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Detetar Fragilidades e Oportunidades para Bragança

Análise da influência do comércio tradicional no turismo, comunidade e desenvolvimento local

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DETETAR FRAGILIDADES<br />

E OPORTUNIDADES<br />

PARA BRAGANÇA<br />

Análise da influência do comércio tradicional no<br />

turismo, comunidade e desenvolvimento local<br />

ACISB 10/2020


ÍNDICE<br />

Enquadramento<br />

Sumário Executivo<br />

Análise Territorial<br />

Recursos Naturais<br />

Recursos históricos e patrimoniais<br />

Recursos culturais e tradicionais<br />

Eventos<br />

Recursos gastronómicos<br />

Agentes turísticos e comerciais<br />

Produtos-chave da região <strong>para</strong> o setor do turismo<br />

Análise SWOT<br />

Caracterização do território<br />

Identificação dos principais atrativos da região<br />

Linha de orientação estratégica<br />

Conclusões<br />

Referências Bibliográficas<br />

5<br />

7<br />

9<br />

12<br />

19<br />

41<br />

44<br />

46<br />

51<br />

57<br />

63<br />

67<br />

70<br />

72<br />

77<br />

80<br />

3


ENQUA<br />

DRAMENTO<br />

“DETETAR FRAGILIDADES E OPORTUNIDADES PARA<br />

BRAGANÇA: Análise da influência do comércio<br />

tradicional no turismo, comunidade e desenvolvimento<br />

local”, é o tema de um estudo promovido pela Associação<br />

Comercial, Industrial e Serviços de <strong>Bragança</strong> (ACISB), no<br />

âmbito do projeto Turistando por <strong>Bragança</strong>, face à<br />

necessidade de organizar e estruturar o setor do turismo,<br />

ao qual é reconhecido um enorme potencial de criação<br />

de riqueza e desenvolvimento.<br />

Pretende-se com este estudo perceber as fragilidades e<br />

apontar caminhos <strong>para</strong> as superar, ao mesmo tempo que<br />

se reconhecem oportunidades que fomentem a procura<br />

do mercado interno e externo.<br />

Assim, a estratégia pretende criar uma proposta de valor<br />

que, necessariamente, tem de ir ao encontro das<br />

expectativas dos comerciantes e agentes ativos do setor<br />

do turismo, compreendendo as tendências atuais e<br />

futuras dos potenciais consumidores/turistas e que deve<br />

ser definida em consonância com as políticas regionais e<br />

nacionais já traçadas <strong>para</strong> o Turismo.<br />

fixação de recursos humanos qualificados no território.<br />

<strong>Bragança</strong> precisa de conseguir afirmar a identidade do<br />

concelho. Precisa “abrir as portas” e seduzir os turistas,<br />

<strong>para</strong> que se entusiasmem a explorar o território, <strong>para</strong> que<br />

queiram conhecer a cultura, as tradições, o património, a<br />

gastronomia, a paisagem e, claro, os produtos e serviços<br />

que oferecem o tecido económico local.<br />

Este estudo é realizado num período atípico, onde todas<br />

as regras e tendências da procura turística se alteraram,<br />

devido à presença, em todo o mundo, do Vírus<br />

SARS-CoV-2, causador da doença conhecida como<br />

COVID-19.<br />

É necessário atender ao contexto atual e perceber se as<br />

mudanças causadas por esta pandemia são meramente<br />

conjunturais ou vão impor alterações estruturais.<br />

Esta estratégia deve considerar as expetativas e ambições<br />

dos agentes já instalados no terreno, apontar novas ideias<br />

e oportunidades de negócio <strong>para</strong> a criação de outras<br />

empresas, contribuindo, assim, <strong>para</strong> o aumento da<br />

procura e criação de postos de trabalho que ajudem na<br />

5


SUMÁRIO<br />

EXECUTIVO<br />

Numa altura em que as tendências de procura mundiais<br />

apontam como caminho o “Turismo de Experiências”,<br />

<strong>Bragança</strong> precisa de se “estruturar”, apostando nos<br />

recursos naturais e produtos endógenos mais importantes<br />

de território, e trabalhar a informação interna e externa de<br />

destino “limpo e seguro”.<br />

As “experiências” eram já a tendência marcadamente<br />

mais presente nas escolhas do turismo de qualidade e<br />

ganham agora nova força, em contexto de pandemia,<br />

onde a população em geral se deixa influenciar pela<br />

palavra “exclusividade”. Territórios que permitem<br />

“experiências exclusivas”, adaptadas à dimensão de<br />

pequenos grupos de familiares ou amigos, são destinos<br />

que gradualmente se podem afirmar e diferenciar no<br />

panorama geral.<br />

<strong>Bragança</strong> possui potencial <strong>para</strong> criar uma oferta<br />

sustentável e competitiva que possa concorrer com<br />

outros destinos no mercado global.<br />

O objetivo principal é conseguir definir uma estratégia<br />

integrada que seja capaz de promover uma dinâmica<br />

económica global, capaz de gerar riqueza e<br />

empregabilidade e esse objetivo só se pode alcançar com<br />

o aumento do fluxo de turistas que visitam e usufruem do<br />

concelho. Um desafio que ganha maior dimensão<br />

quando o período que atravessamos é de quebra na<br />

emissão geral de turistas e quebra nos próprios fluxos de<br />

movimento e consumo interno.<br />

Transformar uma dificuldade numa oportunidade é repto<br />

que se impõe a todos quantos trabalham neste setor de<br />

atividade.<br />

E <strong>para</strong> que possamos criar essa oferta é imprescindível<br />

identificar os recursos existentes e avaliar de que forma<br />

podem ser trabalhados <strong>para</strong> alavancar todo o setor<br />

turístico e económico.<br />

Ao definir fragilidades e apontar potencialidades o que se<br />

pretende é obter o conhecimento interno necessário <strong>para</strong><br />

capacitar o território, os agentes turísticos que nele<br />

operam e os organismos com responsabilidade neste<br />

sector, <strong>para</strong> a afirmação de um “produto” que se quer<br />

mostrar e “vender” na região, no país e no mundo.<br />

7


ANÁLISE<br />

TERRITORIAL<br />

No âmbito do ordenamento territorial no setor do<br />

Turismo, o município de <strong>Bragança</strong> integra, juntamente<br />

com mais 85 concelhos, que constituem a NUT II – Norte,<br />

a Entidade Regional de Turismo do Porto e Norte de<br />

Portugal (TPNP). Esta entidade, com Sede em Viana do<br />

Castelo, é uma pessoa coletiva pública, de natureza<br />

associativa, com autonomia administrativa e financeira e<br />

com património próprio.<br />

É a responsável pela valorização e o desenvolvimento das<br />

potencialidades turísticas da respetiva área regional de<br />

turismo, a promoção interna e o mercado alargado dos<br />

destinos turísticos regionais, bem como a gestão<br />

integrada dos destinos no quadro do desenvolvimento<br />

turístico regional.<br />

A atuação da TPNP tem na sua base um diversificado e<br />

vasto leque de recursos naturais e patrimoniais, produtos<br />

únicos e marcas de grande qualidade, que constituem a<br />

oferta turística de um território trabalhado de acordo com<br />

quatro sub-destinos – Porto, Douro, Minho e Trás-os-Montes.<br />

Tendo como “visão” Inovar na oferta potenciando a<br />

redução das assimetrias regionais, a TPNP traçou como<br />

“missão” a promoção e o desenvolvimento da cadeia de<br />

valor do Turismo da Região Porto e Norte de Portugal.<br />

O Município de <strong>Bragança</strong> é também um dos nove<br />

concelhos que integra a Comunidade Intermunicipal<br />

Terras de Trás-os-Montes (CIM-TTM), juntamente com<br />

Alfândega da Fé, <strong>Bragança</strong>, Macedo de Cavaleiros,<br />

Miranda do Douro, Mirandela, Mogadouro, Vila Flor,<br />

Vimioso e Vinhais. No seu conjunto abrangem uma área<br />

de cerca de 5538 km2.<br />

A norte e a leste, faz fronteira com as províncias<br />

espanholas de Galiza e Castela e Leão, respetivamente; a<br />

sul situam-se os municípios que integram a CIM do Douro<br />

e a oeste os da CIM do Alto do Tâmega.<br />

A região apresenta duas realidades distintas no que diz<br />

respeito às características morfológicas e climáticas, que<br />

deram origem às designações Terra Fria e Terra Quente<br />

Transmontana. A primeira é constituída por relevos com<br />

uma altitude mais elevada e um clima mais frio e húmido,<br />

a segunda apresenta relevos de altitude mais baixa e um<br />

clima mais quente e seco.<br />

A diversidade não é apenas climática e morfológica,<br />

apesar de muitas características comuns, a cultura, as<br />

tradições, os produtos endógenos mais relevantes<br />

também são diferentes entre as referidas Terra Quente e<br />

Terra Fria.<br />

9


Destacam-se na área da Terra Quente o Azeite e os Vinhos<br />

(parte deste território integra a Região Demarcada do<br />

Douro), na Terra Fria (e nalguns concelhos de transição) o<br />

produto rei é a Castanha.<br />

<strong>Bragança</strong> é a cidade de maior dimensão da CIM-TTM,<br />

sendo também a capital de distrito.<br />

É no concelho de <strong>Bragança</strong>, área de atuação da ACISB,<br />

que vamos focar esta análise, ficando-nos nos recursos<br />

endógenos que podem e devem potenciar o<br />

desenvolvimento turísticos da região, nomeadamente:<br />

• Recursos Naturais;<br />

• Património;<br />

• Espaços Culturais;<br />

• Cultura e Tradição;<br />

• Eventos;<br />

• Gastronomia;<br />

• Agentes Turísticos e Comerciais.<br />

Do ponto de vista da Natureza o concelho de <strong>Bragança</strong><br />

faz parte da Reserva da Biosfera Transfronteiriça (RBT)<br />

Meseta Ibérica, reconhecida pela UNESCO em 2015, que<br />

abrange um total de 87 municípios, sendo 12 municípios<br />

no território português e no território espanhol, 48<br />

municípios da província de Zamora e 27 da província de<br />

Salamanca.<br />

A Reserva da Biosfera da Meseta Ibérica foi a 15.ª<br />

transfronteiriça em todo o mundo e é a maior da Europa,<br />

tem uma Área Total de 1.132.607 ha (11 326 Km2),<br />

equivalente ao Norte de Portugal.<br />

O estatuto de Reserva da Biosfera é uma espécie de "selo<br />

de qualidade" atribuído pela UNESCO a territórios pelo<br />

uso e preservação da biodiversidade no âmbito do<br />

programa científico intergovernamental sobre o Homem<br />

e a Biodiversidade.<br />

Recentemente esta entidade conseguiu a certificação<br />

“Biosphere” <strong>para</strong> o território, que é uma referência<br />

universalmente reconhecida no campo da<br />

sustentabilidade. Os referenciais da Biosphere<br />

Responsible Tourism foram os primeiros a ser acreditados<br />

e reconhecidos pelo Global Sustainable Tourism Council.<br />

Em Portugal, a certificação encontra-se a cargo do<br />

Instituto de Turismo Responsável, que é uma das<br />

organizações responsáveis pela promoção dos princípios<br />

da Carta Mundial do Turismo Sustentável.<br />

E estes reconhecimentos e certificações só são possíveis<br />

graças à perfeita simbiose entre a ação humana e o<br />

respeito pela natureza. Dessa união nasceram lugares<br />

como a Aldeia de Rio de Honor, considerada uma 7<br />

Maravilhas de Portugal (Aldeias).<br />

Uma aldeia pitoresca e muito emblemática não apenas<br />

pela peculiar arquitetura, pela paisagem, mas sobretudo<br />

pela cultura e pelas tradições, muito baseadas no<br />

comunitarismo.<br />

Há outras aldeias e há a cidadela de <strong>Bragança</strong> que, do<br />

ponto de vista do património edificado, é o grande<br />

ex-libris do concelho. O Imponente Castelo, a singular<br />

Domus Municipalis, a Igreja de Santa Maria e a Muralha,<br />

intacta, que guarda, preserva e abraça séculos de História<br />

e de Estórias.<br />

10


No património Religioso o concelho de <strong>Bragança</strong> conta<br />

com a Basílica de Santo Cristo de Outeiro, mais uma<br />

referência capaz de integrar os mais arrojados programas<br />

de oferta turística.<br />

<strong>Bragança</strong> dispõe de um vasto núcleo de equipamentos<br />

culturais, modernos e atrativos, e tem arte também na<br />

rua, a Street Art já tem perto de uma centena de obras,<br />

distribuídas por toda a cidade.<br />

11


RECURSOS<br />

NATURAIS<br />

A natureza e todos os produtos que dela derivam (a<br />

biodiversidade, a paisagem, os lugares imperdíveis, a<br />

agricultura) são, talvez, os elementos que garantem maior<br />

reconhecimento externo a <strong>Bragança</strong>, nomeadamente o<br />

Parque Natural de Montesinho, área protegida<br />

classificada desde 1979.<br />

A área das serras de Montesinho e Coroa foi escolhida<br />

<strong>para</strong> Parque Natural por reunir condições em que é visível<br />

a integração harmoniosa do homem com o meio<br />

ambiente.<br />

O Parque Natural de Montesinho é uma das maiores<br />

áreas protegidas de Portugal. Com uma superfície de 75<br />

000 ha. É constituído por uma sucessão de elevações<br />

arredondadas e vales profundamente encaixados, com<br />

altitudes variando entre os 438m e os 1481m onde as<br />

aldeias, aninhadas em pontos abrigados e discretos,<br />

passam facilmente despercebidas aos olhos do visitante<br />

ocasional.<br />

Poucos territórios possuem biodiversidade tão rica como<br />

o Parque Natural de Montesinho. Com oitenta por cento<br />

dos mamíferos que ocorrem em Portugal, só aqui se<br />

poderá de<strong>para</strong>r com um grupo de veados junto à estrada,<br />

avistar um corço a alimentar-se num carvalhal, descobrir<br />

sinais da presença de javalis num prado ou escutar o uivo<br />

de um lobo, numa noite límpida.<br />

Nos céus, a águia-real, a cegonha-negra ou o<br />

picanço-de-dorso-vermelho fazem companhia a cento e<br />

sessenta espécies de aves, muitas delas igualmente raras,<br />

transformando a região num <strong>para</strong>íso <strong>para</strong> ornitólogos.<br />

O fabuloso mosaico de paisagens, composto por montes<br />

arredondados, os vales encaixados dos rios Sabor, Maçãs e<br />

Baceiro, searas, lameiros, soutos extensos, bosques de<br />

azinheiras e a maior mancha de carvalho-negral da<br />

Europa, é percorrido por inúmeros trilhos assinalados que<br />

permitem agradáveis passeios a pé ou a prática de BTT<br />

em cenários de arrebatadora beleza.<br />

À variedade geográfica e climática, que permite o<br />

convívio invulgar de exemplares tanto da flora<br />

mediterrânica como de ambientes mais frios, soma-se a<br />

existência de serpentinitos, rochas ultrabásicas onde<br />

florescem preciosidades botânicas endémicas dos solos<br />

transmontanos. Do ponto de vista geológico destacam-se<br />

também as rochas presentes no maciço de <strong>Bragança</strong>, as<br />

mais antigas do país, com cerca de mil milhões de anos.<br />

Acrescente-se ainda a abundância de cogumelos, os<br />

mares de papoilas primaveris, a quietude matinal depois<br />

de um nevão ou a sombra dos freixos numa tarde de calor.<br />

Um Reino Maravilhoso, em qualquer estação do ano.<br />

O concelho faz parte também da Reserva da Biosfera<br />

Transfronteiriça Meseta Ibérica (RBTMI), a maior reserva<br />

transfronteiriça da Europa, com uma área equivalente ao<br />

Norte de Portugal e que abrange municípios da Terra Fria,<br />

Terra Quente, Douro Superior e Beira Alta do lado<br />

português, e de Zamora e Salamanca, do lado espanhol.<br />

Foi esta entidade que conseguiu recentemente a<br />

certificação “Biosphere”, uma referência universalmente<br />

reconhecida no campo da sustentabilidade.<br />

12


Esta certificação distingue territórios que apresentem um<br />

forte compromisso com a melhoria contínua no sentido<br />

de se tornarem mais sustentáveis, competitivos e<br />

qualificados.<br />

A integração da RBTMI na rede “Biosphere” confere-lhe<br />

uma maior projeção e notoriedade internacional,<br />

passando a integrar um lote restrito de destinos com um<br />

posicionamento estabelecido e diferenciado no mercado<br />

turístico. Abre-se assim a porta a um perfil de turista em<br />

franco crescimento – o turista responsável – que percebe<br />

a responsabilidade do indivíduo <strong>para</strong> com o planeta e<br />

que, por esse motivo, consome destinos, produtos e<br />

serviços turísticos cuja sustentabilidade está garantida à<br />

partida.<br />

Paralelamente ao destino em si, esta certificação abre<br />

portas <strong>para</strong> que outras entidades possam também obter<br />

certificações próprias, nomeadamente: alojamentos<br />

turísticos, museus, parques temáticos, operadores<br />

turísticos, transportes, entre outros.<br />

A espetacularidade das serras, dos rios e dos vales, a<br />

paisagem que resulta da harmonia da ação do homem<br />

com o meio natural, tudo isto é retratado e apresentado<br />

como uma imagem que seduz e encanta, que é um dos<br />

maiores atrativos do território. A Serra da Nogueira ou<br />

Serra da Pena Mourisca é outro “lugar imperdível” que<br />

convém destacar. É a décima primeira maior elevação de<br />

Portugal Continental, com 1319 metros de altitude.<br />

Estende-se pelos concelhos de <strong>Bragança</strong>, Macedo de<br />

Cavaleiros e Vinhais.<br />

Na serra de Nogueira encontra-se o maior carvalhal de<br />

Portugal. Alias, presume-se, que esta serra possua as mais<br />

extensas áreas de carvalho negral de toda a Europa.<br />

Esta espécie contribui <strong>para</strong> a variação cromática da<br />

paisagem ao longo do ano, verde clara, matizada com o<br />

rebento das folhas em abril, vai escurecendo lentamente<br />

até setembro, quando a folhagem se torna rubra,<br />

permanecendo crestada e presa aos ramos até aos ventos<br />

fortes da invernia que despem e grisalham de líquenes a<br />

nudez do ritidoma.<br />

É com esta aparência, tão variável de estação <strong>para</strong><br />

estação, que a serra da Nogueira nos oferece, enquadrada<br />

na majestosa paisagem.<br />

Estes são alguns locais que devem ser visitados e<br />

explorados em caminhadas ou de BTT. O município<br />

possui uma Rede de Pequenas Rotas interessante, que<br />

permite, passo a passo, conhecer o concelho de norte a<br />

sul, em permanente contacto com a natureza.<br />

Os percursos variam entre 4 a 10 km, com a duração<br />

máxima de 3 horas, num ritmo calmo acessível a todas as<br />

pessoas que gostem de caminhar e pedalar, contemplar a<br />

natureza e conhecer melhor o concelho de <strong>Bragança</strong> e a<br />

sua diversidade paisagística.<br />

Apontamos os Percursos Pedestres Homologados:<br />

ESTAÇÃO DE BIODIVERSIDADE DE CARRAZEDO<br />

A Estação da Biodiversidade de Carrazedo é um percurso<br />

pedestre linear de 1,6 km, com início na aldeia de<br />

Carrazedo e 8 painéis informativos dispersos ao longo do<br />

caminho. Os painéis funcionam como um guia de campo,<br />

com imagens e comentários sobre plantas e animais<br />

comuns a observar.<br />

O percurso pertence ao sítio Natura 2000<br />

Montesinho-Nogueira. No início do caminho atravessa-se<br />

uma série de campos agrícolas, entrando de seguida<br />

13


numa extensa área de bosque de carvalhos. Durante o<br />

percurso poderão observar-se mais de metade das<br />

espécies de borboletas diurnas que voam em Portugal.<br />

PERCURSO ALFAIÃO<br />

É um percurso pedestre sinalizado denominado de<br />

Pequena Rota (PR).<br />

A época aconselhável <strong>para</strong> a sua realização é a Primavera,<br />

com ótimas condições climáticas, uma grande<br />

diversidade de plantas e de fauna ao longo do rio. Este<br />

percurso tem início na aldeia de Alfaião, junto da<br />

escultura de homenagem aos emigrantes. Segue-se <strong>para</strong><br />

baixo e passa-se junto da Igreja de São Martinho. Após<br />

visita ao local, desce-se mais até ao parque de merendas.<br />

Depois em direção à Senhora da Veiga. Sempre próximo<br />

ao rio é possível ver e ouvir o som das aves. As pessoas da<br />

aldeia aproveitam os terrenos junto ao rio <strong>para</strong> a<br />

realização das atividades agrícolas, devido à proximidade<br />

da água e à fertilidade dos solos. São ainda visíveis os<br />

vestígios de outrora, as termas e um moinho de água.<br />

passando algum tempo em Espanha, na Galiza. Quando<br />

voltou à Palestina, no ano 44, foi preso e decapitado, a<br />

mando de Herodes Agrippa I, filho de Aristobulus e neto<br />

de Herodes o Grande. Dois dos seus discípulos, Teodoro e<br />

Atanásio, roubaram o corpo do mestre e embarcaram-no<br />

(num barco com tripulação angélica) e em sete dias<br />

chegaram à Galiza e a Iria Flávia onde o sepultaram,<br />

secretamente, num bosque de nome Libredón.<br />

Não há certezas quanto à data da descoberta do sepulcro<br />

apostólico, mas a maioria das fontes católicas apontam<br />

datas entre 813 e 820. A lenda conta que um ermitão do<br />

bosque de Libredón, de nome Pelágio (ou Pelaio),<br />

observou durante algumas noites seguidas uma “chuva<br />

de estrelas” sobre um monte do bosque. Avisado das<br />

luzes, o bispo de Iria Flávia, Teodomiro, ordenou<br />

escavações e encontrou uma arca de mármore com os<br />

ossos do santo e dos seus discípulos. Mas já muito antes<br />

da data apontada pela igreja <strong>para</strong> a descoberta da tumba<br />

do apóstolo, existia uma rota de peregrinação (romana e<br />

anteriormente celta), que ia do extremo Este ao Oeste de<br />

Espanha, até Finisterra. Este velho caminho de<br />

peregrinação simbolizava a viagem do sol de Oriente <strong>para</strong><br />

Ocidente, “afogando-se” no oceano <strong>para</strong> voltar a surgir no<br />

dia seguinte.<br />

PERCURSO CAMINHOS DE SANTIAGO<br />

Existem vários Tiagos (ou Santiagos - São Tiago) no Novo<br />

Testamento – O Santo de que falamos é Tiago “Maior”<br />

filho de Zebedeu e Salomé, pescador, irmão de João, o<br />

evangelista, e um dos quatro primeiros discípulos de<br />

Jesus.<br />

Segundo a lenda católica, após a dispersão dos Apóstolos<br />

pelo mundo, Santiago foi pregar em regiões longínquas,<br />

PERCURSO CARVALHAL DA NOGUEIRA<br />

O trilho pelo Carvalhal da Nogueira é um percurso<br />

pedestre sinalizado denominado de Pequena Rota (PR).<br />

Este percurso realiza-se na Serra da Nogueira, no<br />

Concelho de <strong>Bragança</strong>, nas Freguesias de Carrazedo e de<br />

Zoio. Não se verificam grandes diferenças de desnível,<br />

185m, no entanto recomenda-se alguma pre<strong>para</strong>ção.<br />

A época aconselhável <strong>para</strong> a sua realização é a Primavera,<br />

14


com ótimas condições climáticas e uma grande<br />

diversidade de plantas em flor, de salientar a diversidade<br />

de orquídeas.<br />

O percurso tem início na aldeia de Carrazedo, de frente<br />

<strong>para</strong> a Igreja, a 835 m de altitude, subimos a estrada de<br />

calçada do lado esquerdo da Igreja até às últimas casas<br />

da aldeia.<br />

Ao realizar este percurso poderá usufruir das sombras<br />

associadas às zonas de carvalhal e contemplar as<br />

espécies de flora e fauna associadas a estes locais.<br />

Também um denso azinhal assinala a influência<br />

Mediterrânica no nordeste, a este mosaico formado por<br />

diversos estratos reflete-se uma maior diversidade animal.<br />

Estes bosques têm características que lhes permitem<br />

suportar a irregularidade climática, folhas planas, duras<br />

(coriáceas) e perenes. A eles estão associadas plantas<br />

mediterrânicas, algumas com elevado valor de<br />

conservação, como por exemplo, a gilbardeira, o<br />

medronheiro e o trovisco.<br />

Quase no final do percurso já é possível contemplar uma<br />

boa panorâmica da aldeia de Carrazedo, com os seus<br />

campos de cultivo a envolve-la. O caminho vai<br />

desemborcar numa estrada de asfalto, seguimos pela<br />

direita, em direção à aldeia. Entre as ruelas, paredes de<br />

xisto ou granito e gente simpática, chegamos ao Bairro<br />

d’Além, passamos pelo lavadouro e seguimos até à Igreja,<br />

chegamos assim ao fim do percurso.<br />

PERCURSO CASTRO DE AVELÃS<br />

Famosa pelo seu património arqueológico e monumental<br />

– o importante povoado castrejo que emprestaria seu<br />

nome à freguesia e o celebrado mosteiro medieval de<br />

invulgar arquitetura “hispânica” – Castro de Avelãs bem<br />

merece uma atenta e pro-longada visita, tanto mais que<br />

se localiza a escassa meia dezena de quilómetros <strong>para</strong> o<br />

poente da capital concelhia, beneficiando ainda de ótima<br />

acessibilidade através do IP4 e EN 103.<br />

Com uma história atribulada até aos inícios da Idade<br />

Moderna, o Mosteiro de S. Salvador de Castro de Avelãs<br />

viria a ser extinto pelos meados do século XVI (1545-1546).<br />

Do complexo monacal primitivo só restará hoje, de<br />

genuína arquitetura românica cluniacense, a formosa<br />

cabeceira do templo, de remate semicircular e<br />

revestimento em tijolo, com manifesta influência<br />

inspiradora da arte leonesa de S. Lourenço, de Sahagun.<br />

A planta original incluiria três naves, apenas restando<br />

atualmente a central e esta de fábrica posterior e<br />

absolutamente incaracterística. No interior de um dos<br />

absidíolos, agora aberto no exterior, abriga-se em<br />

interessante arcaz tumular granítico, com tampa de<br />

formato prismático onde se inscreve uma data<br />

trecentista.<br />

A tradição popular diz ser esta a última morada de um<br />

poderoso cavaleiro – o Conde de Ariães, misteriosa<br />

personagem de tenebrosa e lendária história.<br />

PERCURSO GUADRAMIL<br />

trilho “Na Rota dos Cervídeos” é um percurso pedestre<br />

sinalizado denominado de Pequena Rota (PR), inserido<br />

na área do Parque Natural de Montesinho.<br />

A época aconselhável <strong>para</strong> a sua realização é o Outono<br />

devido ao facto de haver uma maior probabilidade de<br />

observação de cervídeos, embora os seus vestígios sejam<br />

visíveis o ano todo. Recomenda-se ainda o mês de<br />

Outubro, pois é quando estes se encontram na brama.<br />

Dependendo da época, além de cervídeos poderá<br />

15


também observar cogumelos que vão aparecendo ao<br />

longo do percurso. Ao longo do vale comprido, é de notar<br />

os diferentes aproveitamentos dados pela população ao<br />

uso do solo, tais como, agri-cultura, pastagem e bosque.<br />

PERCURSO MONTESINHO<br />

Esta ampla freguesia que integra as aldeias de França,<br />

Montesinho e Portelo é a mais setentrional do concelho<br />

de <strong>Bragança</strong>, localizando-se junto à orla fronteiriça e<br />

abarcando ampla parcela do Parque Natural de<br />

Montesinho.<br />

Para além dos apreciáveis trechos de pai¬sagem, uma<br />

outra excecional riqueza jaz oculta no subsolo desta<br />

freguesia. Falamos dos recursos da mineração, outrora<br />

com grande ascendente nestas <strong>para</strong>gens<br />

contabilizando-se as minas de estanho (Chaira da Cruz,<br />

Vale da Formiga e Portela da Lameira), as de ouro e prata<br />

(Covas Altas, Fonte Cova e Vale do Cancelo) e uma de<br />

ouro, esta gostosamente denominada Pingão dos<br />

Quintais.<br />

A Igreja Paroquial de Pombares, invocada a S. Frutuoso, é<br />

um templo de porte mediano e traça austera, a um gosto<br />

possivelmente setecentista.<br />

Ladeiam-no, quais gigantescas sentinelas arbóreas, dois<br />

altivos e melancólicos ciprestes.<br />

Após a povoação de Pombares, iremos entrar no vale que<br />

antes observamos do alto, seguindo em direção à Capela<br />

de S. Frutuoso. Bem conservado, este templo está ligado<br />

a curiosas práticas de culto das águas, neste caso muito<br />

especificamente de uma “fonte milagrosa” existente em<br />

Teixedo, que o próprio S. Frutuoso teria benzido, segundo<br />

a tradição. Os animais enfermos das aldeias<br />

circunvizinhas são ali levados com fins “profiláticos”,<br />

vendo-se posteriormente (e ao que consta) livres das suas<br />

mazelas.<br />

A riqueza arbórea, onde o carvalho domina é alternada<br />

pelo som suave do vento e do correr das águas. Quando<br />

realizado o percurso no Outono, a variedade cromática<br />

deste troço inebria a visão do caminhante.<br />

Ao longo do vale, no qual corre o Rio Azibo, os declives são<br />

inexistentes apenas se verificando uma subida no final do<br />

trajeto até à aldeia de Pereiros.<br />

PERCURSO PEREIROS<br />

Este percurso pode iniciar-se quer em Pereiros quer em<br />

Pombares. Deverá ser feito no sentido contrário ao dos<br />

ponteiros do relógio. Iniciando em Pereiros, iremos subir<br />

em direção à Fraga Rachada, contornando o Cabeço e<br />

apreciando a beleza do vale que se abre à nossa esquerda.<br />

A vegetação é abundante sendo salpicada pontualmente<br />

por lameiros verdejantes.<br />

PERCURSO REFOIOS<br />

Ainda na orla ocidental deste concelho brigantino, a<br />

confrontar (do ponte e sul) com Vinhais, fica a freguesia<br />

de Zoio. O seu território, medianamente extenso, surge<br />

uma vez mais a abarcar um dos pendores da Serra da<br />

Nogueira, desta vez na sua vertente ocidental (com<br />

altitude média a rondar os 700 metros). Pese embora a<br />

falta de notícias comprovando achados de objetos ou<br />

estações arqueológicas comprovativos de remota<br />

16


ocupação local, é de todo plausível que também esta<br />

freguesia tivesse conhecido um povoamento pelo menos<br />

proto-histórico, a julgar pelo menos a abundância relativa<br />

de estações castrejas recenseadas pelas limítrofes<br />

Carrazedo, Nogueira e Rebordãos.<br />

Este percurso inicia-se e termina em Refoios, devendo ser<br />

feito no sentido contrário ao dos ponteiros do relógio.<br />

A Igreja de Refoios (invocando a N. Sra. do Ó) será talvez a<br />

mais imponente da freguesia, com sua graciosa traça ao<br />

gosto barroco que se há-de prever setecentista. Na<br />

frontaria, rematada ao alto por enorme campanário de<br />

tripla sineira, destaca-se o correspondente portal, de<br />

robusta arquitrave dupla e encimado por um frontão<br />

interrompido por caprichosas volutas enquadrando um<br />

nicho central (atualmente vazio). Pelo último quartel do<br />

século passado, Pinho Leal aludia a duas capelas públicas<br />

invocadas a S. Sebastião, uma “no Zoio” e a outra em<br />

Refoios (já então arruinada), <strong>para</strong> além de um templete<br />

particular na Casa dos Ferreiras, em Refoios.<br />

PERCURSO RIO DE ONOR<br />

Abrangendo uma área considerável, incluída no<br />

perímetro do Parque Natural de Montesinho, esta<br />

freguesia partilha o nome com o rio que a atravessa, no<br />

sentido norte-sul, tornando-se posteriormente tributário<br />

do Sabor.<br />

É precisamente aí, junto à linha da fronteira setentrional,<br />

que assenta o povoado principal, bem conhecida pelas<br />

suas peculiaridades e sobrevivências de um ancestral<br />

comunitarismo agro-pastoril, a esbater-se já no decurso<br />

inexorável dos tempos.<br />

Com uma orografia montanhosa e planáltica, registando<br />

uma altitude média na or-dem dos 750 metros, Rio de<br />

Onor inclui, porém, um extenso trecho de vale, aberto,<br />

amplo e aprazível, banhado pelo Onor e protegido pelas<br />

imponentes Serras de Montesinho (a poente), Sanábria (a<br />

norte) e Guadramil (a nascente).<br />

Com as suas típicas casas de xisto, de paredes escuras,<br />

sem reboco e de aparelho miúdo, as aldeias desta<br />

freguesia preservam um carácter arcaico e rústico,<br />

“casando” perfeitamente com a belíssima paisagem<br />

natural. Rio de Onor é um caso emblemático, reforçado<br />

pela sua posição fronteiriça, com a homónima espanhola<br />

– Rihonor de Castilla – ali à distância de uns passos,<br />

se<strong>para</strong>da apenas pelo rio (que não chega a ser obstáculo,<br />

pois é vencido por esplêndida ponte medieval de<br />

alvenaria e múltiplos arcos).<br />

PERCURSO VIAS AUGUSTAS<br />

Conquistado pelas tropas romanas nos finais do séc. I a.C.,<br />

o território da atual região transmontana terá sido alvo de<br />

um processo de reordenamento em que os anteriores<br />

povoados fortificados foram romanizados ou<br />

abandonados, a autossuficiência deu lugar a uma<br />

economia de mercado baseada no uso da moeda, na<br />

intensificação agropecuária e exploração da riqueza<br />

mineira, ao qual não terá sido alheia uma nova ordem<br />

social, política e religiosa.<br />

Foi criada uma intensa rede viária, cujo eixo principal,<br />

nesta região, era a via que ligava Bracara Augusta (Braga)<br />

a Asturica Augusta (Astorga) por Aquae Flaviae (Chaves),<br />

tomando o sentido geral este-oeste, num total de 247<br />

milhas, ao longo da qual existiram dezenas de miliários.<br />

O seu traçado percorre os atuais concelhos portugueses<br />

17


de Braga, Póvoa de Lanhoso, Vieira do Minho, Montalegre,<br />

Boticas, Chaves, Valpaços, Mirandela, Macedo de<br />

Cavaleiros, Vinhais e <strong>Bragança</strong>, entrando em território<br />

espanhol por terras de Zamora (Villardeciervos,<br />

Santibánez, Rosinos de Vidriales e Camarza de Tera) até<br />

Astorga, passando ainda pela comunidade leonesa de<br />

Castrocalbón.<br />

A esta via - a mais antiga do Noroeste peninsular<br />

conforme atestam os miliários do imperador Augusto, um<br />

dos quais encontrado na Torre Velha (Castro de Avelãs) –<br />

foi atribuído o número XVII num roteiro viário romano, o<br />

Itinerário de Antonino, elaborado no decurso do século III.<br />

PERCURSO VIDUEDO<br />

Este percurso poderá ter início em qualquer ponto do<br />

traçado, devendo ser feito no sentido contrário ao dos<br />

ponteiros do relógio.<br />

Saindo da aldeia de Viduedo, a subida em direção ao<br />

Cabeço do Pombal é íngreme e dura. Depois de passada<br />

a maior dificul¬dade deste percurso, a visão que se tem é<br />

magnífica, podendo observar à direita a Serra da<br />

Nogueira. O descanso poderá ser feito em Rebordainhos,<br />

lugar que teve antigamente o estatuto de vila, com direito<br />

a justiça própria, erguendo-se no centro da povoação de<br />

Rebordainhos o respetivo pelourinho, do tipo comum<br />

bragançano.<br />

Este sóbrio testemunho de uma antiga e há muito perdida<br />

autonomia local foi classificado como Interesse Público em<br />

1933. De medianas proporções e austera traça, a um gosto<br />

tipicamente bragançano e possivelmente já oitocentista, é a<br />

Igreja Matriz de Rebordaínhos.<br />

A última fase do percurso irá desenvolver-se aproveitando a<br />

antiga linha de caminho-de-ferro, que nos levará até Viduedo.<br />

A par da Rede de Percursos outro produto de elevado<br />

potencial turístico são os Miradouros que, oferecem<br />

paisagens deslumbrantes. Destacamos dois dos mais<br />

emblemáticos:<br />

MIRADOURO S. BARTOLOMEU<br />

Localizado a sul da cidade de <strong>Bragança</strong>, o Cabeço de São<br />

Bartolomeu, que acolhe um santuário com o mesmo<br />

nome e uma imagem de S. Bento, padroeiro da Diocese<br />

de <strong>Bragança</strong>-Miranda, é um local privilegiado <strong>para</strong><br />

observação da cidade, com destaque <strong>para</strong> a Cidadela.<br />

Nas imediações do templo, na vertente voltada a leste, a<br />

topografia e alguns fragmentos cerâmicos da pré-história<br />

recente denunciam que aqui terá existido um povoado<br />

fortificado.<br />

MIRADOURO SENHORA DA SERRA<br />

No cume mais alto da Serra da Nogueira, local de uma das<br />

maiores manchas de carvalho negral da Europa, localiza-se<br />

o santuário da Senhora da Serra, já mencionado no séc.<br />

XVI, local da maior romaria da região, que, entre 30 de<br />

Agosto e 8 de Setembro, atrai milhares de devotos, alguns<br />

dos quais pernoitam nos “quartéis” adjacentes ao templo,<br />

construído em Época Moderna, ainda que tenha provável<br />

origem medieval.<br />

A esta componente religiosa alia-se uma forte componente<br />

gastronómica e lúdica. Na encosta sul, próximo da Fonte<br />

do Milagre, fica a Fraga da Senhora, ou Fraga das<br />

Ferraduras, um afloramento de xisto que apresenta um<br />

motivo em forma de pegada e outro de ferradura.<br />

18


RECURSOS<br />

HISTÓRICOS<br />

E PATRIMONIAIS<br />

O património edificado é outro dos pontos fortes do<br />

Território. O centro histórico de <strong>Bragança</strong>, com o Castelo<br />

em estado de conservação inigualável, a Domus<br />

Municipalis, monumento único na Península Ibérica, a<br />

monumentalidade das muralhas que desenham um<br />

coração que no seu interior preserva a cidadela, a velha<br />

vila, que mais parece um labirinto, que se mantém<br />

habitada, viva, e que conta histórias em cada esquina.<br />

O património que existe em todas as aldeias do concelho,<br />

Igrejas e capelas, Santuários, Pelourinhos e tantos sítios<br />

de elevado valor arqueológico. E cada lugar tem uma<br />

lenda que as comunidades locais insistem em preservar e<br />

divulgar, como um legado precioso que se cair no<br />

esquecimento morre e com ele um mundo imaginário<br />

cheio de encantamento.<br />

E depois há aldeias que são tão emblemáticas que só por<br />

si entram nesta categoria de recursos patrimoniais:<br />

ALDEIA DE RIO DE HONOR – 7 MARAVILHAS DE<br />

PORTUGAL (ALDEIAS)<br />

O comunitarismo foi sempre o elemento mais distintivo<br />

desta localidade, onde os moradores ainda partilham<br />

terrenos e moinhos, na memória fica o rebanho e o boi<br />

comunitários, que já não existem.<br />

Mantém um modo de administração rural, liderado por<br />

dois Mordomos, designados pelo Conselho – assembleia<br />

com representantes de todas as famílias da aldeia. A “Vara<br />

da Justiça” garante o cumprimento das regras e aplica<br />

multas, muitas vezes pagas em medidas de vinho ou<br />

azeite.<br />

Rio de Honor está integrada no Parque Natural de<br />

Montesinho e foi eleita em 2017 uma das 7 Maravilhas de<br />

Portugal (Aldeias).<br />

A arquitetura tradicional de xisto, a ponte romana, a Igreja<br />

Matriz e um Castro medieval, são elementos do<br />

património que tornam esta povoação numa aldeia muito<br />

pitoresca, emblemática que, cada vez mais, se assume<br />

como um dos mais populares cartões de visita do<br />

concelho.<br />

Rio de Honor divide o “aglomerado habitacional do<br />

território” com a sua homónima espanhola, Rihonor de<br />

Castilla. São duas localidades, divididas por uma fronteira,<br />

mas com uma convivência muito próxima que deu<br />

origem ao dialecto – o rionorês.<br />

ALDEIA DE MONTESINHO (ALDEIA TÍPICA)<br />

Situada a norte da cidade de <strong>Bragança</strong>, na fronteira com<br />

Espanha, a aldeia de Montesinho partilha o nome com a<br />

serrania que a acolhe.<br />

19


Considerada como uma das aldeias mais carismáticas do<br />

Parque Natural de Montesinho, o aglomerado<br />

habitacional, configura-se alongado e <strong>para</strong>lelo ao curso<br />

da ribeira de Vilar, é notoriamente reconhecido pelo seu<br />

bom estado de conservação.<br />

Próximo da aldeia, destaca-se na paisagem a barragem<br />

da Serra Serrada, complexo hidráulico construído em<br />

finais da década de 80, com uma superfície de<br />

aproximadamente de 31ha atinge os 1500 m de extensão,<br />

constitui-se como um ecossistema artificial propício à<br />

pesca da truta e à observação da avifauna, sendo de<br />

destacar a águia-real e o melro das rochas, ainda que<br />

muitas outras espécies aqui ocorram.<br />

E é da junção da monumentalidade do património<br />

natural e edificado, das aldeias com as lendas e tradições<br />

que o conjunto patrimonial de <strong>Bragança</strong> se diferencia,<br />

adquire um extraordinário valor e se revela num produto<br />

turístico fabuloso.<br />

Do património edificado destacamos:<br />

É um templo de planta retangular com três naves,<br />

se<strong>para</strong>das por pilares octogonais. O pavimento está<br />

revestido a xisto e vértebras que desenham rosáceas e a<br />

cobertura do corpo da igreja apresenta uma magnífica<br />

pintura cenográfica, que tem algumas semelhanças com<br />

as obras pictóricas das igrejas de Santa Clara, de São<br />

Vicente e de São Francisco. No centro desta composição<br />

surge uma imagem de Nossa Senhora da Assunção,<br />

rodeada de vários elementos arquitetónicos pintados em<br />

trompe l’oeil.<br />

Est. de Conservação: bom<br />

Localização: Cidadela do Castelo de <strong>Bragança</strong><br />

Lendas e Tradições: este templo, possivelmente o mais<br />

antigo da cidade, também é conhecido como a igreja de<br />

Nossa Senhor do Sardão. Conta uma lenda popular que<br />

esta terá sido descoberta após a expulsão dos<br />

muçulmanos, entre uns penhascos povoados por sardões,<br />

sobranceiros à confluência dos rios Fervença e Sabor.<br />

A Senhora do Sardão é a padroeira da freguesia de Santa<br />

Maria e tem festa a 15 de agosto, integrada nas festas da<br />

cidade que ocorrem de 10 a 22 de agosto.<br />

DOMUS MUNICIPALIS<br />

IGREJA DE SANTA MARIA<br />

Datação: templo reconstruído no século XVI, que sofreu<br />

algumas alterações nos séculos XVII e XVIII.<br />

Descrição: a igreja apresenta uma fachada tipo retábulo,<br />

com um portal barroco de almofadados flanqueados por<br />

duas colunas salomónicas, decoradas por folhas de vides<br />

e cachos, encimado por um frontão interrompido por um<br />

nicho, que terá sido concluído em 1720, pela intervenção<br />

do bispo de Miranda D. João Franco de Oliveira.<br />

Datação: propõem-se várias datas <strong>para</strong> a construção<br />

deste edifício, que variam entre os séculos XII e XIV.<br />

Classificação: MN (Dec. de 16-6-1910, Boletim n.º da<br />

DGEMN).<br />

Descrição: o ex-libris da cidade de <strong>Bragança</strong> é um<br />

monumento excecionalmente raro no panorama artístico<br />

nacional, que suscita grande controvérsia e discussão<br />

quanto à sua datação, ao seu estilo artístico e à função<br />

<strong>para</strong> que foi destinado. Parece tratar-se de uma cisterna,<br />

20


de grandes proporções, com abóbada e três arcos torais, à<br />

qual se acrescentou um novo edifício na parte superior.<br />

Aqui o volume da cisterna foi aproveitado <strong>para</strong> se edificar<br />

sobre ela uma sala de reuniões, onde funcionaram as<br />

sessões camarárias. Nesta sala, iluminada por um<br />

conjunto de arcos de volta perfeita, foi introduzido um<br />

banco corrido de pedra. Para alguns autores esta bancada<br />

servia de assento aos edis, enquanto <strong>para</strong> outros era<br />

usada pelas mulheres <strong>para</strong> pousarem os cântaros,<br />

enquanto esperavam a sua vez de tirar a água.<br />

A cobertura deste espaço é feita através de um telhado<br />

com um sistema de escoamento das águas pluviais,<br />

canalizadas <strong>para</strong> a cisterna. O pavimento interior,<br />

composto por lajes de granito, assenta sobre a abóbada<br />

da cisterna e está 1,56 metros acima do solo.<br />

Est. De Conservação: bom.<br />

Localização: Cidadela do Castelo de <strong>Bragança</strong><br />

TORRE DE MENAGEM DO CASTELO<br />

Datação: século XV (1409-1449).<br />

Descrição: a torre de menagem é uma construção gótica<br />

de planta quadrangular, de três pisos com 33 metros de<br />

altura e 17 de largura, onde se salientam as ameias, as<br />

janelas em ogiva e as seteiras.<br />

Na fachada Sul rasga-se uma janela ogival geminada,<br />

ornada por trifólios e quadrifólios, sobre a qual assenta o<br />

escudo da dinastia de Avis.<br />

O primeiro andar da torre dá acesso, através de um<br />

saguão vertical, à cisterna. Esta estrutura está rodeada por<br />

uma segunda cinta de muralhas. Na Torre de Menagem<br />

funciona o Museu Militar de <strong>Bragança</strong>, onde se podem<br />

encontrar peças de artilharia. O acervo museológico, que<br />

é bastante representativo da evolução do armamento<br />

ligeiro dos séculos XVI ao início do século XX, está dividido<br />

pelos três pisos da torre.<br />

Est. de Conservação: bom.<br />

Localização: Cidadela de <strong>Bragança</strong><br />

TORRE DA PRINCESA DO CASTELO<br />

Datação: Época Medieval.<br />

Descrição: a Torre da Princesa é uma estrutura<br />

retangular, adossada à muralha na face norte, que<br />

representa o que restou do Paço do Alcaide ou do<br />

governador da praça. Na fachada virada <strong>para</strong> o interior da<br />

fortaleza há cinco portas e uma janela. Todos estes vãos<br />

são em esquadria.<br />

Est. De Conservação: bom.<br />

Localização: Cidadela de <strong>Bragança</strong><br />

Lendas e Tradições: esta torre é tema de várias lendas,<br />

todas elas tendo em comum a protagonista, uma<br />

princesa, e o enredo, um amor proibido.<br />

Numa delas contada por Júlio Gil, fala-se que esta torre foi<br />

a prisão de uma princesa moura (...) "<strong>para</strong> impedir e<br />

castigar seus amores com um cristão; como continuasse<br />

a repudiar o noivo imposto pelo pai, foi entregue ao<br />

carrasco"... Noutra versão conta-se que aqui viveu<br />

aprisionada uma jovem moura que era a paixão de um<br />

cristão, possivelmente de um trovador.<br />

21


CASTELO<br />

Datação: século XV.<br />

Classificação: Monumento Nacional (Dec. De 16-6-1910).<br />

Descrição: este sistema defensivo é composto por uma<br />

muralha, com a barbacã atualmente bastante reduzida e<br />

pelo castelo que inclui a Torre de Menagem, uma cinta<br />

amuralhada de menores proporções que envolve esta<br />

torre, a Torre da Princesa e o "Poço do Rei". A muralha que<br />

encerra a praça de armas, com um perímetro de 600<br />

metros, é rematada por ameias e acompanhada pelo<br />

caminho de ronda. Tem 15 cubelos e o grosso muro, de 2<br />

metros de espessura, é interrompido pela Porta da Vila, a<br />

Porta de Santo António e no lado oposto a Porta do Sol e<br />

a Porta da Traição.<br />

Est. De Conservação: muito Bom.<br />

PELOURINHO DE BRAGANÇA E A PORCA DA VILA<br />

Datação: Época Medieval.<br />

Classificação: MN (Dec. de 16-6-1910).<br />

Descrição: o pelourinho tem uma base poligonal, de três<br />

degraus, onde assenta uma figura zoomórfica, a Porca da<br />

Vila, em cujo dorso se eleva uma coluna cilíndrica lisa, de<br />

6,40 metros de altura rematada por um capitel, do qual<br />

parte uma cruz de braços iguais cujos torsos são<br />

decorados por carrancas representando motivos<br />

geométricos, zoomórficos e vegetalistas. No remate surge<br />

um sinelo que segura um escudo com as armas da cidade<br />

<strong>Bragança</strong>.<br />

Est. De Conservação: bom<br />

Localização: Cidadela do Castelo de <strong>Bragança</strong><br />

Lendas e Tradições: nas imediações do castelo, no lado<br />

Poente, desde o século XV existiu a igreja paroquial de<br />

Santiago, destruída no século XVII. No lugar desse templo<br />

foi colocado o pelourinho da vila de <strong>Bragança</strong>, que até<br />

1860 esteve situado em frente da casa da Câmara.<br />

IGREJA DE SÃO VICENTE<br />

Datação: construída no século XIII, demolida no século<br />

XVI a mando do bispo D. António Pinheiro e reconstruída<br />

pela Confraria de Santa Cruz, muito possivelmente, entre<br />

1571 e 1638.<br />

Descrição: no espaço externo salienta-se o portal lateral<br />

maneirista, que marca a entrada na igreja conventual, o<br />

fontanário setecentista (1746) com um brasão rocaille<br />

com o escudo real e a torre sineira que substitui uma<br />

anterior. Encontramos ainda no muro sul o painel de<br />

azulejos, no muro sul, mandado executar por Raúl Teixeira<br />

onde se representa a proclamação do general Sepúlveda,<br />

contra a Segunda Invasão Francesa, colocado em 1929 (11<br />

de junho) nas comemorações dos 121 anos desta<br />

efeméride. É uma igreja de nave única de formato<br />

retangular, coberta por uma abóbada de berço revestida<br />

a estuque com um baixo-relevo, no qual se representa, ao<br />

centro, a Ascensão de Cristo e, nos cantos, os Quatro<br />

Evangelistas.<br />

Est. De Conservação: muito bom.<br />

Localização: Rua Abílio Beça, <strong>Bragança</strong><br />

Lendas e Tradições: esta igreja está ligada a várias<br />

tradições religiosas e profanas. Conta uma delas que aqui<br />

se realizou o casamento secreto de D. Pedro I e D. Inês de<br />

Castro, celebrado pelo deão da Sé da Guarda, D. Gil, que<br />

depois foi prelado da diocese. Outra tradição, pouco<br />

22


verosímil, diz que a paróquia de São Vicente, já referida<br />

nas Inquirições de 1258, foi extinta no século XVI por falta<br />

de fregueses.<br />

reedificado em 1734, pelo bispo D. João de Sousa<br />

Carvalho que edificou "casas novas", onde hoje se<br />

encontra instalado o Museu Abade de Baçal.<br />

MUSEU DE ABADE DE BAÇAL<br />

Datação: séculos XVI/XVII.<br />

Classificação: abrange o edifício e jardim do antigo Paço<br />

Episcopal de <strong>Bragança</strong> – IIP (Dec. nº1/86, DR 2 de 3 janeiro<br />

1986.)<br />

Descrição: a fachada deste edifício, que se assemelha a<br />

um solar setecentista, é comprida e está dividida em três<br />

corpos. A porta do extremo ocidental está ladeada por<br />

duas janelas gradeadas, como as janelas do piso nobre<br />

que têm sobre elas outras portas e varandins, também<br />

com grade. No centro ostenta-se a pedra de armas<br />

esculpida por João Alves Lagido, ladeada por três janelas.<br />

Este brasão é em tudo idêntico ao executado na campa<br />

do bispo D. João de Sousa Carvalho, que se encontra na<br />

capela de Nossa Senhora dos Remédios da Sé da Miranda<br />

do Douro. O Museu de Abade de Baçal é antes de mais<br />

um museu dedicado à Arte, à Arqueologia e à Etnografia.<br />

Est. De Conservação: muito bom.<br />

Localização: Rua Abílio Beça, n.º 27, 5300-011 <strong>Bragança</strong><br />

Lendas e Tradições: segundo informações do Monsenhor<br />

José de Castro, os bispos de Miranda tinham de morar<br />

meio ano em <strong>Bragança</strong>. Os Bispos desta cidade, como<br />

não tinham uma residência apropriada, viviam no<br />

Castelo, como acontecia com os seus congéneres de<br />

Miranda, até D. António Pinheiro. O terceiro bispo de<br />

Miranda, D. Julião d’ Alva, instituiu em <strong>Bragança</strong> o Colégio<br />

de São Pedro, que serviu de residência ao bispo.<br />

Este edifício, o Paço Episcopal ou casa de <strong>Bragança</strong>, foi<br />

IGREJA DE SÃO BENTO E MOSTEIRO DE SANTA<br />

ESCOLÁSTICA<br />

Datação: século XVI (1590).<br />

Descrição: na fachada barroca de janelas assimétricas<br />

rasga-se um portal seiscentista (1690) da autoria do<br />

mestre Martinho da Veiga. Sobre o pórtico num pequeno<br />

nicho, em forma de concha flanqueado por duas aletas,<br />

está guardada a imagem de Santa Escolástica. No lado<br />

esquerdo surge o brasão dos Teixeiras, que patrocinaram<br />

esta obra. Neste alçado há vários vãos de janelas, algumas<br />

das quais no nível superior têm molduras de ladrilho<br />

mudéjar. Dentro da igreja, é notável o teto de abóbada de<br />

berço com pintura de perspetiva a óleo sobre madeira, do<br />

pintor Manuel Caetano Fortuna de Castelo Branco, de<br />

1763 onde se representa o templo santo.<br />

Est. De Conservação: bom.<br />

Localização: Rua de S. Francisco, <strong>Bragança</strong><br />

Lendas e Tradições: São Bento é o padroeiro da diocese<br />

de <strong>Bragança</strong>-Miranda e da paróquia de São Bento e São<br />

Francisco. A sua festa acontece anualmente no dia 11 de<br />

julho.<br />

IGREJA E CONVENTO DE SÃO FRANCISCO<br />

Datação: raiz medieval (século XIII/XVIII. O documento<br />

mais antigo que se faz referência ao convento e à igreja é<br />

um testamento de D. Afonso III, de 22 de novembro de 1271).<br />

23


Classificação: IIP (Dec. n.º/86, DR 2 de 3 de janeiro 1986).<br />

Descrição: a fachada está enquadrada por duas pilastras,<br />

a do lado direito é decorada por uma pirâmide e do lado<br />

esquerdo sustenta o campanário quadrangular com<br />

quatro vãos <strong>para</strong> os sinos. A torre sineira é rematada por<br />

quatro coruchéus e está coroada por uma pirâmide<br />

hexagonal com cruz e catavento. Do lado sul da igreja é<br />

bem visível a saliência da capela de Nossa Senhora da Boa<br />

Morte, com quatro janelas. A cabeceira tem a forma de<br />

uma abside românica. É um templo românico,<br />

transformado no período maneirista e barroco, de cruz<br />

latina coberto por uma cúpula cilíndrica.<br />

Est. De Conservação: muito bom.<br />

Lendas e Tradições: conta uma lenda, que a fundação<br />

deste espaço religioso se ficou a dever ao próprio São<br />

Francisco de Assis, quando por aqui passou em 1214 no<br />

regresso da peregrinação a Santiago de Compostela. Em<br />

1634 iniciou-se um peditório dominical <strong>para</strong> as obras da<br />

igreja, prolongando-se até 1679.<br />

Localização: Convento de S. Francisco, 5301 – 902<br />

<strong>Bragança</strong><br />

CAPELA DE SÃO SEBASTIÃO<br />

Datação: século XVI (1569).<br />

Descrição: a pequena e singela capela de São Sebastião<br />

ostenta um retábulo-mor neoclássico com uma imagem<br />

do padroeiro. Terá sido fundada numa época de peste e<br />

resultará de um voto feito por D. Manuel em 1505, no<br />

momento em que a peste assolou o reino. Este monarca<br />

prometeu erigir nos arrabaldes de todas as cidades uma<br />

ermida dedicada a São Sebastião.<br />

Est. De Conservação: bom.<br />

Lendas e Tradições: da capela de São Sebastião saía a<br />

imagem de São Jorge <strong>para</strong> a procissão do Corpus Christi,<br />

sendo acompanhada por um piquete de cavalaria e de<br />

militares. A Câmara estava obrigada a conduzir a sua<br />

imagem, no dia 23 de Abril, à capela de São Jorge perto de<br />

Vila Nova, onde se fazia uma missa campal no seu<br />

exterior, isto porque o povo tinha receio que a imagem, ao<br />

passar <strong>para</strong> a outra margem da ribeira onde se<br />

encontravam as ruínas, nunca mais de lá sairia.<br />

Localização: Rua de São Francisco, <strong>Bragança</strong><br />

IGREJA DA MISERICÓRDIA<br />

Datação: a igreja da Misericórdia foi constantemente<br />

alterada, desde 1539, sendo alvo de várias reconstruções<br />

entre os séculos XVII a XIX.<br />

Descrição: igreja de nave única, com abóbada de berço.<br />

Do seu espólio deve salientar-se as imagens da<br />

Misericórdia e em especial a imagem de Cristo do século<br />

XVI de tamanho natural, exposta no retábulo-mor de<br />

talha da autoria do escultor Manuel Madureira (1682),<br />

onde está colocado o estandarte seiscentista da Santa<br />

Casa da Misericórdia. No lado do Evangelho, surge o altar<br />

de São João Evangelista, do século XVIII que tomou o<br />

lugar de um mais antigo (século XVII).<br />

Est. De Conservação: bom.<br />

Localização: Rua Abílio Beça, <strong>Bragança</strong><br />

IGREJA DO CONVENTO DE SANTA CLARA<br />

Datação: século XVI – O convento foi iniciado em 1569.<br />

Descrição: trata-se de uma igreja de construção robusta,<br />

24


de uma só nave. O portal sul almofadado é uma obra<br />

renascentista de linhas clássicas com alguns<br />

apontamentos barrocos, ornada por dois medalhões. No<br />

seu tímpano está inscrita a data de 1597 e na arquitrave<br />

está assente o brasão da cidade, do período manuelino. A<br />

nave única apresenta uma cobertura de madeira com<br />

pintura cenográfica do século XVIII e tem inscrita a data<br />

de 1930 que corresponderá, muito possivelmente, à data<br />

do restauro. A capela-mor está coberta por uma abóbada<br />

de berço com painéis e tem um retábulo setecentista,<br />

com a imagem de Nossa Senhora das Graças (1862).<br />

Est. De Conservação: bom.<br />

Localização: Rua Emídio Navarro, <strong>Bragança</strong><br />

Lendas e Tradições: a padroeira da cidade de <strong>Bragança</strong>, a<br />

Nossa Senhora das Graças, tem festa no dia 22 de agosto,<br />

num altar desta igreja. As celebrações dedicadas a esta<br />

Santa começam no dia 10 e só terminam no dia 22.<br />

CRUZEIRO DA SÉ<br />

Datação: a data – 1689 está inscrita numa cartela no<br />

pedestal, sob o símbolo da ordem religiosa dos Jesuítas.<br />

Descrição: o cruzeiro é constituído por uma coluna<br />

salomónica, encimada por uma cruz com decoração<br />

floral, com a data de 1689. No fuste de ornatos barrocos há<br />

recortes em espiral, decorados por parras. Em cima do<br />

fuste surge um capitel compósito e no topo uma cruz.<br />

Est. De Conservação: bom.<br />

Localização: Praça da Sé, <strong>Bragança</strong><br />

IGREJA DE SÃO JOÃO BAPTISTA DA SÉ<br />

Datação: século XVI/XVIII<br />

Descrição: na fachada, no alçado norte, rasga-se um<br />

portal da renascença, com alguns elementos já da<br />

estética barroca, constituído por um arco de volta perfeita<br />

encimado por dois medalhões. O entablamento está<br />

assente em duas pilastras de capitéis compósitos e o<br />

frontão apresenta nos extremos dois pináculos, no centro<br />

deste surge um nicho que alberga uma imagem da<br />

Virgem com o Menino, flanqueado por duas pilastras.<br />

Sobre este rasgou-se, posteriormente, uma rosácea<br />

lobulada. Interiormente, o espaço da nave retangular está<br />

ornado por retábulos de talha dourada barroca. Do lado<br />

da Epístola, encontram-se mais dois retábulos barrocos,<br />

um dos quais já com ornatos rocaille. Neste lado,<br />

destaca-se o púlpito seiscentista, de estrado em cantaria<br />

e balaústres feitos em pau-preto, tal como o dossel.<br />

O coro alto barroco também é balaustrado. A cobertura<br />

da capela-mor é abobadada e nela nota-se a mistura de<br />

influências góticas e renascentistas.<br />

Est. De Conservação: muito bom.<br />

Localização: Praça da Sé, <strong>Bragança</strong><br />

Lendas e Tradições: na freguesia da Sé as principais<br />

festas religiosas são a de Nossa Senhora das Graças, que<br />

realiza entre os dias 12 e 22 de agosto, a do Santo<br />

Condestável em junho e a dos Santos Mártires em julho.<br />

CASAS DA RUA DIREITA<br />

Datação: Época Moderna e Contemporânea.<br />

Descrição: na Rua Direita destacam-se várias<br />

construções como o solar dos Morgados, antigo edifício e<br />

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sede dos Paços do Concelho da Câmara Municipal,<br />

comprado pela edilidade em 1864. O Solar dos Morgados<br />

data provavelmente do século XVIII. Apresenta três pisos,<br />

com duas urnas no remate superior. No rés-do-chão<br />

abrem-se 5 portas de moldura lisa, no piso nobre corre<br />

uma varanda com gradeamento e no piso superior há 5<br />

janelas de guilhotina. A casa do Coronel Machadinho<br />

aparece-nos com os seus lavores decorativos<br />

concentrados na abertura central do piso intermédio,<br />

também ele corrido por uma varanda com grade de ferro.<br />

A casa do coronel tem o portal principal flanqueado por<br />

duas pilastras, apresenta gárgulas na cornija e tem um<br />

último piso recuado.<br />

Est. De Conservação: bom.<br />

Localização: Rua Direita, <strong>Bragança</strong><br />

CAPELA DE SANTO ANTÓNIO<br />

Datação: século XVIII.<br />

Descrição: a capela de pequenas dimensões ergue-se do<br />

solo sobre um conjunto de degraus de granito.<br />

Na fachada surge o escudo real, em cantaria de granito<br />

barroca. Interiormente o espaço está coberto por uma<br />

abóbada em cujo fecho se ostenta o brasão da família dos<br />

Figueiredos e Sarmentos. No exterior, junto da entrada,<br />

há um túmulo de granito do fundador deste espaço<br />

religioso, aqui sepultado a 2 de Fevereiro de 1713.<br />

Est. De Conservação: bom.<br />

Localização: Rua Santo António 5300-257 <strong>Bragança</strong><br />

IGREJA DE NOSSA Sª DO LORETO<br />

Datação: século XVI (1536)<br />

Descrição: a igreja quinhentista foi reconstruída no início<br />

de Oitocentos. É uma igreja de uma nave, que mantém o<br />

púlpito assente numa mísula de granito e com balaústres<br />

de madeira e altares de talha no corpo da igreja e na<br />

capela-mor.<br />

Est. De Conservação: muito bom.<br />

Localização: Rua do Loreto, <strong>Bragança</strong><br />

IGREJA DE NOSSA SENHORA DA RAINHA<br />

Datação: século XVIII-XXI. As obras da nova catedral só<br />

foram iniciadas em 1988. Em 7 de Outubro de 2001 a<br />

igreja foi dedicada a Nossa Senhora Rainha.<br />

Descrição: é a maior e mais importante de todas as<br />

edificações religiosas da cidade. Concebida <strong>para</strong> ser<br />

Igreja do Bispo, onde toma posse, celebra a eucaristia e<br />

preside aos grandes acontecimentos diocesanos.<br />

Edifício de caraterísticas modernas tem como referência<br />

arquitetónica as torres das antigas Igrejas de Sta. Maria e<br />

da Sé. O projeto é da autoria do Arquiteto Vassalo Rosa,<br />

que em 1964 ganha o concurso promovido pela<br />

Fundação Calouste Gulbenkian. Só a 30 de dezembro de<br />

1988 é que se iniciam os trabalhos e a 7 de outubro de<br />

2001 é dedicada a Nossa Senhora Rainha. A necessidade<br />

da construção de uma catedral <strong>para</strong> <strong>Bragança</strong> remonta a<br />

27 de setembro de 1780, quando o Papa Pio VI pede a<br />

reunificação das duas dioceses, de <strong>Bragança</strong> e Miranda,<br />

numa só, com sede em <strong>Bragança</strong>. Foi inaugurada pelo<br />

Bispo Dom António Rafael.<br />

26


Est. De Conservação: muito bom.<br />

Localização: Av. Eng. Amaro da Costa, <strong>Bragança</strong><br />

CAPELA DO SENHOR DOS AFLITOS<br />

Datação: século XIX (por volta de 1804, muito<br />

provavelmente).<br />

Descrição: na fachada revestida a azulejos azuis e<br />

brancos, rasga-se um portal de verga curva, flanqueado<br />

por dois óculos gradeados, encimado por um frontão<br />

circular interrompido por um janelão gradeado, que<br />

comunica com o coroamento do frontispício. No segundo<br />

registo, onde aparecem duas urnas nos cantos e uma<br />

cruz latina sobre um plinto no topo.<br />

Est. De Conservação: muito bom.<br />

Lendas e Tradições: no frontispício há um nicho onde os<br />

devotos colocam as velas, símbolo das suas promessas.<br />

PONTE E FONTE DO JORGE<br />

Datação: século XVI (1557).<br />

Descrição: ponte de tabuleiro horizontal composta por<br />

um arco de ogiva, com aduelas em xisto azul, cujas<br />

fundações assentam no maciço rochoso. Tem 40 metros<br />

de comprimento, 7 metros de vão, 4,40 metros de flecha,<br />

8 metros de altura e 3,50 metros de largura. As guardas<br />

baixas são de alvenaria de xisto e o pavimento é de terra.<br />

Faz conjunto com a Fonte do Jorge, uma fonte de<br />

espaldar seiscentista ou setecentista.<br />

Est. De Conservação: bom.<br />

Lendas e Tradições: algumas pessoas consideram que a<br />

Fonte do Jorge foi usada como pia batismal enquanto<br />

<strong>para</strong> outras servia de bebedouro.<br />

Localização: <strong>Bragança</strong><br />

MOSTEIRO E IGREJA DE CASTRO DE AVELÃS<br />

SANTUÁRIO DE SÃO BARTOLOMEU<br />

Datação: Época Contemporânea.<br />

Descrição: este edifício religioso tem vindo a ser<br />

remodelado ao longo dos tempos. Apresenta uma<br />

fachada divida em três corpos, com seis janelas<br />

gradeadas e uma porta de arco de volta perfeita no<br />

espaço central. O remate da fachada é feito pela sineira<br />

que interrompe a empena. Nela surgem três vãos <strong>para</strong> os<br />

sinos coroados por uma cruz no topo e dois pináculos nos<br />

cantos.<br />

Est. De Conservação: bom.<br />

Localização: São Bartolomeu, <strong>Bragança</strong><br />

Datação: séculos XIII/XVI/XVIII.<br />

Classificação: MN (Dec. De 16-6-1910).<br />

Descrição: o Mosteiro beneditino de Castro de Avelãs<br />

gozou da proteção de Afonso Henriques, exercendo este<br />

uma influência determinante na economia da região<br />

onde foi implantado, pelo menos até ao século XIII. Foi<br />

um núcleo monacal extremamente importante do<br />

Nordeste Transmontano, entre os séculos XII e XVI.<br />

A igreja situa-se entre as ruínas do convento e o que<br />

restou de uma torre e casa paroquial. A velha e<br />

incompleta igreja foi construída ao estilo românico<br />

mudéjar de raiz leonesa, com tijolo vermelho, um<br />

material pouco usado entre nós. Deste projeto, nunca<br />

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concluído, restaram a cabeceira, com três capelas<br />

semicirculares, uma das torres da fachada e o arranque<br />

da parede da nave lateral, visível no lado sul. No absidíolo<br />

sul encontra-se um sarcófago monolítico de granito,<br />

composto por arco feral <strong>para</strong>lelepipédico, com tampa de<br />

secção pentagonal com remate superior de duas águas.<br />

O túmulo está decorado por dois brasões e uma inscrição<br />

inacabada – "ERA DE MIL E CCC E" – gravada na sua tampa.<br />

Est. De Conservação: bom.<br />

Localização: Aldeia de Castro de Avelãs<br />

Lendas e Tradições: uma velha tradição diz que o túmulo,<br />

guardado no interior de um dos absidíolos, pertence ao<br />

cavaleiro D. Pelaio, conhecido como conde de Ariães.<br />

Segundo reza a lenda, este conde fazia vitoriosas<br />

incursões bélicas contra os muçulmanos no tempo de D.<br />

Ramiro II, que encantavam os habitantes de <strong>Bragança</strong>.<br />

Este propusera-lhe entregar a cidade, caso concordasse<br />

entrar num desafio campal com um mouro, mas em<br />

força desigual. Confiante do seu triunfo, o conde aceitou o<br />

desafio marcado <strong>para</strong> o dia de São Jorge, a quem<br />

prometeu, em caso de vitória, erigir uma capela da sua<br />

invocação a qual visitaria anualmente em procissão.<br />

No Prado do Talho, o cavaleiro derrotou o inimigo, no<br />

limite da veiga de Airães, e mandou edificar um templo<br />

em honra de São Jorge. Outra tradição conta um episódio<br />

menos feliz da história deste conde. Certo dia, este<br />

zangou-se com a sua mãe, por esta não ter o jantar<br />

pronto quando voltava da caça e no pico da sua ira<br />

atiçou-lhe os cães que a mataram. Como forma de<br />

castigo, pelo crime horrendo que cometera, foi obrigado a<br />

tirar um cabelo da sua cabeça e metê-lo numa pia com<br />

água debaixo de uma pedra, até que este se<br />

transformasse numa cobra. Quando o animal estivesse<br />

bem crescido, seria metido com o conde numa tumba,<br />

identificada com o túmulo do mosteiro de Castro de<br />

Avelãs, <strong>para</strong> que fosse devorado pela cobra e assim fosse<br />

vingada a morte da sua mãe.<br />

PONTE DE ARIÃES<br />

Datação: Idade Média/Idade Moderna.<br />

Descrição: ponte de tabuleiro em cavalete assente sobre<br />

três arcos desiguais com longas rampas. O arco de<br />

maiores dimensões é o arco do meio, quebrado como o<br />

arco lateral Sul. O arco lateral norte é de volta perfeita.<br />

Na base dos arcos há cavidades <strong>para</strong> apoio dos<br />

agulheiros. O tabuleiro tem cerca de 3 metros de largura,<br />

está pavimentado com camada betuminosa e tem<br />

guardas de metal. O aparelho é de alvenaria de xisto, tem<br />

dois pegões reforçados com contrafortes, talhantes<br />

triangulares e talha mares de secção circular.<br />

Est. De Conservação: bom.<br />

Localização: Castro de Avelãs, <strong>Bragança</strong><br />

IGREJA DE SÃO SALVADOR DO MUNDO, MATRIZ<br />

DE GOSTEI<br />

Datação: século XVIII (conjetural) /século XIX.<br />

Descrição: igreja barroca de planta longitudinal, com<br />

uma nave e capela-mor de formato retangular. Do lado<br />

esquerdo tem adossado o batistério e a sacristia. O<br />

altar-mor apresenta um retábulo de talha dourada e<br />

branca com a imagem de São Sebastião no centro.<br />

Est. De Conservação: muito bom.<br />

Localização: Gostei, <strong>Bragança</strong><br />

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PELOURINHO E CASA DO TRIBUNAL E CADEIA<br />

Datação: o Pelourinho será do século XIII (conjetural).<br />

Classificação: o Pelourinho está classificado IIP (Dec. N.º<br />

122, DG 231 de 11 outubro 1933).<br />

Descrição: pelourinho de tipo bragançano, segundo a<br />

tipologia criada por Luís Chaves, tem um soco composto<br />

por dois degraus e assenta numa base quadrangular.<br />

O fuste cilíndrico tem a superfície lisa e é de baixa altura.<br />

No remate surge uma pirâmide de quatro faces.<br />

Est. De Conservação: bom.<br />

Localização: Gostei, <strong>Bragança</strong><br />

IGREJA DE NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO,<br />

MATRIZ DE REBORDÃOS<br />

Datação: a igreja primitiva seria medieval. No portal<br />

lateral está inscrita uma data que corresponderá a 1677.<br />

Descrição: igreja de planta retangular, em cuja fachada<br />

se abre um portal protegido por um alpendre. No remate<br />

do frontispício surge a torre sineira quadrangular, com<br />

dois vãos <strong>para</strong> os sinos. O relógio da igreja datado de 1914<br />

tem um curioso mecanismo acionado por dois blocos de<br />

granito. No interior da nave única há trabalhos de talha<br />

policroma popular nos retábulos e no púlpito e há pintura<br />

de cariz popular na cobertura da nave e da capela-mor.<br />

Na cabeceira salienta-se a imagem da padroeira, Nossa<br />

Senhora da Assunção, entronizada num retábulo de talha<br />

dourada, que será anterior a 1722. Em frente do portal<br />

lateral há uma capela da invocação de Santo Cristo.<br />

Est. De Conservação: bom.<br />

Lendas e Tradições: a imagem da capela de Santo Cristo,<br />

situada junto do portal lateral, era considerada milagrosa<br />

no século XVIII.<br />

Localização: Rebordãos, <strong>Bragança</strong>.<br />

PELOURINHO DE REBORDÃOS<br />

Descrição: Pelourinho rústico formado por uma base de<br />

granito onde assenta uma coluna tosca de fuste oitavado<br />

ornamentado, a meia altura, por semiesferas e<br />

sobrepujado por um capitel cúbico, com arestas<br />

parcialmente cortadas por golpes côncavos. O conjunto é<br />

rematado por uma calote esférica.<br />

Classificação: IIP (Dec. n.º 122, DG 231 de 11 outubro 1933).<br />

Datação: século XII/XIV.<br />

Est. De Conservação: mau.<br />

Localização: Rebordãos, <strong>Bragança</strong><br />

SANTUÁRIO DA SENHORA DA SERRA<br />

Datação: a fachada do santuário deverá ser do final do<br />

século XVI ou do início do século XVII. O interior do templo<br />

poderá ser mais antigo, sendo datável do século XV ou XVI.<br />

Descrição: o Santuário da Senhora da Serra, também<br />

conhecido como o Santuário de Nossa Senhora das<br />

Neves, é uma igreja de três naves, se<strong>para</strong>das por colunas<br />

e pilastras cujos capitéis, de especto arcaico, parecem ser<br />

do século XV ou XVI. O altar-mor, de talha setecentista, foi<br />

restaurado nos anos 70 e a imagem da Senhora da Serra<br />

é do início do século XX. Entre 30 de agosto e 8 de<br />

setembro, esta igreja é palco de grandes celebrações<br />

religiosas e profanas que culminam com a romaria de<br />

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Nossa Senhora da Serra.<br />

Localização: Rebordãos; Serra da Nogueira, <strong>Bragança</strong><br />

Lendas e Tradições: conta a lenda a história de uma<br />

pastora muda, que certo dia, ao apascentar o seu rebanho<br />

no alto da serra, foi visitada pela Virgem. Esta Senhora<br />

pediu-lhe que transmitisse o seu desejo ao juiz de<br />

Rebordãos, de ver erigida uma capela em sua honra no<br />

ponto mais alto da serra. A pastora transmitiu a Sua<br />

mensagem, mas o juiz do povo não cumpriu a vontade da<br />

Virgem, pois procurou um lugar mais próximo do<br />

povoado e mais protegido dos ventos. A Virgem mandou<br />

então chamar João Rodrigues, o homem mais rico da<br />

aldeia, <strong>para</strong> que o Seu templo fosse edificado no local<br />

indicado. No dia marcado <strong>para</strong> o encontro, a 5 de agosto,<br />

o dito senhor começou a obra. Numa fraga do planalto da<br />

Senhora da Serra surgiram umas inscrições, que o povo<br />

identifica como as marcas da ferradura da "burrinha que<br />

levou Nossa Senhora ao Egipto". A grande festa religiosa<br />

dedicada a Nossa Senhora da Serra ocorre no dia 8 de<br />

setembro, o dia da Natividade.<br />

BASÍLICA DE SANTO CRISTO DE OUTEIRO<br />

Classificação: MN - Decreto n.º 14 615, DG, I Série, n.º 260,<br />

de 24-11-1927<br />

Descrição: de acordo com uma inscrição patente na<br />

igreja, de 26 de abril de 1698, num pequeno templo<br />

existente à entrada da povoação do Outeiro suou sangue<br />

o Santo Xpo. Este milagre, que haveria de conhecer<br />

grande divulgação e originar ainda maior devoção, levou<br />

a que, ainda nesse mesmo ano de 1698, fosse lançada a<br />

primeira pedra do novo santuário, evocativo deste<br />

acontecimento. Apesar da importância da obra, esta<br />

somente ganhou fôlego em pleno reinado de D. João V,<br />

remontando a sua edificação aos anos de 1725 e 1739.<br />

Situada junto à fronteira com Espanha, onde as guerras<br />

da Restauração, primeiro, e as da Sucessão, depois, se<br />

fizeram sentir mais veementemente, esta imponente e<br />

grandiosa igreja constitui um caso raro, senão único, no<br />

panorama arquitetónico português dos anos do Barroco.<br />

Muito embora a arquitetura setecentista tenha sido<br />

marcada por um forte ecletismo (GOMES, 1988), Santo<br />

Cristo do Outeiro destaca-se por se assumir como<br />

experiência revivalista, à margem dos modelos eruditos<br />

que à época se produziam na capital. De facto, o que aqui<br />

observamos é um retorno a 1500, consubstanciado numa<br />

série de citações gótico-renascentistas, e também<br />

maneiristas, que têm por principal fonte a igreja de Santa<br />

Maria de Belém, monumento emblemático do reinado de<br />

D. Manuel. Merece especial atenção a fachada principal,<br />

flanqueada por torres, com remate piramidal revestido<br />

por telha. O corpo central, em cantaria, e rematado por<br />

uma balaustrada que une as duas torres, organiza-se em<br />

função do portal mainelado (ao qual falta o mainel), a que<br />

se sobrepõe um óculo decorado, ambos de tipologia<br />

manuelina. Ladeiam estes elementos duas colunas<br />

dóricas, que são continuadas por colunas torsas, estas<br />

enquadrando nichos de frontão interrompido.<br />

Não se conhece o autor do projeto, cujo desenho se<br />

encontra riscado no chão do templo, mas parece fora de<br />

dúvida que a planta tenha vindo de Lisboa. Sabe-se,<br />

contudo, o nome de muitos dos artífices que aqui<br />

trabalharam, destacando-se uma série de mestres<br />

pedreiros de origem galega e leonesa. Supõe-se, assim, o<br />

contacto destes trabalhadores com a arquitetura lisboeta,<br />

facto de grande significado <strong>para</strong> o estudo das ligações<br />

arquitetónicas de fronteira. Longe dos modelos barrocos<br />

que, ao tempo, se edificavam na capital, Santo Cristo do<br />

Outeiro, que durante o século XVIII se tornou um<br />

30


concorrido santuário de peregrinação, parece dever o seu<br />

programa de retorno a 1500 à tentativa de revitalização de<br />

uma época áurea <strong>para</strong> Portugal, legitimadora da<br />

identidade de Portugal e de forte pendor nacionalista,<br />

que se explica pela proximidade com Espanha e a ainda<br />

muito recente memória das guerras da Independência e<br />

da Sucessão (IDEM, p. 198). (RC)<br />

CASTELO DE REBORDÃOS/ CASTELO DE TOURÕES<br />

Datação: Medieval (século XIII conjetural).<br />

Classificação: Imóvel de Interesse Público (Dec. n.º 361,<br />

DG 228 de 20 outubro de 1955).<br />

Descrição: do castelo medieval de planta elíptica,<br />

construído num pico rochoso, subsistem algumas<br />

secções de muros feitos de pedra miúda e argamassa.<br />

Esta fortificação tinha acesso pelo lado Sul, onde se<br />

situaria a entrada, mas pelo lado Este o acesso também<br />

era fácil. A Norte e a Oeste ficam as escarpas. Neste ponto,<br />

antes do castelo, terá existido um povoado fortificado da<br />

Idade do Ferro, estudado entre outros pelo Abade de Baçal.<br />

Est. De Conservação: ruínas.<br />

Lendas e Tradições: segundo a lenda, o Castelo de<br />

Taurones ou dos Tourões pertencia a um potentado<br />

mouro a quem as populações vizinhas pagavam como<br />

tributo, um indeterminado número de donzelas <strong>para</strong> o<br />

seu harém. Uma das donzelas, em conluio com o seu<br />

povo, colocou uma vela acesa num prado da vizinhança,<br />

enquanto o seu carcereiro dormia. Mediante este sinal o<br />

mouro foi morto e o castelo destruído. Na região este<br />

castelo é conhecido como o castelo dos mouros, o que<br />

deu azo à crença popular de que ali existirem tesouros<br />

escondidos e desencadeou várias escavações, nas quais<br />

apareceram: cerâmica, telha, mós, pontas de seta e<br />

esporas de ferro e ossadas.<br />

Localização: Rebordãos, <strong>Bragança</strong><br />

PELOURINHO DE REBORDAINHOS<br />

Datação: Medieval (conjetural).<br />

Classificação: IIP (Dec. nº23 122, DG 231 de 11 outubro 1933).<br />

Descrição: o pelourinho ergue-se sobre dois degraus<br />

assentes no afloramento rochoso. A coluna tem um fuste<br />

octogonal com anel de ferro. O remate é feito através de<br />

um bloco, ou capitel prismático quadrado, com as faces<br />

rebaixadas decoradas com baixos-relevos historiados,<br />

hoje bastante apagados, mas onde se pode ver uma cara<br />

e uma cruz de Santo André.<br />

Est. De Conservação: razoável.<br />

Localização: Rebordainhos, <strong>Bragança</strong><br />

CAPELA DA CABEÇA BOA<br />

Datação: Época Moderna (a primitiva igreja seria do<br />

século XV).<br />

Descrição: a fachada está revestida a azulejos modernos.<br />

O portal está decorado por um concheado sobre o qual se<br />

rasga um janelão gradeado. No remate do frontispício<br />

surge um frontão triangular interrompido pela sineira.<br />

Interiormente destacam-se os altares de talha policroma.<br />

Est. De Conservação: bom.<br />

Lendas e Tradições: a romaria do Senhor da Cabeça Boa<br />

ocorre no primeiro Domingo de Maio. Certo dia, um<br />

emigrante português no Brasil ao ver-se perdido no alto<br />

mar pediu ajuda a Santo Cristo, prometendo edificar-lhe<br />

um templo se fosse salvo. Assim nasceu a capela de Santo<br />

31


Cristo, onde se festeja a chegada do Cristianismo às terras<br />

de Vera Cruz. Diz-se também que nas noites mais escuras,<br />

o lampião suspenso do zimbório da capela é avistado nas<br />

serras distantes.<br />

Localização: Samil, <strong>Bragança</strong><br />

PATRIMÓNIO ARQUEOLÓGICO DE SAMIL<br />

Descrição: em Samil preservam-se alguns vestígios do<br />

seu passado mais longínquo. No lugar de Martim<br />

Cansado foi encontrada uma escultura escavada na rocha<br />

e a cerca de 3 km de <strong>Bragança</strong> subsistem as ruínas do<br />

castro de Samil, um povoado de 400 metros, cercado por<br />

muralhas e cingido por dois fossos. Num desses fossos<br />

existe o "Castanheiro do Senhor", isto é uma grande<br />

árvore que segundo a tradição local marca o lugar de<br />

uma cisterna oculta, povoada por mouras encantadas.<br />

Neste local foram encontrados vestígios da muralha,<br />

pedras de granito decorados, partes de machados e<br />

cerâmica. Em Castrilhas foram achados alguns vestígios<br />

de uma fortaleza, destruída pelos espanhóis em 1762.<br />

Lendas e Tradições: segundo uma lenda, debaixo das<br />

fragas do Castanheiro do Senhor vivem mouras<br />

encantadas que ainda se ouvem a tecer em engenhos de<br />

ouro no dia de São João (24 de junho).<br />

Localização: Samil, <strong>Bragança</strong><br />

IGREJA DE SANTA MARIA MADALENA,<br />

PAROQUIAL DE GRIJÓ DE PARADA<br />

Datação: a igreja primitiva seria medieval, possivelmente<br />

do século XIII ou XIV, da qual só se conserva o portal<br />

românico.<br />

32<br />

Descrição: a fachada de aspeto robusto e bastante<br />

estreita terá tido um alpendre. Nela destaca-se o portal de<br />

arco de volta perfeito com três arquivoltas. A torre sineira,<br />

construída de alvenaria rebocada, será fruto de um<br />

acrescento do século XVIII. O portal lateral, localizado no<br />

lado da Epístola, de jambas apilastradas e capitéis da<br />

Ordem Toscana, tem um frontão triangular que alberga<br />

uma imagem da padroeira, Santa Maria Madalena e<br />

apresenta uma inscrição. No interior, de uma nave, o solo<br />

está revestido a lajes de granito e a decoração resume-se<br />

a dois retábulos de talha barroca, que ladeiam o arco<br />

cruzeiro e um púlpito, de estrado e escadaria de granito,<br />

adossado à parede no lado do Evangelho.<br />

Est. De Conservação: bom.<br />

Lendas e Tradições: em Grijó de Parada há um monte<br />

chamado Torre de Modorra, do qual se tiraram as pedras<br />

<strong>para</strong> a reconstrução da igreja. Não parece tratar-se de<br />

uma mamoa, mas possivelmente de um castro ou de um<br />

reduto defensivo.<br />

Localização: Grijó de Parada, <strong>Bragança</strong><br />

IGREJA DE SÃO LOURENÇO, PAROQUIAL<br />

DE PAREDES<br />

Datação: igreja de raiz medieval, reconstruída no final do<br />

século XVIII.<br />

Descrição: o pórtico poderá ser anterior à reconstrução<br />

da igreja, no final do século XVIII. Tem jambas apilastradas<br />

e dintel retilíneo que sustenta um frontão triangular,<br />

flanqueado por duas pirâmides e encimado por um óculo<br />

quadrilobado. Interiormente apresenta uma nave de<br />

muros lisos. Ao fundo, do lado do Evangelho, fica a capela<br />

batismal e mais à frente surgem a porta de acesso pelo<br />

lado norte e ainda duas janelas. No lado da Epístola


destaca-se o púlpito com um gradeamento de talha<br />

rocaille, ao qual se acede por uma escada localizada na<br />

sacristia. A capela-mor, de planta retangular, tem lajes de<br />

granito no piso, duas janelas, e paredes cobertas a cal.<br />

Est. De Conservação: bom.<br />

Localização: Parada, <strong>Bragança</strong><br />

CASTRO DE CIRAGATA<br />

Datação: Idade do Ferro/Romanização<br />

Classificação: IIP (Dec. nº1/86, DR 2 de 3 janeiro 1986).<br />

Descrição: povoado fortificado da Idade do Ferro, depois<br />

romanizado, já muito destruído, situado num monte com<br />

cerca de 890 metros de altitude onde se ergueram<br />

estruturas de pedra solta e um fosso largo e profundo que<br />

rodeava a muralha. Noutros pontos mais acessíveis<br />

edificou-se uma linha de muralha.<br />

Est. De Conservação: mau.<br />

Localização: Parada, <strong>Bragança</strong><br />

IGREJA MATRIZ DE PARADA<br />

Datação: Idade Média/Idade Moderna. Igreja de raiz<br />

medieval transformada no século XVIII.<br />

Descrição: o pórtico principal, de arco apontado,<br />

decorado por meias esferas, encontra-se sobrepujado por<br />

cachorros que indiciam a existência prévia de um<br />

alpendre. Na torre do relógio, do lado esquerdo vê-se uma<br />

carantonha. No seu interior apresenta três naves<br />

se<strong>para</strong>das por colunas, uma das quais tem adossada uma<br />

pia de água benta de granito. Na nave mantém-se o<br />

púlpito de granito, com a forma de um capitel toscano,<br />

ornado por uma pintura popular datada de 1920. Tem<br />

altares de talha dourada e policroma e no piso há lajes de<br />

granito, ladeadas por traves de madeira. A cobertura do<br />

corpo da igreja é feita de madeira sem decoração,<br />

enquanto que a da capela-mor se encontra forrada a<br />

caixotões com pintura hagiológica. O arco cruzeiro<br />

neoclássico está decorado por uma tarja de talha<br />

dourada rocaille.<br />

Est. De Conservação: bom.<br />

Lendas e Tradições: diz o povo, que no Vale de Sio, saiu<br />

uma moura encantada, um ser híbrido meio humano<br />

meio cabra, que se dirigiu a um homem dizendo: "Anda<br />

cá, António Alves, que levarás <strong>para</strong> ti, filhos, netos e<br />

tataranetos". Com medo este fugiu e o encanto terminou.<br />

Localização: Parada, <strong>Bragança</strong><br />

SANTUÁRIO DE NOSSA SENHORA DO AVISO<br />

Descrição: neste local além do santuário, composto por<br />

oito cenários alusivos ao calvário, fica também a fonte dos<br />

Engaranhos com umas inscrições impercetíveis.<br />

Datação: século XVIII (conjetural).<br />

Est. De Conservação: razoável.<br />

Lendas e Tradições: o povo acredita que a fonte dos<br />

Engaranhos tem o poder de curar pessoas que sofrem de<br />

problemas de crescimento, de locomoção e até de fala.<br />

Em maio de 1932, o Abade de Baçal descobriu várias<br />

insculturas pré-históricas numa rocha perto da Fonte dos<br />

Engaranhos, pertencente, muito possivelmente, a um castro<br />

luso-romano. Em Serapicos também se falam de tesouros<br />

escondidos e de mouras encantadas. A romaria da Senhora<br />

do Aviso é celebrada no primeiro Domingo de Junho.<br />

Localização: Serapicos, <strong>Bragança</strong><br />

33


PELOURINHO DE SANCERIZ<br />

Datação: século XIV<br />

Classificação: IIP (Dec. n.º 122, DG 231 de 11 outubro 1933).<br />

Descrição: Pelourinho de pinha assente sobre um soco de<br />

três degraus quadrados de diferentes alturas feitos em<br />

xisto. A base da coluna é composta por um tronco de<br />

pirâmide octogonal, de forma oblonga com 80 cm de<br />

altura, sob a qual se ergue o fuste octogonal de superfície<br />

lisa.<br />

Est. De Conservação: razoável<br />

Localização: Macedo do Mato; <strong>Bragança</strong><br />

em bisel e faces de jusante arredondadas. O coroamento<br />

das guardas é feito de pedra, com a parte superior<br />

arredondada e parte restante destas com pedra<br />

trabalhada colocada ao alto. Tem 30.6 metros de<br />

comprimento, 2.5 metros de largura entre as guardas,<br />

vãos de 2, 3, 4, 3 e 2 metros e altura máxima de 5 metros.<br />

O pavimento é do tipo calçada à portuguesa.<br />

Datação: século XV (data provável da sua construção).<br />

Classificação: VC (Dec. n.º/90, DR 163 de 17 julho 1990).<br />

Est. De Conservação: bom.<br />

Localização: Macedo do Mato, <strong>Bragança</strong><br />

PELOURINHO DE FRIEIRA<br />

IGREJA DE NOSSA SENHORA DA ASSUNÇÃO,<br />

MATRIZ DE IZEDA<br />

Datação: século XIII/XIV.<br />

Descrição: este pelourinho de "tipo bragançano" tem um<br />

enquadramento quadrangular recente que acompanha o<br />

declive do terreno, está assente num soco de dois degraus<br />

quadrangulares e apresenta uma base do mesmo formato.<br />

Classificação: IIP (Dec. n.º 122, DG 231 de 11 outubro 1933).<br />

Est. De Conservação: razoável.<br />

Localização: Macedo do Mato, <strong>Bragança</strong><br />

PONTE DE FRIEIRA<br />

Descrição: ponte de tabuleiro em cavalete, de 5 arcos de<br />

volta perfeita, sendo o central de maior vão, cujas<br />

fundações assentam diretamente no solo. Os pilares e<br />

talha mares têm faces de montante triangulares, cortadas<br />

Datação: poderá ter sido construída ou reconstruída em 1757.<br />

Descrição: o acesso a este templo, de grandes dimensões,<br />

é feito por uma escadaria ampla. No adro ajardinado da<br />

igreja há uma pia de água benta proveniente da capela<br />

arruinada de Santa Eulália, onde se diz ter existido a<br />

cidade de Medea. Na imponente fachada destaca-se a<br />

alta torre sineira de três registos. No interior há 9 altares<br />

de talha policroma; um púlpito revestido a talha; o<br />

batistério de granito e o altar-mor sobrepujado pelas<br />

armas nacionais.<br />

Est. De Conservação: bom.<br />

Lendas e Tradições: numa casa da Rua da Fonte do<br />

Mouro, no Bairro do Pereiro, subsiste a memória do local<br />

de assento da antiga paroquial. Trata-se de uma pedra<br />

com a data 1622. As principais festividades religiosas desta<br />

vila são a de São Sebastião (no 3º Domingo de Janeiro), a<br />

de Santo Apolinário (no último Domingo de Julho) e a de<br />

34


Nossa Senhora da Assunção (a 15 de agosto). Aqui<br />

também se realiza uma feira quinzenal (a 8 e a 26 de cada<br />

mês) e uma feira anual (a 8 de dezembro).<br />

Localização: Izeda, <strong>Bragança</strong><br />

CAPELA DA SENHORA DE IDERA/CAPELA<br />

DA HERA<br />

Datação: Cova de Lua foi sede de uma freguesia da<br />

invocação de Santa Comba, que aparece documentada<br />

desde o século XIII.<br />

Classificação: IIP (Dec. n.º/86, DR 2 de 03 janeiro de 1986 e<br />

Dec. n.º/93, DR 280 de 30 de novembro de 1993.<br />

Descrição: desta capela terá restado apenas uma parede<br />

e um vão que pertenceria a um arco quebrado. Em 1905 a<br />

capela de Nossa Senhora da Idera era já um monte de<br />

ruínas, entre as quais se encontrou uma lápide de granito<br />

dedicada a Baudue, que segundo J. Cardoso Borges era<br />

uma divindade autóctone e que indica o culto à Lua.<br />

Est. De Conservação: ruínas.<br />

Localização: Espinhosela, <strong>Bragança</strong><br />

Todos os alçados são percorridos por um embasamento e<br />

cornija, com cunhais rematados por pináculos. O espaço<br />

interior apresenta paredes rebocadas e o rodapé pintado<br />

de azul. O coro alto de madeira tem balaustres e escada<br />

de acesso do lado da Epístola. Na nave destacam-se:<br />

quatro capelas colaterais, de arco de volta perfeita; a porta<br />

de acesso ao coro alto e ao adro; a pia de água benta e o<br />

púlpito sobre mísula com balaustres.<br />

Est. De Conservação: bom<br />

Localização: Espinhosela, <strong>Bragança</strong><br />

IGREJA DE SANTO ESTEVÃO, MATRIZ<br />

DE ESPINHOSELA<br />

Datação: século XIV (conjetural) / Idade Moderna<br />

Descrição: igreja maneirista de planta retangular, com<br />

um alpendre quadrangular. Tem uma nave única,<br />

capela-mor e sacristia adossada do lado esquerdo.<br />

Apresenta cobertura única em telhados de duas águas,<br />

exceto no alpendre onde a cobertura é de três águas.<br />

35


ESPAÇOS<br />

CULTURAIS<br />

O Município de <strong>Bragança</strong> dispõe de uma excelente rede<br />

de equipamentos e espaços culturais. Espaços temáticos<br />

que são portas abertas <strong>para</strong> a diversão e o lazer, mas,<br />

fundamentalmente, <strong>para</strong> o conhecimento da cultura e da<br />

tradição do território, <strong>para</strong> a interpretação de movimentos<br />

artísticos, <strong>para</strong> encontros com a arte e a criatividade.<br />

Apontamos os mais significativos:<br />

FUNDAÇÃO “OS NOSSOS LIVROS”<br />

Descrição: antigo Solar dos Teixeiras. É uma construção<br />

do século XVII e ostenta o Brasão dos Teixeiras no cunhal.<br />

Este brasão também se encontra na fachada da Igreja de<br />

S. Bento. Edifício dos fins do séc. XVI.<br />

Neste imóvel instalou-se, por iniciativa e apoio da Câmara<br />

Municipal a Sede da Fundação “Os Nossos Livros”, sendo a<br />

sua Biblioteca inaugurada em 1996, descerrando-se o<br />

busto em bronze do Doutor Artur Águedo de Oliveira, seu<br />

fundador.<br />

Biblioteca: O acervo bibliográfico possuído pela Fundação<br />

“OS NOSSOS LIVROS”, proporcionando ao leitor colher<br />

informações acerca do passado histórico, político,<br />

sociológico, financeiro, jurídico e cultural, constitui,<br />

igualmente, um incentivo metodológico no estudo do<br />

planeamento do passado recente da História de Portugal.<br />

Morada: Rua Trindade Coelho nº 32, <strong>Bragança</strong><br />

AUDITÓRIO PAULO QUINTELA<br />

Descrição: a casa que foi do Visconde de Ervedosa (filho<br />

do Tenente-General Sepúlveda) preparou-se, em 1910,<br />

<strong>para</strong> receber o Rei D. Manuel II durante a visita à cidade,<br />

que, no entanto, não se chegou a realizar. Em 1942, o<br />

edifício foi adquirido <strong>para</strong> Sede do Município, onde se<br />

manteve até 1982. Recuperado <strong>para</strong> "Centro Cultural",<br />

serviu, primeiro, a instalação da Presidência da República<br />

(Presidência aberta de Mário Soares - fevereiro de 1987).<br />

Hoje, após a abertura do novo Centro Cultural, localizado<br />

na Praça da Sé, este edifício funciona como Auditório, que<br />

serve a Assembleia Municipal e, nas restantes<br />

dependências, o Arquivo Municipal.<br />

Morada: Rua Abílio Beça, 75/77, <strong>Bragança</strong><br />

CENTRO CULTURAL MUNICIPAL<br />

ADRIANO MOREIRA<br />

Descrição: o Centro Cultural Adriano Moreira foi durante<br />

séculos destinado a fins educativos. Construído no ano de<br />

1562 <strong>para</strong> Convento de Freiras Claras foi entregue aos<br />

Jesuítas onde fundaram um prestigiado Colégio. Com a<br />

expulsão da Ordem no ano de 1759, aí se instalou em 1766<br />

o Seminário Diocesano; de 1853 a 1968 o Liceu Nacional e<br />

de 1968 a 1995 a Escola Pre<strong>para</strong>tória Augusto Moreno.<br />

Recuperado no ano de 2004 pelo Município de <strong>Bragança</strong>,<br />

aqui estão instaladas: a Biblioteca Municipal; a Biblioteca<br />

36


Adriano Moreira; a Academia de Letras de Trás-os-Montes;<br />

o Conservatório de Música; Salas de Exposições e espaço<br />

de memória da Cidade.<br />

Morada: Centro Cultural Municipal Adriano Moreira, Praça<br />

da Sé, <strong>Bragança</strong><br />

TEATRO MUNICIPAL<br />

do Dr. Raul Teixeira, Diretor do Museu do Abade de Baçal<br />

entre 1935 e 1955. Grande impulsionador da cultura da<br />

região e defensor do seu património, que desempenhou<br />

um papel decisivo na projeção do Museu e na angariação<br />

de parte significativa do seu acervo, visando as<br />

excelentes relações que tinha junto dos meios culturais e<br />

artísticos da época.<br />

Morada: Rua Abílio Beça, n.º 27, <strong>Bragança</strong><br />

Descrição: o Teatro Municipal de <strong>Bragança</strong> é o principal<br />

teatro do nordeste transmontano. O edifício foi<br />

inaugurado em 2004. A estrutura foi projetada pelo<br />

arquiteto português Filipe Oliveira Dias no ano de 2001.<br />

Faz parte da rede nacional de teatros portuguesa.<br />

Morada: Teatro Municipal de <strong>Bragança</strong>, Praça Professor<br />

Cavaleiro Ferreira, <strong>Bragança</strong><br />

CENTRO DE ARTE CONTEMPORÂNEA GRAÇA<br />

MORAIS<br />

Descrição: o Centro de Arte Contemporânea, inaugurado<br />

em junho de 2008, tem origem no protocolo celebrado<br />

em fevereiro de 1999 entre os municípios de <strong>Bragança</strong> e<br />

Zamora.<br />

MUSEU DO ABADE DE BAÇAL<br />

Descrição: as principais coleções que integram o acervo<br />

do museu são Arqueologia, Epigrafia, Arte Sacra, Pintura,<br />

Ourivesaria, Numismática, Mobiliário e Etnografia.<br />

O espólio do museu tem sido gradualmente enriquecido<br />

através de doações, legados e aquisições.<br />

O Museu foi criado por Decreto Lei em 13 de novembro de<br />

1915 sob a designação de Museu Regional de Obras de<br />

Arte, Peças Arqueológicas e Numismática de <strong>Bragança</strong>.<br />

Em 1935, data da jubilação do Abade de Baçal, passa a<br />

designar-se Museu do Abade de Baçal, em homenagem<br />

ao erudito, investigador e também Diretor do Museu<br />

entre 1925 e 1935.<br />

Revestiu-se de grande importância <strong>para</strong> o Museu a ação<br />

O Centro de Arte Contemporânea Graça Morais tem<br />

como missão sensibilizar e promover o conhecimento da<br />

arte contemporânea, nacional e internacional, em geral, e<br />

da obra da pintora Graça Morais, em particular. A sua<br />

dinâmica assenta num programa de exposições<br />

temporárias, coletivas e individuais, reforçado por outras<br />

iniciativas de âmbito pluridisciplinar, nomeadamente<br />

através da organização de programas pedagógicos<br />

capazes de promover, ampliar e fidelizar públicos<br />

interessados na arte contemporânea e de originar uma<br />

relação estreita com a comunidade local.<br />

O Centro de Arte tem ainda como objetivo a constituição<br />

de uma coleção de arte, feita a partir de doações, obras<br />

em depósito ou de aquisições diretas.<br />

Projeto de autoria do arquiteto Eduardo Souto Moura,<br />

37


vencedor do Prémio Pritzker 2011 (o maior galardão<br />

mundial na área da arquitetura).<br />

Morada: Rua Abílio Beça, 105, <strong>Bragança</strong><br />

CENTRO DE FOTOGRAFIA GEORGES DUSSAUD<br />

Descrição: inaugurado em 2013, durante as<br />

comemorações do 25 de abril, o Centro de Fotografia<br />

Georges Dussaud ocupa o primeiro andar do edifício<br />

Paulo Quintela.<br />

A coleção aqui apresentada da autoria de Georges<br />

Dussaud é constituída por um total de 148 fotografias a<br />

preto e branco. Este acervo fotográfico conta com<br />

retratos, de onde sobressaem histórias de vida, povoadas<br />

de homens, mulheres e crianças, mas também de<br />

lugares, de olhares, de gestos, de instantes irrepetíveis<br />

registados a cada rigoroso disparo da máquina<br />

fotográfica.<br />

A presente exposição propõe, sala a sala, um percurso<br />

demarcado por temáticas precisas que caracterizam o<br />

trabalho fotográfico desenvolvido em Trás-os-Montes,<br />

território de sua eleição.<br />

Morada: Rua Abílio Beça nº 75/77, <strong>Bragança</strong><br />

MUSEU IBÉRICO DA MÁSCARA E DO TRAJE<br />

Descrição: integrado no projeto “Máscaras”, o Museu<br />

Ibérico da Máscara e do Traje tem como base uma parceria<br />

de cooperação transfronteiriça entre o Município de<br />

<strong>Bragança</strong> e a Deputación de Zamora, sendo, por isso,<br />

apoiado pela União Europeia através dos fundos<br />

INTERREG. Inaugurado no dia 24 de fevereiro de 2007, o<br />

museu tem como objetivo preservar e promover a<br />

identidade e a cultura do povo desta região de fronteira,<br />

unido por milénios de história. Dele fazem parte trajes e<br />

máscaras característicos de determinadas Festas de<br />

Inverno e Carnaval de Trás-os-Montes, Lazarim e distrito de<br />

Zamora, permitindo ao visitante contactar, em qualquer<br />

altura do ano, com uma multiplicidade de festas,<br />

personagens e rituais, elementos únicos da nossa cultura.<br />

Morada: Rua D. Fernão, “O Bravo”, nº 24/26, <strong>Bragança</strong><br />

MUSEU MILITAR<br />

Descrição: a sua fundação remonta a 1929, (na<br />

prevalência do Regimento de Infantaria 10 aqui<br />

aquartelado e, posteriormente, o Batalhão de Caçadores<br />

3). Sob o pretexto da recuperação do Castelo e a<br />

consequente extinção do Batalhão também o Museu<br />

Militar partiu, regressando em 1983 com o acervo original<br />

enriquecido por peças de armamento ligeiro desde o séc.<br />

XII até à 1ª Guerra Mundial.<br />

O Museu Militar de <strong>Bragança</strong> ocupa todo o interior da<br />

Torre impondo-se como espaço memória das vivências<br />

militares da cidade, porquanto a maioria das peças<br />

originais foram doadas pelos habitantes, participantes<br />

nas Campanhas de África e 1ª Guerra Mundial.<br />

Morada: Museu Militar – Torre de Menagem, Cidadela –<br />

Castelo, <strong>Bragança</strong><br />

38


CENTRO DE INTERPRETAÇÃO DA CULTURA<br />

SEFARDITA DO NORDESTE TRANSMONTANO<br />

Descrição: o Centro de Interpretação da Cultura Sefardita<br />

do Nordeste Transmontano é um espaço destinado á<br />

preservação das vivências das comunidades judaicas que<br />

habitaram a região transmontana e cuja memória, ainda<br />

hoje, perdura muito viva.<br />

A informação organiza-se sob a designação: Judeus<br />

sefarditas do Nordeste Transmontano: uma viagem no<br />

Tempo e ao fundo da Consciência social e pretende ser<br />

uma revisitação daquilo que a historiografia temática dá<br />

conta do que terão sido as vivências dos judeus sefarditas<br />

que habitaram a região.<br />

Morada: Rua Abílio Beça, 103, <strong>Bragança</strong><br />

CENTRO DE MEMÓRIA FORTE S. JOÃO DE DEUS<br />

Descrição: a construção do Forte S. João de Deus surgiu<br />

da necessidade de se reforçar o sistema defensivo da<br />

cidade e das fronteiras da região bragançana. Após a<br />

Restauração da independência em 1640, com a<br />

aclamação de D. João IV (8º Duque de <strong>Bragança</strong>) como<br />

Rei de Portugal. Este “lugar” - sítio do Sardoal - (onde uma<br />

presumível ermida se converteu em Forte) foi, desde<br />

então, palco de vivências dos sucessivos fazedores de<br />

<strong>Bragança</strong>. Na iniciativa de requalificar este local, todo o<br />

espaço sofreu uma profunda alteração urbanística que<br />

permitiu que a modernidade e a história se<br />

complementassem. Cuidou-se da recuperação de<br />

edifícios que ainda aquartelaram o derradeiro - Batalhão<br />

de Caçadores 3, <strong>para</strong> instalar o “Centro de Memória do<br />

Forte de S. João de Deus”.<br />

Trata-se de um espaço interativo que realça a importância<br />

da presença militar em <strong>Bragança</strong> e que recorda a<br />

existência de uma fortificação que, em honra do seu<br />

santo padroeiro, foi designada como Forte de S. João de<br />

Deus.<br />

Morada: Câmara Municipal de <strong>Bragança</strong>, Forte S. João de<br />

Deus s/n, <strong>Bragança</strong><br />

CENTRO CIÊNCIA VIVA<br />

Descrição: edifício que coincide com a localização da<br />

antiga central de produção de energia elétrica, instalada<br />

em 1914 em plena Grande Guerra pelo engenheiro francês<br />

Lucien Guerche.<br />

Inaugurado em 2007, é constituído por dois espaços: o<br />

Centro de Monitorização e Interpretação Ambiental<br />

(projeto da arquiteta italiana Giulia Appolonia, com<br />

soluções inovadoras de climatização e energia) e a Casa<br />

da Seda instalada num antigo moinho recuperado (de<br />

entre os vários que fabricavam neste troço do rio<br />

Fervença). Espaços lúdicos experimentais, vocacionados<br />

<strong>para</strong> visitas com crianças em idade escolar.<br />

Morada: Centro Ciência Viva de <strong>Bragança</strong>, Rua do Beato<br />

Nicolau Dinis, <strong>Bragança</strong>.<br />

NÚCLEO MUSEOLÓGICO DE BRAGANÇA DO<br />

MUSEU FERROVIÁRIO NACIONAL<br />

O Núcleo Museológico de <strong>Bragança</strong> do Museu Ferroviário<br />

Nacional localiza-se no centro desta cidade, na zona da<br />

antiga estação de caminhos de ferro. Ocupa o edifício<br />

39


anteriormente destinado ao parqueamento de<br />

carruagens daquela que foi a estação terminal da Linha<br />

do Tua. São mais de 200 peças, entre locomotivas,<br />

carruagens e outros objetos que fizeram parte do<br />

quotidiano da centenária linha férrea.<br />

Morada: Avenida João da Cruz, Estação Rodoviária de<br />

<strong>Bragança</strong><br />

STREET ART<br />

novos espaços com arte, que qualificam a cidade e o<br />

território. Esta é também uma excelente forma de<br />

massificar a cultura, a arte está na rua, muitas vezes nos<br />

lugares mais inesperados, a acrescentar alegria, colorido e<br />

beleza a <strong>Bragança</strong>.<br />

SM’ARTE – Festival de Street Art já trouxe artistas de<br />

renome local, nacional e internacional a <strong>Bragança</strong>, como<br />

Bordalo II, Zabou, Frederico Draw, Gonçalo Mar, Daniel<br />

Eime, The Caver, Glam, Duarte Saraiva, Trip Dtos, Cain<br />

Ferreras e Leon Keer, entre outros.<br />

<strong>Bragança</strong> tem um enorme peso pelo património histórico<br />

edificado, mas, nos últimos anos, as ruas da cidade<br />

ganharam também modernidade, graças à aposta na<br />

Arte Urbana e Stret Art.<br />

A escultura é um dos elementos predominantes de<br />

embelezamento de espaços verdes e rotundas,<br />

abordando, quase sempre, temas de valorização dos<br />

recursos endógenos locais. Exemplo disso são a Rotunda<br />

do Lavrador, a Rotunda dos Caretos, a Rotunda do<br />

Caçador, entre muitas outras, que eternizam na arte o<br />

reconhecimento do valor destes recursos que, no fundo,<br />

são valores identitários do território.<br />

A arte manifesta-se também no embelezamento de<br />

espaços com a designada Street Art.<br />

A primeira iniciativa do género aconteceu em 2014,<br />

durante o Congresso Internacional Smart Travel -<br />

Destinos Inteligentes, que trouxe o artista, reconhecido<br />

internacionalmente, Bordalo II, e criou a sua primeira obra<br />

na cidade em frente ao Teatro Municipal de <strong>Bragança</strong>.<br />

Foi o ponto de partida de uma nova aposta, de<br />

modernidade e criatividade, e desde então a cidade tem<br />

vindo a realizar o festival SM’ARTE – Festival de Street Art,<br />

que já deu origem à criação de perto de uma centena de<br />

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RECURSOS<br />

CULTURAIS E<br />

TRADICIONAIS<br />

Nos últimos anos <strong>Bragança</strong> tem promovido uma<br />

verdadeira exaltação da figura e de todos os rituais<br />

associados aos Caretos. Estas figuras peculiares, coloridas,<br />

atrevidas e quase diabólicas, fazem parte das tradições da<br />

boa parte das aldeias do concelho.<br />

Devido ao despovoamento e muitas vezes ausência de<br />

jovens <strong>para</strong> manter os grupos de Caretos vivos, em muitas<br />

localidades foram, pouco a pouco, desaparecendo.<br />

Com revitalizar a sua importância, ao fazer destas figuras<br />

protagonistas principais nos eventos mais significativos<br />

da cidade, nas receções a entidades “oficias”, os caretos<br />

forma renascendo e a sua presença nas aldeias<br />

consolidou-se.<br />

Os Caretos e as Máscaras forma alvo de uma candidatura<br />

protagonizada pelo Agrupamento de Cooperação<br />

Transfronteiriça ZASNET, <strong>para</strong> o seu reconhecimento pela<br />

UNESCO como Património Imaterial da Humanidade.<br />

Falta de diálogo, de coordenação ou entendimento,<br />

talvez, fez com que Podence, no concelho de Macedo de<br />

Cavaleiros, avançasse com uma candidatura semelhante,<br />

de forma isolada, e conseguiu em 2019 que os Caretos de<br />

Podence recebessem a tão ansiada chancela da UNESCO.<br />

Mas mesmo que <strong>Bragança</strong> não possa “ostentar” este selo<br />

da UNESCO, o efeito de contágio que advém da conquista<br />

dos Caretos de Podence, pode e deve ser aproveitado<br />

pelos territórios vizinhos, que devem promover a<br />

diversidade, mesmo de uma temática que é única e que é<br />

comum não só a vários concelhos transmontanos como<br />

também aos municípios fronteiriços da vizinha Espanha.<br />

Os Caretos e as Máscaras são os elementos fundamentais<br />

dos rituais das Festas de Inverno que, na verdade, são as<br />

celebrações, mas originais de que o concelho dispõe e<br />

que são mais “um produto” <strong>para</strong> potencializar<br />

turisticamente.<br />

FESTAS DE INVERNO (CARETOS)<br />

“A origem dos mascarados liga-se ao culto dos<br />

antepassados, considerados detentores privilegiados de<br />

poderes sobre as bases essenciais da sobrevivência do<br />

indivíduo no plano físico e mental, velando pela<br />

fertilidade dos campos, pela fecundidade dos homens e<br />

dos animais, pela manutenção da lei cívica e moral, e da<br />

origem por eles modelada e estabelecida. O mascarado<br />

assume-se como a personagem central, em torno da qual<br />

toda a ação festiva se desenrola, desempenhando os mais<br />

variados papéis, consoante o determina a tradição e ritual<br />

de cada lugar.<br />

A máscara é um elemento que, temporal e<br />

espacialmente, conhece uma enorme representação e<br />

um universalismo que nenhum outro testemunho<br />

41


material da cultura humana iguala. Através dela o mundo<br />

dos deuses e dos mortos instaura-se temporariamente<br />

entre os homens - ela encarna o princípio do jogo da vida.<br />

O fato dos mascarados, em regra, é feito de colchas de<br />

fabrico caseiro, decorado de trama de lã vermelha,<br />

composto de casaco com capuz e calças, recamados de<br />

espessas franjas de lã colorida. Recentemente, servem-se<br />

de fatos-macacos que recobrem de fiadas franjadas de<br />

tecido de cores berrantes e contrastantes. Completa-se<br />

com coleiras de gado vacum munidas de campainhas,<br />

postas a tiracolo, cinto largo com uma enfiada de<br />

chocalhos <strong>para</strong> “chocalharem” as mulheres numa atitude<br />

provocatória com sentido obscuro de fecundidade.<br />

Os ritos solsticiais são os que os mascarados celebram no<br />

decorrer do ciclo dos doze dias, num primeiro momento,<br />

Natal e Santo Estêvão – solstício de inverno, e num<br />

segundo momento o carnaval, vindo sequencialmente do<br />

primeiro, através dos ritos simbólicos, em muito<br />

semelhantes pela transferência de celebrações do<br />

solstício <strong>para</strong> o equinócio da primavera. As festas dos<br />

mascarados são ritos do mais profundo esoterismo e<br />

simbolismo que resistiram à passagem do tempo e se<br />

conservam bem vivas na cultura do povo da região de<br />

<strong>Bragança</strong>.”<br />

(Fonte: www.cm-braganca.pt)<br />

E das muitas Festas de Inverno que ocorrem no concelho<br />

destacamos as seguintes:<br />

A FESTA DE SANTO ESTÊVÃO EM GRIJÓ<br />

DE PARADA<br />

Nos dias 26 e 27 de dezembro realiza-se a Festa de Santo<br />

Estevão ou Festa dos Rapazes em Grijó de Parada.<br />

Protagonizada pelos rapazes solteiros a festa começa<br />

com uma ronda de Boas Festas e peditório por toda a<br />

aldeia, com “rei” e “bispo” e atuação dos caretos.<br />

A FESTA DOS REIS DE SALSAS<br />

Realiza-se de 1 a 5 de janeiro. Durante as noites deste<br />

período, os caretos de Salsas saem à rua <strong>para</strong> atormentar<br />

os vizinhos (sobretudo as moças), entrando nas casas<br />

sempre que for necessário ou lhes aprouver.<br />

Na noite do dia 5 fazem o peditório (fumeiro…) <strong>para</strong>, logo<br />

em seguida, fazerem o leilão. Segue-se o baile e o convívio<br />

<strong>para</strong> todo o povo.<br />

A FESTA DOS REIS (FESTA DOS CARETOS)<br />

DE BAÇAL<br />

A Festa começa com a alvorada (antes do nascer do sol)<br />

com os rapazes participantes na festa e o gaiteiro a<br />

acordarem a comunidade; segue-se a ronda das<br />

chouriças, com peditório e saudação aos moradores da<br />

terra, e com os alimentos recolhidos pre<strong>para</strong>-se, à noite, a<br />

ceia dos rapazes.<br />

Os caretos saem de novo no dia seguinte, fazem nova<br />

ronda que se destina a chamar o povo <strong>para</strong> os “colóquios”<br />

– crítica social, proclamada pelos caretos do alto da fonte<br />

42


de pedra, à entrada da povoação; aqui se publicam os<br />

factos mais relevantes e dignos de crítica que<br />

aconteceram ao longo do ano que findou.<br />

FESTA DE SANTO ESTÊVÃO DE REBORDÃOS<br />

Acontece no dia 26 de dezembro. Três dos quatro<br />

mordomos vão realizar o ritual do peditório, cada qual na<br />

sua área de influência, de casa em casa e acompanhado<br />

por um "careta" (mascarado). O quarto mordomo<br />

permanece na Casa do Povo <strong>para</strong> tratar da gestão da<br />

refeição comunitária.<br />

A Mesa de Santo Estêvão, é uma refeição comunitária cujo<br />

prato principal é constituído por bacalhau e batatas<br />

cozidas, <strong>para</strong> todo o povo e forasteiros, com a atuação de<br />

pantominas dos “caretas” (mascarados) que são os<br />

grandes animadores da festa.<br />

FESTA DOS RAPAZES DE AVELEDA<br />

A festa começa a 25 de dezembro com rondas pela aldeia<br />

com gaiteiro, comédias (crítica social), atuação dos<br />

caretos, convívio popular e baile. No dia 26 de dezembro –<br />

dia de Santo Estêvão, os caretos continuam a marcar<br />

presença pelas ruas da localidade.<br />

FESTA DOS RAPAZES DE VARGE<br />

25 de dezembro: Rondas com gaiteiro, loas com teatro de<br />

rua (crítica social), atuação dos caretos, ronda de Boas<br />

Festas pela aldeia com os dois mordomos que<br />

transportam cada um a sua vara em forma de árvore,<br />

onde colocam os donativos.<br />

26 de dezembro – dia de Santo Estêvão: Rondas, almoço<br />

<strong>para</strong> os rapazes com eleição e proclamação dos novos<br />

mordomos, jantar, convívio e baile.<br />

MORTE, DIABO E CENSURA<br />

Nos últimos anos regressaram às principais ruas do<br />

centro histórico da cidade, sempre na quarta-feira de<br />

Cinzas. O trio de personagens, constituído pela Morte, o<br />

Diabo e a Censura, sai à rua pelos bairros mais antigos da<br />

cidade com a finalidade de perseguir as moças; quando<br />

as alcançam, castigam-nas com seus chicotes; quando<br />

ela se refugiam em casa, o Diabo arranja maneira de<br />

entrar; não sendo possível entrar pela porta, saltam pelas<br />

janelas ou varandas. Tudo isto se justifica: estamos na<br />

Quarta-feira de Cinzas e necessário se torna lembrar às<br />

pessoas que devem fazer penitência. Contudo, o ritual<br />

acaba por se tornar um momento de diversão; por isso se<br />

diz que <strong>Bragança</strong> tem mais um dia de Carnaval.<br />

OS REIS DE REBORDAINHOS<br />

O cantar dos Reis em Rebordainhos faz-se à luz do dia;<br />

logo pela manhã, reúnem-se os cantores, à porta da<br />

igreja; como que guiados pelo careto, que vai à frente,<br />

dirigem-se a todas as casas da freguesia, onde cantam os<br />

tradicionais “reis” e recebem os donativos dos moradores.<br />

No final faz-se o leilão, revertendo o estipêndio em<br />

benefício das almas dos defuntos. O careto, sendo<br />

conotado com o diabo, desempenha o papel (quase)<br />

sagrado de mestre-de-cerimónias de todo o ritual.<br />

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EVENTOS<br />

Os eventos são uma das maiores razões de visita a<br />

<strong>Bragança</strong>.<br />

O contexto atual de pandemia da doença COVID-19<br />

obrigou ao cancelamento de todos os eventos e festas e,<br />

no curto prazo, não se será fácil retomar este tipo de<br />

iniciativas.<br />

O clima permanece de instabilidade e medo, as<br />

campanhas de informação (e a desinformação que se<br />

instalou), as orientações das entidades competentes, são<br />

fatores que tem vindo a semear o temor e que<br />

condicionam a mobilidade das pessoas. Ainda que a<br />

realização de eventos possa voltar a ser permitida, a<br />

afluência do público poderá ficar muito aquém dos<br />

números registados antes da situação pandémica.<br />

Ainda assim, os Eventos, devem logo que possível ser<br />

retomados, numa fase inicial com configurações<br />

diferentes, controlo de entradas (nos espaços fechados),<br />

diminuição do numero de expositores, etc., <strong>para</strong>, passo a<br />

passo, ir recuperando a confiança das pessoas.<br />

<strong>Bragança</strong> tinha já alguns marcos importantes, capazes de<br />

atrair um elevado número de visitantes e turistas.<br />

Apontamos alguns:<br />

FEIRA DAS CANTARINHAS<br />

De origem medieval, a Feira das Cantarinhas, constituía<br />

uma verdadeira celebração festiva. Na noite de véspera,<br />

pre<strong>para</strong>vam-se os produtos <strong>para</strong> vender, os alimentos<br />

<strong>para</strong> os animais e enfeitavam-se as albardas com colchas<br />

tecidas no tear de casa.<br />

No dia da feira, de manhã cedo, os caminhos enchiam-se<br />

com os habitantes das aldeias limítrofes apressados em<br />

chegar e em escolher um lugar bom, onde a exposição<br />

dos produtos facilitasse a venda. A agitação entre<br />

vendedores e compradores era grande e, no último dia da<br />

feira, antes de regressar a casa, era obrigatório comprar os<br />

presentes <strong>para</strong> os mais pequenos e a cântara de barro<br />

que no campo acompanhava os trabalhadores com a<br />

água fresca.<br />

Atualmente, a feira continua a ser um momento festivo,<br />

onde se compram as cantarinhas <strong>para</strong> decorar as casas<br />

transmontanas e <strong>para</strong> oferecer a quem se quer bem.<br />

Esta Feira, que atualmente integra a Feira de Artesanato,<br />

é organizada pela ACISB, são cinco dias de Festa e de<br />

grande movimentação na cidade.<br />

Acontece ao ar livre, o que é uma vantagem <strong>para</strong> a<br />

afluência de visitantes.<br />

CARNAVAL<br />

Em <strong>Bragança</strong> esta data de festa e folia assume um<br />

caracter diferenciador ao promover desfiles de Caretos.<br />

Em <strong>Bragança</strong> os disfarces carnavalescos obedecem à<br />

tradição e este é um “produto” atrativo <strong>para</strong> angariar<br />

visitantes e Turistas.<br />

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FESTIVAL DO BUTELO E DAS CASULAS<br />

Este festival gastronómico temático promove um<br />

produto típico da Terra Fria Transmontana, e apesar de<br />

não ser um evento que atraia multidões, é uma iniciativa<br />

que valoriza a tradição, os saberes e os sabores locais e<br />

que contribui <strong>para</strong> a criação de uma entidade local.<br />

NORCAÇA, NORPESCA E NORCASTANHA<br />

Este evento pretende promover três recursos<br />

importantes: a caça, a pesca e a castanha que no<br />

concelho de <strong>Bragança</strong> é “produto rei”, pela riqueza que<br />

gera e também porque os soutos de castanheiros são o<br />

elemento mais presente na paisagem.<br />

Esta Feira nunca conseguiu ter muita afluência,<br />

notando-se sobretudo a ausência das comunidades dos<br />

concelhos vizinhos. É na vertente cinegética, graças á<br />

realização de muitas atividades <strong>para</strong>lelas ligadas á caça,<br />

que o evento tem maior sucesso.<br />

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RECURSOS<br />

GASTRONÓMICOS<br />

A matéria prima e o saber fazer, os sabores da tradição,<br />

são os elementos distintivos dos recursos gastronómicos<br />

de <strong>Bragança</strong>.<br />

E nesta matéria o concelho tem um elevado potencial.<br />

Possui um vasto leque de produtos certificados, com<br />

Denominação de Origem Protegida (DOP) ou Indicação<br />

Geográfica Protegida (IGP) e até uma das 7 Maravilhas de<br />

Portugal, na categoria dos Doces, que é o Mel de<br />

Montesinho.<br />

Começamos por identificar as carnes certificadas de<br />

animais de Raças Autóctones:<br />

RAÇA BOVINA MIRANDESA<br />

Descrição: a “Carne Mirandesa” é o expoente máximo da<br />

produção da Raça Bovina Mirandesa, que em harmonia<br />

com as condições edafoclimáticas, aliado ao saber fazer<br />

de quem a produz, resulta num produto de referência<br />

nacional e internacional.<br />

A Raça Bovina Mirandesa possui características genéticas<br />

próprias que associadas a um sistema de alimentação<br />

natural conferem à carne qualidades organoléticas<br />

ímpares. Destaca-se, a excecional tenrura e suculência,<br />

aromas e sabores que a diferenciam de qualquer outra<br />

carne de bovino. A “carne Mirandesa” deu origem a um<br />

prato que é um dos ex-líbris da gastronomia portuguesa,<br />

em particular da transmontana, a famosa “Posta<br />

Mirandesa”.<br />

A região de produção é composta por seis concelhos do<br />

Distrito de <strong>Bragança</strong>, designados pelo solar da raça,<br />

sendo eles os concelhos de Miranda do Douro,<br />

Mogadouro, Vimioso, Vinhais, <strong>Bragança</strong> e Macedo de<br />

Cavaleiros.<br />

O maneio alimentar é caraterizado pela especificidade<br />

das suas pastagens naturais, designadas tradicionalmente<br />

por lameiros, característicos do nordeste transmontano<br />

pela razão destas possuírem uma composição florística<br />

própria, aliada ao facto desta região se situar acima dos<br />

500 m de altitude, constituindo deste modo as condições<br />

que fomentam a base alimentar do gado adulto.<br />

Apesar da Denominação de Origem Protegida (DOP) ser<br />

comercializada em duas categorias; vitela e novilho, a<br />

categoria de vitela assume pratic amente a totalidade da<br />

carne comercializada. Ao nível visual a carne de vitela<br />

apresenta uma cor rosa claro, com uma gordura de cor<br />

branca e distribuição homogénea, com grão fino,<br />

consistência firme e ligeiramente húmida.<br />

Para garantir a genuinidade da Carne Mirandesa, o<br />

sistema de controlo e certificação permite assegurar a<br />

rastreabilidade no decurso de toda a fileira, desde o<br />

nascimento do animal até ao ponto de venda.<br />

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CORDEIRO BRAGANÇANO<br />

Descrição: a carne do Cordeiro <strong>Bragança</strong>no deve as suas<br />

características às condições da terra fria transmontana,<br />

refletindo em particular o gosto das pastagens,<br />

transmitido através do leite materno. Esta carne é obtida<br />

da raça Churra Galega <strong>Bragança</strong>na.<br />

A fixação dos caracteres desta raça está muito ligada ao<br />

ambiente onde vivem, com um clima rigoroso - de acordo<br />

com os locais «9 meses de inverno e 3 de inferno», o relevo<br />

acidentado e as especificidades do solo local (a sua<br />

alimentação na primavera é feita à base de arbustos como<br />

a esteva, a giesta, urze, tojo, etc… no inverno apenas<br />

existem as ervas dos lameiros e algumas folhadas).<br />

A produção de ovinos traduz-se em alimento, agasalho e<br />

fertilização dos solos, sendo por vezes, a única riqueza dos<br />

agricultores. O cordeiro ocupa lugar de destaque na<br />

cozinha tradicional transmontana tendo no cordeiro<br />

branco de Montesinho o seu expoente máximo, e que tem<br />

o seu ponto alto de consumo na época da Páscoa, em que<br />

é tradicionalmente assado em forno de lenha.<br />

pastagem mais elevadas e pobres, em pastoreio de<br />

percurso, utilizando os animais de menor corpulência, e<br />

uma outra, onde é explorada a vertente leiteira, em<br />

grupos reduzidos, com animais de maior porte criados<br />

perto das habitações, ou em pequenos núcleos<br />

integrados em rebanhos de ovinos.<br />

De momento ainda não existe, embora quando de tenra<br />

idade, era uma especialidade gastronómica muito<br />

apreciada na região onde era conhecido como Cabrito<br />

Branco de Montesinho devido às suas carnes claras.<br />

A produção de ovinos traduz-se em alimento, agasalho e<br />

fertilização dos solos, sendo por vezes, a única riqueza dos<br />

agricultores. O cordeiro ocupa lugar de destaque na<br />

cozinha tradicional transmontana tendo no cordeiro<br />

branco de Montesinho o seu expoente máximo, e que tem<br />

o seu ponto alto de consumo na época da Páscoa, em que<br />

é tradicionalmente assado em forno de lenha.<br />

Como já foi feita referência <strong>Bragança</strong> realiza anualmente a<br />

Feira das Casulas e do Butelo.<br />

Este enchido integra uma vasta lista de produtos de<br />

elevada qualidade, sabor, paladar e aromas únicos.<br />

Na oferta gastronómica associada ao Fumeiro temos:<br />

CABRITO DE MONTESINHO<br />

Descrição: a Raça Preta de Montesinho (responsável por<br />

um dos pratos mais apreciados na região, o Cabrito de<br />

Montesinho) é a raça caprina portuguesa mais recente e<br />

também a que está em maior risco de extinção.<br />

Foi reconhecida oficialmente e nos finais de 2009, altura<br />

em que se iniciou o Registo Zootécnico dos animais<br />

existentes. Existem duas formas de exploração, uma mais<br />

vocacionada <strong>para</strong> a produção de carne, em zonas de<br />

SALPICÃO<br />

O salpicão é um enchido cuja base de confeção é o lombo<br />

de porco. O pre<strong>para</strong>do de carne, devidamente<br />

condimentada com sal, vinho tinto ou branco da região,<br />

água, alho, colorau e louro é introduzido numa tripa<br />

grossa de porco de forma cilíndrica. Depois de curado, o<br />

salpicão pode ser consumido cru, finamente fatiado, ou,<br />

enquanto fresco, ser assado na brasa.<br />

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CHOURIÇA<br />

A chouriça de carne tem na sua composição carne e<br />

gordura de porco. À carne e gordura é adicionado sal,<br />

vinho tinto ou branco da região, água, alho, colorau, louro<br />

e a massa resultante é inserida numa tripa delgada de<br />

porco ou de vaca. A chouriça pode ser consumida crua,<br />

assada ou cozida, conforme o tempo que tem de cura.<br />

ALHEIRA<br />

Este enchido típico de Trás-os-Montes foi criado por<br />

cristãos novos que mantinham em segredo o judaísmo.<br />

A alheira parecia ser feita de porco quando, na verdade,<br />

era de galinha, o que era suficiente <strong>para</strong> enganar a<br />

inquisição cristã. Na versão moderna do prato, a alheira é<br />

feita com porco, frango, pão regional de trigo e azeite<br />

transmontano, a que se junta sal, alho e colorau. A pasta<br />

resultante, de onde em onde se podem detetar alguns<br />

pequenos pedaços, como carnes desfiadas, servirá <strong>para</strong><br />

encher uma tripa delgada e seca de vaca. Depois de<br />

fumada, a alheira deve consumir-se assada.<br />

BUTELO<br />

O butelo é um enchido fumado, confecionado com carne<br />

de porco, gordura, ossos e cartilagens da costela e coluna<br />

vertebral de porco. As carnes com ossos e as cartilagens,<br />

depois de condimentadas com sal, alho colorau, louro,<br />

água e vinho branco ou tinto da região, são introduzidas<br />

em estômago, o chamado bucho, bexiga ou tripa do<br />

intestino grosso do porco. Este enchido deve ser<br />

consumido cozido.<br />

Este enchido é tradicionalmente servido com casulas<br />

(feijão seco, com a vagem).<br />

CHOURIÇO AZEDO<br />

Para se fabricar este enchido fumado, adiciona-se à carne<br />

pão de trigo da região e azeite transmontano. As carnes e<br />

a gordura, condimentadas com sal, são cozidas e<br />

desfiadas e misturadas com o pão. A massa resultante é<br />

condimentada com colorau, alho e azeite e é colocada em<br />

intestino grosso do porco. O chouriço azedo deve ser<br />

consumido cozido.<br />

CHOURIÇA DOCE<br />

A chouriça doce é feita com carne magra e carne gorda de<br />

porco, sangue de porco, pão de trigo da região, mel, nozes<br />

e amêndoas e azeite de Trás-os-Montes. Para se fazer a<br />

massa deste enchido fumado, que é introduzida em tripa<br />

delgada de vaca ou porco, são cozidas as carnes e gordura<br />

em água, previamente condimentadas. Depois de<br />

cozinhadas, as carnes são desfiadas e é adicionado o pão<br />

e os restantes ingredientes. Por fim, basta cozer a<br />

chouriça <strong>para</strong> ser consumida.<br />

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PRESUNTO<br />

O presunto obtém-se das pernas de porco adulto.<br />

Durante cerca de 30 dias as pernas estão em salga.<br />

Quando esta é concluída, o presunto é untado com uma<br />

mistura composta por colorau, azeite e/ou banha e<br />

exposto à ação gradual do fumo da queima de carvalho<br />

ou castanho. A cura e envelhecimento acontece em local<br />

frio e seco e todo o processo demora, no mínimo, um ano.<br />

Quando o presunto está pronto, deve ser consumido cru,<br />

cortando-se finas fatias.<br />

De entre os pratos típicos da região sublinhamos ainda a<br />

importância dos pratos de Caça, que valorizam o elevado<br />

potencial cinegético de toda a região.<br />

Trás-os-Montes é uma região que oferece vários e ricos<br />

recursos cinegéticos como o coelho, a lebre, o javali, a<br />

raposa, o tordo, a perdiz, o pombo e rola que fazem as<br />

delícias de caçadores e de experientes podengos e<br />

perdigueiros.<br />

Esta riqueza cinegética entra nas ementas de alguns dos<br />

restaurantes da região, que já se tornaram conhecidos<br />

pela excelência de pratos como Coelho à Caçador, o Javali<br />

no Pote ou a Perdiz Estufada. Em boa parte destes<br />

restaurantes os pratos apresentados são confecionados<br />

em cozedura lenta, ao lume, nos tradicionais potes de<br />

ferro, que apuram ainda mais o sabor dos alimentos.<br />

O Galo no Pote é outra das “iguarias” que temos de<br />

destacar.<br />

Para confecionar este prato tem de ser com o Galo criado<br />

no campo, com uma alimentação 100% natural, com, no<br />

mínimo, um ano de criação e quatro quilos de peso.<br />

A carne é escura e, tradicionalmente, cozinhada em lume<br />

branco por mais de uma hora num pote de ferro à lareira.<br />

Este prato, típico na região, apenas se encontra em<br />

restaurantes tradicionais e quase sempre mediante<br />

encomenda.<br />

No setor dos Peixes sublinhamos a importância das<br />

Trutas.<br />

Os rios frios e com forte corrente da região são habitats<br />

propícios <strong>para</strong> as trutas, o único peixe, com origem local,<br />

que integra os pratos de gastronomia regional. A Truta em<br />

escabeche ou assadas na brasa são pratos muito<br />

apreciados e que facilmente se encontra nos restaurantes<br />

tradicionais da região de <strong>Bragança</strong>.<br />

Outros produtos como o Mel do Parque (DOP), uma das 7<br />

Maravilhas de Portugal na categoria de doces, são mais<br />

um argumento de peso na gastronomia.<br />

O “Mel do Parque” é um mel de zona de Montanha,<br />

multifloral, produzido na área dos Concelhos de <strong>Bragança</strong><br />

e Vinhais, onde se encontram predominantemente<br />

manchas de Carvalho Negral e Castanheiros, <strong>para</strong> além da<br />

existência de muitas lamas com Freixos, e junto às linhas<br />

de água: Salgueiros e Amieiros, e também múltiplas<br />

plantas silvestres de importância apícola. Nas áreas das<br />

matas a vegetação é representada pelas urzes, carquejas,<br />

arçãs, giestas e estevas.<br />

Um dos produtos que do ponto de vista económico tem<br />

maior peso no concelho é a Castanha da Terra Fria (DOP).<br />

A produção do fruto, por muitos considerado o ouro da<br />

região, e a respetiva colheita são as fases específicas da<br />

área geográfica delimitada. A recolha dos frutos é feita do<br />

chão não podendo ser usado nenhum método mecânico<br />

ou outro <strong>para</strong> forçar a queda dos frutos da árvore a fim de<br />

49


se completar a maturação. Os frutos são recolhidos por<br />

variedade e juntos em lotes.<br />

A Castanha da Terra Fria DOP apresenta uma forma<br />

elíptica alongada, cor castanha avermelhada, brilhante<br />

com linhas escuras e longas. Um kg contém entre 70 a 95<br />

castanhas. Apresenta um sabor intenso.<br />

Por fim os cogumelos silvestres, abundantes<br />

essencialmente no outono em Trás-os-Montes,<br />

movimentam muitas pessoas na apanha <strong>para</strong> consumo e<br />

<strong>para</strong> venda, mas são também atração turística que traz<br />

cada vez mais visitantes à região.<br />

Realizam-se, cada vez com maior frequência, caminhadas<br />

com apanha e identificação de cogumelos, encontros<br />

micológicos ou mostras gastronómicas.<br />

Este recurso natural é cada vez mais utilizado na<br />

gastronomia regional, confecionado sozinho ou<br />

combinando com diversos pratos de carne<br />

No potencial gastronómico cabe ainda referir que<br />

<strong>Bragança</strong> possui, desde 2018, um restaurante com 1<br />

Estrela atribuída pelo Guia Michelin (Restaurante G), e<br />

um restaurante com Bib Gourmand (Tasca do Zé Tuga)<br />

igualmente atribuído pelo Guia Michelin que, neste<br />

segundo casa, destaca a excelente relação<br />

qualidade/preço.<br />

Estes dois restaurantes são os maiores promotores da<br />

gastronomia regional, colocando <strong>Bragança</strong> no patamar<br />

da excelência gastronómica, uma classificação que acaba<br />

por beneficiar todo o setor da restauração local.<br />

50


AGENTES<br />

TURÍSTICOS<br />

E COMERCIAIS<br />

Nem sempre os organismos e entidades com<br />

responsabilidade na gestão local ou central, na área do<br />

Turismo, se preocupam em auscultar a opinião do setor<br />

privado, dos agentes turísticos e comerciais que operam<br />

no território, nem sempre as políticas definidas pelas<br />

referidas entidades vão ao encontro da visão empresarial<br />

dos agentes privados, mas são eles os principais<br />

protagonistas do setor do turismo, os embaixadores da<br />

região e, basicamente, deles depende o sucesso da<br />

afirmação de um território como “destino turístico” de<br />

qualidade.<br />

Há algumas áreas de atividade principais que interessa<br />

identificar:<br />

Restauração;<br />

Alojamento;<br />

Animação Turística;<br />

Artesanato;<br />

Comércio local.<br />

RESTAURAÇÃO<br />

Alma Lusa<br />

Emiclau<br />

Solar <strong>Bragança</strong>no<br />

A Gôndola<br />

Taberna do Javali<br />

Sport<br />

Príncipe Negro<br />

Casa de pasto O Copinhos<br />

Careto<br />

Casa Nostra<br />

Bela Época<br />

Churrasqueira Brasa Viva<br />

Quinta das Queimadas<br />

O Batoque<br />

A Lareira<br />

Quinta Dona Florinda<br />

Churrasqueira Atlântico<br />

Restaurante Dom Roberto<br />

Poças<br />

O Rochedo<br />

Mc Donalds<br />

51


O Geadas<br />

Iguarias da Veiga<br />

O Bem Falado – Tio Artur<br />

O Grelhador<br />

Sabores da Aldeia<br />

Oriental<br />

Cavaleiro<br />

Académico<br />

Turismo (Hotel Estalagem Turismo)<br />

Armazém do Caffé –Food &Lounge<br />

Restaurante Tia Rita<br />

Moderno I<br />

Snack Bar Beck’s<br />

O Capelas<br />

Neves<br />

Glamping Hills<br />

Snack-Bar Box – Pasta Café<br />

Stoo<br />

Contradição – Gastro-Bar<br />

O Javali<br />

Tasca Noz<br />

Quinta das Covas<br />

Ponto de Encontro<br />

Tuela<br />

O Abel<br />

Restaurador<br />

Big Bob’s<br />

O Pote<br />

Arado<br />

Tasca do Zé Tuga<br />

Cervejaria Alypios<br />

Sabor Brasil<br />

O Marrafinhas<br />

O Pipo<br />

Rota dos Sabores<br />

Sandwich Snack<br />

Tribuna 5300<br />

F’Grill Pizza Mais<br />

Lombada<br />

Xing Long<br />

Picantone<br />

S. Sebastião<br />

Cervejaria Traquina<br />

Burguer King <strong>Bragança</strong><br />

Pizza Hut<br />

O Bisarinho<br />

O Rústico<br />

Pizzeria Luna<br />

A Moca<br />

O Nó da Seara<br />

O Agrário<br />

Serra da Nogueira<br />

ALOJAMENTO<br />

Casa do Lello<br />

Casa da Escola<br />

Hotel Tic-Tac<br />

Baixa Hotel<br />

Casa do Enchido<br />

Glamping Hills<br />

52


Casa do Pascoal<br />

Pousada da Juventude de <strong>Bragança</strong><br />

Casa da Bica<br />

Moinho do Caniço<br />

Hotel Tulipa<br />

Cepo Verde<br />

Bétula Studios<br />

Casa da Aldeia de França<br />

Lagosta Perdida<br />

Casa da Mestra<br />

Hotel IBIS<br />

Parque de Campismo Rural de Rio de Onor<br />

NC Apartamentos<br />

Hotel São Lázaro<br />

My Historic House<br />

Casa do Rio<br />

Casa da Gadanha Turismo Rural<br />

Pata da Moura<br />

Casarão dos Reis<br />

Chez Gorete<br />

Casa da Fonte<br />

Hotel Santa Apolónia<br />

Casa Freixedelo<br />

Casa da Aldeia de Baçal<br />

Hotel S. Roque & Suites<br />

Igual Habitat<br />

Hotel Nordeste Shalom<br />

Parque de Campismo Municipal – Rio Sabor<br />

Atliê Moisés<br />

Casa do Serra<br />

Casa do Passal<br />

Apimonte City House<br />

Ninho do Melro<br />

Moinho da Ceira de Baixo<br />

Casa do Forno e Casa do Terreto<br />

Casa da Baixa<br />

Casa da Barriada<br />

Casa Luiz Gonzaga<br />

Casa do Tuga<br />

Casa do Parada<br />

Moinho da Ponte Velha<br />

Casa da Porta de Santo António<br />

<strong>Bragança</strong> Apartments<br />

Hotel Classis<br />

Arco da Velha<br />

Casa do Bísaro<br />

Adega do Martinho<br />

Casa Machado<br />

Alojamento do Arado<br />

Casa da Portela<br />

Quinta das Colmeias<br />

A Casa de Salsas<br />

Casa do Rio Fervença<br />

Camões Studios<br />

Casa dos Infantes<br />

EAF - Eduardo Abreu Faria<br />

Baixa Apartamento<br />

Quinta das Covas<br />

Quinta da Boa Ventura<br />

Solar de Rabal<br />

53


Cantinho de Rio de Honor – Gusthouse<br />

Abrigo IV Montesinho<br />

Casa de Onor<br />

Casa do Alpendre<br />

Pousada de Portugal S. Bartolomeu<br />

Casa Anjos<br />

Reabilitar Carrazedo<br />

Casa Moleiro de Baçal<br />

Candeias do Souto<br />

Casa do Pomar<br />

Abel Hotel Rural<br />

Solar de Sta. Maria<br />

Casa do Lúpulo<br />

Casa do Javali<br />

Casal de Palácios<br />

Charmy Large Family Apartment<br />

Onda Jovem<br />

Casa do Soto<br />

Quinta da Rica-fé<br />

Casa dos Praças<br />

Dez a Seis<br />

Casa da Ranheta<br />

Hotel Estalagem Turismo<br />

Casa do Arado<br />

Lupulex Guesthouse<br />

ANIMAÇÃO TURÍSTICA<br />

Aventura Norte<br />

NordestPark<br />

Associação Equestre de <strong>Bragança</strong><br />

Ao Sabor do Vento<br />

My Tous (sazonal mês de agosto)<br />

A Montesinho Turismo<br />

Montesinho Aventura<br />

Anda D’i<br />

História e Arte<br />

Bétula Tours<br />

Cepo Verde Turismo de Natureza<br />

Ciência Natura<br />

Centro Hípico de França<br />

GOMOV<br />

ARTESANATO<br />

O artesanato tradicional produzido no concelho de<br />

<strong>Bragança</strong> tem um cariz essencialmente utilitário,<br />

materializando-se em objetos úteis e funcionais que ao<br />

longo dos tempos se foram transformando em peças<br />

mais ligadas aos atos festivos e à decoração.<br />

As peças mais distintivas do concelho de <strong>Bragança</strong> são as<br />

Cantarinhas de Pinela, que dão nome à maior Feira do<br />

concelho. A olaria que durante décadas “alimentou” a<br />

aldeia de Pinela, onde se fazia uma enorme diversidade<br />

loiça de barro, praticamente desapareceu. Ficaram as<br />

Cantarinhas e uma artesã que a continua a confecionar.<br />

Muitos dos atuais artesãos exercem sua atividade como<br />

um hobby, não sendo essa a sua atividade principal.<br />

Quase a desaparecer está o artesanato em cobre, outrora<br />

tão procurado, precisamente devido á sua utilidade.<br />

Em cobre produziam-se, essencialmente, alambiques e<br />

caldeiras, usadas na confeção de doces e enchidos ou<br />

tachos de uso quotidiano. O reportório das formas em<br />

54


zinco é mais variado, incluindo igualmente, caldeiras <strong>para</strong><br />

idêntico uso ao das de cobre, mas também cântaros,<br />

candeias, almotolias, funis e regadores <strong>para</strong> a rega dos<br />

hortos.O Artesanato estava também e continua ligado às<br />

Festas, e, provavelmente, esta é o único segmento, a<br />

produção de máscaras, onde o número de artesãos<br />

(ainda que apenas nas horas livres), tem vindo a<br />

aumentar. A peculiaridade e originalidade da tradição<br />

das Festas de Inverno e dos caretos motivou alguns<br />

artesãos a produzir estas máscaras, em folha-de-flandres<br />

ou madeira, com uma finalidade, essencialmente,<br />

decorativa.<br />

A cestaria artesanal continua viva em algumas aldeias,<br />

sendo óbvia a sua importância numa sociedade rural<br />

onde os trabalhos agrícolas e as lides domésticas são as<br />

principais atividades. Atualmente, também na cestaria, as<br />

peças produzidas têm uma finalidade meramente<br />

decorativa. Os tecidos de linho e lã, a par do algodão e<br />

trapos, têm aplicações diversas ligadas ao vestuário, de<br />

trabalho e de lazer, e ao uso doméstico como lençóis de<br />

linho, mantas de trapos, cobertores de lã e colchas de<br />

linho, de lã ou de algodão. Nos dias de hoje, estas<br />

confeções foram-se convertendo em relíquias e só, de<br />

quando em vez, são utilizadas em festas e romarias ou<br />

noutras manifestações mais folclóricas.<br />

COMÉRCIO LOCAL<br />

O comércio em <strong>Bragança</strong> está muito mais dependente<br />

do consumo local do que da vinda de visitantes e turistas,<br />

com a ressalva <strong>para</strong> os visitantes da vizinha Espanha que<br />

nos últimos anos se deslocavam a <strong>Bragança</strong> com dois<br />

propósitos bem definidos: fazer compras e comer.<br />

Porque estamos a falar maioritariamente de pequenos<br />

estabelecimentos, microempresas, de cariz familiar,<br />

qualquer quebra no consumo tem um enorme reflexo<br />

em caixa. Mas pela mesma razão são negócios, sobretudo<br />

pelo seu cariz familiar, que conseguem “aguentar” e<br />

superar melhor a crise.<br />

Há muito medo e uma enorme apreensão atualmente no<br />

comércio em geral. As escassas casas que vendem<br />

produtos endógenos, já transformados, não têm sentido<br />

tanto a quebra, notando-se que é crescente a apetência<br />

dos visitantes e turistas <strong>para</strong> comprar produtos<br />

exclusivos, de elevada qualidade, se possíveis certificados.<br />

Estes espaços de venda de produtos locais percebem a<br />

necessidade de adequar o seu funcionamento à procura<br />

e abrem portas aos fins-de-semana e feriados, quando há<br />

mais movimento na cidade e quando o comércio geral<br />

está fechado. São casos de sucesso que demonstram que<br />

os produtos endógenos da região são um elemento<br />

fulcral <strong>para</strong> o turismo.<br />

Outra forma de provar os produtos locais é comer nos<br />

restaurantes da terra. Na generalidade abastecem-se no<br />

território, desde os legumes às carnes, e a matéria prima<br />

que com arte confecionam e colocam à mesa, faz a<br />

diferença e é até motivo <strong>para</strong> que muitos visitantes<br />

venham a <strong>Bragança</strong> propositadamente <strong>para</strong> comer.<br />

Os restaurantes da zona histórica da cidade não estão a<br />

sentir tanto a crise, porque a procura continua, apesar da<br />

limitação nos lugares de que dispõe dentro do próprio<br />

restaurante.<br />

Fora do centro his tórico o comércio em geral está a sofrer<br />

fortes quebras porque o consumo local diminuiu<br />

drasticamente, ao reduzir o convívio, ao condicionar a<br />

permanência nos espaços, a comunidade adotou uma<br />

postura defensiva frequentando o comércio exclusivamente<br />

à medida das necessidades.<br />

55


PRODUTOS-CHAVE<br />

DA REGIÃO PARA<br />

O SETOR DO TURISMO<br />

Para entender a importância do Turismo no território é<br />

imprescindível definir o conceito-chave do produto que<br />

se pretende vender e esse conceito implica a definição<br />

explícita dos produtos estratégicos que se pretende<br />

comunicar.<br />

Um produto turístico é um conceito que se refere à oferta<br />

que, neste caso, o território possui <strong>para</strong> atrair pessoas, seja<br />

com fins de lazer, culturais, de negócios, etc.<br />

Esta noção não se refere a um produto no sentido<br />

material, pois abarca tanto os bens físicos como os<br />

serviços que caracterizam um destino específico e que<br />

fazem parte da experiência que vive um turista no lugar.<br />

O produto turístico, por conseguinte, tem componentes<br />

tangíveis (como monumentos, aldeias, serras, museus,<br />

etc.), mas também intangíveis (a hospitalidade das<br />

pessoas, a qualidade de atenção). As suas características<br />

são dadas pela interação e a combinação entre todos<br />

estes componentes. Pode dizer-se que o produto turístico<br />

inclui todos os elementos que permitem o<br />

desenvolvimento da atividade turística.<br />

Os peritos em turismo afirmam, neste sentido, que os<br />

viajantes procuram sempre produtos turísticos e não<br />

destinos: isto é, não se conformam com um atrativo<br />

natural ou com um único aspeto da localidade que<br />

escolhem, mas pretendem desfrutar de uma experiência<br />

satisfatória em todos os níveis. As cidades e territórios, na<br />

hora de definir as suas estratégias <strong>para</strong> atrair visitantes,<br />

devem implementar planos integrais que lhes permitam<br />

oferecer um produto turístico de qualidade.<br />

É certo que na base de qualquer estratégia deve estar<br />

uma excelente comunicação, não apenas verbal, mas<br />

também visual. E depois de comunicado o produto, é<br />

importante garantir que as expetativas criadas são<br />

realizadas no território. Quer isto dizer que a<br />

comunicação, ainda que necessariamente apelativa e<br />

sedutora, deve ser verdadeira.<br />

O desafio é conseguir “fazer um embrulho ou pacote”,<br />

com experiências excelentes que se complementem e<br />

uma boa justificação/argumentação, <strong>para</strong> criar no<br />

potencial turista a vontade de conhecer e quase a<br />

necessidade de visitar o lugar que se promove.<br />

57


NATUREZA<br />

É o produto de excelência do território que beneficia, em<br />

boa parte da região de <strong>Bragança</strong>, de uma área<br />

classificada (Parque Natural de Montesinho), que lhe<br />

confere o reconhecimento da sua riqueza paisagística e<br />

da biodiversidade.<br />

Mas este enorme potencial só se torna num produto<br />

verdadeiramente turístico se existir a possibilidade do<br />

turista o experimentar. Aqui reside o desafio.<br />

Como proporcionar experiências enriquecedoras ao<br />

turista?<br />

A resposta abre imensas possibilidades:<br />

Atividades ligadas ao turismo de natureza<br />

As caminhadas são um excelente produto, cada vez com<br />

maior procura, beneficiando do facto de existir no<br />

território uma rede de percursos devidamente<br />

homologada (com informação e sinalética adequada),<br />

que permite ao turista efetuar os percursos de forma<br />

autónoma.<br />

A observação da biodiversidade (brama dos veados e<br />

outras) é outra das ofertas disponíveis, que deve ser<br />

realizada com recurso a um guia, conhecedor do terreno,<br />

dos lugares, garantindo assim melhores possibilidades de<br />

sucesso na experiência.<br />

Desportos de natureza, sempre com a devida<br />

salvaguarda <strong>para</strong> não ferir a paisagem nem prejudicar a<br />

riqueza faunística e florística do espaço. Há desportos que<br />

são demasiado evasivos e que devem ser evitados, pelo<br />

menos na área do Parque Natural de Montesinho (por<br />

exemplo passeios TT descontrolados e sem número limite<br />

de participantes).<br />

Não existe no território de <strong>Bragança</strong> nenhum parque de<br />

natureza e aventura, eventualmente, pode ser uma<br />

Oportunidade <strong>para</strong> a região e mais um motivo de atração,<br />

sobretudo de públicos mais jovens.<br />

A fotografia, e são cada vez os amantes e apreciadores<br />

desta forma de arte que eterniza os lugares. Todo o<br />

território, pelo seu esplendor natural, se proporciona à<br />

realização deste tipo de atividades.<br />

Diálogo com as populações, essencialmente no meio rural,<br />

aprendizagem de novas culturas. A hospitalidade, a<br />

espontaneidade e a abertura dos brigantinos é grande e se<br />

o turista manifestar interesse e respeito pelas suas gentes<br />

e aldeias a receção torna-se quase num motivo de festa.<br />

A comunidade abre-se e sem reservas partilha os seus<br />

valores, e até os seus haveres. A naturalidade com que se<br />

oferece um lanche, com produtos locais, uma bebida, o<br />

calor de uma lareira é uma das características territoriais<br />

que deve ser valorizada.<br />

E dentro do potencial natural não podemos ignorar<br />

setores dirigidos a nichos específicos como são a caça e<br />

pesca. Não há dados que nos digam com certezas o peso<br />

destas atividades no território, mas é sabido que a<br />

atividade cinegética atrai centenas de pessoas ao<br />

território.<br />

<strong>Bragança</strong> possui a maior reserva de veados do país, na<br />

Zona Nacional de Caça da Lombada, em pleno Parque<br />

Natural de Montesinho. Há quem considere esta Zona de<br />

Caça um diamante por polir, garantindo que se for feita<br />

uma boa gestão a Caça, pode neste caso, seu um<br />

importante fator de aumento de receitas no turismo.<br />

O problema é que esta Zona de Caça é nacional e a sua<br />

gestão é muito contestada localmente, principalmente<br />

pela falta de uma rede de vigilância eficaz que acabe com<br />

a caça furtiva, que se estima forte nesta zona e que<br />

58


epresenta um perigo <strong>para</strong> o turismo, sobretudo <strong>para</strong><br />

turistas que possam frequentar esta zona na realização de<br />

outro tipo de atividades. Impõe-se, portanto, transformar<br />

esta mais-valia, numa fonte de atração turística e não<br />

numa mancha na ordenação do turismo no território.<br />

PATRIMÓNIO<br />

Que dizer da Domus Municipalis de <strong>Bragança</strong>, único<br />

exemplar de arquitetura civil em estilo Românico na<br />

Península Ibérica, do castelo de bragança e todo o<br />

perímetro muralhado, a porta do sol e a porta da traição, a<br />

torre da princesa e as lendas que a crença popular criou<br />

em torne deste monumento.<br />

Que dizer da Basílica Menor de Santo Cristo de Outeiro,<br />

cuja construção iniciou em 1698 em resultado de um<br />

milagre ocorrido numa pequena capela que se encontra<br />

ao lado, o santuário de Santo Cristo.<br />

E do Mosteiro de Castro de Avelãs, monumento nacional e<br />

exemplar único do estilo arquitetónico românico-<br />

-moçárabe em Portugal, em que sobressai a traça com<br />

tijolo maciço herdada da vizinha região espanhola de<br />

Castela e Leão.<br />

São exemplos do valor incalculável do património<br />

edificado em <strong>Bragança</strong>, todo ele envolto em lendas e<br />

crenças que o enriquecem e o tornam único.<br />

Estes valores, que diferenciam a região, têm de ser<br />

comunicados como um atrativo único, que permite a<br />

realização de programas individuais, em grupo, ou em<br />

família, que se encaixam e enriquecem qualquer pacote<br />

de promoção do território.<br />

A cidadela de <strong>Bragança</strong>, cuja construção se encontra<br />

protegida pelas espetaculares muralhas, que numa<br />

perspetiva aérea desenham um coração, é talvez o<br />

elemento central e o conjunto de maior atratividade na<br />

região. Mas impõe-se que o turista não fique pela cidadela,<br />

tem de descer a rua da Costa Grande e mergulhar em todo<br />

o centro histórico.<br />

Tem de tomar caminho em direção às aldeias, onde se<br />

destaca o património religioso, mas também os sítios<br />

arqueológicos, as esculturas morfológicas, os pelourinhos,<br />

entre tantas outras coisas.<br />

O património da região de <strong>Bragança</strong> contraria as<br />

afirmações de que “os motivos de interesse no município<br />

podem ser vistos num dia”. Não é certo. Uma visitação<br />

adequada e informada impõe mais tempo, exige<br />

observação, contemplação, exige que se escutem as<br />

histórias associadas aos lugares.<br />

E este património edificado, em muitos casos, oferece<br />

atualmente riquíssimos interiores, espaços de<br />

conhecimento, de preservação de memória, de<br />

enriquecimento cultural. É assim no próprio castelo, cuja<br />

torre principal acolhe o Museu Militar, é assim com o<br />

Museu da Máscara, o Museu Abade Baçal, o Museu dos<br />

Sefarditas, o Centro de Arte Contemporânea Graça Morais<br />

e tantos outros lugares.<br />

GASTRONOMIA<br />

A gastronomia obriga a criar um discurso sobre os<br />

prazeres da mesa, os prazeres dos sentidos, onde o<br />

paladar, o olhar (porque os olhos também comem) e o<br />

olfato assumem o papel principal.<br />

A gastronomia em Trás-os-Montes é tributária da própria<br />

cultura, dos produtos da terra e do saber fazer que se foi<br />

perpetuado ao longo de gerações.<br />

59


A genuinidade dos sabores encontra-se, talvez, nas aldeias,<br />

na casa das famílias tradicionais, que ainda usam o lume<br />

como elemento principal na confeção de qualquer<br />

alimento. Os estufados no pote de ferro, onde incluímos o<br />

galo, o coelho bravo, a lebre ou o javali, o cabrito de<br />

montesinho ou o cordeiro bragançano.<br />

Também o famoso Butelo com cascas, produto-chave já<br />

adotado pelo município, deve ser cozido num pote de<br />

ferro, ao lume. O mesmo fogo que cria as brasas de lenha<br />

de carvalho ou castanho, tão importantes nas carnes<br />

assadas, como a posta à mirandesa, não há outra forma de<br />

a confecionar que não assada na brasa, ou então não será<br />

posta à mirandesa.<br />

Até as trutas, que sendo tradicional cozinha-las em<br />

escabeche, têm outro paladar quando grelhadas na brasa.<br />

Este saber fazer que torna a cozinha tradicional tão ímpar<br />

deve ser motivo <strong>para</strong> atrair visitantes e turistas à cidade.<br />

Mas na cozinha há espaço e é conveniente que se aposte<br />

também na inovação, na criatividade, na audácia de fazer<br />

diferente sem alterar a qualidade superior da<br />

matéria-prima que caracteriza o território. E há chefes de<br />

cozinha, que dentro do território, têm vindo a deixar a sua<br />

marca e a garantir que tradição e modernidade podem<br />

caminhar de mãos dadas e fazer sucesso, atraindo novos<br />

públicos, mais exigentes, não apenas no palato, mas<br />

também na apresentação dos pratos.<br />

A mesa deve também ser uma festa <strong>para</strong> o olhar.<br />

Da gastronomia não é possível dissociar os vinhos e a<br />

prosa. Neste último aspeto a região está muito bem<br />

servida, há sempre uma história, uma peripécia, um facto,<br />

um conto ou até uma brincadeira <strong>para</strong> contar à mesa e<br />

garantir um ambiente alegre <strong>para</strong>, com alegria aproveitar<br />

o que de melhor nos oferece a gastronomia.<br />

Atualmente o facto de dois restaurantes serem<br />

referenciados pelo Guia Michelin, o Restaurante G com<br />

uma Estrela Michelin e a Tasca do Zé Tuga com Bib<br />

Gourmand do Guia Michelin, contribui <strong>para</strong> a imagem de<br />

excelência gastronómica do território e estas unidades de<br />

restauração devem integrar as estratégias de promoção<br />

territorial.<br />

FESTAS SOLSTICIAIS<br />

Caretos e Festas dos Rapazes<br />

No curto prazo, enquanto o país e o mundo<br />

permanecerem em contexto de pandemia, estas festas<br />

não poderão realizar-se, pelo menos com a alegria que<br />

aconteciam anteriormente. Mas no médio prazo, estas<br />

manifestações de grande folia, podem representar um<br />

enorme atrativo <strong>para</strong> a retoma do turismo. Os Caretos<br />

invadem as aldeias de <strong>Bragança</strong> entre o Natal e os Reis,<br />

num ritual pagão que atualmente é dedicado a Santo<br />

Estevão. Os rapazes solteiros, mascarados e com<br />

indumentária muito peculiar, espalham a confusão e o<br />

terror, saem à rua, perseguem as raparigas e põem a nu os<br />

boatos das aldeias. É este um ritual de limpeza e<br />

ressurgimento que coincide com o solstício de inverno e<br />

que marca o começo de um novo ciclo.<br />

As festas dos rapazes realizam-se um pouco por todo o<br />

nordeste transmontano e ainda na vizinha Espanha, num<br />

espaço geográfico muito definido que originou uma<br />

candidatura a Património Imaterial da Humanidade,<br />

sendo <strong>Bragança</strong> e Macedo de Cavaleiros os concelhos<br />

onde a tradição está mais presente.<br />

Estas figuras descaradas, que em torno da cinta trazem<br />

barulhentas e enormes chocalhos, saltam sem temor em<br />

torno das pessoas, principalmente das raparigas, que<br />

60


agarram à força e “chocalham”. São um produto turístico<br />

que pode ser aproveitado e valorizado no âmbito dos<br />

próprios rituais, em cada uma das aldeias onde as Festas<br />

dos Rapazes acontecem, mas podem e são já atualmente,<br />

ser elementos de animação em qualquer evento que se<br />

realize na cidade.<br />

EVENTOS<br />

A realização de eventos no território é sempre um<br />

chamariz, um momento de exaltação dos recursos<br />

endógenos, que ainda que focado num produto ou setor<br />

especifico, acaba por se tornar um momento de<br />

dinamização multissetorial. De momento, tal como as<br />

festas, a sua realização está condicionada, mas podem ser<br />

importantes no médio prazo.<br />

Os eventos de maior relevo no território são atualmente o<br />

Carnaval, a Feira das Cantarinhas, e o Festival do Butelo e<br />

das Casulas. Estes eventos já estão implementados e<br />

possuem programas próprios. A estratégia, <strong>para</strong> que<br />

resultem efetivamente como produto-chave de promoção<br />

territorial, é associar, com programas sociais e turísticos,<br />

por exemplo, roteiros diversificados, que permitam ao<br />

visitante/turista, experimentar e viver o território além da<br />

mostra que o evento em si lhes proporciona. Seria fácil<br />

delinear programas diversificados de visitação ao espaço<br />

natural, património, equipamentos culturais, etc., de<br />

experimentação da gastronomia, entre muitas outras<br />

atividades que se podem promover.<br />

Desta forma complementa-se uma oferta que já tem<br />

público, consegue-se que a estada do visitante/turista se<br />

prolongue e introduz-se mais dinâmica na economia local.<br />

61


ANÁLISE<br />

SWOT<br />

<strong>Bragança</strong>, bem pode dizer-se, é um Destino de elevado<br />

potencial. Mas, apesar dos recursos apontados, o turismo<br />

ainda não trás o retorno desejado, ainda não coloca<br />

<strong>Bragança</strong> na primeira linha das escolhas, não do turista<br />

indiferenciado, mas do Turista que escolhe os lugares com<br />

elevados recursos naturais, patrimoniais, culturais,<br />

gastronómicos, o turista que gosta de autenticidade, que<br />

que defende a sustentabilidade e que quer viver novas<br />

experiências.<br />

Convém perceber que os critérios de atração dos territórios<br />

mudaram radicalmente após a pandemia da doença<br />

COVID-19.<br />

O que até então podia ser uma debilidade, como o<br />

isolamento ou baixa densidade populacional, por exemplo,<br />

é atualmente fator de motivação.<br />

A análise tem em conta essa alteração do <strong>para</strong>digma do<br />

Turismo em Portugal e no Mundo.<br />

O que tem faltado?<br />

Falhas na divulgação e promoção do território?<br />

necessidade de integrar estratégias com escala regional?<br />

necessidade de cooperação com outros concelhos?<br />

a criação de redes de parcerias entre operadores locais?<br />

As questões são muitas e as respostas. Através da análise<br />

SWOT, é possível identificar e compreender melhor em<br />

que posição se encontra atualmente <strong>Bragança</strong> no setor do<br />

Turismo. Identificar as forças do território que podem ser<br />

classificadas como os grandes vetores de evolução do<br />

setor do turismo; as fraquezas que devem ser alvo de<br />

preocupação e definição de ações de melhoria; as<br />

oportunidades, representando os aspetos positivos da<br />

envolvente com potencial <strong>para</strong> alavancagem das<br />

vantagens competitivas da região; e as ameaças, cobrindo<br />

pontos negativos da envolvente que podem comprometer<br />

a vantagem competitiva da região.<br />

PONTOS FORTES<br />

Território de baixa densidade populacional.<br />

Tranquilidade e isolamento.<br />

Património natural e paisagístico com elevada qualidade e<br />

diversidade de recursos naturais.<br />

Património histórico e cultural, com numerosos<br />

monumentos qualificados.<br />

Boa rede de equipamentos culturais.<br />

Produtos regionais de qualidade e certificados.<br />

Especialidades gastronómicas únicas.<br />

Manifestações culturais tradicionais únicas.<br />

Boa hospitalidade.<br />

Segurança.<br />

Presença de instituições de ensino superior, contribuindo<br />

<strong>para</strong> a qualificação e aumento da presença de jovens.<br />

63


Oferta Hoteleira variada e vasta.<br />

Boa rede de restaurantes e similares.<br />

Empresas de animação turística com especialidades<br />

diversificadas.<br />

O território está integrado numa área protegida (Parque<br />

natural de Montesinho).<br />

O concelho faz parte da Reserva da Biosfera<br />

Transfronteiriça Meseta Ibérica.<br />

<strong>Bragança</strong> possui o selo da UNESCO “Biospher<br />

Destination”.<br />

O Concelho possui uma Aldeia que é uma das 7 Maravilhas<br />

de Portugal.<br />

O Mel de Montesinho, no segmento de doces, é também<br />

uma das 7 Maravilhas de Portugal.<br />

Inexistência de uma estratégia de comunicação e<br />

marketing conjunta.<br />

Inexistência de redes de cooperação locais e regionais.<br />

População não suficientemente sensibilizada <strong>para</strong> a<br />

atividade turística.<br />

Desconhecimento dos elementos históricos e turísticos da<br />

região por parte<br />

da generalidade dos seus residentes.<br />

Falta de diálogo e cooperação entre as entidades públicas<br />

e os operadores privados.<br />

Fraca autoestima do Destino <strong>Bragança</strong>, por parte de<br />

alguns operadores do setor.<br />

OPORTUNIDADES<br />

PONTOS FRACOS<br />

Inexistência de Pacotes Turísticos organizados;<br />

Inexistência de pacotes de Experiências temáticas<br />

exclusivas;<br />

Dificuldade de acesso ao território, por parte de turistas<br />

estrangeiros, que chegam através do Aeroporto Francisco<br />

Sá Carneiro.<br />

Deficit de imagem e notoriedade nos mercados<br />

internacionais.<br />

Reduzida oferta de alojamento com Classificação Alta<br />

(apenas um Hotel de 4 Estrelas, nenhum de 5 Estrelas, e<br />

uma Pousada de Portugal) com implicações na tipologia<br />

do visitante e na capacidade de atração da região.<br />

Alojamento com poucos serviços complementares.<br />

Falta de recursos humanos especializados.<br />

Previsões de crescimento da procura turística em<br />

territórios de baixa densidade.<br />

Emergência de novos padrões de consumo e motivações<br />

privilegiando destinos que ofereçam experiências<br />

diversificadas e com elevado grau de autenticidade e<br />

exclusividade e segurança sanitária.<br />

Possibilidade de criar Pacotes Turísticos com experiências<br />

diversificadas, e adequadas e diferentes públicos e<br />

gerações.<br />

Aumento da notoriedade de Portugal enquanto destino<br />

turístico europeu.<br />

Upgrade da oferta através do enriquecimento da<br />

experiência turística.<br />

Estruturação da oferta em torno de pacotes turísticos<br />

integrados.<br />

Criação de uma imagem de marca <strong>para</strong> a região, integrada<br />

64


numa estratégia de marketing que a potencie.<br />

Eventos de promoção local, focados na valorização dos<br />

recursos endógenos.<br />

AMEAÇAS<br />

Persistência da situação de instabilidade causada pela<br />

Pandemia COVID-19.<br />

Padrão cultural marcado por práticas de natureza<br />

individualista que dificultam o incremento de parcerias e<br />

de trabalho em rede.<br />

Prevalência de tendências de políticas microeconómicas<br />

centradas no desenvolvimento individual aliadas à<br />

inexistência de uma visão agregadora da região.<br />

Aumento da tendência da “fuga” de jovens qualificados<br />

confrontados com a falta de oportunidades no mercado<br />

de trabalho.<br />

Dificuldade de adaptação face às cada vez mais elevadas<br />

expectativas dos turistas.<br />

Fraca orientação <strong>para</strong> a melhoria contínua e padrões de<br />

qualidade de excelência como elementos competitivos do<br />

destino.<br />

Baixos níveis de sensibilização das populações e de alguns<br />

operadores <strong>para</strong> as oportunidades do turismo.<br />

Perda de competitividade relativamente a regiões<br />

concorrenciais com o mesmo tipo de oferta.<br />

Possibilidade expectável de dificuldades de sobrevivência<br />

económica de alguns operadores privados do setor do<br />

turismo.<br />

65


CARACTERIZAÇÃO<br />

DO TERRITÓRIO<br />

O posicionamento geográfico de <strong>Bragança</strong> é por muitos<br />

apontado como um posicionamento estratégico, pela sua<br />

proximidade com a vizinha Espanha.<br />

E é, sem dúvida.<br />

Atualmente <strong>Bragança</strong> já quebrou as barreiras do<br />

isolamento, graças à melhoria das vias de comunicação,<br />

situando-se a menos de duas horas de distância de polos<br />

tão importantes como o Porto ou Braga, a uma hora de<br />

Zamora, a menos de duas horas de Valhadolid.<br />

São cidades já com grande dimensão, potenciais<br />

emissoras de visitantes e turistas e portas de entrada de<br />

turistas oriundos de outros pontos do mundo.<br />

<strong>Bragança</strong> dista a menos de duas horas de dois<br />

importantes aeroportos (Porto e Valhadolid). Está a menos<br />

de meia hora de distância de uma das <strong>para</strong>gens do AVE<br />

(comboio de alta velocidade espanhol). Mas o problema é<br />

comum em todas estas soluções: não há oferta de<br />

mobilidade que permita ao turista chegar com facilidade a<br />

<strong>Bragança</strong>, não há redes de transportes públicos, nem<br />

carreiras que satisfaçam esta necessidade do turismo na<br />

região.<br />

Um turista que chegue ao Aeroporto Francisco Sá<br />

Carneiro, no Porto, não tem soluções de transporte fáceis<br />

<strong>para</strong> chegar a <strong>Bragança</strong>. Em todos estes casos a solução<br />

mais viável é o aluguer de viaturas.<br />

<strong>Bragança</strong> possui também um aeródromo Municipal e<br />

beneficia de uma ligação aérea (<strong>Bragança</strong> / Lisboa /<br />

Portimão), de segunda a sexta.<br />

Uma ligação essencialmente comercial, pensada <strong>para</strong> o<br />

perfil do empresário, do comerciante, do professor, do<br />

gestor, do residente que necessita fazer uma viagem<br />

rápida à capital.<br />

Esta ligação também não resolve as necessidades do<br />

turismo no território.<br />

Numa altura em que a mobilidade entre países está<br />

condicionada pela persistência do Vírus SARS-CoV-2, e que<br />

muitos turistas optam por fazer viagens curtas, usando<br />

viatura própria, esta questão perde importância, e o que<br />

era uma dificuldade pode transformar-se numa<br />

oportunidade, sobretudo na angariação de turistas<br />

nacionais e da vizinha Espanha que, alias, são o<br />

público-alvo que convém conquistar.<br />

O potencial turístico do território, facilmente se verifica na<br />

análise SWOT, é enorme.<br />

É preciso tornar o território mais acessível do ponto de vista<br />

do conhecimento, da informação, da organização de<br />

experiências, da apresentação como destino turístico.<br />

Não sendo exatamente uma estratégia que uma entidade<br />

de gestão de recursos possa implementar, é uma<br />

necessidade do território, o investimento na qualificação<br />

das unidades de alojamento a criação de oferta de nível<br />

superior, insipiente na área de <strong>Bragança</strong>.<br />

Não existem no concelho unidades hoteleiras de 4<br />

(apenas1) e 5 estelas, mas já existem no setor da<br />

restauração operadores com selos de qualidade atribuídos<br />

pelo Guia Michelin, como lugar recomendável, pelo Boa<br />

67


Cama Boa Mesa (do Expresso) e até existe um restaurante<br />

com 1 estrala Michelin, o Restaurante G, e outro com o Bib<br />

Gourmand Michelin, a Tasca do Zé Tuga. Estes<br />

reconhecimentos colocam <strong>Bragança</strong> nos roteiros<br />

nacionais e internacionais.<br />

No território já houve diversas tentativas de implementar<br />

um slogan associado ao Low Cost. Esse não deve ser o<br />

caminho. O território deve apostar numa política de<br />

valorização, de reconhecimento e de prática do “preço<br />

justo”.<br />

<strong>Bragança</strong> é um destino “barato” no contexto nacional e<br />

ainda mais no contexto internacional, também porque<br />

maioritariamente os operadores no terreno ainda não<br />

apostaram na diferenciação, na qualificação da oferta, no<br />

“charme” e “exclusividade” que muitos turistas procuram e<br />

exigem.<br />

A estratégia apresentada não vai no sentido de trabalhar<br />

<strong>para</strong> um destino de classe alta, mas sim de criar oferta <strong>para</strong><br />

que estes potenciais turistas, com maior capacidade de<br />

compra não fiquem de fora, não vejam aqui respostas<br />

adequadas <strong>para</strong> as suas exigências.<br />

Existe algum esforço de promoção empreendido pela<br />

ACISB, pelo município de <strong>Bragança</strong>, pela Comunidade<br />

Intermunicipal Terras de Trás-os-Montes e, nos pós<br />

pandemia, até pela Entidade Regional de Turismo Porto e<br />

Norte, que tem trazido mais movimento à cidade. Exemplo<br />

disso foi a afluência de turistas nacionais nos meses de<br />

verão, pós confinamento, cuja presença se fez sentir<br />

especialmente no centro histórico da cidade, na<br />

restauração e no alojamento rural.<br />

Passado o verão, a época alta, eram os ventos que<br />

imprimiam dinâmica turística à cidade e à região.<br />

A ausência de Festas e Feiras está nitidamente a prejudicar<br />

o setor, existindo um grande anseio por parte dos<br />

operadores, pela retoma dos eventos de caracter local e<br />

regional.<br />

<strong>Bragança</strong> precisa de desenvolver trabalho na sua<br />

capacidade de estruturação da promoção existente que<br />

passa, necessariamente, pelo reforço dos níveis de<br />

articulação e concertação entre entidades públicas e<br />

operadores privados, de forma a harmonizar e realçar a<br />

mensagem definida <strong>para</strong> o todo, <strong>para</strong> garantir maior<br />

impacto e resultado junto do público-alvo a atingir.<br />

68


IDENTIFICAÇÃO<br />

DOS PRINCIPAIS<br />

ATRATIVOS DA REGIÃO<br />

A partir da análise da sistematização dos recursos<br />

endógenos de <strong>Bragança</strong>, e tendo em conta a análise<br />

SWOT, é possível apontar alguns dos principais desafios<br />

que se colocam na necessária estruturação da oferta<br />

turística.<br />

O potencial endógeno é enorme, sendo claro que existe<br />

autenticidade, originalidade e qualidade na oferta,<br />

importando, acima de tudo, organizá-la, valorizá-la<br />

localmente, apresentá-la de forma positiva e atrativa nos<br />

mercados emissores, de forma integrada e sustentada.<br />

Pelas características da oferta territorial o Destino de<br />

<strong>Bragança</strong> não é nem pretende ser um destino de massas,<br />

mas sim um destino de experiências enriquecedoras.<br />

Esta “exclusividade” é atualmente uma das razões que<br />

mais pode pesar na escolha de um destino turístico, a par<br />

da tranquilidade e segurança sanitária que pode oferecer<br />

o território, sendo <strong>para</strong> tal importante a baixa densidade<br />

populacional, diminui o risco de aglomerações, e a<br />

exigência de serviços de qualidade que se impõem<br />

principalmente aos operadores turísticos e comerciais.<br />

Os valores naturais e paisagísticos são o principal<br />

atrativo <strong>para</strong> potenciar a atividade turística na região,<br />

nomeadamente no que respeita à atividade de turismo<br />

de natureza.<br />

Mas também o património histórico-cultural, com<br />

numerosos monumentos qualificados, aos quais se<br />

associam lendas e mitos, capazes de acrescentar<br />

condimentos de misticismo, mistério, magia e<br />

encantamento a cada lugar.<br />

A gastronomia é impar, sustentada nos produtos locais,<br />

onde predomina a produção biológica e produtos<br />

certificados, com Denominação de Origem Protegida<br />

(DOP).<br />

A cultura é peculiar, as Festas de Inverno trazem<br />

animação, colorido e alegria no inverno, as tradições<br />

permanecem, respeitando os rituais ancestrais.<br />

Mas há também modernidade. Excelentes espaços<br />

culturais, que guardam memórias, promovem tradições,<br />

estimulam a ciência e a investigação, instigam a<br />

criatividade, e enriquecem a alma de todos aqueles que<br />

os visitam. Há também arte na rua.<br />

Complementarmente a esta análise, importa identificar<br />

quais os fatores críticos que permitirão a potenciação dos<br />

desafios referidos, de forma a assegurar a sua<br />

consideração na elaboração da Estratégia.<br />

70


LINHA DE ORIENTAÇÃO<br />

ESTRATÉGICA<br />

A estratégia de desenvolvimento do setor tem de apostar<br />

numa filosofia de baixo <strong>para</strong> cima, pensada e<br />

implementada tendo por base a motivação e o interesse<br />

dos agentes locais, que trabalham o setor no terreno,<br />

devendo envolver as entidades públicas locais e regionais<br />

e nacionais.<br />

Cada operador local é um “embaixador” do próprio<br />

território, a forma como recebe, como trata, como mostra<br />

a região, o entusiasmo e o conhecimento que coloca na<br />

sua abordagem com o visitante ou turista é a primeira<br />

imagem do território e “não há segundas oportunidades,<br />

<strong>para</strong> causar uma boa primeira impressão”.<br />

Por essa razão é necessário apostar na Sensibilização e<br />

Capacitação. Os agentes têm de compreender a<br />

importância de conhecer, interpretar, e partilhar o<br />

território de forma interessante e positiva e <strong>para</strong> isso<br />

necessariamente devem apostar na capacitação. A ACISB<br />

tem aqui um importante papel na organização de cursos<br />

orientados <strong>para</strong> a atribuição de novas competências aos<br />

ativos do sector, através de disponibilização de Cursos de<br />

Formação Modular. Mas a principal motivação deve partir<br />

dos próprios agentes que precisam de aliar a<br />

componente de experiência territorial que demonstra um<br />

forte conhecimento do produto em que trabalham, com<br />

novos conhecimentos, novas técnicas, novas abordagens<br />

que contribuam <strong>para</strong> a melhoria dos métodos de<br />

trabalho, fomentando a inovação nos serviços prestados,<br />

acompanhando as tendências de procura, cada vez mais<br />

exigentes.<br />

Os operadores locais, tal como as entidades públicas,<br />

trabalham virados <strong>para</strong> si próprios, de forma isolada, sem<br />

diálogo e parcerias, não existe espirito de grupo, nem<br />

sentimento de equipa, sem o qual o destino não pode ser<br />

corretamente trabalhado como um todo.<br />

É importante que se trabalhe o sentimento de orgulho e<br />

autoestima territorial. E isso consegue-se com<br />

informação e formação. Cada agente no território deve<br />

conhecer, em detalhe, a região e os seus recursos.<br />

As entidades públicas devem, antes de mais, conhecer a<br />

sensibilidade, a opinião, as ideias e os projetos dos<br />

agentes locais, e trabalhar no sentido de os ajudar na<br />

implementação e concretização de objetivos comuns.<br />

Devem definir um plano de ação que tenha na sua base a<br />

vontade e o interesse dos promotores locais.<br />

Sem envolvimento do setor privado e público, sem<br />

aceitação, reconhecimento da importância e<br />

empenhamento de todas as partes na implementação de<br />

estratégias, não há resultados positivos.<br />

E quando falamos de imagem impõe-se a Criação de<br />

uma Marca.<br />

A região de <strong>Bragança</strong> possui uma identidade própria com<br />

atributos patrimoniais, naturais, culturais, gastronómicos<br />

sociais, relacionais e simbólicos que devem constituir a<br />

base do processo de construção da imagem de marca.<br />

Esta marca, através da sua dimensão funcional e<br />

72


simbólica, deve ter a capacidade de consubstanciar e<br />

valorizar essa identidade promovendo a identificação e<br />

envolvimento com os públicos e, simultaneamente,<br />

distinguindo-a de territórios concorrentes.<br />

As estratégias de branding territorial atuam num<br />

continuum entre os atributos do território e o<br />

reconhecimento e interesse dos públicos por essas<br />

características, ou seja, num continuum entre a<br />

identidade e a imagem da cidade e região.<br />

A imagem remete <strong>para</strong> conjunto de perceções,<br />

associações e juízos de valor e pode ser, no âmbito dos<br />

lugares, positiva e atrativa, negativa, fraca ou<br />

contraditória (quando uns públicos percecionam a<br />

cidade de forma negativa e outros de forma positiva<br />

consoante as suas características demográficas e<br />

psicográficas, nomeadamente comportamentais e de<br />

costumes).<br />

A marca é uma junção de tudo que pode agregar valor a<br />

um território.<br />

E, devido a esta responsabilidade, é um elemento na<br />

estratégia de desenvolvimento territorial, que nunca<br />

pode ser descuidado, deve ser muito bem estruturado e<br />

trabalhado.<br />

Sendo assim, ela precisa ser desenvolvida dentro de um<br />

posicionamento específico, precisa ter associações e<br />

significados enriquecedores <strong>para</strong> não ser apenas mais<br />

um nome.<br />

A marca funciona como o “Cartão de Identidade” de um<br />

território.<br />

É através da criação de uma marca de identidade<br />

(institucional, corporativa, organizacional, de produto, de<br />

serviço, territorial) que se vão traduzir os valores<br />

associados, materializados através de vários elementos de<br />

comunicação tais como:<br />

a marca gráfica (logótipo), a organização visual, as<br />

cores e layout das peças gráficas (publicações,<br />

publicidades, embalagens, relatórios, espaços<br />

comerciais, catálogos, etc.);<br />

elementos verbais (slogans, tags, teasers, etc.),<br />

valores, posicionamentos e ações sociais,<br />

económicas, ecológicas, humanas, etc.;<br />

linha de conteúdo da sua comunicações<br />

(internas e externas), o seu ambiente de trabalho o<br />

atendimento ao público/cliente, a diferenciação<br />

visual, conceptual e física dos serviços, produtos,<br />

etc.<br />

Enquanto a marca e a imagem visual (linha gráfica)<br />

identificam e distinguem visual, física, emocional e até<br />

concetualmente o território de qualquer outro, o<br />

conteúdo da comunicação e posicionamento (nas várias<br />

vertentes), traduz valores associados, cria ligações<br />

emocionais com o seu público, decisivas e cruciais na<br />

escolha do destino turístico.<br />

A afirmação de uma Marca Territorial exige a elaboração<br />

de um Plano de Comunicação e um Plano de Marketing,<br />

capazes de trabalhar a afirmação da marca, o seu<br />

reconhecimento e aceitação no território, e a sua<br />

afirmação externa.<br />

Um trabalho de comunicação, se for positivo, pode<br />

agregar excelentes valores à marca e leva-la a um bom<br />

posicionamento, aumentando a sua capacidade de<br />

afirmação no mercado.<br />

Sendo o marketing territorial utilizado ao serviço da<br />

conceção, gestão e promoção dos lugares, com o objetivo<br />

de aumentar a atratividade junto de públicos internos e<br />

externos, as estratégias utilizadas pelos lugares <strong>para</strong><br />

73


posicionar e comunicar os seus atributos podem<br />

apresentar-se como um instrumento precioso ao serviço<br />

da estratégia territorial.<br />

Neste contexto, a imagem de marca, a comunicação e o<br />

marketing territorial constituem-se como elementos<br />

nucleares, na definição de qualquer estratégia de<br />

desenvolvimento territorial.<br />

A Estratégia de Promoção Integrada tem, necessariamente,<br />

de passar pelo levantamento, identificação, descrição e<br />

georreferenciação de todos os Pontos de Interesse deste<br />

território, incluindo neste conceito o património natural,<br />

cultural, patrimonial, gastronómico, mas também a<br />

oferta de serviços vocacionados <strong>para</strong> o turismo.<br />

Com base nestes conteúdos, devidamente organizados e<br />

com uma imagem apelativa, “o produto” tem de ser<br />

trabalhado no mercado nacional e internacional.<br />

O que tem faltado ao território é organização. Verifica-se<br />

que cada município trabalha por si, sem ligações aos<br />

territórios vizinhos e muitos ainda nem despertaram <strong>para</strong><br />

esta necessidade de apostar no turismo, apesar de ser um<br />

dos setores em crescimento e considerado “estratégico”<br />

<strong>para</strong> o desenvolvimento territorial.<br />

Esta grande missão territorial necessita de concertação,<br />

lideranças e orientação, isto é, terá de existir uma<br />

entidade (por exemplo uma associação), que assuma<br />

esse desígnio e que seja reconhecida acreditada pelos<br />

diversos agentes. Alias, os diversos parceiros (públicos e<br />

privados), devem ter participação direta nessa entidade.<br />

E será essa “organização” a criar condições <strong>para</strong> que “o<br />

produto” que quer vender se apresente com uma<br />

imagem forte e apelativa, organizando pacotes<br />

diferenciados, procurando públicos diferenciados, em<br />

território nacional, mas fundamentalmente no estrageiro.<br />

A estratégia a usar passa, depois da identificação “do<br />

produto”, pela criação de uma imagem atrativa e<br />

dinâmica, pelo desenvolvimento de sérias campanhas de<br />

marketing, pela comunicação positiva e valorativa do<br />

território, pela afirmação no meio web, usando todas as<br />

ferramentas ao dispor, desde o website às redes sociais,<br />

marketing digital, pelo desenvolvimento de campanhas<br />

específicas em Portugal e Espanha (no curto prazo) mas<br />

também em destinos emergentes (no médio Longo<br />

prazo).<br />

Com as bases assentes nos objetivos previamente<br />

definidos no Plano de Comunicação o no Plano de<br />

Marketing Territorial deve ser estruturada a estratégia de<br />

pela referida entidade, que vai vender uma marca<br />

específica, que assenta na qualidade, na singularidade,<br />

na diversidade, na originalidade. Uma marca que se quer<br />

forte e abrangente, capaz de potenciar o melhor de cada<br />

canto deste território. Uma marca que inclua o setor<br />

público e o privado, que estimule os operadores locais a<br />

trabalhar em rede e com um mesmo objetivo: o sucesso,<br />

a afirmação externa desta região.<br />

Convém referir que a implementação de uma estratégia<br />

promocional exige a definição de um Plano de Ação,<br />

devidamente orçamentado, um documento que ajuda<br />

também a definir prioridades e a garantir a<br />

monotorização das ações, com a necessária avaliação dos<br />

resultados.<br />

74


ESTRUTURA PARA DEFINIÇÃO ESTRATÉGICA<br />

Da resposta a estas questões iniciais resulta a estrutura<br />

metodológica <strong>para</strong> construção de uma estratégia de<br />

valorização turística territorial:<br />

Onde estamos?<br />

Implica conhecer, com base em dados estatísticos, qual a<br />

importância do setor turístico <strong>para</strong> o território e como tem<br />

evoluído ao longo dos anos, o que nos permite<br />

compreender qual é o ponto de partida.<br />

Este diagnóstico exige a interpretação da análise SWOT,<br />

que nos permita avaliar os Pontos Fortes, os Pontos<br />

Fracos, as Ameaças e as <strong>Oportunidades</strong>.<br />

Com quem estamos?<br />

Exige perceber que outras entidades estão envolvidas no<br />

mesmo setor, como parceiras (privados, Turismo de<br />

Portugal, Turismo Porto e Norte, Câmara Municipal, CIM-<br />

TT, etc.), mas também quem são os nossos principais<br />

concorrentes, nacionais e globais.<br />

Este conhecimento permite definir caminhos, linhas<br />

orientadoras e ações concretas, que vão ao encontro das<br />

políticas nacionais e regionais, aproveitando assim as<br />

sinergias existentes. Permite-nos também decidir com<br />

quem queremos estar, que tipo de sinergias precisamos<br />

agregar, que parcerias devemos procurar <strong>para</strong> a<br />

afirmação do turismo em <strong>Bragança</strong>.<br />

Quem somos e o que temos <strong>para</strong> oferecer?<br />

Aqui reside o foco principal de toda a estratégia,<br />

compreender a nossa identidade local, o que nos define, o<br />

que nos distingue, o que nos valoriza e de que maneira<br />

conseguimos, de forma integrada e complementar, criar<br />

uma proposta de valor diferenciadora, que sustente a<br />

afirmação e consolidação de <strong>Bragança</strong> como destino<br />

turístico de eleição no contexto regional, nacional e<br />

internacional. Importa considerar os recursos naturais,<br />

<strong>para</strong> potenciar a atividade turística, mas também os<br />

recursos complementares (serviços) que podem<br />

enriquecer a oferta e torná-la diferenciadora.<br />

Onde queremos ir?<br />

Os objetivos do trabalho, quais são os nossos desígnios e<br />

as nossas aspirações, as nossas metas. Todo o trabalho<br />

deve ser desenvolvido com foco, estratégia e metas<br />

específicas e com a definição das prioridades de<br />

investimento, que evitam a dispersão de ideias e projetos,<br />

de recursos que, necessariamente, têm de ser<br />

rentabilizados, trazer retorno ao território, à comunidade<br />

em geral e aos investidores em particular.<br />

Como alcançamos os nossos objetivos?<br />

Como organizamos o setor, como o comunicamos (Plano<br />

de Marketing e Comunicação), como o consolidamos <strong>para</strong><br />

a necessária afirmação e sucesso do destino e como<br />

financiamos o investimento na organização da oferta, na<br />

qualificação, na criação de novos produtos e respostas<br />

turísticas, na comunicação e promoção externa. Para<br />

responder esta questão é necessária uma estratégia clara,<br />

complementada com um Plano de Ação e com indicação<br />

das ferramentas disponíveis <strong>para</strong> garantir a sua execução.<br />

Apos esta fase de definição de linhas de orientação e<br />

caminhos surge a necessidade de consolidar ideias e<br />

ações através do “Guia de gestão turística e de produtos<br />

turísticos viáveis <strong>para</strong> a revitalização do comércio<br />

tradicional: análise de boas práticas nacionais e<br />

internacionais <strong>para</strong> apoiar a promoção e marketing”.<br />

75


CONCLUSÕES<br />

A identificação de fragilidades e oportunidades no setor<br />

do turismo em <strong>Bragança</strong> incidiu nos seguintes aspetos:<br />

Caracterização territorial;<br />

A identificação de fragilidades e oportunidades no<br />

setor do turismo em <strong>Bragança</strong> incidiu nos<br />

seguintes aspetos:<br />

Caracterização territorial;<br />

Identificação e sistematização dos recursos<br />

endógenos, com sugestões de estratégias <strong>para</strong> a<br />

sua valorização;<br />

Identificação de produtos-chave <strong>para</strong> promoção<br />

territorial;<br />

Análise SWOT.<br />

E na sistematização dos recursos endógenos verificamos<br />

que a listagem é enorme e pela descrição de cada Ponto de<br />

Interesse facilmente conseguimos compreender que é de<br />

qualidade. Toda esta informação foi cruzada numa Análise<br />

SWOT que nos permitiu definir as linhas orientadoras <strong>para</strong><br />

traçar uma estratégia de valorização, que é a verdadeira<br />

motivação do estudo atual.<br />

Para conseguir desenvolver uma estratégia de afirmação<br />

destes recursos é preciso que os operadores locais<br />

(privados) e as entidades públicas conheçam esse potencial<br />

e se alinhem na estratégia de promoção. Pequenas ações<br />

sem escala e sem aceitação das duas partes, privados e<br />

setor publico, não terão os resultados esperados.<br />

É necessário criar um produto turístico, que agregue<br />

todos os recursos endógenos e os comercialize sob uma<br />

única marca. Mais uma vez a dispersão é inimiga da<br />

criação de uma imagem externa atrativa, forte e confiável.<br />

Trabalhar de forma integrada é inevitável e a região de<br />

<strong>Bragança</strong>, só por si, pode ser pequena <strong>para</strong> chegar ao<br />

mercado global de forma consistente e atraente.<br />

Ao definir os produtos-chave identificamos elementos<br />

diversos que se complementam e só no seu conjunto<br />

podem garantir a criação de um produto turístico que<br />

possa ser apresentado com credibilidade e potencial no<br />

exterior.<br />

É preciso investir em campanhas promocionais sérias,<br />

com escala, que ao potencial endógeno do território alie<br />

os serviços associados ao turismo.<br />

Atualmente os territórios de baixa densidade<br />

populacional revelam-se nos destinos “mais atrativos”, é a<br />

oportunidade de <strong>Bragança</strong> conquistar o mercado interno<br />

e também de reforçar a sua atratividade nos públicos<br />

oriundos da vizinha Espanha.<br />

Depois de uma “primeira visita” a responsabilidade da<br />

qualidade das experiências, a fidelização do<br />

visitante/turista, passa, basicamente, <strong>para</strong> os operadores<br />

privados. Daí a necessidade de apostar na sensibilização e<br />

na capacitação de todos os agentes turísticos e<br />

comerciais.<br />

77


Medidas e sugestões práticas <strong>para</strong> materializar os<br />

conceitos aqui defendidos devem integrar o “Guia de<br />

gestão turística e de produtos turísticos viáveis <strong>para</strong> a<br />

revitalização do comércio tradicional: análise de boas<br />

práticas nacionais e internacionais <strong>para</strong> apoiar a<br />

promoção e marketing”.<br />

78


REFERÊNCIAS<br />

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