São Lucas Magazine - Edição 03
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saúde
conversar com um amigo?
Reniseane Oliveira Costa
Psicóloga, especialista em teoria
psicanalí ca. Atua há oito anos com
atendimento infan l, adolescentes
e adultos. Psicóloga da PMU. Par cipante
do Espaço Winnico de Psicanálise de
Uberaba e sócia da clínica
Audiosons Atendimentos Integrados.
No consultório, durante as análises,
é comum a pessoa se dirigir ao profissional
com algumas dúvidas. Entre as
mais repe das, estão a angús a da
terapia gerar dependência ou uma
dose de incredulidade sobre a capacidade
da fala resolver uma “situaçãoproblema”.
Ter uma pessoa com quem
compar lhar um momento da vida e
dividir os sen mentos nele vivenciados
é muito bom, seja um ombro
amigo ou em um se ng analí co.
Contudo a escuta profissional se
difere por vários aspectos, desde a
estrutura sica, contrato, intervenções
e reflexões.
Em uma conversa informal, a pessoa
pode ser acolhida por um amigo e
ficar horas e horas em uma longa e
empolgante fala. Desse contato
podem surgir várias programações e,
ao término, a pessoa ficar com uma
ó ma sensação. No entanto, em
outros diálogos, a pessoa pode se
sen r incompreendida e reforçar um
sen mento de angús a, ou quando a
situação requer mais tempo que o
disposto e não encontra no outro essa
disponibilidade. Na escuta profissional,
o caráter técnico torna o encontro
uma busca para entender a mente
humana e seus padrões de comportamento,
pensamentos e sofrimentos.
Como bem cita Freud, “não somos
apenas o que pensamos ser. Somos
mais: somos também o que lembramos
e aquilo de que nos esquecemos,
somos todas as palavras que trocamos,
os enganos que cometemos, os
impulsos que cedemos ‘sem querer’.”
O psicólogo busca aperfeiçoar e invesr
no desenvolvimento de suas habilidades
para, através da teoria e de sua
experiência, torne-se o mais especializado
possível para propiciar diálogos
intensos de acordo com cada paciente.
O processo analí co é uma chance
de fortalecimento e desenvolvimento
dos recursos interiores, possibilitando
um “amadurecimento emocional”, o
que, consequentemente, pode cons -
tuir uma melhoria nas relações sociais.
Sempre escuto na clínica sobre a
necessidade desse amparo social e
como algumas pessoas estão se senndo
sozinhas, mesmo rodeadas de
gente. É comum relatos de relações
incompreendidas, infiéis e cercadas
por decepções. É uma sensação de
estar só em si mesmo. E as consequências
vão desde o enclausuramento
social a prejuízos sicos.
O ambiente terapêu co requer
tempo e confiança e a pessoa se sente
mais segura em expor assuntos que a
incomodam, sem a preocupação de
um julgamento, mas com a certeza de
um acolhimento e reflexões que a
fortalecerão para promover mudanças
e a passar por todos os incômodos
que dela surgirem. O paciente é resguardado
pelo sigilo e é ca profissional.
Ter vínculo social ou amigos com
quem contar é um privilégio, assim
como existem tantos recursos terapêu
cos (o que não significa fazer
terapia) como livros de autoajuda,
vídeos e palestras, uma escolha não
impede a outra.
Há muitos es gmas e desconhecimentos
sobre quando buscar um psicólogo
e, seja para adquirir um autoconhecimento
ou para enfrentar um
problema específico, sempre exis rão
alguns desafios no decorrer da vida e
uma ajuda qualificada pode cooperar
com a travessia. Não posso garan r
que a conversa com um profissional
poderá ex nguir o seu problema, mas
posso lhe assegurar que irá auxiliar e,
se houver mais dúvidas, te convido a
experimentar.