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Revista Nº 137<br />
Março 2021<br />
Sindicato do Comércio<br />
Varejista de Derivados<br />
de Petróleo no Estado<br />
de Minas Gerais<br />
Fechamento autorizado<br />
Pode ser aberto pela ECT<br />
Mais uma crise<br />
O mercado de combustíveis está sob os holofotes do debate econômico<br />
nacional, e de novo os revendedores se desdobram para escapar dos<br />
desmandos das autoridades e do pesadelo da alta carga tributária<br />
Página 14
Anuncio Minas Petro-V2C.pdf 1 12/02/2021 12:02<br />
2
Nº 137 – Março 2021<br />
MENSAGEM DO PRESIDENTE<br />
Prontos e resilientes<br />
para uma nova crise<br />
Os últimos anos não têm<br />
sido fáceis para a Revenda<br />
mineira. Sofremos<br />
com a greve dos<br />
caminhoneiros em 2018; exigências<br />
descabidas do Ministério do<br />
Trabalho em 2019; chuvas que<br />
destruíram cidades em 2020, seguidas<br />
do fechamento das cidades<br />
por conta da pandemia. Quando<br />
achávamos que teríamos apenas<br />
o coronavírus como adversário<br />
em 2021, o elevadíssimo preço<br />
do barril de petróleo e da cotação<br />
do dólar fez com que os preços<br />
dos combustíveis disparassem<br />
no Brasil, aumentando e muito a<br />
necessidade de capital de giro do<br />
posto, fazendo com que as vendas<br />
caíssem, desencadeando novas<br />
ameaças de greve por parte<br />
dos caminhoneiros. Por fim veio<br />
a “trapalhada” do presidente Jair<br />
Bolsonaro com este decreto confuso<br />
e de difícil cumprimento.<br />
Teremos mais um presidente<br />
que cede às pressões externas e,<br />
sem hesitar, intervém na Petrobras?<br />
Onde está política liberal<br />
implementada pelo senhor Paulo<br />
Guedes? O Minaspetro é favorável<br />
à política de flutuação de preços<br />
da Petrobras por motivos óbvios:<br />
funciona assim em todos os países<br />
desenvolvidos e de livre mercado.<br />
Os combustíveis fósseis são commodities<br />
e têm o petróleo como<br />
matéria-prima, e, se sua cotação<br />
sobe, é claro que isso precisa se<br />
refletir internamente.<br />
Enquanto Bolsonaro e sua equipe<br />
inerte seguem tentando conter<br />
a crise de forma desesperada e errática,<br />
com decretos inexequíveis<br />
e intervindo na maior estatal do<br />
país, o debate sobre tributação em<br />
Minas Gerais é ainda mais acalorado<br />
do que em outros estados. Justificável,<br />
afinal, temos o segundo<br />
maior ICMS na gasolina, o do diesel<br />
bem superior aos estados vizinhos,<br />
e as consequências de uma política<br />
tributária sem planejamento diante<br />
da nova crise mostram sua face<br />
catastrófica.<br />
Em meio à todos estes problemas,<br />
mas uma vez veio a greve<br />
dos tanqueiros de MG e, como de<br />
costume, população e imprensa<br />
direcionaram suas críticas para<br />
nós, empresários tão prejudicados<br />
como todos, aliás mais prejudicados,<br />
pois nestas greves depois de<br />
24 horas, vários de nossos postos<br />
ficam sem produto para vender,<br />
gerando enormes prejuízos. Contudo,<br />
não vamos ficar calados! Fomos<br />
à imprensa e expliquei de forma<br />
didática que a margem bruta<br />
de alguns postos mineiros chega<br />
a ser inferior a 4%, bem abaixo da<br />
média nacional, que era de 10% no<br />
ano passado. O mote nunca foi tão<br />
adequado para o momento: a culpa<br />
não é do posto, é do imposto!<br />
A atuação política sindical<br />
tem sido uma ferramenta vital<br />
para o diálogo com a sociedade<br />
e órgãos reguladores, sobretudo<br />
em momentos de crise como este.<br />
Em sintonia com a Fecombustíveis,<br />
estamos buscando soluções<br />
e propondo caminhos, tentando<br />
uma comunicação didática com<br />
um governo que parece não entender<br />
como funciona o universo<br />
tributário brasileiro e, mais especificamente,<br />
o dos combustíveis.<br />
Os pleitos do Minaspetro estão<br />
em consonância com os de todos<br />
os segmentos da sociedade. Que<br />
o governo cumpra a promessa de<br />
campanha de um pensamento liberal<br />
na economia, que preza o<br />
livre mercado, com o Estado intervindo<br />
apenas para corrigir possíveis<br />
dissonâncias. Que a política<br />
tributária seja vista como prioritária<br />
pelos governantes. E, por fim,<br />
que o mercado de combustíveis<br />
tenha regulação e tributação justas,<br />
dignas daquele que é um dos<br />
setores mais geradores de emprego<br />
do país e fundamentais para as<br />
arrecadações dos estados.<br />
Carlos Guimarães Jr.<br />
Presidente do Minaspetro<br />
carlos@<strong>minaspetro</strong>.com.br<br />
3
DIRETORIA<br />
Sindicato do Comércio Varejista de Derivados<br />
de Petróleo no Estado de Minas Gerais<br />
Sindicato do Comércio Varejista de Derivados<br />
de Petróleo no Estado de Minas Gerais<br />
Sede: Rua Amoroso Costa, 144, Santa Lúcia<br />
CEP 30350-570 – Belo Horizonte/MG<br />
Tel.: (31) 2108-6500<br />
Fax: (31) 2108-6547<br />
0800-005-6500<br />
Diretoria Minaspetro<br />
Presidente:<br />
Carlos Eduardo Mendes Guimarães Júnior<br />
1º Vice-presidente:<br />
Felipe Campos Bretas<br />
2º Vice-presidente:<br />
Paulo Miranda Soares<br />
1º Secretário:<br />
João Victor Carneiro de Rezende Renault<br />
2º Secretário:<br />
Bruno Henrique Leite Almeida Alves<br />
1º Tesoureiro:<br />
Humberto Carvalho Riegert<br />
2º Tesoureiro:<br />
Rafael Milagres Macedo Pereira<br />
Diretores de Áreas Específicas<br />
Diretor de Relações Trabalhistas:<br />
Maurício da Silva Vieira<br />
Diretora de Lojas de Conveniência:<br />
Maurícia Lopes Vieira Zama<br />
Diretor de Postos de Rodovias:<br />
Wagner Carvalho Villanuêva<br />
Diretor de Postos Próprios de Distribuidoras:<br />
Flávio Marcus Pereira Lara<br />
Diretor de Marca Própria:<br />
Ademyr Eger<br />
Diretores Regionais<br />
Belo Horizonte: Fábio Croso Soares<br />
Contagem: Leonardo Lemos Silveira<br />
Divinópolis: Roberto Rocha<br />
Governador Valadares: Rubens Perim<br />
Ipatinga: Vanda Maria Brum Avelar<br />
João Monlevade: Genilton Cícero Machado<br />
Juiz de Fora: Renata Camargo<br />
Lavras: Marcos Abdo Sâmia<br />
Montes Claros: Gildeon Gonçalves Durães<br />
Paracatu: Irlan César Fernandes de Moura<br />
Passos: Reinaldo Vaz Ribeiro<br />
Patos de Minas: Moisés Elmo Pinheiro<br />
Poços de Caldas: Renato Barbosa Mantovani Filho<br />
Pouso Alegre: Luiz Anselmo Rigotti<br />
Sete Lagoas: Sérgio José do Carmo<br />
Teófilo Otoni: Leandro Lorentz Lamêgo<br />
Varginha: Leandro Lobo Motteran<br />
Conselho Fiscal<br />
Membros Efetivos:<br />
Fernando Antônio de Azevedo Ramos<br />
Bernardo Farnezi Gontijo<br />
Rogério Lott Pires<br />
Membros Suplentes:<br />
José Roberto Mendonça Júnior<br />
Paulo Eduardo Rocha Machado<br />
Evandro Lúcio de Faria<br />
Diretores Adjuntos:<br />
Adriano Jannuzzi Moreira<br />
Silvio Lima<br />
Fábio Vasconcellos Moreira<br />
Gerente Administrativa<br />
Márcia Viviane Nascimento<br />
Departamento Administrativo<br />
Adriana Soares<br />
Élcia Maria de Oliveira<br />
Gislaine Carvalho<br />
Luciana Franca Martins<br />
Poliana Gomides<br />
Departamento de Expansão e<br />
Apoio ao Revendedor<br />
Esdras Costa Reis<br />
João Márcio Cayres<br />
Raphael Mike dos Santos Calixto<br />
Júlio César Moraes<br />
Marcelo Rocha Silva<br />
Ricardo Donizetti<br />
Rodrigo Loureiro Araújo<br />
Thales Oliveira Pereira<br />
Departamento de Comunicação<br />
Stenyo Fonseca<br />
Marcelo Teixeira<br />
Departamento Jurídico<br />
Cível/Comercial<br />
Flávia Lobato<br />
Arthur Villamil Martins<br />
Lucas Sá<br />
Metrológico<br />
Simone Marçoni<br />
Ana Violeta Guimarães<br />
Trabalhista<br />
André Luis Filomano<br />
Bruno Abras Rajão<br />
Fabiana Saade Malaquias<br />
Klaiston Soares<br />
Luciana Reis<br />
Rommel Fonseca<br />
Tributário<br />
BMM Advocacia Empresarial<br />
Ambiental<br />
Bernardo Souto<br />
Lígia Macedo<br />
Sindical<br />
Klaiston Soares<br />
Advogados Regionais<br />
Governador Valadares:<br />
Natécia Pereira Barroso<br />
Montes Claros: Hércules H. Costa Silva<br />
Poços de Caldas:<br />
Matheus Siqueira de Alvarenga<br />
Juiz de Fora: Moreira Braga e Neto<br />
Advogados Associados<br />
Uberlândia: Lira Pontes e Advogados Associados<br />
Uberaba: Lira Pontes e Advogados Associados<br />
Ipatinga: José Edélcio Drumond Alves<br />
Advogados Associados<br />
Varginha: Eduardo Caselato Dantas<br />
Divinópolis: Luciana Cristina Santos<br />
Teófilo Otoni: Eliene Alves Souza<br />
EXPEDIENTE<br />
• Comitê Editorial: Carlos Eduardo Mendes Guimarães Júnior, Esdras Reis,<br />
Márcia Viviane e Stenyo Fonseca<br />
• Produção: Prefácio Comunicação • Jornalista responsável: Ana Luiza Purri (MG 05523 JP)<br />
• Edição: Alexandre Magalhães • Redação: Guilherme Barbosa e Alexandre Magalhães<br />
• Projeto gráfico: Tércio Lemos • Diagramação: Angelo Campos • Revisão: Luciara Oliveira<br />
• Rua Dr. Sette Câmara, 75 • CEP: 30380-360 • Tel.: (31) 3292-8660 - www.prefacio.com.br<br />
• Impressão: Paulinelli Serviços Gráficos<br />
• As opiniões dos artigos assinados e as informações dos anúncios não são<br />
responsabilidade da Revista ou do Minaspetro.<br />
• Para ser um anunciante, solicite uma proposta pelo telefone (31) 2108-6500<br />
ou pelo e-mail ascom@<strong>minaspetro</strong>.com.br.<br />
• Sede Minaspetro: (31) 2108-6500 e 0800-005-6500 (interior)<br />
4
SUMÁRIO<br />
14<br />
Preço<br />
nas alturas:<br />
a culpa não é dos<br />
postos<br />
Atualização do LTCAT 6<br />
Falta de sinergia no MTR 8<br />
Comunicação Minaspetro<br />
13 do<br />
Artigo: a evolução<br />
ICMS<br />
“Combustível delivery” é modalidade<br />
não permitida 9<br />
Alinhando os próximos Congressos<br />
no pós-pandemia 10<br />
Rapp 2021 12<br />
Arquivo pessoal<br />
Entrevista:<br />
Economista Paulo<br />
Gala dá sua visão 20sobre a crise<br />
Gotas 23<br />
Tabela de formação de preços 26<br />
5
R<br />
JURÍDICO<br />
Nº 137 – Março 2021<br />
TECNOLOGIA A FAVOR<br />
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Contábil, o PPS. Programa de excelência<br />
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contabilidade empresarial, consultorias<br />
com enfoque sucessório, patrimonial e<br />
implantação de governança corporativa<br />
nas revendas de combustíveis.<br />
LTCAT<br />
atualizado<br />
Mudança nas regras de exposição ao benzeno é<br />
boa para a Revenda; instrução é manter o laudo<br />
atualizado para evitar problemas<br />
Guilherme Barbosa<br />
Hoje a Revenda Contábil está presente nos estados da<br />
Bahia, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Acre<br />
e São Paulo.<br />
A recomendação é que a empresa de saúde e segurança do trabalho<br />
contratada faça uma análise minuciosa da exposição ao benzeno<br />
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sistemas, verifique com a<br />
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6<br />
Apenas o fato de estar exposto<br />
ao benzeno não é<br />
mais suficiente para que<br />
trabalhadores ligados à<br />
Revenda peçam aposentaria especial.<br />
A alteração na NR-9 foi um<br />
avanço para os postos sob o ponto<br />
de vista trabalhista e tributário. “Os<br />
critérios agora passam a ser qualitativos,<br />
e não quantitativos. Por<br />
isso, é importante que o empresário<br />
mantenha o Laudo Técnico das<br />
Condições do Ambiente de Trabalho<br />
(LTCAT) atualizado, cobrando a<br />
realização do estudo de exposição<br />
à substância da empresa de segurança<br />
do trabalho contratada”,<br />
orienta Klaiston Soares D’Miranda,<br />
advogado do Departamento Jurídico<br />
Trabalhista do Minaspetro.<br />
Vale lembrar que o custeio da<br />
aposentaria especial de 6% advém<br />
do Riscos Ambientais do Trabalho<br />
(RAT) e do Fundo de Amparo ao<br />
Trabalhador (FAT). Dessa forma,<br />
Bruno Tourino, advogado do Departamento<br />
Jurídico Tributário do<br />
Sindicato, alerta que o laudo da<br />
empresa especializada precisa ser<br />
minucioso.<br />
A alteração normativa, muito<br />
provavelmente, foi o que esti-
“É importante que empresário mantenha<br />
o Laudo Técnico das Condições do<br />
Ambiente de Trabalho (LTCAT) atualizado,<br />
cobrando a realização do estudo de<br />
exposição à substância da empresa de<br />
segurança do trabalho contratada”<br />
KLAISTON SOARES D’MIRANDA<br />
ADVOGADO DO DEPARTAMENTO JURÍDICO TRABALHISTA DO<br />
MINASPETRO<br />
“O LTCAT é realizado por empresa<br />
de medicina e segurança do trabalho,<br />
sendo assim não há intervenção da<br />
contabilidade. Mas o setor deve orientar<br />
os clientes quanto às mudanças na<br />
legislação que poderão beneficiar<br />
economicamente sua empresa, caso<br />
tenha tomado as medidas de proteção<br />
necessárias e o LTCAT seja feito<br />
corretamente”<br />
DANIELA DE PAULA<br />
GERENTE COMERCIAL DA PLUMAS CONTÁBIL<br />
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de Vazamento<br />
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Painel de Controle<br />
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MODELO MTV1<br />
mulou a publicação do Decreto<br />
10.410/2020, que incluiu os aspectos<br />
quantitativos para exposição a<br />
agentes químicos como critérios,<br />
não mais o qualitativo. Klaiston<br />
alerta que, para o segmento de<br />
postos, a norma não se aplica com<br />
tanto rigor, tendo sido feita para<br />
atender a indústria. A tendência<br />
é que a Receita Federal não autue<br />
os postos que possuam no LTCAT<br />
a certificação de que os níveis de<br />
exposição a agentes químicos não<br />
superam os limites previstos.<br />
É preciso, no entanto, manter o<br />
documento atualizado com a informação<br />
de que os profissionais<br />
estão em exposição ínfima ao benzeno.<br />
Assim, não há a geração do<br />
Seguro de Acidente de Trabalho<br />
(SAT) e RAT, tampouco aposentadoria<br />
especial.<br />
O advogado reforça que a atualização<br />
do LTCAT dá à Revenda<br />
informações de suporte para o correto<br />
preenchimento do Sistema da<br />
Empresa de Recolhimento do FGTS<br />
e informações à Previdência Social.<br />
A instrução, portanto, é manter o<br />
documento atualizado ou acionar a<br />
empresa de segurança do trabalho<br />
para que outro laudo seja feito.<br />
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7
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Revista Minaspetro<br />
Tabelas<br />
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do site do Minaspetro.<br />
IOS E ANDROID<br />
8
JURÍDICO<br />
Combustível em casa?<br />
Revendedores entram em contato com Sindicato para saber se há<br />
a possibilidade de entrega de combustível por caminhão-tanque<br />
contratado pelo cliente; ANP veta a ação<br />
Freepik<br />
Recentemente, o Minaspetro<br />
tem recebido consultas<br />
de revendedores ventilando<br />
a possibilidade de<br />
fornecer combustível, em maior<br />
volume, a clientes (empresas, fazendas<br />
etc.) que contratassem um<br />
caminhão-tanque para transporte<br />
de produtos perigosos, e que retirassem<br />
o produto diretamente no<br />
posto revendedor. A ideia é que o<br />
próprio cliente arque com os custos<br />
do transporte que levaria o produto<br />
para onde há a necessidade de<br />
abastecimento.<br />
Assim, o Departamento Jurídico<br />
Metrológico do Sindicato fez uma<br />
consulta formal à ANP, por meio<br />
do Dr. Roberto Jonas Saldys, chefe<br />
do Núcleo da ANP, em Belo Horizonte,<br />
sobre tal possibilidade, sendo<br />
que este afirmou que essa prática<br />
implica infração grave, passível de<br />
autuação e aplicação de multa.<br />
Por meio de ofício, o órgão informou<br />
que, “como estabelecido<br />
na Resolução 41/2013, as duas<br />
opções de abastecimento que<br />
existem são no tanque de consumo<br />
dos veículos automotores<br />
terrestres, das embarcações marítimas,<br />
lacustres e fluviais ou em<br />
recipientes certificados.”<br />
Abastecer em caminhão-tanque<br />
de transporte de combustíveis constitui,<br />
portanto, um delito passível de<br />
penalidade. Segundo Simone Marçoni,<br />
advogada do Departamento<br />
Jurídico Metrológico do Minaspetro,<br />
a multa mínima prevista para esse<br />
caso é de R$ 20 mil. Ela esclarece<br />
ainda que os recipientes adequados<br />
para o transporte de produtos<br />
perigosos, são atualmente, apenas<br />
aqueles certificados pela Portaria<br />
INMETRO nº 141/2019.<br />
GOFIT<br />
No final do ano passado, a<br />
ANP decidiu dar sequência à<br />
fase de testes com o aplicativo<br />
Gofit, que realiza entrega<br />
em domicílio de combustíveis,<br />
permitindo a prática até maio<br />
de 2021.<br />
O Minaspetro sempre se posicionou<br />
contrário à decisão,<br />
seguindo, inclusive, recomendação<br />
da Assembleia Legislativa<br />
do Rio de Janeiro, onde o “Uber<br />
de combustível”, como ficou conhecida<br />
a empresa, teve a operação<br />
liberada.<br />
Além de questões concorrenciais,<br />
a iniciativa resulta em<br />
um claro problema de segurança,<br />
uma vez que os postos estão<br />
sujeitos a inspeções regulares e<br />
os frentistas são treinados periodicamente<br />
para lidar com<br />
produto tóxico e inflamável. Por<br />
fim, como a legislação em vigor<br />
ainda não recepcionou o “delivery”<br />
de combustíveis, até então,<br />
tal prática configura infração.<br />
9
MINASPETRO<br />
Nº 137 – Março 2021<br />
O Minaspetro ouviu os revendedores para continuar<br />
produzindo o maior evento especializado do Brasil<br />
Renê Reis<br />
Por eventos cada<br />
vez melhores<br />
Resultados de pequisa vão alinhar estratégias, atrações<br />
e conteúdo para os próximos Congressos do Sindicato<br />
C<br />
om a pandemia, a realização de grandes<br />
eventos em 2020 foi proibida. A Diretoria e o<br />
Departamento Administrativo do Minaspetro,<br />
então, realizaram uma pesquisa sobre os<br />
Congressos junto aos revendedores: eles foram ouvidos<br />
sobre suas expectativas para os eventos, tanto<br />
os regionais quanto o estadual. “Assim, podemos nos<br />
preparar para o momento de retomada das atividades,<br />
alinhando-as às reais demandas dos empresários”,<br />
diz Márcia Viviane, gerente Administrativa do Sindicato.<br />
Uma empresa especializada em pesquisa, a Foco<br />
Estratégia, ouviu 328 revendedores de todas as regiões<br />
do estado, que responderam a 17 perguntas. Para<br />
Cláudio Lima, representante da Focus, ficou evidente<br />
a satisfação dos revendedores quanto aos Congressos:<br />
a cada reclamação recebida, foram percebidos 14 elogios,<br />
o que é considerado um índice muito positivo.<br />
O Sindicato pretende realizar pesquisa similar em<br />
outros setores, visando atuar de forma estratégica<br />
conforme os interesses dos revendedores.<br />
10
O que diz a Revenda<br />
Veja a compilação de algumas informações da pesquisa:<br />
Expectativa<br />
MENSURA A ESCALA DE VALOR QUE O<br />
REVENDEDOR ENXERGA NOS CONGRESSOS.<br />
• 95% buscam novidades<br />
• 93,8% buscam troca de experiências<br />
• 91,9% buscam confraternização<br />
• 90,2% buscam dicas simples de gerenciamento<br />
• 88,5% buscam estrutura<br />
Aprovação do Congresso<br />
• 75,6% avaliam como positivo<br />
• 18,9% avaliam como neutro<br />
• 5,6% avaliam como negativo<br />
Nível de aprovação dos Congressos regionais<br />
• Uberlândia – 77,2 %<br />
• Juiz de Fora – 76,4%<br />
• Grande BH – 75,9%<br />
• Ipatinga – 75,2%<br />
• Pouso Alegre – 74,7%<br />
Termos que definem o Congresso (positivos)<br />
• Grande – 26,5%<br />
• Fundamental – 22,4%<br />
• Democrático – 18,4%<br />
• Moderno – 18,4%<br />
• Imponente – 14,3%<br />
Termos que definem o Congresso (negativos)<br />
• Teórico demais – 30,8%<br />
• Pouco prático – 21,2%<br />
• Demorado – 17,3%<br />
• Pouco interativo – 17,3%<br />
• Dispendioso – 13,5%<br />
Temas de maior preferência<br />
• Estratégia de vendas – 33,9%<br />
• Gestão do dia a dia – 23,7%<br />
• Sucessão – 16,9%<br />
• Resposta à crise – 13,6%<br />
• Gestão de pessoas – 11,9%<br />
Caso tenha sugestões para eventos ou outras ações<br />
do Minaspetro, envie suas sugestoes para:<br />
minaspero@<strong>minaspetro</strong>.com.br<br />
11
MINASPETRO<br />
Nº 137 – Março 2021<br />
Rapp 2021<br />
Multa para ausência da entrega ou preenchimento<br />
equivocado é de R$ 9 mil<br />
O<br />
prazo para a entrega do<br />
Relatório Anual de Atividades<br />
Potencialmente<br />
Poluidoras (Rapp) do Ibama<br />
é até 31 de março. Trata-se de<br />
uma obrigação anual dos revendedores,<br />
informando o órgão sobre a<br />
venda de combustíveis e resíduos<br />
gerados em 2020.<br />
Vale lembrar que o Departamento<br />
Jurídico Ambiental do<br />
Minaspetro oferece apoio para o<br />
preenchimento adequado do relatório.<br />
Não entregá-lo ou realizá-<br />
-lo de forma incorreta pode gerar<br />
multa de R$ 9.000 para o posto.<br />
O serviço é disponibilizado para<br />
associados com preço bem abaixo<br />
daquele do mercado. Dúvidas podem<br />
ser esclarecidas com os advogados<br />
Bernardo Souto e Lígia Macedo<br />
pelos telefones (031) 2108-6500 /<br />
0800-005-6500.<br />
IMPORTANTE:<br />
Será apenas realizado o<br />
Rapp de 2020/2021, ou seja,<br />
não serão corrigidas informações<br />
de anos anteriores (caso<br />
necessário, o serviço pode ser<br />
contratado à parte). Também<br />
não será alterado ou conferido<br />
o porte do empreendimento<br />
declarado no CTF/APP ou no<br />
CTF/AIDA. Chama-se atenção<br />
para o fato de que o porte no<br />
CTF/APP, se não for alterado,<br />
repete o lançado no ano anterior,<br />
sendo necessária a conferência<br />
da faixa de faturamento<br />
para adequação. No CTF/<br />
AIDA isso não ocorre, com o<br />
lançamento do porte sendo<br />
feito a cada ano, na aba “modificações<br />
de inscrição”.<br />
CRITÉRIOS PARA UTILIZAÇÃO DO SERVIÇO:<br />
a) Estar em dia com suas obrigações perante o Sindicato<br />
b) Ser recadastrado no Ibama, conforme exigência de 2013<br />
c) Possuir senha de acesso remoto ao sistema do Ibama (Minaspetro<br />
não realizará serviço exceto em caso de disponibilidade<br />
do relatório de atividades do posto revendedor que efetuar<br />
login por certificado digital).<br />
d) Ter enviado informações ao Minaspetro até 24 de março de<br />
2021, por meio eletrônico (rappibama2021@gmail.com) ou<br />
físico (envio de carta com AR, para a sede do Minaspetro).<br />
Após esse prazo, não serão mais aceitos pedidos.<br />
e) Ter preenchido a tabela disponibilizada pelo Minaspetro em<br />
seu site (Serviços>Arquivos). Para o caso de dúvidas quanto ao<br />
campo de resíduos, os revendedores poderão encaminhar as<br />
DMR do 1º e do 2º semestre de 2020 ou todos os MTR gerados<br />
no ano de 2020 por meio digital (rappibama2020@gmail.com)<br />
ou físico (envio de carta com AR, para a sede do Minaspetro).<br />
f) Ter indicado o nome do responsável técnico pelo gerenciamento<br />
dos resíduos, bem como número de CPF e inscrição no<br />
conselho de classe profissional<br />
Freepik<br />
12
Nº 137 – Março 2021<br />
ARTIGO<br />
A evolução do ICMS<br />
dos combustíveis<br />
em Minas Gerais<br />
Comunicação Minaspetro<br />
Diante do debate acalorado<br />
e necessário a respeito<br />
do peso dos combustíveis<br />
no bolso do<br />
consumidor, há de se convir que é<br />
necessária uma análise um pouco<br />
mais aprofundada da situação<br />
na qual nos encontramos e como<br />
chegamos até aqui, com uma carga<br />
tributária altíssima e insustentável<br />
para o contribuinte.<br />
Remeto-me nesta reflexão à última<br />
majoração do ICMS (Imposto<br />
sobre Operações Relativas à Circulação<br />
de Mercadorias e sobre Prestações<br />
de Serviços de Transporte<br />
Interestadual e Intermunicipal e<br />
de Comunicação) sobre a gasolina<br />
e sobre o etanol combustível,<br />
quando foi aprovada a Lei 22.549,<br />
de 30/06/2017, que instituiu o Plano<br />
de Regularização de Créditos<br />
Tributários, ou, em outras palavras,<br />
o Refis, programa para parcelamento<br />
de dívidas tributárias<br />
no âmbito do governo do Estado<br />
de Minas Gerais.<br />
Não entro no mérito da questionável<br />
velocidade com que a referida<br />
lei foi aprovada pela Assembleia<br />
mineira nem da data em que foi<br />
votada em segundo turno, exatamente<br />
no Dia da Liberdade de Impostos<br />
– quando várias empresas<br />
em todo o Brasil, inclusive postos<br />
de combustíveis, realizavam campanhas<br />
para conscientização sobre<br />
a carga tributária –, mas sim<br />
do seu conteúdo, uma vez que o<br />
governo mineiro, como medida<br />
compensatória ao Refis, majorou<br />
a alíquota de ICMS da gasolina<br />
de 29% para 31% e do etanol hidratado<br />
combustível de 14% para<br />
16%. Ou seja, para compensar as<br />
grandes perdas geradas pelo Refis,<br />
que beneficiou empresas que não<br />
pagam impostos em dia, nossos<br />
governantes utilizaram, mais uma<br />
vez, o aumento de impostos nos<br />
combustíveis como solução à Lei<br />
de Responsabilidade Fiscal.<br />
Entretanto, nesse Refis há uma<br />
grande falha, talvez proposital, por<br />
não ter sido incluída uma data final<br />
dessa majoração. A referida lei começou<br />
a valer em janeiro de 2018,<br />
e até hoje pagamos por uma majoração<br />
que certamente já superou as<br />
perdas geradas pelo Refis.<br />
De lá pra cá, ainda tivemos a<br />
mudança de política de preços da<br />
Petrobras, com a adoção de preços<br />
internacionais, que turbinou<br />
a arrecadação com as constantes<br />
subidas de preços. Em cálculos, devemos<br />
nos lembrar da tabela PMPF<br />
(Preço Médio Ponderado ao Consumidor<br />
Final de Combustíveis), naquela<br />
época utilizada como base<br />
para a cobrança do ICMS, e comparar<br />
da seguinte forma:<br />
PMPF (Fonte: https://www.<br />
confaz.fazenda.gov.br/legislacao/<br />
atos-pmpf)<br />
Gasolina comum: R$ 4,3045<br />
até 31/12/17; R$ 4,4203 a partir<br />
de 01/01/18; eram cobrados R$<br />
1,2483/litro, que foram reajustados<br />
para R$ 1,3702 por litro em 2018<br />
(acréscimo de R$ 0,1219/litro).<br />
Etanol hidratado: R$ 3,0588<br />
até 31/12/17; R$ 3,135 a partir<br />
de 01/01/18; eram cobrados R$<br />
0,4282/litro, que foram reajustados<br />
para R$ 0,5016/litro em 2018<br />
(acréscimo de R$ 0,0734/litro).<br />
Se realizarmos um comparativo<br />
com o PMPF vigente em feverei-<br />
Leandro Motteran<br />
proprietário do Posto Líder, em<br />
Varginha, e diretor regional do<br />
Minaspetro<br />
ro/2021, observaremos a seguinte<br />
cobrança:<br />
Gasolina comum: 31% sobre<br />
R$ 4,8522 = R$ 1,5042 por litro;<br />
Etanol hidratado: 16% sobre<br />
R$ 3,3098 = R$ 0,5296 por litro.<br />
E se houvesse a eventual diminuição<br />
da alíquota do ICMS, como<br />
era cobrado até o fim de 2017?<br />
Gasolina comum: 29% sobre<br />
R$ 4,8522 = R$ 1,4071 por litro –<br />
R$ 0,0971 de queda;<br />
Etanol hidratado: 14% sobre<br />
R$ 3,3098 = R$ 0,4633 por litro –<br />
R$ 0,0663 de queda.<br />
Concluímos assim que, em uma<br />
eventual correção dessa alíquota, o<br />
consumidor economizaria hoje por<br />
volta de R$ 0,10 (dez centavos) por<br />
litro nas bombas de gasolina e por<br />
volta de R$ 0,07 (sete centavos) por<br />
litro nas bombas de etanol, dentro<br />
de Minas Gerais.<br />
É preciso que seja feita justiça<br />
nesse caso. Sabemos que os estados<br />
estão em dificuldade financeira,<br />
especialmente Minas Gerais,<br />
que foi recebida pelo último governador<br />
com um déficit de mais<br />
de R$ 30 bilhões e tenta, de toda<br />
forma, acertar toda essa bagunça.<br />
Mas essa conta definitivamente<br />
não pode nem deve ficar no bolso<br />
do consumidor.<br />
13
Nº 137 – Março 2021<br />
Nº 137 – Março 2021<br />
Mais uma<br />
crise<br />
bate à porta<br />
Não bastassem os impactos econômicos<br />
da pandemia, intervenção na Petrobras e<br />
paralisação de tanqueiros tornam ainda mais<br />
complicada a vida de donos de postos<br />
14
Jair Bolsonaro nunca fez questão de esconder<br />
que pouco sabe sobre o funcionamento<br />
da economia. Ele próprio o admitiu,<br />
quando ainda candidato a presidente, em<br />
2018. Por isso, para auxiliá-lo, convocou o<br />
economista Paulo Guedes, a quem passou<br />
a se referir em entrevistas, usando um jargão<br />
do nosso setor, “pergunta lá no Posto Ipiranga”,<br />
como se o seu futuro braço direito encarnasse<br />
a solução para as mais variadas mazelas enfrentadas<br />
pelo país.<br />
Com discurso liberal, Guedes, por sua vez,<br />
fez muitas promessas ao ter o seu nome confirmado<br />
para o ministério. Pouco mais de dois<br />
anos depois, no entanto, têm faltado ações práticas<br />
ao governo. Sem entrar no mérito se as<br />
medidas propostas naquela época eram positivas<br />
para o país, fato é que, com exceção da<br />
reforma da Previdência, as demais – administrativa<br />
e tributária – ainda patinam, as prometidas<br />
privatizações não saíram do papel, e<br />
o relacionamento com os demais Poderes tem<br />
sido pontuado por aproximações e recuos que,<br />
invariavelmente, resultam em ruídos que repercutem<br />
na economia.<br />
Mais recentemente, na esteira do que fizeram<br />
outros presidentes, Bolsonaro não se furtou<br />
a intervir na Petrobras, diferentemente de Dilma<br />
que imputou prejuízos bilionários à estatal,<br />
Bolsonaro, ao seu estilo, disse que não interviu,<br />
mas afasta seu presidente. Se Lula aparelhou a<br />
empresa para servir a seus interesses políticos,<br />
Dilma congelou preços para mascarar a inflação<br />
e se manter eleitoralmente competitiva e<br />
Temer propôs medidas atabalhoadas, como verticalização<br />
e tabelamento de preços, para dar<br />
fim à greve dos caminhoneiros, o atual mandatário<br />
não fez diferente. “Não é possível que a<br />
Petrobras esteja livre de ingerências políticas,<br />
uma vez que o Estado é dono de metade dela.<br />
É normal, portanto, que haja uma tensão permanente<br />
entre os interesses do país e os dos<br />
acionistas particulares”, explica o economista<br />
Paulo Gala (confira a entrevista completa com o<br />
especialista nas páginas 20 e 21).<br />
A crise que desencadeou a mais recente<br />
intervenção começou com a ameaça dos<br />
caminhoneiros de parar novamente o país, a<br />
exemplo que fizeram em 2018. Acuado e pressionado<br />
a baixar o preço do diesel, Bolsonaro<br />
zerou os impostos federais que incidem sobre<br />
o diesel por 60 dias e não hesitou em trocar o<br />
presidente da estatal, colocando no posto um<br />
general. E o mercado, como já era esperado,<br />
acusou o golpe.<br />
Em poucas horas, a maior estatal do país viu<br />
os preços de suas ações despencarem e teve<br />
seu valor de mercado reduzido em mais de R$<br />
100 bilhões tão logo foi anunciada a troca de<br />
15
Nº 137 – Março 2021<br />
comando. Tudo isso às vésperas<br />
de Roberto Castello Branco, que<br />
deixará a presidência da estatal<br />
em março, apresentar os resultados<br />
da empresa no 4º trimestre<br />
do ano passado, período em<br />
que a Petrobras alcançou um<br />
lucro líquido de R$ 59 bilhões<br />
– volume superior ao esperado<br />
pelos analistas.<br />
Além de intervir na estatal,<br />
Bolsonaro desafiou os governadores<br />
a zerar o ICMS sobre<br />
combustíveis e, mais uma vez,<br />
usou de ironia para se referir à<br />
margem de lucro dos postos, supostamente<br />
elevada. Para piorar,<br />
junto com os ministérios da Justiça<br />
e de Minas e Energia e a Advocacia-Geral<br />
da União, baixou<br />
o Decreto 10.634, para obrigar os<br />
postos a informar com exatidão<br />
os valores relativos a tributos<br />
que incidem sobre mercadorias<br />
e serviços oferecidos aos clientes<br />
por meio de um painel instalado<br />
em local visível, dentro<br />
dos estabelecimentos.<br />
O decreto por si só, não seria<br />
prejudicial à Revenda, pois estamparia<br />
mais uma vez para a<br />
sociedade, que o problema não<br />
é o posto, mas sim o imposto. O<br />
problema é que ele não é claro<br />
sobre quais dados devem ser expostos<br />
na placa, e o pior, como<br />
e onde o revendedor vai obter<br />
estes dados. Como saber o custo<br />
do biodiesel que as distribuidoras<br />
adicionam ao diesel, por<br />
exemplo? O principal objetivo<br />
é expor os tributos? Desde 2012<br />
os cupons fiscais dos postos<br />
de gasolina já discriminam os<br />
impostos incidentes sobre os<br />
combustíveis. “O decreto precisa<br />
ser complementado. Se conhecessem<br />
bem o assunto, seus<br />
autores saberiam que somos<br />
substituídos tributariamente<br />
na distribuidora”, observa Paulo<br />
Miranda, presidente da Fecombustíveis.<br />
O Minaspetro, junto com outras<br />
lideranças sindicais e com<br />
a Fecombustíveis, tem debatido<br />
uma proposta viável de como informar<br />
o preço de forma mais<br />
transparente – e, sobretudo, me-<br />
“São detalhes contábeis aos quais não<br />
temos acesso. O ideal seria Jair Bolsonaro<br />
refazer o decreto ou o complementar”<br />
nos confusa – ao consumidor.<br />
Vale lembrar, entretanto, que o<br />
imposto vem discriminado na<br />
nota, caso o cliente solicite a<br />
informação. E já se percebe também<br />
uma reação por parte do<br />
Judiciário: o Ministério Público<br />
de São Paulo, por exemplo, disse<br />
que não fiscalizará os postos<br />
para saber se estão exibindo os<br />
valores relativos a impostos nos<br />
painéis até que a Procuradoria-<br />
-Geral do Estado analise o decreto<br />
e confirme a legalidade do<br />
novo regramento.<br />
Paulo Miranda enfatiza que<br />
a questão é muito mais complexa<br />
do que qualquer leigo no<br />
assunto possa imaginar. Uma<br />
distribuidora que investe muito<br />
na produção de etanol, por<br />
exemplo, pode ter um custo de<br />
anidro mais competitivo que<br />
o das demais, e, portanto, sua<br />
mistura com a gasolina tem<br />
uma composição tributária diferente<br />
daquela dos concorrentes.<br />
“São detalhes contábeis aos<br />
quais não temos acesso. O ideal<br />
seria Jair Bolsonaro refazer o<br />
decreto ou o complementar, informando<br />
que a obrigação pela<br />
amostragem é das distribuidoras<br />
e que os postos são meros<br />
instrumentos de comunicação<br />
com os consumidores.”<br />
O mercado segue no aguardo<br />
das cenas dos próximos capítulos,<br />
muito embora já seja possível<br />
antecipar o desfecho da<br />
história: livre mercado ameaçado,<br />
prejuízos para a Petrobras,<br />
investidores ressabiados, consumidores<br />
insatisfeitos e donos<br />
de postos penalizados por figurarem<br />
como os eternos culpados,<br />
embora, reconhecidamente,<br />
PAULO MIRANDA<br />
PRESIDENTE DA FECOMBUSTÍVEIS<br />
constituam o elo mais frágil da<br />
cadeia produtiva de combustíveis.<br />
Em resumo: o ano é novo,<br />
mas o estigma imposto aos estabelecimentos,<br />
não.<br />
ICMS: O GRANDE VILÃO<br />
Por mais que a intervenção<br />
na Petrobras gere consequências<br />
nocivas ao mercado, em Minas<br />
Gerais o problema é agravado<br />
pelo ICMS que incide sobre combustíveis,<br />
que continua elevado,<br />
principalmente na gasolina – o<br />
Estado detém a segunda maior<br />
alíquota do Brasil: 31%.<br />
Os aumentos sucessivos começaram<br />
no governo de Fernando<br />
Pimentel, que agravou o<br />
problema ao permitir que a Secretaria<br />
de Estado de Fazenda<br />
(SEF-MG), ao calcular o Preço Médio<br />
Ponderado Final (PMPF), utilizasse<br />
um critério que nem de<br />
longe espelhava os valores reais<br />
praticados pelos postos mineiros<br />
ou a própria pesquisa mensal realizada<br />
pela Agência Nacional do<br />
Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis<br />
(ANP). O equívoco levou<br />
à falência dezenas de postos de<br />
fronteira, que não tinham como<br />
competir com a alíquota estabelecida,<br />
por exemplo, pelo estado<br />
de São Paulo.<br />
Foi o que levou o Minaspetro<br />
a agir de imediato, para mostrar<br />
ao órgão que a metodologia de<br />
cálculo precisava ser alterada.<br />
Para isso, a entidade contou<br />
com o apoio do deputado Guilherme<br />
da Cunha (Novo), que intermediou<br />
as negociações com<br />
o governo. Depois de meses de<br />
trabalho, a SEF-MG informou<br />
que faria “um cálculo mais coe-<br />
16
ente” do PMPF, e, desde meados<br />
do ano passado, a publicação do<br />
chamado Ato Cotep tem se mostrado<br />
mais alinhada aos valores<br />
praticados nos postos mineiros.<br />
Até que, com a nova crise<br />
que se abateu sobre o setor de<br />
combustíveis, o ICMS voltou ao<br />
centro do debate. Mas o que se<br />
vê tanto na cobertura da imprensa<br />
quanto nos pleitos dos caminhoneiros<br />
(veja mais detalhes no<br />
box da página 18) é uma discussão<br />
no mínimo enviesada. Isso<br />
porque, como os preços têm sido<br />
continuamente reajustados e é<br />
a partir deles que se determina<br />
o PMPF – que, por sua vez, estabelece<br />
a base de cálculo para o<br />
ICMS –, é natural, portanto, que o<br />
imposto seja tratado como vilão.<br />
Ao mesmo tempo, embora<br />
a alíquota do ICMS em Minas<br />
seja superior à média nacional,<br />
é praticamente nula a possibilidade<br />
de que o imposto venha a<br />
ser reduzido, especialmente em<br />
razão das dificuldades orçamentárias<br />
enfrentadas pelo estado.<br />
Por isso, o Minaspetro solicitou<br />
formalmente ao governador Romeu<br />
Zema o congelamento do<br />
PMPF por tempo determinado,<br />
para conter a alta descontrolada<br />
dos preços e a greve. “Há<br />
muito tempo nos esforçamos<br />
para atingir um cálculo justo<br />
do ICMS, portanto seria inviável<br />
pedir que a SEF-MG retornasse a<br />
uma prática de valores fictícios”,<br />
diz Guilherme da Cunha, que se<br />
reuniu com o presidente do Minaspetro,<br />
Carlos Guimarães, na<br />
busca de uma solução relativa<br />
ao ICMS que é cobrado sobre os<br />
combustíveis em Minas.<br />
O deputado Guilherme da<br />
Cunha ouviu do Minaspetro<br />
pleitos da Revenda, sobretudo<br />
no que diz respeito à flexibilização<br />
do regramento utilizado<br />
pela BHTrans para fiscalizar os<br />
postos, em mudanças nos critérios<br />
para obtenção e renovação<br />
do Auto de Vistoria do Corpo de<br />
Bombeiros (AVCB) e na revisão<br />
de procedimentos para o licenciamento<br />
ambiental.<br />
SOLUÇÃO À VISTA<br />
Para conter a crise, pelo<br />
menos provisoriamente, a Fecombustíveis<br />
tem conversado<br />
com parlamentares em Brasília.<br />
Enquanto a reforma tributária<br />
não entra em pauta, um paliativo,<br />
segundo Paulo Miranda, é<br />
utilizar o bom senso. “Como vamos<br />
pedir a redução do imposto<br />
campeão de arrecadação em<br />
todos os estados enquanto os<br />
governadores estão com o pires<br />
na mão?”, pergunta o dirigente<br />
sindical.<br />
A ideia é propor uma alíquota<br />
única de ICMS para todo o<br />
território nacional, que vedaria<br />
a concorrência desleal entre os<br />
estados. Ainda de acordo com o<br />
presidente da Fecombustíveis,<br />
poucos estados perderiam arrecadação,<br />
e a medida poderia<br />
conter eventuais ameaças de<br />
paralisação de caminhoneiros.<br />
A proposta é que a alíquota<br />
unificada nacional seja fixada<br />
em 29%. A ver como o debate<br />
prosseguirá.<br />
Minaspetro na mídia<br />
Durante a greve dos tanqueiros,<br />
o Minaspetro atendeu<br />
a dezenas de solicitações de imprensa.<br />
O discurso utilizado pela<br />
Comunicação foi o de defesa da<br />
categoria, reiteradamente atacada<br />
pela alta dos preços.<br />
Para ilustrar de forma clara<br />
para os consumidores o quanto<br />
os postos também sofrem com<br />
a elevada carga tributária, em<br />
entrevista a um telejornal da<br />
Record, Carlos Guimarães foi didático:<br />
“Se você abastece R$ 100,<br />
apenas R$ 4 ficam com o posto”,<br />
explicou o dirigente sindical,<br />
tendo nas mãos uma cédula de<br />
R$ 100 e duas de R$ 2.<br />
TV Record Minas<br />
17
Nº 137 – Março 2021<br />
O impacto do ICMS no bolso<br />
O Minaspetro não foge ao debate. A entidade acredita que o setor varejista de combustíveis não<br />
pode ser responsabilizado pela crise mais recente. O Sindicato vê com bons olhos o debate acalorado<br />
sobre o ICMS, afinal, os dados são públicos, e basta saber interpretá-los para perceber quanto o<br />
imposto pesa no bolso dos consumidores e compromete a rentabilidade dos postos. Comparamos os<br />
valores do ICMS com a média de preços praticada pelos revendedores, de 2018 a 2020.<br />
VEJA QUANTO O IMPOSTO REPRESENTA PARA O SEU CLIENTE E TIRE SUAS CONCLUSÕES.<br />
4,6762<br />
1,4496<br />
4,6762<br />
1,4496<br />
JAN<br />
FEV<br />
MAR<br />
ABR<br />
MAI<br />
JUN<br />
JUL<br />
AGO<br />
SET<br />
OUT<br />
NOV<br />
DEZ<br />
JAN<br />
FEV<br />
MAR<br />
ABR<br />
MAI<br />
JUN<br />
4,6762<br />
1,4496<br />
4,6762<br />
1,4496<br />
4,6762<br />
1,4496<br />
4,6762<br />
1,4496<br />
4,8756<br />
1,5114<br />
4,8756<br />
1,5114<br />
4,8756<br />
1,5114<br />
5,0947<br />
1,5793<br />
5,0947<br />
1,5793<br />
4,9927<br />
1,5477<br />
4,9927<br />
1,5477<br />
4,9927<br />
1,5477<br />
4,8302<br />
1,4973<br />
4,9516<br />
1,5349<br />
5,0473<br />
1,5646<br />
5,0473<br />
1,5646<br />
Governo Pimentel começa<br />
a utilizar metodologia<br />
de cálculo que destoa<br />
da média de preços<br />
divulgada pela ANP.<br />
2018 20<br />
PMPF<br />
ICMS<br />
18
4,9205<br />
1,5253<br />
4,9205<br />
1,5253<br />
4,9205<br />
1,5253<br />
4,9205<br />
1,5253<br />
4,7802<br />
1,4819<br />
4,7652<br />
1,4772<br />
4,8569<br />
1,5056<br />
4,9927<br />
1,5477<br />
SEF-MG altera<br />
metodologia de cálculo<br />
depois de trabalho<br />
político realizado pelo<br />
Minaspetro com o<br />
Legislativo.<br />
4,8718<br />
1,5102<br />
4,8718<br />
1,5102<br />
4,4446<br />
1,3778<br />
4,1104<br />
1,2742<br />
4,2150<br />
1,3067<br />
4,3947<br />
1,3624<br />
4,5043<br />
1,3963<br />
4,6393<br />
1,4382<br />
4,7016<br />
1,4575<br />
4,7390<br />
1,4691<br />
JUL<br />
AGO<br />
SET<br />
OUT<br />
NOV<br />
DEZ<br />
JAN<br />
FEV<br />
MAR<br />
ABR<br />
MAI<br />
JUN<br />
JUL<br />
AGO<br />
SET<br />
OUT<br />
NOV<br />
DEZ<br />
19<br />
2020<br />
19
ENTREVISTA<br />
Nº 137 – Março 2021<br />
“Guedes não fez praticamente<br />
nada do que prometeu”<br />
Economista Paulo Gala comenta os recentes acontecimentos<br />
do conturbado mercado de combustíveis<br />
Arquivo pessoal<br />
fez com que mercado nacional vivesse<br />
semanas de estresse e incertezas.<br />
Economistas voltaram seus olhares para<br />
as ações do governo que visavam conter<br />
uma nova greve dos caminhoneiros e<br />
para os desdobramentos da crise, que<br />
culminou em uma rápida paralisação dos<br />
tanqueiros em Minas Gerais e resultou em<br />
filas nos postos e na edição de um decreto<br />
presidencial que obriga os revendedores<br />
a mostrar aos consumidores como se dá a<br />
composição dos preços.<br />
A intervenção realizada em fevereiro<br />
na Petrobras por mais um presidente<br />
acuado pela alta da gasolina – motivada<br />
pela paridade com o preço do barril de<br />
petróleo no mercado internacional –,<br />
A Revista Minaspetro conversou com<br />
o economista Paulo Gala, graduado pela<br />
FEA-USP, mestre e doutor em Economia<br />
pela Fundação Getulio Vargas, pesquisador<br />
visitante nas universidades de Cambridge<br />
e Columbia e professor da Fundação<br />
Getulio Vargas (FGV-SP) desde 2002,<br />
para dimensionar as causas e efeitos<br />
da crise mais recente. Em pauta, venda<br />
de refinarias, possíveis soluções para os<br />
ajustes constantes de preços da Petrobras e<br />
próximos passos do governo.<br />
Como você analisa a mudança na presidência da<br />
Petrobras? Que sinais o presidente Jair Bolsonaro<br />
pretendeu dar ao mercado e ao país com a troca?<br />
Ele está sofrendo muita pressão, a exemplo<br />
do que ocorreu com vários presidentes. Sempre<br />
que o preço da gasolina sobe demais no mercado<br />
internacional e a Petrobras tenta ajustá-lo para<br />
manter a lucratividade, acaba pressionando a sociedade,<br />
na medida em que a estatal é a grande<br />
monopolista da produção de gasolina no país. E<br />
o custo do combustível é muito sensível, afeta o<br />
Brasil todo.<br />
É possível que a Petrobras tenha uma gestão livre de<br />
ingerências políticas?<br />
Não, pois o Estado é dono de metade dela, o que<br />
implica a prerrogativa do poder público de interferir.<br />
Portanto, há uma tensão permanente, porque a Petrobras<br />
tem que servir, digamos, a dois senhores – ao<br />
interesse público nacional e ao mercado, que busca<br />
eficiência e lucro. Muitas vezes, esses interesses são<br />
conflitantes. Não necessariamente a busca de lucro<br />
trará o melhor para a sociedade brasileira. A Caixa<br />
Econômica Federal, que não é listada na Bolsa e é<br />
100% pública, faz programas essenciais, como Minha<br />
20
Casa, Minha Vida, e não sofre pressões de mercado,<br />
exatamente por não estar sujeita a acionistas privados.<br />
Então, isso é algo que está presente na Petrobras<br />
e sempre estará.<br />
Como avalia a paridade entre os preços internacionais<br />
e os domésticos? É um mecanismo correto?<br />
A paridade entre os preços tem um grande problema,<br />
que é não embutir um mecanismo de suavização.<br />
Vi um trabalho recente que mostra que a Petrobras, no<br />
ano passado, cortou e aumentou o preço várias vezes<br />
e que, na verdade, se ela não tivesse feito nada, teria<br />
dado na mesma. Isso ocorre porque a reação muito<br />
rápida a preços de petróleo não é a regra ideal. Primeiro<br />
porque o preço do petróleo oscila muito, uma vez que<br />
o produto se encontra muito financeirizado. E, muitas<br />
vezes, ele tem uma volatilidade em curto prazo que não<br />
se sustenta. Vários países do mundo fazem políticas<br />
de suavização do preço do petróleo e da gasolina, até<br />
porque o impacto dos valores é muito sensível. Com<br />
isso, não quero defender que o preço tenha que ficar<br />
completamente desvinculado do valor do mercado internacional.<br />
Acho que tem de haver uma paridade de<br />
médio e longo prazo, uma convergência. Não é o caso<br />
de ficar subsidiando a gasolina aqui, mas considero<br />
essa política de repasse imediato muito ruim.<br />
Os interesses dos consumidores e os dos acionistas<br />
são inconciliáveis, como muitos comentam?<br />
No curto prazo, nos momentos de oscilação, é<br />
difícil conciliar, porque o que significaria o lucro máximo<br />
da empresa, que é o que os acionistas privados<br />
querem, conflita com a questão dos consumidores,<br />
que sofrem com os pesados reajustes de preços. No<br />
longo prazo é possível imaginar uma situação sem<br />
conflito, na medida em que a Petrobras aumenta<br />
sua produção, sua eficiência etc., podendo atender<br />
as pessoas com preços mais em conta e trazer lucro<br />
para os acionistas. Mas, em curto prazo, é bastante<br />
difícil conciliar isso, principalmente em um momento<br />
de pico de preços da gasolina.<br />
Muitos consumidores consideram que os donos de<br />
postos são os responsáveis pelos constantes aumentos<br />
de preços. Comente, por favor.<br />
O mercado de postos é competitivo, e os consumidores<br />
podem escolher entre vários postos, em todos<br />
os lugares, inclusive optar pelo etanol. Acho que o<br />
setor monopolizado ou oligopolizado é o do fornecimento.<br />
Em geral, os donos de postos estão “espremidos”,<br />
não conseguem repassar os custos por causa<br />
da alta concorrência e acabam sendo obrigados a<br />
pagar o preço alto.<br />
Em 2018, após a greve dos caminhoneiros, muito se<br />
falou sobre a criação de um fundo para conter as oscilações<br />
nos preços dos combustíveis. Essa ideia seria<br />
viável para suavizar as mudanças provenientes da<br />
paridade de preços?<br />
“Em geral, os donos de postos<br />
estão “espremidos”, não<br />
conseguem repassar os custos<br />
por causa da alta concorrência<br />
e acabam sendo obrigados a<br />
pagar o preço caro”<br />
Acho que sim. Com o próprio caixa da Petrobras<br />
seria viável, se houvesse uma regra de suavização:<br />
ela não ganharia tanto em momentos de alta, mas<br />
ganharia um pouco mais em momentos de baixa.<br />
Sobre a criação do fundo, é uma mecânica muito mais<br />
complexa, porque é algo da alçada da Petrobras e teria<br />
de ser feito no âmbito do governo federal. Ou seja, é<br />
uma solução bem mais complicada do que mudar a<br />
regra de reajuste.<br />
O setor varejista tem se preocupado com a venda das<br />
refinarias. Na opinião de muitos, a privatização pode<br />
resultar em troca de monopólio no setor de refino, que<br />
passaria da estatal para a iniciativa privada. Há um<br />
temor, também, de que a privatização dê origem a monopólios<br />
regionais, caso as refinarias mais afastadas<br />
do Sudeste fiquem nas mãos de uma única empresa.<br />
Como você avalia essa questão?<br />
Sem dúvida, essa é uma grande preocupação,<br />
porque você pode passar o monopólio estatal para o<br />
privado e, se não o regular corretamente, “dá a carne<br />
para o leão”. Tudo o que o setor privado quer é um<br />
monopólio bem poderoso, para ter lucro máximo.<br />
Como avalia a atuação de Paulo Guedes até o momento?<br />
Muitas promessas feitas na campanha ainda não<br />
saíram do papel. É possível ainda acreditar que elas<br />
se efetivarão?<br />
Basicamente, o que ele fez até agora foi prometer.<br />
Não fez praticamente nada do que prometeu. Aliás,<br />
os grandes avanços que tivemos no ano passado, na<br />
pandemia, vieram do Congresso, como o benefício<br />
emergencial e os programas de auxílio.<br />
Para concluir, que perspectiva vê para o futuro do<br />
mercado de combustíveis?<br />
Acredito que a variável mais importante seja a<br />
da redução da utilização da energia fóssil. E o tema<br />
mais relevante é a questão dos motores elétricos. Se<br />
você observar a China, isso avança com muita força<br />
lá – toda a frota de carros e de ônibus de algumas<br />
cidades é movida a eletricidade. Isso não significa que<br />
o combustível fóssil esteja com os dias contados, mas<br />
que está sofrendo uma concorrência muito dura, de<br />
painéis fotovoltaicos, energia eólica e veículos elétricos,<br />
não há dúvida. Então, é importante, sim, “colocar<br />
as barbas de molho”.<br />
21
GOTAS<br />
Nº 137 – Março 2021<br />
Dia da Mulher virtual<br />
Sindicato apoia evento voltado para revendedoras<br />
Mesmo em um período tão difícil<br />
para a Revenda, o Minaspetro<br />
foi parceiro do evento online das<br />
empresas She’s the Boss e Singu,<br />
que reuniu empreendedoras que<br />
fazem diferença no mercado de<br />
trabalho. As revendedoras associadas<br />
e colaboradoras do Sindicato<br />
tiveram acesso a palestras,<br />
oficinas e sorteios que lembraram<br />
a passagem do Dia Internacional<br />
da Mulher (8 de março).<br />
O evento remoto contou com a<br />
participação da atriz Debora Secco,<br />
da CEO da Depyl Action (rede de<br />
franquias especializada em depilação),<br />
Danielle Van Straten, da<br />
jornalista Fernanda Ribeiro e da<br />
Head de Marketing e Cultura da<br />
Getrack, Ana Luiza Mendes.<br />
22<br />
Alagoas, Bahia, Distrito Federal<br />
Espírito Santo, Minas Gerais e Sergipe: 0800 033 1520<br />
Amazonas e Roraima: (92) 3616-4700<br />
Ceará, Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte: 0800 181 0120<br />
Mato Grosso, Mato Grosso do Sul: (67) 3373-0104<br />
Paraná e Santa Catarina: 0800 643 0708<br />
Rio de Janeiro e São Paulo Capital: 0800 941 6222<br />
Rio Grande do Sul: 0800 727 2066<br />
São Paulo Interior: 0800 773 0323
Seguro<br />
RC Ambiental<br />
Minaspetro<br />
Empresas que realizam transporte de cargas perigosas<br />
estão sujeitas a diversos riscos em caso de acidentes<br />
que podem gerar danos ao meio ambiente e a terceiros,<br />
e ocasionar imensos prejuízos a seus negócios.<br />
Por isso, é fundamental para sua proteção e<br />
tranquilidade contar sempre com o<br />
Seguro RC Ambiental, oferecido pela Interweg,<br />
em parceria com o Minaspetro.<br />
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Tecnologia<br />
e experiência para<br />
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Contatos:<br />
(31) 3297.2281 (31) 99565.3494<br />
comercial@interweg.com.br<br />
INTERWEG<br />
Seguros<br />
23
GOTAS<br />
Nº 137 – Março 2021<br />
Sentindo a crise<br />
Receita de postos encolheu<br />
22,8% em fevereiro<br />
De acordo com pesquisa realizada pela<br />
Cielo, os postos de combustíveis brasileiros<br />
registraram uma queda de 22,8% no faturamento<br />
em fevereiro. Obviamente, os motivos<br />
são as medidas de isolamento em boa parte<br />
do país, que acarretaram na queda brusca<br />
das vendas.<br />
Em Minas Gerais, a restrição quanto ao<br />
funcionamento das escolas e o fato de boa<br />
parte do funcionalismo público ainda estar<br />
atuando remotamente foram as principais<br />
razões apontadas para a desaceleração.<br />
Ranking Minaspetro de Bandeiras<br />
IPIRANGA<br />
Fevereiro: 462<br />
Março: 464<br />
Balanço: +2<br />
MARÇO/2021<br />
TOTAL<br />
Fevereio: 133<br />
Março: 132<br />
Balanço: -1<br />
ALE<br />
Fevereiro: 296<br />
Março: 295<br />
Balanço: -1<br />
6,4%<br />
11,6%<br />
10,1%<br />
2,9%<br />
2,0%<br />
46,9%<br />
MARCAS PRÓPRIAS<br />
Fevereiro: 2144<br />
Março: 2150<br />
Balanço: +6<br />
BR DISTRIBUIDORA<br />
Fevereiro: 920<br />
20,1% Março: 924<br />
Balanço: +4<br />
RAÍZEN<br />
Fevereiro: 533<br />
Março: 531<br />
Balanço: -2<br />
OUTRAS BANDEIRAS<br />
Fevereiro: 92<br />
Março: 91<br />
Balanço: -1<br />
TOTAL DE POSTOS<br />
NO ESTADO<br />
Fevereiro: 4580<br />
Março: 4587<br />
Balanço: +7<br />
24
SERVIÇOS TÉCNICOS LTDA<br />
Onda Roxa:<br />
conveniência e postos<br />
EXECUTANDO OBRAS,<br />
REALIZANDO O FUTURO!<br />
Posto Capelinha<br />
Conveniência Postos Vila<br />
Lojas foram autorizadas a funcionar somente<br />
até às 20h, mas decreto pode gerar dúvidas<br />
Posto Anglo American<br />
Posto Samarco<br />
Divulgação Raízen<br />
A CAPE é uma empresa de construção<br />
civil focada em instalações de postos<br />
de combustíveis e presta os seguintes<br />
serviços:<br />
ENGENHARIA DE POSTOS<br />
• Projeto, dimensionamento e<br />
especificação de equipamentos e<br />
componentes<br />
• Reformas e construções civis<br />
• Instalação de equipamentos (Tanques,<br />
Bombas e Filtros)<br />
• Confecção de coberturas<br />
• Manutenção civil e de equipamentos<br />
• Consultoria e suporte técnico<br />
• Transporte especializado, possuindo<br />
para essa atividade a Licença Ambiental<br />
• Construção a seco Steel Frame e<br />
Drywall<br />
Política de qualidade!<br />
Agregar valores através de um<br />
sistema de gestão da qualidade<br />
eficaz, com foco na melhoria<br />
contínua.<br />
Garantiremos a padronização de<br />
nossos serviços, em conformidade<br />
com os requisitos aplicáveis,<br />
buscando assim a satisfação de<br />
nossos clientes.<br />
CERTIFICAÇÕES<br />
Pressionado pelo crescimento do número de leitos ocupados por pacientes<br />
de Covid-19, o governador de Minas Gerais, Romeu Zema, colocou<br />
o estado em alerta máximo. Basicamente, a Onda Roxa fechou todo o<br />
comércio, exceto os prestadores de serviços essenciais, e restringiu a circulação<br />
de pessoas.<br />
A novidade é que as lojas de conveniência também foram afetadas<br />
pela medida e podem funcionar apenas até às 20h – vale lembrar que os<br />
posto de combustíveis podem operar sem limitação de horário, inclusive<br />
durante o toque de recolher. No caso dos municípios cujos horários permitidos<br />
para circulação de pessoas e funcionamento do comércio forem<br />
ainda mais rigorosos que os definidos pela Onda Roxa, os associados devem<br />
procurar o Departamento Jurídico Metrológico do Minaspetro para que<br />
que se faça uma comunicação à ANP – deste modo, estarão resguardados<br />
de eventual autuação.<br />
CONTATOS<br />
(31) 3597-1174 / 3597-1785<br />
ENGENHARIA@CAPESERVICOS.COM.BR<br />
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nosso portfólio completo!<br />
25
FORMAÇÃO DE PREÇOS<br />
R$ 5,00<br />
Gasolina – Minas Gerais / JAN - FEV/2021<br />
R$ 4,6438<br />
R$ 4,8032<br />
R$ 4,50<br />
R$ 4,2511<br />
R$ 4,3392<br />
R$ 4,3758<br />
R$ 4,4903<br />
R$ 4,1665<br />
R$ 4,00<br />
09/01 - 15/01 16/01 - 22/01 23/01 - 29/01 30/01 - 05/02 06/02 - 12/02 13/02 - 19/02 20/02 - 26/02<br />
Etanol – Minas Gerais / JAN - FEV/2021<br />
R$ 3,80<br />
R$ 3,4814<br />
R$ 3,2982<br />
R$ 3,20<br />
R$ 2,8364<br />
R$ 2,8708<br />
R$ 2,8899<br />
R$ 2,9035<br />
R$ 3,0188<br />
R$ 2,60<br />
09/01 - 15/01 16/01 - 22/01 23/01 - 29/01 30/01 - 05/02 06/02 - 12/02 13/02 - 19/02 20/02 - 26/02<br />
Diesel S10 e S500 – Minas Gerais / JAN - FEV/2021<br />
R$ 4,00<br />
R$ 3,7458<br />
R$ 3,7216<br />
R$ 3,50<br />
R$ 3,2329<br />
R$ 3,2188<br />
R$ 3,2349<br />
R$ 3,2181<br />
R$ 3,2846<br />
R$ 3,2689<br />
R$ 3,3469<br />
R$ 3,3222<br />
R$ 3,4346<br />
R$ 3,4095<br />
R$ 3,5289<br />
R$ 3,5127<br />
R$ 3,00<br />
09/01 - 15/01 16/01 - 22/01 23/01 - 29/01 30/01 - 05/02 06/02 - 12/02 13/02 - 19/02 20/02 - 26/02<br />
S10<br />
S500<br />
Confira as tabelas completas e atualizadas semanalmente em nosso site – www.<strong>minaspetro</strong>.com.br –,<br />
no link Serviços, e saiba qual o custo dos combustíveis para a sua distribuidora.<br />
Os preços de etanol anidro e hidratado foram obtidos em pesquisa feita pela Cepea/USP/Esalq no site http://www.cepea.esalq.<br />
usp.br/etanol/.<br />
Importante ressaltar que os preços de referência servem apenas para balizar a formação de custos, uma vez que as distribuidoras<br />
também compram etanol por meio de contratos diretos com as usinas. Esses valores não entram na formação de preços, de acordo<br />
com a metodologia usada pela Cepea/USP/Esalq.<br />
Os preços de gasolina e diesel foram obtidos pela formação de preço de produtores segundo o site da ANP, usando como referência o<br />
preço médio das refinarias do Sudeste.<br />
A tributação do etanol anidro e hidratado foi publicada com base nos dados fornecidos pela Siamig.<br />
Os valores do biodiesel foram obtidos por meio do preço médio sudeste homologado no 75º Leilão realizado pela ANP.<br />
Os percentuais de carga tributária foram calculados com base no preço médio no Estado de Minas Gerais (PMPF/Ato Cotepe) do<br />
respectivo mês, o mesmo usado para base de cálculo do ICMS.<br />
Os valores de contribuição de Pis/Pasep e Cofins da gasolina e diesel sofreram alterações pelo decreto 8395, de 28/01/15.<br />
26
PRÁTICO,<br />
SEGURO<br />
E SIMPLES<br />
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seus recebimentos.<br />
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de soluções práticas e inovadoras.<br />
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