Detetar Fragilidades e Oportunidades para Bragança
Análise da influência do comércio tradicional no turismo, comunidade e desenvolvimento local
Análise da influência do comércio tradicional no turismo, comunidade e desenvolvimento local
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Nossa Senhora da Serra.<br />
Localização: Rebordãos; Serra da Nogueira, <strong>Bragança</strong><br />
Lendas e Tradições: conta a lenda a história de uma<br />
pastora muda, que certo dia, ao apascentar o seu rebanho<br />
no alto da serra, foi visitada pela Virgem. Esta Senhora<br />
pediu-lhe que transmitisse o seu desejo ao juiz de<br />
Rebordãos, de ver erigida uma capela em sua honra no<br />
ponto mais alto da serra. A pastora transmitiu a Sua<br />
mensagem, mas o juiz do povo não cumpriu a vontade da<br />
Virgem, pois procurou um lugar mais próximo do<br />
povoado e mais protegido dos ventos. A Virgem mandou<br />
então chamar João Rodrigues, o homem mais rico da<br />
aldeia, <strong>para</strong> que o Seu templo fosse edificado no local<br />
indicado. No dia marcado <strong>para</strong> o encontro, a 5 de agosto,<br />
o dito senhor começou a obra. Numa fraga do planalto da<br />
Senhora da Serra surgiram umas inscrições, que o povo<br />
identifica como as marcas da ferradura da "burrinha que<br />
levou Nossa Senhora ao Egipto". A grande festa religiosa<br />
dedicada a Nossa Senhora da Serra ocorre no dia 8 de<br />
setembro, o dia da Natividade.<br />
BASÍLICA DE SANTO CRISTO DE OUTEIRO<br />
Classificação: MN - Decreto n.º 14 615, DG, I Série, n.º 260,<br />
de 24-11-1927<br />
Descrição: de acordo com uma inscrição patente na<br />
igreja, de 26 de abril de 1698, num pequeno templo<br />
existente à entrada da povoação do Outeiro suou sangue<br />
o Santo Xpo. Este milagre, que haveria de conhecer<br />
grande divulgação e originar ainda maior devoção, levou<br />
a que, ainda nesse mesmo ano de 1698, fosse lançada a<br />
primeira pedra do novo santuário, evocativo deste<br />
acontecimento. Apesar da importância da obra, esta<br />
somente ganhou fôlego em pleno reinado de D. João V,<br />
remontando a sua edificação aos anos de 1725 e 1739.<br />
Situada junto à fronteira com Espanha, onde as guerras<br />
da Restauração, primeiro, e as da Sucessão, depois, se<br />
fizeram sentir mais veementemente, esta imponente e<br />
grandiosa igreja constitui um caso raro, senão único, no<br />
panorama arquitetónico português dos anos do Barroco.<br />
Muito embora a arquitetura setecentista tenha sido<br />
marcada por um forte ecletismo (GOMES, 1988), Santo<br />
Cristo do Outeiro destaca-se por se assumir como<br />
experiência revivalista, à margem dos modelos eruditos<br />
que à época se produziam na capital. De facto, o que aqui<br />
observamos é um retorno a 1500, consubstanciado numa<br />
série de citações gótico-renascentistas, e também<br />
maneiristas, que têm por principal fonte a igreja de Santa<br />
Maria de Belém, monumento emblemático do reinado de<br />
D. Manuel. Merece especial atenção a fachada principal,<br />
flanqueada por torres, com remate piramidal revestido<br />
por telha. O corpo central, em cantaria, e rematado por<br />
uma balaustrada que une as duas torres, organiza-se em<br />
função do portal mainelado (ao qual falta o mainel), a que<br />
se sobrepõe um óculo decorado, ambos de tipologia<br />
manuelina. Ladeiam estes elementos duas colunas<br />
dóricas, que são continuadas por colunas torsas, estas<br />
enquadrando nichos de frontão interrompido.<br />
Não se conhece o autor do projeto, cujo desenho se<br />
encontra riscado no chão do templo, mas parece fora de<br />
dúvida que a planta tenha vindo de Lisboa. Sabe-se,<br />
contudo, o nome de muitos dos artífices que aqui<br />
trabalharam, destacando-se uma série de mestres<br />
pedreiros de origem galega e leonesa. Supõe-se, assim, o<br />
contacto destes trabalhadores com a arquitetura lisboeta,<br />
facto de grande significado <strong>para</strong> o estudo das ligações<br />
arquitetónicas de fronteira. Longe dos modelos barrocos<br />
que, ao tempo, se edificavam na capital, Santo Cristo do<br />
Outeiro, que durante o século XVIII se tornou um<br />
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