São Lucas Magazine - Edição 03
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saúde
Catarata
Carol Naves
Dra. Graziela Massa Resende é médica
formada pela Universidade Federal
do Triângulo Mineiro (UFTM), com
residência em o almologia e especialização
em glaucoma pela UNICAMP.
Ela conta com exclusividade para a São
Lucas Magazine sobre a catarata, os
sintomas, tratamentos e riscos.
O que é a catarata?
Nós temos uma lente natural do
olho, que se chama cristalino. Com o
envelhecimento, ela vai perdendo a
sua transparência e com isso vai piorando
a qualidade da imagem que nós
vemos. A catarata é uma perda de
transparência da lente natural do
olho.
Quem pode ter catarata?
A mais comum é a catarata senil,
própria do envelhecimento. Existe
também a catarata congênita, que já
se manifesta nos primeiros dias de
vida.
É mais grave e pode deixar sequelas
visuais, pois nesta a fase, a criança está
desenvolvendo a visão. Necessita
tratamento rápido para que a criança
não se torne amblíope (não desenvolva
o potencial de visão e fique com a
visão “preguiçosa”). A catarata senil,
mesmo se re rada em fases mais
tardias, tem bom resultado visual,
pois a fase de maturação visual já foi
finalizada.
Qual o tratamento para a catarata?
Ele é cirúrgico e não existe colírio. É
um tratamento que evoluiu muito, as
cirurgias hoje são mais rápidas e são
consideradas microcirurgias, com
recuperação rápida. As lentes intraoculares
que nós implantamos no lugar
da catarata evoluíram muito e a técnica
cirúrgica mudou ao longo dos anos.
An gamente era re rado o cristalino
inteiro e não se fazia nada, pois não
exis a uma lente intraocular. Era
re rado o cristalino sem deixar um
apoio para colocar a lente. Com o
tempo evoluiu e passamos a u lizar a
técnica de facectomia extracapsular.
Nós rávamos uma parte desse cristalino
e do núcleo como todo. Surgiram
as lentes intraoculares que eram
implantadas naquele todo, o que já foi
uma grande evolução. Hoje os cortes
são pequenos e a recuperação é muito
mais rápida, em média os pacientes já
sentem a melhora na visão no dia
seguinte.
Com o tempo a cirurgia precisa ser
refeita?
Não. Em alguns casos, se houver
piora da visão, pode ser feita a capsulotomia
a laser para re rada da cápsula
posterior do cristalino que pode
perder a transparência com o tempo.
Esse procedimento é ambulatorial e
de rápida recuperação.
Qual a parcela da população mais
a ngida pela catarata?
O idoso com certeza terá catarata
em algum momento. É uma evolução
natural relacionada ao processo de
envelhecimento. Sempre brinco com
os pacientes que “Quem viver, vai
ter”! Como dito anteriormente, crianças
podem nascer com catarata, devido
à doenças infecciosas ou mutações
gené cas. Existem cataratas em
adultos jovens, relacionadas à traumas,
à uso indevido de medicações
como os cor coides, entre outras.
Qual o risco da cirurgia e importância
dos cuidados no pós-operatório?
O risco mais temido é a infecção, e
esta depende de vários fatores: condições
de higiene do paciente no pré e
pós operatório, qualidade das pálpebras,
uso correto dos colírios, qualidade
dos insumos u lizados para as
cirurgias, manipulação dos olhos sem
lavar as mãos. Com a evolução da
cirurgia e recuperação mais rápida, os
pacientes “baixam mais a guarda”, não
fazem o repouso como deveriam. O
risco de infecção é baixo, mas existe e
é grave, podendo causar até a perda
da visão.
O Sistema Único de Saúde (SUS)
oferece a cirurgia de catarata?
Oferece e em boas condições. Em
Uberaba, por exemplo, nós temos
bons aparelhos e boa qualidade de
insumos. O que o SUS fica para trás do
par cular é que eles não oferecem as
lentes que nós chamamos de Premium.
Hoje temos várias opções, e no
caso do SUS, são oferecidas as mais
básicas.
Qual a importância da experiência
na área médica?
Nós ganhamos experiência ao longo
do tempo. Quando eu vejo esse quesonamento,
eu me lembro do início
da minha carreira, quando os pacientes
nham medo de se consultar
comigo, por ser muito jovem. Hoje,
com 10 anos de profissão, eu vejo que
experiência é algo que te traz muita
tranquilidade. Com as tenta vas de
escolher o que é o pior ou o melhor, o
que é certo naquele momento, a
gente vai criando a nossa experiência
e conseguindo agir com mais eficiência
e tendo melhores resultados para
os pacientes.
Qual a importância da anamnese?
A anamnese é tudo. Enquanto você
está conversando com o paciente,
você já está pensando em várias coisas
e já consegue direcionar melhor o
diagnós co. Principalmente na o almologia,
o diagnós co é muito clinico,
nem sempre você precisa de exames
complementares.
Então a anamnese bem feita te abre
vários caminhos para realizar um diagnós
co mais preciso. A conversa
direciona o que você vai procurar e
isso te ajuda muito.