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São Lucas Magazine - Edição 03

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SAÚDE

Tratamento

Dra. Thais Moscardini

Médica especialista em

Endocrinologia e Metabologia

obesidade

A Organização Mundial de Saúde

aponta a obesidade como um dos

maiores problemas de saúde pública

no mundo. A projeção é que, em 2025,

cerca de 2,3 bilhões de adultos

estejam com sobrepeso e mais de 700

milhões, obesos. No Brasil, a

obesidade vem crescendo cada vez

mais. Alguns levantamentos apontam

que mais de 50% da população está

acima do peso, ou seja, na faixa de

sobrepeso e obesidade.

Es ma-se que os fatores gené cos

possam responder por 24% a 40% da

variância no IMC, por determinarem

diferenças em fatores como taxa de

metabolismo basal, resposta à

superalimentação e outros. Acreditas

e q u e a s m u d a n ç a s d e

comportamento alimentar e os

hábitos de vida sedentários, atuando

sobre genes de suscep bilidade,

sejam o determinante principal do

crescimento da obesidade. É provável

que a obesidade surja como a

resultante de fatores poligênicos

c o m p l e x o s e u m a m b i e n t e

obesogênico.

Uma grande preocupação médica é

o risco elevado de doenças associadas

ao sobrepeso e à obesidade, como

d i a b e t e s m e l l i t u s p o 2 ,

hipercolesterolemia, hipertensão

arterial, doenças cardiovasculares,

a p n e i a d o s o n o , p r o b l e m a s

psicossociais, doenças ortopédicas e

diversos pos de câncer. É importante

o conhecimento das comorbidades

mais frequentes para permi r o

diagnós co precoce e o tratamento

dessas condições, de forma que as

intervenções adequadas possam ser

realizadas para reduzir a mortalidade

associada.

O tratamento da obesidade é

complexo e mul disciplinar. O

t r a t a m e n t o f a r m a c o l ó g i c o é

adjuvante das terapias dirigidas com

foco na modificação dos hábitos de

vida relacionados com orientações

nutricionais para diminuir o consumo

d e calorias n a a l i m e nta ção e

exercícios para aumentar o gasto

c a l ó r i c o . T u d o d e v e s e r

individualizado, sob supervisão

médica con nua e man do, quando

seguro e efe vo, principalmente pela

tendência a recuperar o peso perdido,

já que se trata de uma doença crônica.

Uma meta inicial de perda de 5% a

10% do peso em 6 meses é fac vel. As

mudanças de es lo de vida e as

técnicas cogni vo-comportamentais

são fundamentais e o tratamento

farmacológico não deve ser usado

como tratamento na ausência de

outras medidas não farmacológicas. A

escolha do tratamento deve basear-se

na gravidade do problema e na

presença de complicações associadas.

A escolha da medicação deve levar

em conta diversas caracterís cas do

p a c i e n t e , a s s i m c o m o

contraindicações. Nem todos podem

usar todas as medicações, e é função

de um profissional médico sério

escolher as opções, baseado em tudo

isso, e saber reavaliar o paciente para

trocar, se for necessário. Além disso,

as medicações aprovadas atualmente

para tratamento da obesidade e

vendidas em farmácia (no Brasil,

temos Sibutramina, Liraglu da e

Orlistate, e a Lorcaserina aprovada,

mas ainda não vendida) passaram por

crivo de estudos de segurança e

podem ser usadas a longo prazo

( e m b o r a a S i b u t r a m i n a s e j a

contraindicada em quem tem doença

cardiovascular prévia, por poder

aumentar ligeiramente a pressão,

principalmente nos que perdem

pouco peso com ela). A Liraglu da

possui estudos de segurança em

população diabé ca de alto risco e

mostrou não só segurança, como

redução de eventos cardiovasculares

nessa população. E uma análise de

estudos para obesidade sugere

(embora não seja um dado defini vo),

q u e o m e s m o o corra e m n ã o

diabé cos.

As medicações são opções com

limitações, mas que podem ajudar

muito a vida de pacientes que sofrem

com obesidade, que é tão di cil de

t rata r e tã o e s g m a za d a n a

sociedade.

40 | SÃO LUCAS MAGAZINE

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