COMUNICAÇÕES 240 - Fernando Alfaiate: o homem do PRR
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mais atores e é uma oportunidade para Portugal”, destaca<br />
o responsável <strong>do</strong> CTCP. Mas avisa: “Querem preço<br />
e nós não conseguimos fabricar ao preço <strong>do</strong>s chineses.<br />
Muitas vezes, querem quantidades que nós não podemos<br />
aceitar. Temos de alargar a intervenção na cadeia<br />
de valor. Há uma oportunidade para o nascimento de<br />
empresas de maior dimensão, que criem novas unidades<br />
piloto de grandes dimensões para fabricarem novas<br />
tipologias de produtos. Estou certo que vamos assistir<br />
a algum investimento nesta área”.<br />
Por fim, os <strong>do</strong>is protagonistas destacaram uma<br />
tendência comum e desafiante: a aposta na sustentabilidade.<br />
O recente apelo governamental para a constituição<br />
de consórcios para encontrar novos materiais e<br />
processos de fabrico, no âmbito da estratégia da bioeconomia,<br />
é um <strong>do</strong>s sinais <strong>do</strong> caminho que se quer seguir.<br />
Este é um <strong>do</strong>s objetivos <strong>do</strong> Plano de Recuperação<br />
e Resiliência europeu, em que se prevêem 71 milhões<br />
de euros para o setor têxtil e de vestuário e 41 milhões<br />
para o setor <strong>do</strong> calça<strong>do</strong>.<br />
“No início <strong>do</strong> próximo ano, vamos ter grandes notícias”,<br />
anuncia Braz Costa. E reforça: “Não é sustentável<br />
andar a transportar algodão <strong>do</strong> Paquistão para aqui.<br />
Estamos a desafiar outros setores para encontrarmos<br />
soluções inova<strong>do</strong>ras. Se calhar, a partir <strong>do</strong> eucalipto<br />
também se conseguem fazer fibras...”. Joaquim Leandro<br />
de Melo também revela: “Acabámos de apresentar<br />
uma grande candidatura na área da bioeconomia. Queremos<br />
uma indústria totalmente biobased”.•<br />
OPORTUNIDADE EXEMPLAR<br />
A pandemia veio dar visibilidade, com um<br />
exemplo muito prático, ao trabalho de antecipação<br />
<strong>do</strong>s centros tecnológicos. Apesar<br />
de não ser um negócio em Portugal e de<br />
praticamente se importar tu<strong>do</strong> o que eram<br />
dispositivos médicos, o CITEVE, durante os<br />
últimos vinte anos, mantinha uma linha de<br />
investigação deste tipo de materiais. “Foi<br />
isso que nos permitiu rapidamente dar resposta.<br />
Se tivéssemos de começar <strong>do</strong> início,<br />
não chegaríamos a tempo”, reconhece Braz<br />
Costa.<br />
Quan<strong>do</strong> souberam o que estava a acontecer<br />
em Itália, começaram logo a trabalhar,<br />
“testámos mil combinações de materiais<br />
diferentes, para encontrar os que poderiam<br />
resolver o problema das máscaras.<br />
Em março, as empresas ainda estiveram a<br />
trabalhar em moda, mas no final <strong>do</strong> mês,<br />
fechou tu<strong>do</strong>. Foi nessa altura que pusemos<br />
as empresas a mexer. Em Portugal, inventámos<br />
o conceito de máscara social”. Com a<br />
publicação das especificações técnicas para<br />
o fabrico de máscaras comunitárias, a 14<br />
de abril, as empresas dedicaram-se em pleno<br />
ao seu desenvolvimento e to<strong>do</strong>s os dias<br />
acorriam às centenas ao CITEVE, com os pedi<strong>do</strong>s<br />
de análise laboratorial. A 18 de abril,<br />
certificou-se a primeira máscara comunitária<br />
de uso único e, quatro dias depois, os<br />
primeiros cinco modelos reutilizáveis.•<br />
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