natural ou com um único aspeto da localidade que<br />
escolhem, mas pretendem desfrutar de uma experiência<br />
satisfatória em todos os níveis. As cidades e territórios, na<br />
hora de definir as suas estratégias <strong>para</strong> atrair visitantes,<br />
devem implementar planos integrais que lhes permitam<br />
oferecer um produto turístico de qualidade.<br />
É certo que na base de qualquer estratégia deve estar<br />
uma excelente comunicação, não apenas verbal, mas<br />
também visual. E depois de comunicado o produto, é<br />
importante garantir que as expetativas criadas são<br />
realizadas no território. Quer isto dizer que a<br />
comunicação, ainda que necessariamente apelativa e<br />
sedutora, deve ser verdadeira.<br />
O desafio é conseguir “fazer um embrulho ou pacote”,<br />
com experiências excelentes que se complementem e<br />
uma boa justificação/argumentação, <strong>para</strong> criar no<br />
potencial turista a vontade de conhecer e quase a<br />
necessidade de visitar o lugar que se promove.<br />
57
NATUREZA<br />
É o produto de excelência do território que beneficia, em<br />
boa parte da região de <strong>Bragança</strong>, de uma área<br />
classificada (Parque Natural de Montesinho), que lhe<br />
confere o reconhecimento da sua riqueza paisagística e<br />
da biodiversidade.<br />
Mas este enorme potencial só se torna num produto<br />
verdadeiramente turístico se existir a possibilidade do<br />
turista o experimentar. Aqui reside o desafio.<br />
Como proporcionar experiências enriquecedoras ao<br />
turista?<br />
A resposta abre imensas possibilidades:<br />
Atividades ligadas ao turismo de natureza<br />
As caminhadas são um excelente produto, cada vez com<br />
maior procura, beneficiando do facto de existir no<br />
território uma rede de percursos devidamente<br />
homologada (com informação e sinalética adequada),<br />
que permite ao turista efetuar os percursos de forma<br />
autónoma.<br />
A observação da biodiversidade (brama dos veados e<br />
outras) é outra das ofertas disponíveis, que deve ser<br />
realizada com recurso a um guia, conhecedor do terreno,<br />
dos lugares, garantindo assim melhores possibilidades de<br />
sucesso na experiência.<br />
Desportos de natureza, sempre com a devida<br />
salvaguarda <strong>para</strong> não ferir a paisagem nem prejudicar a<br />
riqueza faunística e florística do espaço. Há desportos que<br />
são demasiado evasivos e que devem ser evitados, pelo<br />
menos na área do Parque Natural de Montesinho (por<br />
exemplo passeios TT descontrolados e sem número limite<br />
de participantes).<br />
Não existe no território de <strong>Bragança</strong> nenhum parque de<br />
natureza e aventura, eventualmente, pode ser uma<br />
Oportunidade <strong>para</strong> a região e mais um motivo de atração,<br />
sobretudo de públicos mais jovens.<br />
A fotografia, e são cada vez os amantes e apreciadores<br />
desta forma de arte que eterniza os lugares. Todo o<br />
território, pelo seu esplendor natural, se proporciona à<br />
realização deste tipo de atividades.<br />
Diálogo com as populações, essencialmente no meio rural,<br />
aprendizagem de novas culturas. A hospitalidade, a<br />
espontaneidade e a abertura dos brigantinos é grande e se<br />
o turista manifestar interesse e respeito pelas suas gentes<br />
e aldeias a receção torna-se quase num motivo de festa.<br />
A comunidade abre-se e sem reservas partilha os seus<br />
valores, e até os seus haveres. A naturalidade com que se<br />
oferece um lanche, com produtos locais, uma bebida, o<br />
calor de uma lareira é uma das características territoriais<br />
que deve ser valorizada.<br />
E dentro do potencial natural não podemos ignorar<br />
setores dirigidos a nichos específicos como são a caça e<br />
pesca. Não há dados que nos digam com certezas o peso<br />
destas atividades no território, mas é sabido que a<br />
atividade cinegética atrai centenas de pessoas ao<br />
território.<br />
<strong>Bragança</strong> possui a maior reserva de veados do país, na<br />
Zona Nacional de Caça da Lombada, em pleno Parque<br />
Natural de Montesinho. Há quem considere esta Zona de<br />
Caça um diamante por polir, garantindo que se for feita<br />
uma boa gestão a Caça, pode neste caso, seu um<br />
importante fator de aumento de receitas no turismo.<br />
O problema é que esta Zona de Caça é nacional e a sua<br />
gestão é muito contestada localmente, principalmente<br />
pela falta de uma rede de vigilância eficaz que acabe com<br />
a caça furtiva, que se estima forte nesta zona e que<br />
58
epresenta um perigo <strong>para</strong> o turismo, sobretudo <strong>para</strong><br />
turistas que possam frequentar esta zona na realização de<br />
outro tipo de atividades. Impõe-se, portanto, transformar<br />
esta mais-valia, numa fonte de atração turística e não<br />
numa mancha na ordenação do turismo no território.<br />
PATRIMÓNIO<br />
Que dizer da Domus Municipalis de <strong>Bragança</strong>, único<br />
exemplar de arquitetura civil em estilo Românico na<br />
Península Ibérica, do castelo de bragança e todo o<br />
perímetro muralhado, a porta do sol e a porta da traição, a<br />
torre da princesa e as lendas que a crença popular criou<br />
em torne deste monumento.<br />
Que dizer da Basílica Menor de Santo Cristo de Outeiro,<br />
cuja construção iniciou em 1698 em resultado de um<br />
milagre ocorrido numa pequena capela que se encontra<br />
ao lado, o santuário de Santo Cristo.<br />
E do Mosteiro de Castro de Avelãs, monumento nacional e<br />
exemplar único do estilo arquitetónico românico-<br />
-moçárabe em Portugal, em que sobressai a traça com<br />
tijolo maciço herdada da vizinha região espanhola de<br />
Castela e Leão.<br />
São exemplos do valor incalculável do património<br />
edificado em <strong>Bragança</strong>, todo ele envolto em lendas e<br />
crenças que o enriquecem e o tornam único.<br />
Estes valores, que diferenciam a região, têm de ser<br />
comunicados como um atrativo único, que permite a<br />
realização de programas individuais, em grupo, ou em<br />
família, que se encaixam e enriquecem qualquer pacote<br />
de promoção do território.<br />
A cidadela de <strong>Bragança</strong>, cuja construção se encontra<br />
protegida pelas espetaculares muralhas, que numa<br />
perspetiva aérea desenham um coração, é talvez o<br />
elemento central e o conjunto de maior atratividade na<br />
região. Mas impõe-se que o turista não fique pela cidadela,<br />
tem de descer a rua da Costa Grande e mergulhar em todo<br />
o centro histórico.<br />
Tem de tomar caminho em direção às aldeias, onde se<br />
destaca o património religioso, mas também os sítios<br />
arqueológicos, as esculturas morfológicas, os pelourinhos,<br />
entre tantas outras coisas.<br />
O património da região de <strong>Bragança</strong> contraria as<br />
afirmações de que “os motivos de interesse no município<br />
podem ser vistos num dia”. Não é certo. Uma visitação<br />
adequada e informada impõe mais tempo, exige<br />
observação, contemplação, exige que se escutem as<br />
histórias associadas aos lugares.<br />
E este património edificado, em muitos casos, oferece<br />
atualmente riquíssimos interiores, espaços de<br />
conhecimento, de preservação de memória, de<br />
enriquecimento cultural. É assim no próprio castelo, cuja<br />
torre principal acolhe o Museu Militar, é assim com o<br />
Museu da Máscara, o Museu Abade Baçal, o Museu dos<br />
Sefarditas, o Centro de Arte Contemporânea Graça Morais<br />
e tantos outros lugares.<br />
GASTRONOMIA<br />
A gastronomia obriga a criar um discurso sobre os<br />
prazeres da mesa, os prazeres dos sentidos, onde o<br />
paladar, o olhar (porque os olhos também comem) e o<br />
olfato assumem o papel principal.<br />
A gastronomia em Trás-os-Montes é tributária da própria<br />
cultura, dos produtos da terra e do saber fazer que se foi<br />
perpetuado ao longo de gerações.<br />
59
A genuinidade dos sabores encontra-se, talvez, nas aldeias,<br />
na casa das famílias tradicionais, que ainda usam o lume<br />
como elemento principal na confeção de qualquer<br />
alimento. Os estufados no pote de ferro, onde incluímos o<br />
galo, o coelho bravo, a lebre ou o javali, o cabrito de<br />
montesinho ou o cordeiro bragançano.<br />
Também o famoso Butelo com cascas, produto-chave já<br />
adotado pelo município, deve ser cozido num pote de<br />
ferro, ao lume. O mesmo fogo que cria as brasas de lenha<br />
de carvalho ou castanho, tão importantes nas carnes<br />
assadas, como a posta à mirandesa, não há outra forma de<br />
a confecionar que não assada na brasa, ou então não será<br />
posta à mirandesa.<br />
Até as trutas, que sendo tradicional cozinha-las em<br />
escabeche, têm outro paladar quando grelhadas na brasa.<br />
Este saber fazer que torna a cozinha tradicional tão ímpar<br />
deve ser motivo <strong>para</strong> atrair visitantes e turistas à cidade.<br />
Mas na cozinha há espaço e é conveniente que se aposte<br />
também na inovação, na criatividade, na audácia de fazer<br />
diferente sem alterar a qualidade superior da<br />
matéria-prima que caracteriza o território. E há chefes de<br />
cozinha, que dentro do território, têm vindo a deixar a sua<br />
marca e a garantir que tradição e modernidade podem<br />
caminhar de mãos dadas e fazer sucesso, atraindo novos<br />
públicos, mais exigentes, não apenas no palato, mas<br />
também na apresentação dos pratos.<br />
A mesa deve também ser uma festa <strong>para</strong> o olhar.<br />
Da gastronomia não é possível dissociar os vinhos e a<br />
prosa. Neste último aspeto a região está muito bem<br />
servida, há sempre uma história, uma peripécia, um facto,<br />
um conto ou até uma brincadeira <strong>para</strong> contar à mesa e<br />
garantir um ambiente alegre <strong>para</strong>, com alegria aproveitar<br />
o que de melhor nos oferece a gastronomia.<br />
Atualmente o facto de dois restaurantes serem<br />
referenciados pelo Guia Michelin, o Restaurante G com<br />
uma Estrela Michelin e a Tasca do Zé Tuga com Bib<br />
Gourmand do Guia Michelin, contribui <strong>para</strong> a imagem de<br />
excelência gastronómica do território e estas unidades de<br />
restauração devem integrar as estratégias de promoção<br />
territorial.<br />
FESTAS SOLSTICIAIS<br />
Caretos e Festas dos Rapazes<br />
No curto prazo, enquanto o país e o mundo<br />
permanecerem em contexto de pandemia, estas festas<br />
não poderão realizar-se, pelo menos com a alegria que<br />
aconteciam anteriormente. Mas no médio prazo, estas<br />
manifestações de grande folia, podem representar um<br />
enorme atrativo <strong>para</strong> a retoma do turismo. Os Caretos<br />
invadem as aldeias de <strong>Bragança</strong> entre o Natal e os Reis,<br />
num ritual pagão que atualmente é dedicado a Santo<br />
Estevão. Os rapazes solteiros, mascarados e com<br />
indumentária muito peculiar, espalham a confusão e o<br />
terror, saem à rua, perseguem as raparigas e põem a nu os<br />
boatos das aldeias. É este um ritual de limpeza e<br />
ressurgimento que coincide com o solstício de inverno e<br />
que marca o começo de um novo ciclo.<br />
As festas dos rapazes realizam-se um pouco por todo o<br />
nordeste transmontano e ainda na vizinha Espanha, num<br />
espaço geográfico muito definido que originou uma<br />
candidatura a Património Imaterial da Humanidade,<br />
sendo <strong>Bragança</strong> e Macedo de Cavaleiros os concelhos<br />
onde a tradição está mais presente.<br />
Estas figuras descaradas, que em torno da cinta trazem<br />
barulhentas e enormes chocalhos, saltam sem temor em<br />
torno das pessoas, principalmente das raparigas, que<br />
60
agarram à força e “chocalham”. São um produto turístico<br />
que pode ser aproveitado e valorizado no âmbito dos<br />
próprios rituais, em cada uma das aldeias onde as Festas<br />
dos Rapazes acontecem, mas podem e são já atualmente,<br />
ser elementos de animação em qualquer evento que se<br />
realize na cidade.<br />
EVENTOS<br />
A realização de eventos no território é sempre um<br />
chamariz, um momento de exaltação dos recursos<br />
endógenos, que ainda que focado num produto ou setor<br />
especifico, acaba por se tornar um momento de<br />
dinamização multissetorial. De momento, tal como as<br />
festas, a sua realização está condicionada, mas podem ser<br />
importantes no médio prazo.<br />
Os eventos de maior relevo no território são atualmente o<br />
Carnaval, a Feira das Cantarinhas, e o Festival do Butelo e<br />
das Casulas. Estes eventos já estão implementados e<br />
possuem programas próprios. A estratégia, <strong>para</strong> que<br />
resultem efetivamente como produto-chave de promoção<br />
territorial, é associar, com programas sociais e turísticos,<br />
por exemplo, roteiros diversificados, que permitam ao<br />
visitante/turista, experimentar e viver o território além da<br />
mostra que o evento em si lhes proporciona. Seria fácil<br />
delinear programas diversificados de visitação ao espaço<br />
natural, património, equipamentos culturais, etc., de<br />
experimentação da gastronomia, entre muitas outras<br />
atividades que se podem promover.<br />
Desta forma complementa-se uma oferta que já tem<br />
público, consegue-se que a estada do visitante/turista se<br />
prolongue e introduz-se mais dinâmica na economia local.<br />
61
ANÁLISE<br />
SWOT<br />
<strong>Bragança</strong>, bem pode dizer-se, é um Destino de elevado<br />
potencial. Mas, apesar dos recursos apontados, o turismo<br />
ainda não trás o retorno desejado, ainda não coloca<br />
<strong>Bragança</strong> na primeira linha das escolhas, não do turista<br />
indiferenciado, mas do Turista que escolhe os lugares com<br />
elevados recursos naturais, patrimoniais, culturais,<br />
gastronómicos, o turista que gosta de autenticidade, que<br />
que defende a sustentabilidade e que quer viver novas<br />
experiências.<br />
Convém perceber que os critérios de atração dos territórios<br />
mudaram radicalmente após a pandemia da doença<br />
COVID-19.<br />
O que até então podia ser uma debilidade, como o<br />
isolamento ou baixa densidade populacional, por exemplo,<br />
é atualmente fator de motivação.<br />
A análise tem em conta essa alteração do <strong>para</strong>digma do<br />
Turismo em Portugal e no Mundo.<br />
O que tem faltado?<br />
Falhas na divulgação e promoção do território?<br />
necessidade de integrar estratégias com escala regional?<br />
necessidade de cooperação com outros concelhos?<br />
a criação de redes de parcerias entre operadores locais?<br />
As questões são muitas e as respostas. Através da análise<br />
SWOT, é possível identificar e compreender melhor em<br />
que posição se encontra atualmente <strong>Bragança</strong> no setor do<br />
Turismo. Identificar as forças do território que podem ser<br />
classificadas como os grandes vetores de evolução do<br />
setor do turismo; as fraquezas que devem ser alvo de<br />
preocupação e definição de ações de melhoria; as<br />
oportunidades, representando os aspetos positivos da<br />
envolvente com potencial <strong>para</strong> alavancagem das<br />
vantagens competitivas da região; e as ameaças, cobrindo<br />
pontos negativos da envolvente que podem comprometer<br />
a vantagem competitiva da região.<br />
PONTOS FORTES<br />
Território de baixa densidade populacional.<br />
Tranquilidade e isolamento.<br />
Património natural e paisagístico com elevada qualidade e<br />
diversidade de recursos naturais.<br />
Património histórico e cultural, com numerosos<br />
monumentos qualificados.<br />
Boa rede de equipamentos culturais.<br />
Produtos regionais de qualidade e certificados.<br />
Especialidades gastronómicas únicas.<br />
Manifestações culturais tradicionais únicas.<br />
Boa hospitalidade.<br />
Segurança.<br />
Presença de instituições de ensino superior, contribuindo<br />
<strong>para</strong> a qualificação e aumento da presença de jovens.<br />
63
Oferta Hoteleira variada e vasta.<br />
Boa rede de restaurantes e similares.<br />
Empresas de animação turística com especialidades<br />
diversificadas.<br />
O território está integrado numa área protegida (Parque<br />
natural de Montesinho).<br />
O concelho faz parte da Reserva da Biosfera<br />
Transfronteiriça Meseta Ibérica.<br />
<strong>Bragança</strong> possui o selo da UNESCO “Biospher<br />
Destination”.<br />
O Concelho possui uma Aldeia que é uma das 7 Maravilhas<br />
de Portugal.<br />
O Mel de Montesinho, no segmento de doces, é também<br />
uma das 7 Maravilhas de Portugal.<br />
Inexistência de uma estratégia de comunicação e<br />
marketing conjunta.<br />
Inexistência de redes de cooperação locais e regionais.<br />
População não suficientemente sensibilizada <strong>para</strong> a<br />
atividade turística.<br />
Desconhecimento dos elementos históricos e turísticos da<br />
região por parte<br />
da generalidade dos seus residentes.<br />
Falta de diálogo e cooperação entre as entidades públicas<br />
e os operadores privados.<br />
Fraca autoestima do Destino <strong>Bragança</strong>, por parte de<br />
alguns operadores do setor.<br />
OPORTUNIDADES<br />
PONTOS FRACOS<br />
Inexistência de Pacotes Turísticos organizados;<br />
Inexistência de pacotes de Experiências temáticas<br />
exclusivas;<br />
Dificuldade de acesso ao território, por parte de turistas<br />
estrangeiros, que chegam através do Aeroporto Francisco<br />
Sá Carneiro.<br />
Deficit de imagem e notoriedade nos mercados<br />
internacionais.<br />
Reduzida oferta de alojamento com Classificação Alta<br />
(apenas um Hotel de 4 Estrelas, nenhum de 5 Estrelas, e<br />
uma Pousada de Portugal) com implicações na tipologia<br />
do visitante e na capacidade de atração da região.<br />
Alojamento com poucos serviços complementares.<br />
Falta de recursos humanos especializados.<br />
Previsões de crescimento da procura turística em<br />
territórios de baixa densidade.<br />
Emergência de novos padrões de consumo e motivações<br />
privilegiando destinos que ofereçam experiências<br />
diversificadas e com elevado grau de autenticidade e<br />
exclusividade e segurança sanitária.<br />
Possibilidade de criar Pacotes Turísticos com experiências<br />
diversificadas, e adequadas e diferentes públicos e<br />
gerações.<br />
Aumento da notoriedade de Portugal enquanto destino<br />
turístico europeu.<br />
Upgrade da oferta através do enriquecimento da<br />
experiência turística.<br />
Estruturação da oferta em torno de pacotes turísticos<br />
integrados.<br />
Criação de uma imagem de marca <strong>para</strong> a região, integrada<br />
64
numa estratégia de marketing que a potencie.<br />
Eventos de promoção local, focados na valorização dos<br />
recursos endógenos.<br />
AMEAÇAS<br />
Persistência da situação de instabilidade causada pela<br />
Pandemia COVID-19.<br />
Padrão cultural marcado por práticas de natureza<br />
individualista que dificultam o incremento de parcerias e<br />
de trabalho em rede.<br />
Prevalência de tendências de políticas microeconómicas<br />
centradas no desenvolvimento individual aliadas à<br />
inexistência de uma visão agregadora da região.<br />
Aumento da tendência da “fuga” de jovens qualificados<br />
confrontados com a falta de oportunidades no mercado<br />
de trabalho.<br />
Dificuldade de adaptação face às cada vez mais elevadas<br />
expectativas dos turistas.<br />
Fraca orientação <strong>para</strong> a melhoria contínua e padrões de<br />
qualidade de excelência como elementos competitivos do<br />
destino.<br />
Baixos níveis de sensibilização das populações e de alguns<br />
operadores <strong>para</strong> as oportunidades do turismo.<br />
Perda de competitividade relativamente a regiões<br />
concorrenciais com o mesmo tipo de oferta.<br />
Possibilidade expectável de dificuldades de sobrevivência<br />
económica de alguns operadores privados do setor do<br />
turismo.<br />
65
CARACTERIZAÇÃO<br />
DO TERRITÓRIO<br />
O posicionamento geográfico de <strong>Bragança</strong> é por muitos<br />
apontado como um posicionamento estratégico, pela sua<br />
proximidade com a vizinha Espanha.<br />
E é, sem dúvida.<br />
Atualmente <strong>Bragança</strong> já quebrou as barreiras do<br />
isolamento, graças à melhoria das vias de comunicação,<br />
situando-se a menos de duas horas de distância de polos<br />
tão importantes como o Porto ou Braga, a uma hora de<br />
Zamora, a menos de duas horas de Valhadolid.<br />
São cidades já com grande dimensão, potenciais<br />
emissoras de visitantes e turistas e portas de entrada de<br />
turistas oriundos de outros pontos do mundo.<br />
<strong>Bragança</strong> dista a menos de duas horas de dois<br />
importantes aeroportos (Porto e Valhadolid). Está a menos<br />
de meia hora de distância de uma das <strong>para</strong>gens do AVE<br />
(comboio de alta velocidade espanhol). Mas o problema é<br />
comum em todas estas soluções: não há oferta de<br />
mobilidade que permita ao turista chegar com facilidade a<br />
<strong>Bragança</strong>, não há redes de transportes públicos, nem<br />
carreiras que satisfaçam esta necessidade do turismo na<br />
região.<br />
Um turista que chegue ao Aeroporto Francisco Sá<br />
Carneiro, no Porto, não tem soluções de transporte fáceis<br />
<strong>para</strong> chegar a <strong>Bragança</strong>. Em todos estes casos a solução<br />
mais viável é o aluguer de viaturas.<br />
<strong>Bragança</strong> possui também um aeródromo Municipal e<br />
beneficia de uma ligação aérea (<strong>Bragança</strong> / Lisboa /<br />
Portimão), de segunda a sexta.<br />
Uma ligação essencialmente comercial, pensada <strong>para</strong> o<br />
perfil do empresário, do comerciante, do professor, do<br />
gestor, do residente que necessita fazer uma viagem<br />
rápida à capital.<br />
Esta ligação também não resolve as necessidades do<br />
turismo no território.<br />
Numa altura em que a mobilidade entre países está<br />
condicionada pela persistência do Vírus SARS-CoV-2, e que<br />
muitos turistas optam por fazer viagens curtas, usando<br />
viatura própria, esta questão perde importância, e o que<br />
era uma dificuldade pode transformar-se numa<br />
oportunidade, sobretudo na angariação de turistas<br />
nacionais e da vizinha Espanha que, alias, são o<br />
público-alvo que convém conquistar.<br />
O potencial turístico do território, facilmente se verifica na<br />
análise SWOT, é enorme.<br />
É preciso tornar o território mais acessível do ponto de vista<br />
do conhecimento, da informação, da organização de<br />
experiências, da apresentação como destino turístico.<br />
Não sendo exatamente uma estratégia que uma entidade<br />
de gestão de recursos possa implementar, é uma<br />
necessidade do território, o investimento na qualificação<br />
das unidades de alojamento a criação de oferta de nível<br />
superior, insipiente na área de <strong>Bragança</strong>.<br />
Não existem no concelho unidades hoteleiras de 4<br />
(apenas1) e 5 estelas, mas já existem no setor da<br />
restauração operadores com selos de qualidade atribuídos<br />
pelo Guia Michelin, como lugar recomendável, pelo Boa<br />
67
Cama Boa Mesa (do Expresso) e até existe um restaurante<br />
com 1 estrala Michelin, o Restaurante G, e outro com o Bib<br />
Gourmand Michelin, a Tasca do Zé Tuga. Estes<br />
reconhecimentos colocam <strong>Bragança</strong> nos roteiros<br />
nacionais e internacionais.<br />
No território já houve diversas tentativas de implementar<br />
um slogan associado ao Low Cost. Esse não deve ser o<br />
caminho. O território deve apostar numa política de<br />
valorização, de reconhecimento e de prática do “preço<br />
justo”.<br />
<strong>Bragança</strong> é um destino “barato” no contexto nacional e<br />
ainda mais no contexto internacional, também porque<br />
maioritariamente os operadores no terreno ainda não<br />
apostaram na diferenciação, na qualificação da oferta, no<br />
“charme” e “exclusividade” que muitos turistas procuram e<br />
exigem.<br />
A estratégia apresentada não vai no sentido de trabalhar<br />
<strong>para</strong> um destino de classe alta, mas sim de criar oferta <strong>para</strong><br />
que estes potenciais turistas, com maior capacidade de<br />
compra não fiquem de fora, não vejam aqui respostas<br />
adequadas <strong>para</strong> as suas exigências.<br />
Existe algum esforço de promoção empreendido pela<br />
ACISB, pelo município de <strong>Bragança</strong>, pela Comunidade<br />
Intermunicipal Terras de Trás-os-Montes e, nos pós<br />
pandemia, até pela Entidade Regional de Turismo Porto e<br />
Norte, que tem trazido mais movimento à cidade. Exemplo<br />
disso foi a afluência de turistas nacionais nos meses de<br />
verão, pós confinamento, cuja presença se fez sentir<br />
especialmente no centro histórico da cidade, na<br />
restauração e no alojamento rural.<br />
Passado o verão, a época alta, eram os ventos que<br />
imprimiam dinâmica turística à cidade e à região.<br />
A ausência de Festas e Feiras está nitidamente a prejudicar<br />
o setor, existindo um grande anseio por parte dos<br />
operadores, pela retoma dos eventos de caracter local e<br />
regional.<br />
<strong>Bragança</strong> precisa de desenvolver trabalho na sua<br />
capacidade de estruturação da promoção existente que<br />
passa, necessariamente, pelo reforço dos níveis de<br />
articulação e concertação entre entidades públicas e<br />
operadores privados, de forma a harmonizar e realçar a<br />
mensagem definida <strong>para</strong> o todo, <strong>para</strong> garantir maior<br />
impacto e resultado junto do público-alvo a atingir.<br />
68
IDENTIFICAÇÃO<br />
DOS PRINCIPAIS<br />
ATRATIVOS DA REGIÃO<br />
A partir da análise da sistematização dos recursos<br />
endógenos de <strong>Bragança</strong>, e tendo em conta a análise<br />
SWOT, é possível apontar alguns dos principais desafios<br />
que se colocam na necessária estruturação da oferta<br />
turística.<br />
O potencial endógeno é enorme, sendo claro que existe<br />
autenticidade, originalidade e qualidade na oferta,<br />
importando, acima de tudo, organizá-la, valorizá-la<br />
localmente, apresentá-la de forma positiva e atrativa nos<br />
mercados emissores, de forma integrada e sustentada.<br />
Pelas características da oferta territorial o Destino de<br />
<strong>Bragança</strong> não é nem pretende ser um destino de massas,<br />
mas sim um destino de experiências enriquecedoras.<br />
Esta “exclusividade” é atualmente uma das razões que<br />
mais pode pesar na escolha de um destino turístico, a par<br />
da tranquilidade e segurança sanitária que pode oferecer<br />
o território, sendo <strong>para</strong> tal importante a baixa densidade<br />
populacional, diminui o risco de aglomerações, e a<br />
exigência de serviços de qualidade que se impõem<br />
principalmente aos operadores turísticos e comerciais.<br />
Os valores naturais e paisagísticos são o principal<br />
atrativo <strong>para</strong> potenciar a atividade turística na região,<br />
nomeadamente no que respeita à atividade de turismo<br />
de natureza.<br />
Mas também o património histórico-cultural, com<br />
numerosos monumentos qualificados, aos quais se<br />
associam lendas e mitos, capazes de acrescentar<br />
condimentos de misticismo, mistério, magia e<br />
encantamento a cada lugar.<br />
A gastronomia é impar, sustentada nos produtos locais,<br />
onde predomina a produção biológica e produtos<br />
certificados, com Denominação de Origem Protegida<br />
(DOP).<br />
A cultura é peculiar, as Festas de Inverno trazem<br />
animação, colorido e alegria no inverno, as tradições<br />
permanecem, respeitando os rituais ancestrais.<br />
Mas há também modernidade. Excelentes espaços<br />
culturais, que guardam memórias, promovem tradições,<br />
estimulam a ciência e a investigação, instigam a<br />
criatividade, e enriquecem a alma de todos aqueles que<br />
os visitam. Há também arte na rua.<br />
Complementarmente a esta análise, importa identificar<br />
quais os fatores críticos que permitirão a potenciação dos<br />
desafios referidos, de forma a assegurar a sua<br />
consideração na elaboração da Estratégia.<br />
70
LINHA DE ORIENTAÇÃO<br />
ESTRATÉGICA<br />
A estratégia de desenvolvimento do setor tem de apostar<br />
numa filosofia de baixo <strong>para</strong> cima, pensada e<br />
implementada tendo por base a motivação e o interesse<br />
dos agentes locais, que trabalham o setor no terreno,<br />
devendo envolver as entidades públicas locais e regionais<br />
e nacionais.<br />
Cada operador local é um “embaixador” do próprio<br />
território, a forma como recebe, como trata, como mostra<br />
a região, o entusiasmo e o conhecimento que coloca na<br />
sua abordagem com o visitante ou turista é a primeira<br />
imagem do território e “não há segundas oportunidades,<br />
<strong>para</strong> causar uma boa primeira impressão”.<br />
Por essa razão é necessário apostar na Sensibilização e<br />
Capacitação. Os agentes têm de compreender a<br />
importância de conhecer, interpretar, e partilhar o<br />
território de forma interessante e positiva e <strong>para</strong> isso<br />
necessariamente devem apostar na capacitação. A ACISB<br />
tem aqui um importante papel na organização de cursos<br />
orientados <strong>para</strong> a atribuição de novas competências aos<br />
ativos do sector, através de disponibilização de Cursos de<br />
Formação Modular. Mas a principal motivação deve partir<br />
dos próprios agentes que precisam de aliar a<br />
componente de experiência territorial que demonstra um<br />
forte conhecimento do produto em que trabalham, com<br />
novos conhecimentos, novas técnicas, novas abordagens<br />
que contribuam <strong>para</strong> a melhoria dos métodos de<br />
trabalho, fomentando a inovação nos serviços prestados,<br />
acompanhando as tendências de procura, cada vez mais<br />
exigentes.<br />
Os operadores locais, tal como as entidades públicas,<br />
trabalham virados <strong>para</strong> si próprios, de forma isolada, sem<br />
diálogo e parcerias, não existe espirito de grupo, nem<br />
sentimento de equipa, sem o qual o destino não pode ser<br />
corretamente trabalhado como um todo.<br />
É importante que se trabalhe o sentimento de orgulho e<br />
autoestima territorial. E isso consegue-se com<br />
informação e formação. Cada agente no território deve<br />
conhecer, em detalhe, a região e os seus recursos.<br />
As entidades públicas devem, antes de mais, conhecer a<br />
sensibilidade, a opinião, as ideias e os projetos dos<br />
agentes locais, e trabalhar no sentido de os ajudar na<br />
implementação e concretização de objetivos comuns.<br />
Devem definir um plano de ação que tenha na sua base a<br />
vontade e o interesse dos promotores locais.<br />
Sem envolvimento do setor privado e público, sem<br />
aceitação, reconhecimento da importância e<br />
empenhamento de todas as partes na implementação de<br />
estratégias, não há resultados positivos.<br />
E quando falamos de imagem impõe-se a Criação de<br />
uma Marca.<br />
A região de <strong>Bragança</strong> possui uma identidade própria com<br />
atributos patrimoniais, naturais, culturais, gastronómicos<br />
sociais, relacionais e simbólicos que devem constituir a<br />
base do processo de construção da imagem de marca.<br />
Esta marca, através da sua dimensão funcional e<br />
72
simbólica, deve ter a capacidade de consubstanciar e<br />
valorizar essa identidade promovendo a identificação e<br />
envolvimento com os públicos e, simultaneamente,<br />
distinguindo-a de territórios concorrentes.<br />
As estratégias de branding territorial atuam num<br />
continuum entre os atributos do território e o<br />
reconhecimento e interesse dos públicos por essas<br />
características, ou seja, num continuum entre a<br />
identidade e a imagem da cidade e região.<br />
A imagem remete <strong>para</strong> conjunto de perceções,<br />
associações e juízos de valor e pode ser, no âmbito dos<br />
lugares, positiva e atrativa, negativa, fraca ou<br />
contraditória (quando uns públicos percecionam a<br />
cidade de forma negativa e outros de forma positiva<br />
consoante as suas características demográficas e<br />
psicográficas, nomeadamente comportamentais e de<br />
costumes).<br />
A marca é uma junção de tudo que pode agregar valor a<br />
um território.<br />
E, devido a esta responsabilidade, é um elemento na<br />
estratégia de desenvolvimento territorial, que nunca<br />
pode ser descuidado, deve ser muito bem estruturado e<br />
trabalhado.<br />
Sendo assim, ela precisa ser desenvolvida dentro de um<br />
posicionamento específico, precisa ter associações e<br />
significados enriquecedores <strong>para</strong> não ser apenas mais<br />
um nome.<br />
A marca funciona como o “Cartão de Identidade” de um<br />
território.<br />
É através da criação de uma marca de identidade<br />
(institucional, corporativa, organizacional, de produto, de<br />
serviço, territorial) que se vão traduzir os valores<br />
associados, materializados através de vários elementos de<br />
comunicação tais como:<br />
a marca gráfica (logótipo), a organização visual, as<br />
cores e layout das peças gráficas (publicações,<br />
publicidades, embalagens, relatórios, espaços<br />
comerciais, catálogos, etc.);<br />
elementos verbais (slogans, tags, teasers, etc.),<br />
valores, posicionamentos e ações sociais,<br />
económicas, ecológicas, humanas, etc.;<br />
linha de conteúdo da sua comunicações<br />
(internas e externas), o seu ambiente de trabalho o<br />
atendimento ao público/cliente, a diferenciação<br />
visual, conceptual e física dos serviços, produtos,<br />
etc.<br />
Enquanto a marca e a imagem visual (linha gráfica)<br />
identificam e distinguem visual, física, emocional e até<br />
concetualmente o território de qualquer outro, o<br />
conteúdo da comunicação e posicionamento (nas várias<br />
vertentes), traduz valores associados, cria ligações<br />
emocionais com o seu público, decisivas e cruciais na<br />
escolha do destino turístico.<br />
A afirmação de uma Marca Territorial exige a elaboração<br />
de um Plano de Comunicação e um Plano de Marketing,<br />
capazes de trabalhar a afirmação da marca, o seu<br />
reconhecimento e aceitação no território, e a sua<br />
afirmação externa.<br />
Um trabalho de comunicação, se for positivo, pode<br />
agregar excelentes valores à marca e leva-la a um bom<br />
posicionamento, aumentando a sua capacidade de<br />
afirmação no mercado.<br />
Sendo o marketing territorial utilizado ao serviço da<br />
conceção, gestão e promoção dos lugares, com o objetivo<br />
de aumentar a atratividade junto de públicos internos e<br />
externos, as estratégias utilizadas pelos lugares <strong>para</strong><br />
73
posicionar e comunicar os seus atributos podem<br />
apresentar-se como um instrumento precioso ao serviço<br />
da estratégia territorial.<br />
Neste contexto, a imagem de marca, a comunicação e o<br />
marketing territorial constituem-se como elementos<br />
nucleares, na definição de qualquer estratégia de<br />
desenvolvimento territorial.<br />
A Estratégia de Promoção Integrada tem, necessariamente,<br />
de passar pelo levantamento, identificação, descrição e<br />
georreferenciação de todos os Pontos de Interesse deste<br />
território, incluindo neste conceito o património natural,<br />
cultural, patrimonial, gastronómico, mas também a<br />
oferta de serviços vocacionados <strong>para</strong> o turismo.<br />
Com base nestes conteúdos, devidamente organizados e<br />
com uma imagem apelativa, “o produto” tem de ser<br />
trabalhado no mercado nacional e internacional.<br />
O que tem faltado ao território é organização. Verifica-se<br />
que cada município trabalha por si, sem ligações aos<br />
territórios vizinhos e muitos ainda nem despertaram <strong>para</strong><br />
esta necessidade de apostar no turismo, apesar de ser um<br />
dos setores em crescimento e considerado “estratégico”<br />
<strong>para</strong> o desenvolvimento territorial.<br />
Esta grande missão territorial necessita de concertação,<br />
lideranças e orientação, isto é, terá de existir uma<br />
entidade (por exemplo uma associação), que assuma<br />
esse desígnio e que seja reconhecida acreditada pelos<br />
diversos agentes. Alias, os diversos parceiros (públicos e<br />
privados), devem ter participação direta nessa entidade.<br />
E será essa “organização” a criar condições <strong>para</strong> que “o<br />
produto” que quer vender se apresente com uma<br />
imagem forte e apelativa, organizando pacotes<br />
diferenciados, procurando públicos diferenciados, em<br />
território nacional, mas fundamentalmente no estrageiro.<br />
A estratégia a usar passa, depois da identificação “do<br />
produto”, pela criação de uma imagem atrativa e<br />
dinâmica, pelo desenvolvimento de sérias campanhas de<br />
marketing, pela comunicação positiva e valorativa do<br />
território, pela afirmação no meio web, usando todas as<br />
ferramentas ao dispor, desde o website às redes sociais,<br />
marketing digital, pelo desenvolvimento de campanhas<br />
específicas em Portugal e Espanha (no curto prazo) mas<br />
também em destinos emergentes (no médio Longo<br />
prazo).<br />
Com as bases assentes nos objetivos previamente<br />
definidos no Plano de Comunicação o no Plano de<br />
Marketing Territorial deve ser estruturada a estratégia de<br />
pela referida entidade, que vai vender uma marca<br />
específica, que assenta na qualidade, na singularidade,<br />
na diversidade, na originalidade. Uma marca que se quer<br />
forte e abrangente, capaz de potenciar o melhor de cada<br />
canto deste território. Uma marca que inclua o setor<br />
público e o privado, que estimule os operadores locais a<br />
trabalhar em rede e com um mesmo objetivo: o sucesso,<br />
a afirmação externa desta região.<br />
Convém referir que a implementação de uma estratégia<br />
promocional exige a definição de um Plano de Ação,<br />
devidamente orçamentado, um documento que ajuda<br />
também a definir prioridades e a garantir a<br />
monotorização das ações, com a necessária avaliação dos<br />
resultados.<br />
74
ESTRUTURA PARA DEFINIÇÃO ESTRATÉGICA<br />
Da resposta a estas questões iniciais resulta a estrutura<br />
metodológica <strong>para</strong> construção de uma estratégia de<br />
valorização turística territorial:<br />
Onde estamos?<br />
Implica conhecer, com base em dados estatísticos, qual a<br />
importância do setor turístico <strong>para</strong> o território e como tem<br />
evoluído ao longo dos anos, o que nos permite<br />
compreender qual é o ponto de partida.<br />
Este diagnóstico exige a interpretação da análise SWOT,<br />
que nos permita avaliar os Pontos Fortes, os Pontos<br />
Fracos, as Ameaças e as <strong>Oportunidades</strong>.<br />
Com quem estamos?<br />
Exige perceber que outras entidades estão envolvidas no<br />
mesmo setor, como parceiras (privados, Turismo de<br />
Portugal, Turismo Porto e Norte, Câmara Municipal, CIM-<br />
TT, etc.), mas também quem são os nossos principais<br />
concorrentes, nacionais e globais.<br />
Este conhecimento permite definir caminhos, linhas<br />
orientadoras e ações concretas, que vão ao encontro das<br />
políticas nacionais e regionais, aproveitando assim as<br />
sinergias existentes. Permite-nos também decidir com<br />
quem queremos estar, que tipo de sinergias precisamos<br />
agregar, que parcerias devemos procurar <strong>para</strong> a<br />
afirmação do turismo em <strong>Bragança</strong>.<br />
Quem somos e o que temos <strong>para</strong> oferecer?<br />
Aqui reside o foco principal de toda a estratégia,<br />
compreender a nossa identidade local, o que nos define, o<br />
que nos distingue, o que nos valoriza e de que maneira<br />
conseguimos, de forma integrada e complementar, criar<br />
uma proposta de valor diferenciadora, que sustente a<br />
afirmação e consolidação de <strong>Bragança</strong> como destino<br />
turístico de eleição no contexto regional, nacional e<br />
internacional. Importa considerar os recursos naturais,<br />
<strong>para</strong> potenciar a atividade turística, mas também os<br />
recursos complementares (serviços) que podem<br />
enriquecer a oferta e torná-la diferenciadora.<br />
Onde queremos ir?<br />
Os objetivos do trabalho, quais são os nossos desígnios e<br />
as nossas aspirações, as nossas metas. Todo o trabalho<br />
deve ser desenvolvido com foco, estratégia e metas<br />
específicas e com a definição das prioridades de<br />
investimento, que evitam a dispersão de ideias e projetos,<br />
de recursos que, necessariamente, têm de ser<br />
rentabilizados, trazer retorno ao território, à comunidade<br />
em geral e aos investidores em particular.<br />
Como alcançamos os nossos objetivos?<br />
Como organizamos o setor, como o comunicamos (Plano<br />
de Marketing e Comunicação), como o consolidamos <strong>para</strong><br />
a necessária afirmação e sucesso do destino e como<br />
financiamos o investimento na organização da oferta, na<br />
qualificação, na criação de novos produtos e respostas<br />
turísticas, na comunicação e promoção externa. Para<br />
responder esta questão é necessária uma estratégia clara,<br />
complementada com um Plano de Ação e com indicação<br />
das ferramentas disponíveis <strong>para</strong> garantir a sua execução.<br />
Apos esta fase de definição de linhas de orientação e<br />
caminhos surge a necessidade de consolidar ideias e<br />
ações através do “Guia de gestão turística e de produtos<br />
turísticos viáveis <strong>para</strong> a revitalização do comércio<br />
tradicional: análise de boas práticas nacionais e<br />
internacionais <strong>para</strong> apoiar a promoção e marketing”.<br />
75
CONCLUSÕES<br />
A identificação de fragilidades e oportunidades no setor<br />
do turismo em <strong>Bragança</strong> incidiu nos seguintes aspetos:<br />
Caracterização territorial;<br />
A identificação de fragilidades e oportunidades no<br />
setor do turismo em <strong>Bragança</strong> incidiu nos<br />
seguintes aspetos:<br />
Caracterização territorial;<br />
Identificação e sistematização dos recursos<br />
endógenos, com sugestões de estratégias <strong>para</strong> a<br />
sua valorização;<br />
Identificação de produtos-chave <strong>para</strong> promoção<br />
territorial;<br />
Análise SWOT.<br />
E na sistematização dos recursos endógenos verificamos<br />
que a listagem é enorme e pela descrição de cada Ponto de<br />
Interesse facilmente conseguimos compreender que é de<br />
qualidade. Toda esta informação foi cruzada numa Análise<br />
SWOT que nos permitiu definir as linhas orientadoras <strong>para</strong><br />
traçar uma estratégia de valorização, que é a verdadeira<br />
motivação do estudo atual.<br />
Para conseguir desenvolver uma estratégia de afirmação<br />
destes recursos é preciso que os operadores locais<br />
(privados) e as entidades públicas conheçam esse potencial<br />
e se alinhem na estratégia de promoção. Pequenas ações<br />
sem escala e sem aceitação das duas partes, privados e<br />
setor publico, não terão os resultados esperados.<br />
É necessário criar um produto turístico, que agregue<br />
todos os recursos endógenos e os comercialize sob uma<br />
única marca. Mais uma vez a dispersão é inimiga da<br />
criação de uma imagem externa atrativa, forte e confiável.<br />
Trabalhar de forma integrada é inevitável e a região de<br />
<strong>Bragança</strong>, só por si, pode ser pequena <strong>para</strong> chegar ao<br />
mercado global de forma consistente e atraente.<br />
Ao definir os produtos-chave identificamos elementos<br />
diversos que se complementam e só no seu conjunto<br />
podem garantir a criação de um produto turístico que<br />
possa ser apresentado com credibilidade e potencial no<br />
exterior.<br />
É preciso investir em campanhas promocionais sérias,<br />
com escala, que ao potencial endógeno do território alie<br />
os serviços associados ao turismo.<br />
Atualmente os territórios de baixa densidade<br />
populacional revelam-se nos destinos “mais atrativos”, é a<br />
oportunidade de <strong>Bragança</strong> conquistar o mercado interno<br />
e também de reforçar a sua atratividade nos públicos<br />
oriundos da vizinha Espanha.<br />
Depois de uma “primeira visita” a responsabilidade da<br />
qualidade das experiências, a fidelização do<br />
visitante/turista, passa, basicamente, <strong>para</strong> os operadores<br />
privados. Daí a necessidade de apostar na sensibilização e<br />
na capacitação de todos os agentes turísticos e<br />
comerciais.<br />
77
Medidas e sugestões práticas <strong>para</strong> materializar os<br />
conceitos aqui defendidos devem integrar o “Guia de<br />
gestão turística e de produtos turísticos viáveis <strong>para</strong> a<br />
revitalização do comércio tradicional: análise de boas<br />
práticas nacionais e internacionais <strong>para</strong> apoiar a<br />
promoção e marketing”.<br />
78
REFERÊNCIAS<br />
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