You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
NOVEMBRO 2021 • Nº 271 • ANO 26
conectando você ao mercado de seguros
ESPECIAL
RISCOS FINANCEIROS
>> Seguro garantia judicial
cresce e ajuda empresas
a liberar capital
>> RC Profissional sente
impacto da pandemia
PLAMEV
SAÚDE ANIMAL
É PRIORIDADE
PARA TUTORES
Com tecnologia, empresa
democratiza acesso à
saúde pet, com planos
modulares e reembolso
para consultas e exames
no Brasil e no exterior
Pedro Cézar e
Jeremias Cézar
BR Infinite Assessoria promove campanha de reconhecimento
ao protagonismo do corretor de seguros
EDITORIAL
Os riscos nossos de cada dia
A
realidade brasileira parece passar por um momento de
distorção. Assistimos o aumento da inflação, a alta das
taxas de juros, o crescimento da pobreza e as mudanças
climáticas. Enquanto isso, lidamos com os riscos ligados à pandemia,
em um cenário de retomada da rotina antes deste período.
Ao mesmo tempo em que a sensação de impotência nos
invade por um lado, de outro observamos novas iniciativas que
podem oferecer mudanças significativas. No mercado de seguros,
vivenciamos um período intenso de novidades. Se a lacuna de
proteção continua grande, principalmente nos produtos de vida, a
crise econômica limita o alcance ao seguro.
Mas o mercado segue buscando alternativas para
compensar suas lacunas, com a aplicação de muita tecnologia e de
novas regulamentações. O foco é a jornada do cliente e a forma como
ele irá consumir produtos e serviços ligados ao setor.
Nesta edição abordamos algumas carteiras que estão
mantendo um resultado satisfatório, apesar de todas as intempéries.
O seguro garantia, em todas as suas ramificações, passa por desafios
que vão desde a nova lei de licitações até a desoneração dos caixas
de pessoas jurídicas. Um vasto campo de atuação também existe para
os seguros de Responsabilidade Civil Profissional, principalmente
para os D&O e E&O. A pandemia exigiu dos executivos rapidez na
tomada de decisões, mas, nem todas podem ser bem interpretadas
por acionistas, colaboradores e steakholders.
Por fim, mostramos também como a tecnologia pode ser
aplicada ao mercado de previdência privada que, aos poucos, precisa
vencer a barreira da cultura da educação financeira, que ainda é muito
tímida no Brasil.
Enfim, todos têm um longo caminho a percorrer.
NOVEMBRO 2021 • Nº 271 • ANO 26
EXPEDIENTE
Diretora de Redação:
Kelly Lubiato - MTB 25933
klubiato@revistaapolice.com.br
Diretor Executivo:
Francisco Pantoja
francisco@revistaapolice.com.br
Redação:
Nicole Fraga
nicole@revistaapolice.com.br
Colaborador:
André Felipe de Lima
Executiva de Negócios:
Graciane Pereira
graciane@revistaapolice.com.br
Diagramação e Arte:
Enza Lofrano
Assinaturas:
Jaqueline Silva
jaqueline@revistaapolice.com.br
Tiragem: 12.000 exemplares
Circulação: Nacional
Periodicidade: Mensal
Os artigos assinados são de
responsabilidade exclusiva de seus autores,
não representando, necessariamente, a
opinião desta revista.
Esta revista é uma
publicação independente
da Correcta Editora Ltda e
de público dirigido
Boa leitura!
CORRECTA EDITORA LTDA
Administração, Redação e Publicidade:
CNPJ: 00689066/0001-30
Diretora de Redação
Mande suas dúvidas,
críticas e sugestões para
redacao@revistaapolice.com.br
CONTEÚDO
www.revistaapolice.com.br
twitter.com/revistaapolice
revista apólice
linkedin.com/apolice
instagram.com/revista_apolice
PÓS-PANDEMIA
Previdência Privada
tenta se recuperar do
período pandêmico,
quando viu os
resgates aumentarem
significativamente
além das empresas
renegociarem as
contribuições mensais
>> PÁG. 16
ESPECIAL RISCOS FINANCEIROS
SEGURO GARANTIA
Ainda que seja uma
incógnita em 2021,
para o próximo
ano espera-se uma
nova alavancagem
nos produtos deste
segmento, por conta
das prometidas revisões
do Governo Federal
>> PÁG. 24
ÍNDICE
06 painel
10 gente
11 artigo
Confitec mostra a evolução das vistorias
para a regulação de sinistros. Se antes o
perito visitava o local munido de papel e
caneta, hoje até o segurado pode agilizar
o processo com o smartphone em mãos
12 capa
Plamev investe na expansão de planos
de saúde para pets, uma tendência
mundial. Com o uso da tecnologia,
empresa consegue democratizar o
acesso tanto à rede credenciada quanto
aos planos de reembolso
14 evento
BR Infinite mostra que é possível unir
forças no mercado de seguros do Centro
Oeste. Assessoria juntou seus pares e
representantes de entidades locais para
homenagear os corretores de seguros
ESPECIAL RISCOS FINANCEIROS
RISCOS CIBERNÉTICOS
Ataques a seguradoras
e outras empresas
mostram que a
segurança dos
dados deve ser uma
preocupação frequente
entre os administradores.
A transparência em caso
de ataque é fundamental
para manter a confiança
dos steakholders
>> PÁG. 36
30 responsabilidade civil
Os produtos de D&O e E&O
ganharam notoriedade especial
durante a pandemia, por conta das
possibilidades de responsabilização
por atos de executivos e profissionais
liberais. Por terem cauda longa, os
sinistros ainda podem demorar um
pouco a surgir
38 mundo tech
Os artigos assinados são de responsabilidade
exclusiva de seus autores, não representando,
necessariamente, a opinião desta revista.
4
PAINEL
regulador
Nova lista de aprovados
A Susep divulgou a lista das empresas autorizadas
para atuar na 2a. edição do Sandbox. O Sandbox Regulatório
é um ambiente experimental constituído com
condições especiais, limitadas e exclusivas, e busca re-
duzir barreiras a novos entrantes. O ambiente tem como
objetivo reduzir os custos e facilitar os processos para os
consumidores, com foco na melhoria da experiência do
usuário.
EMPRESA
Clubfix
Darwin
Finx
Fulô
InnTech
Inteligente
Justos
LTI
Mee
Modelo
LINHAS DE NEGÓCIO
Celular
Autos: passeio
Microsseguros de danos
para pequeno empreendedor
Celular | Bicicletas
Agrícola: soja
Autos: passeio
Autos: passeio
Autos: passeio
Bicicletas
Agrícola paramétrico: diversas colheitas
EMPRESA
Neo
Novo
NW
Oon Digital
Pet Seguros
Picsel
Rede
Rodoseg
TITI
Trocafone
Urbantech
LINHAS DE NEGÓCIO
Autos: passeio | Celular | Pets
Autos: passeio
Fiança locatícia
Autos: passeio
Pets
Agrícola: soja, milho e trigo
Fiança locatícia
Caminhões
Passagens aéreas e hotéis
Celular
Esportes | Fiança locatícia | Residencial
consumidor
estudo
Ouvidorias que resolvem
Em 2020 foram registradas cerca de 192 mil
demandas de ouvidorias por 105 empresas e grupos
seguradores, que representaram mais de 89% do valor
de prêmios arrecadados entre as associadas da CNseg.
Os números constam do Relatório de Atividades das
Ouvidorias do Setor de Seguros 2020, lançado recentemente
pela CNseg
(Confederação Nacional
das Seguradoras).
Das 60.551 demandas
registradas no
Sistema Coletor de Dados
das Ouvidorias com
repercussão em outras
instâncias, 98% foram finalizadas
sem repercussão em ações judiciais e 99,7%
sem repercussão em multas aplicadas pelos Procons.
Além disso, das 14.597 encaminhadas pela Susep, apenas
em 74 casos os consumidores retornaram à autarquia
requerendo a abertura de um Procedimento de
Atendimento ao Cliente. E, destes 74 casos, apenas 25
se converteram em processos administrativos.
8º em potencial
de consumo
O Brasil permanece
como o 8º país
com maior potencial
para crescimento do
setor segurador pelo
terceiro ano consecutivo, segundo o “Índice Global de
Potencial Segurador” (GIP), desenvolvido pela Mapfre
Economics, área do Grupo dedicada a pesquisas e análises
sobre seguros, previdência, macroeconomia e finanças.
No ranking, que analisou 96 mercados, o País
sustentou o oitavo lugar nos segmentos Vida e Não
Vida, mantendo-se estável em relação ao levantamento
anterior, divulgado em outubro de 2020.
“O GIP mostra que, além de seu valor social de
proteção às pessoas, patrimônios e empresas, o seguro
tem um peso específico nas economias, tanto nas
desenvolvidas como nas emergentes. E mesmo diante
de tantas adversidades causadas pela pandemia, o
Brasil sustentou seu grande potencial para o desenvolvimento
do mercado segurador”, comenta Fernando
Pérez-Serrabona, CEO da Mapfre Brasil.
6
PAINEL
mobilidade
Joint venture para assinatura de veículos
A Porto Seguro e a
empresa de energia e logística
Cosan anunciaram a formação
de uma joint venture
de assinatura de veículos e
de gestão de frotas, com a
crescente aposta de ambas em mobilidade urbana.
A joint venture terá participação de 50% de cada
sócia, com a seguradora participando do negócio por
meio de sua unidade Carro Fácil, que já atua em assinatura
de veículos. A Cosan vai aportar cerca de 300 milhões
de reais na parceria.
Criado em 2016, o Carro Fácil, serviço de assinaturas
de carros zero quilômetro, tem crescido mais de
50% ao ano, e atualmente tem uma base de quase 10
mil clientes, disse o presidente-executivo da Porto Seguro,
Roberto Santos.
O negócio com a Cosan manterá foco atual na
assinatura de veículos leves da Carro Fácil, que vende
planos de 12 a 24 meses, com preços mensais de 1,7 mil
a 5 mil reais.
mobilidade 2
Tecnologia para criar novas soluções
A Ituran Brasil anunciou uma parceria estratégica
com a startup de mobilidade urbana de carsharing
e carpooling MobLab, formando uma joint venture
voltada na implementação de soluções tecnológicas
de mobilidade, a IturanMob.
“Com a retomada
econômica no pós-pandemia,
soluções de mobilidade
ganharão mais
espaço dentro de um
novo modelo que ofereça
elevado nível de conforto,
maximização de ocupação dos veículos e segurança”,
destacou o CEO da Ituran Brasil, Amit Louzon.
A joint venture unirá a tecnologia de hardware
e software das duas empresas para oferecer diferentes
soluções de carsharing e carpooling ao mercado.
Inicialmente, o foco será o mercado B2B (locadoras e
frotas empresariais), mas em breve a nova empresa
terá iniciativas para o mercado B2C, como compartilhamento
de carro próprio e outras soluções.
evento
Inscrições abertas para o Congresso
Brasileiro de Corretores de Seguros
A Fenacor informa
que o hotsite do 22º Congresso
Brasileiro dos Corretores
de Seguros e da 21ª
Exposeg está aberto para
inscrições desde o dia 16 de novembro.
O 22º Congresso Brasileiro dos Corretores de Seguros
será realizado Royal Palm Plaza Resort, localizado
em Campinas (SP). Por medida de segurança e para garantir
maior tranquilidade aos congressistas, o número
de participantes será limitado a 3 mil pessoas, o que representa
50% da capacidade do local escolhido para o
Congresso.
Por essa razão, a Fenacor recomenda que os corretores
garantam sua presença o quanto antes através
do seu Sincor ou assim que forem abertas as inscrições
no hotsite.
educação
Concurso de produção acadêmica
A ENS (Escola de Negócios e Seguros)
e a PUC-Rio (Pontifícia Universidade
Católica do Rio de Janeiro) desenvolveram
mais uma importante iniciativa,
fruto da parceria estabelecida pelas instituições
em julho passado: o Concurso
ENS/PUC-Rio de Artigos Acadêmicos em Seguros.
Com abrangência nacional e voltado a pesquisadores,
ligados ou não a programas de pós-graduação,
o concurso tem como objetivo divulgar e promover o
conhecimento e a educação do seguro em todo o País.
Poderão participar papers de cunho teórico e estudos
de caso ou bibliográficos, desde que sejam inéditos
(não publicados em revistas científicas ou em livros) e
não tenham sido inscritos em outros concursos.
Os trabalhos deverão abordar um dos subtemas
previstos nas quatro categorias do concurso, que, como
forma de homenagem, receberam o nome de importantes
personalidades do setor: “Regulação do Mercado
(Prêmio Marco Antonio Rossi)”, “Direito do Seguro e
Resseguro (Prêmio Robert Bittar)”, “Tecnologia e Inovação
em Seguros (Prêmio Andrea Levy)” e “Capitalização”
(Mário Petrelli).
8
gente
IMPORTANTE CONSELHEIRO
A Wiz Soluções
(WIZS3) elegeu como novo
membro titular e presidente
do Conselho de Administração
da Companhia
o economista Antonio
Cássio dos Santos. “Estou
muito satisfeito por agora
fazer parte da Wiz, que é tão dinâmica, inovadora,
moderna e tem proporcionado resultados significativos
aos parceiros, investidores e acionistas. Com
todos os conselheiros, equipe diretiva e colaboradores,
nós vamos somar expertises e esforços para
as melhores práticas de governança corporativa e
perenidade dos negócios”, enfatiza Antonio Cássio.
SERVIÇOS FINANCEIROS
O Conselho de Administração
do IRB Brasil RE
elegeu Willy Otto Jordan
Neto como novo o diretor
vice-presidente financeiro e
de Relações com Investidores
(CFO) da companhia. Em
Fato Relevante, a empresa
informou que Jordan assume tão logo esteja concluído
o processo de autorização prévia perante a
Susep.
ELEIÇÕES NOS SINCOR’S
André Thozeski foi
eleito presidente do Sincor-
RS, em pleito realizado no dia
29/10, para a gestão 2022-
2025.
O presidente do Sincor-PR,
Wilson Pereira, foi reeleito
para mais uma gestão
à frente da entidade.
“Queremos agradecer a todos que puderam
participar de alguma forma deste processo e nos
reconduzir, eu e toda a Diretoria, para mais quatro
anos à frente da nossa instituição”, disse.
LIDERANÇA NACIONAL
A Willis Towers Watson
anunciou a nomeação
de Eduardo Takahashi
como Country Líder para a
operação do Brasil. O executivo
possui mais de 27
anos de experiência no setor
de seguros, especializado
na consultoria personalizada e acompanhamento
de clientes com operações complexas em todo
o mundo.
REFORÇOS OPERACIONAIS
de dois reforços para a área.
Alex Ferreira assume como
diretor de Resseguros e
Luciano Scatamacchia é o
novo diretor executivo de
Operações.
BRASIS
A Alper Re, nova
divisão de resseguros da
Alper Consultoria em Seguros,
anunciou a contratação
A Brasilcap passa a
contar agora com uma diretoria
de Gestão de Riscos
e Controles Internos. Para
comandá-la, chega à companhia
Carlos Hamilton
Vasconcelos Araújo. A nova
diretoria terá, entre outras
responsabilidades, a criação de estratégias para gerir
os riscos corporativos inerentes ao mercado de capitalização.
Camilo Buzzi é o novo Diretor Comercial e de
Marketing da Brasilprev, para onde deve levar toda a
sua experiência de mais de 33 anos de mercado bancário,
atuando em posições estratégicas e de liderança
executiva.
10
ARTIGO
CONFITEC
A evolução da inspeção de riscos e
sinistros em três capítulos
Ricardo Stamato*
A
Confitec foi fundada em 2003. Naquele momento,
a inspeção de um local de risco para
contratar um seguro, ou após um sinistro, ainda
era feita de forma tradicional, manual.
Toda vez que surgia uma demanda, as seguradoras
convocavam - por email - um inspetor, que ia até o local,
com sua câmera e prancheta e preenchia as informações
à mão em um laudo padrão (que normalmente era o mesmo,
independentemente de se tratar de uma planta industrial
ou um restaurante, apenas para citar dois exemplos).
Depois, ao voltar para o escritório, lançava o laudo
em um arquivo de texto, no qual anexava as fotos e enviava
para a seguradora. Na seguradora, o gerenciamento
desses arquivos com os laudos também era um processo
que volta e meia mostrava suas vulnerabilidades.
Por falar em vulnerabilidades, é fácil perceber que
em todas as etapas deste processo havia risco de as informações
serem incompletas ou imprecisas ou de se perderem
no caminho, pois não havia meios de controlar ou
auditar as inspeções. Além disso, os custos eram elevados
e os prazos, dilatados.
DIGITALIZAÇÃO E AUTOMAÇÃO
Avançando no tempo, chegamos a 2016. Já tínhamos
conseguido desenvolver uma solução integrada
- iRisk - que permitia ao inspetor lançar todas as
informações no seu smartphone e enviar, dali mesmo,
do local da inspeção, para a seguradora, onde eram automaticamente
armazenadas no sistema.
Agora, o acionamento do inspetor já estava automatizado,
com todas as regras de inspeção categorizadas
por especializações, ramos, área de atuação de cada profissiona.
Além disso, o inspetor conseguia monitorar sua
fila de demandas e fazer todo o processo de uma forma
simples e muito mais segura, sem retrabalho ou a necessidade
de voltar para o escritório.
INSPEÇÃO REMOTA E AUTOINSPEÇÃO
E se fosse possível fazer a inspeção com a mesma
precisão, mas sem a necessidade de deslocamento do inspetor
para o local? E se o próprio segurado pudesse lançar
as informações no sistema, a partir do seu smartphone?
Para responder essas questões, começamos a desenvolver
uma versão autônoma do iRisk, nosso sistema
de inspeção em 2020. Com o isolamento causado pela
pandemia, o que antes era uma ideia interessante se tornou
uma solução urgente.
Com o iRisk Remote, que já está disponível no
celular de um grande número de inspetores, o laudo é
feito remotamente, sem a necessidade da sua presença
no local.
Por uma chamada de vídeo, o inspetor guia o
segurado e consegue, de onde estiver, capturar fotos e
vídeos do local de risco e preencher o laudo digital. Com
isso, é possível gerar uma redução significativa dos custos
operacionais e otimização do tempo da equipe, além
de agilizar todo o processo.
Todas as informações, imagens e vídeos são armazenadas
junto com a sua geolocalização, comprovando
o local do risco. O laudo é registrado automaticamente
no módulo principal do iRisk da seguradora.
NA PALMA DA MÃO, TAMBÉM DO SEGURADO
Ainda faltava responder uma pergunta: “e se o
próprio segurado pudesse fazer a inspeção?” Essa resposta
veio com o iRisk Autoinspeção. Com ele, o laudo
digital é feito pelo próprio segurado, na hora que for
mais conveniente, sem sequer ser necessária a instalação
de um aplicativo no celular. O cliente recebe um SMS e,
para iniciar a inspeção, só precisa clicar na mensagem.
A exemplo do iRisk Remote, a geolocalização
comprova o local e o momento em que as informações e
imagens foram geradas, aumentando a segurança e confiabilidade
dos dados.
O iRisk Autoinspeção é uma solução perfeita
para aumentar a segurança e ampliar o alcance de seguros
de baixo valor, como, por exemplo, o de bicicletas
e residências.
Já estamos preparando a continuação dessa história.
Ainda não podemos antecipar o que está a caminho,
mas uma coisa é certa: vamos seguir criando novidades
para simplificar, otimizar e
aumentar cada vez mais a segurança
e a confiabilidade das inspeções de
riscos e sinistros das seguradoras.
* RICARDO STAMATO
diretor da Confitec
11
CAPA
PLAMEV
Tecnologia garante saúde dos
animais de estimação brasileiros
COM TECNOLOGIA, EMPRESA
DEMOCRATIZA ACESSO A SAÚDE
PET, COM PLANOS MODULARES E
REEMBOLSO PARA CONSULTAS E
EXAMES NO BRASIL E NO EXTERIOR
Criada com o propósito de incentivar
exames preventivos e evitar a
morte precoce de animais de estimação,
a Plamev Pet aposta no mercado
segurador para ampliar sua atuação.
A plataforma de soluções e serviços em
saúde para pet anunciou, em setembro,
uma parceria com a Alper, uma das maiores
corretoras de seguros do Brasil.
“O mercado pet no Brasil deve
crescer mais de 13% este ano, depois
de um faturamento de R$ 40 bilhões em
2020”, destaca Pedro Svacina, CEO da Plamev
Pet. “Para oferecer os melhores serviços,
a Plamev Pet investiu em tecnologia
e tem ampliado a rede de clínicas veterinárias
parceiras em todo Brasil”.
A empresa nasceu como uma espécie
de cooperativa para custear exames,
consultas e outros serviços, em Aracajú
(SE). O veterinário Raphael Clímaco
teve a ideia após ver repetidos casos de
animais mortos por doenças que poderiam
ser tratadas, desde que o diagnóstico
ocorresse precocemente.
“O animal de estimação que faz
acompanhamento periódico, com exames
de rotina, tem a vida prolongada em
até três anos, em média, além de evitar
sofrimento por doenças que são tratáveis”,
explica Clímaco.
A ideia deu certo, mas foi preciso
investimentos para que o negócio pudesse
escalar e se tornar um Plano de
Saúde Pet.
A primeira rodada de aporte financeiro
veio do grupo empresarial mineiro
CTC Negócios e Participações S/A,
representado pelos sócios Henrique Tinti,
Pedro Svacina e Kyra
atual Diretor Financeiro, Getúlio Cavalcante e Samuel Ferreira, conselheiros
da Plamev Pet. Com investimento e todo o suporte tecnológico
trazido pelos investidores, a empresa estava pronta para
decolar, mas faltava um bom piloto, uma vez que os demais sócios já
ocupavam posições importantes em outras companhias do grupo.
Há cerca de três anos, Pedro Svacina deixou o cargo de vicepresidente
da operadora de telefonia Claro para empreender no
mercado pet.
Ele já procurava por algum segmento para atuar, quando,
após uma palestra que ministrou sobre expansão de negócios, foi
abordado pelo empresário Getúlio Cavalcante e pelo veterinário Raphael
Clímaco, que buscavam, na época, formas de profissionalizar
a associação de plano de saúde pet de Aracaju, hoje a Plamev Pet.
Svacina é executivo com mais de 20 anos no mercado de
telecomunicações, em que tecnologia, serviços e atendimento ao
consumidor são itens cruciais. O executivo comandou uma profissionalização
da companhia em 2019.
Em menos de dois anos, apesar da pandemia, transformou a
empresa regional do nordeste em uma companhia nacional e com
cobertura internacional, com foco em cães e gatos.
“Depois de um crescimento de 250% em plena pandemia,
percebemos que a companhia tinha fôlego para ir muito além de
uma regional, tínhamos a missão de aumentar em 3 anos a vida dos
peludinhos, então avançamos para todo o Brasil e passamos a ter
cobertura internacional”, afirma Svacina.
O universo pet, que já apresentava taxas de crescimento acima
da média do varejo e de serviços antes da pandemia, “explodiu
depois que cães e gatos viraram salvaguarda de distração e afeto
para crianças e adultos enclausurados”, diz.
Em julho deste ano, a empresa captou mais um investimento
do fundo da FIR Capital - Health Invest - Duxx, intermediado pela
VS1 Capital, especializada em M&A (fusões e aquisições), que acreditaram
no enorme potencial deste mercado.
12
“O potencial de crescimento é enorme, as famílias reconhecem
nos animais de estimação um companheiro para a vida que precisa
de cuidados, desta forma, acreditamos firmemente que o mercado
de seguro saúde pet terá crescimento e dimensão econômica equivalente
ao seguro saúde e odontológico humano e abre uma excelente
oportunidade de composição de carteira e distribuição para os corretores
de seguros”, afirma André Emrich, sócio-principal da FIR Capital.
TECNOLOGIA
A Plamev Pet investiu parte do aporte recebido em tecnologia,
ampliando a infraestrutura e a capacidade de trafegar dados. A
estratégia é oferecer, com eficiência, atendimento rápido e personalizado
para os clientes.
“Temos em nossa cultura a essência das startups, que conseguem,
de forma dinâmica, soluções criativas. A Plamev Pet tem condições
hoje de incluir, em instantes, novas coberturas, por exemplo,
ou customizar planos de saúde pet para atender a uma demanda do
cliente. Isso faz toda diferença para o negócio”, revela Svacina.
O executivo cita como exemplo o desenvolvimento do SOS
Pet, que oferece serviços ao pet como teleorientação 24h por dia,
consultas, auxílio funerário, check-up e auxílio de doenças graves. O
plano prevê ainda suporte ao tutor de pet caso fique desempregado,
pois a empresa custeia três meses de assistência ao pet.
“O plano de saúde pet precisa ser uma solução que facilite e
traga tranquilidade para o tutor de pet, mesmo nos momentos mais
difíceis da vida”, esclarece o CEO.
CRESCIMENTO DA REDE CREDENCIADA
Apesar do serviço de reembolso, um diferencial que permite
ao tutor do pet levar seu animal de estimação a qualquer veterinário,
a companhia tem investido no credenciamento de novas clínicas.
Já são mais de mil e duzentos locais especializados disponíveis
e, segundo a empresa, está em franca expansão.
O Brasil é um dos maiores mercados pet do mundo, segundo
a empresa de pesquisas de mercado Euromonitor International,
com mais de 140 milhões de animais de estimação, segundo a Associação
Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação
(Abinpet), demandando por ração, cuidados com limpeza,
adestramento e atendimento veterinário.
Pedro Svacina e Raphael Climaco
O CORRETOR COMO GRANDE
PARCEIRO
Os gestores da Plamev Pet destacam
a importância das grandes seguradoras
e corretores de seguros nesta
nova fase de expansão da companhia.
Comprometida com a inovação e com a
transparência, a empresa tem trabalhado
grandes parcerias nesse segmento, com
um portfólio de produtos que atende o
público consumidor B2C e também empresas
que têm como target o consumidor
final B2B e B2B2C.
“A credibilidade do mercado segurador,
representado sempre pelos corretores
e seguradoras que, lá na ponta, dão
suporte aos segurados quando estão em
apuros, tem tudo a ver com o negócio
que desenhamos e estamos prontos para
entregar”, diz Svacina.
SERVIÇOS DE SAÚDE DA PLAMEV PET
Os planos de saúde para animais
de estimação da Plamev Pet custam entre
R$ 14,99 e R$ 404,94, dependendo da cobertura.
Há ainda a possibilidade de customizar
planos para filhotes.
No caso do reembolso, em que o
tutor escolhe a clínica que quer levar o
pet, mesmo que não seja credenciada da
Plamev Pet, a cobertura vai variar, dependendo
do plano: vai de R$ 40 e R$ 5.000.
O prazo do reembolso é de até 7 dias.
“Com planos e serviços que ajudam
tutores a dar melhor qualidade
de vida para os pets, nossa meta é ser a
maior operadora de saúde pet do Brasil
até 2023”, planeja Svacina.
A estratégia para este objetivo
ambicioso é trabalhar de braços dados
com os corretores, clientes e veterinários,
criando um ecossistema perfeito, tendo
sempre o pet como o foco.
“Cuidando mais e melhor dos
pets, todos saem ganhando, e o plano
de saúde, tal qual nos humanos, garante
que os tutores tenham condições de fazer
o melhor para seus peludinhos sem
surpresas na conta e os veterinários podem
dar o máximo de tratamento viável
para garantir a saúde dos companheiros
inseparáveis dos humanos”, comenta
Svacina.
13
EVENTO
BR INFINITE
Campanha para homenagear o corretor de
seguros brasileiro
ASSESSORIA DE SEGUROS BR
INFINITE REUNIU PARCEIROS DE
NEGÓCIOS E CONGÊNERES PARA
TRABALHAR A VALORIZAÇÃO DOS
PROFISSIONAIS DE INTERMEDIAÇÃO
Os corretores de seguros são a
força do mercado. São eles que
fazem o primeiro contato com o
cliente, buscando saber suas necessidades
e oferecendo um serviço mais adequado.
Nenhuma empresa faz sucesso
no mercado de seguros sem a participação
ativa do corretor.
O reconhecimento pelos esforços
desses profissionais só ganhou mais destaque
quando, durante o I Encontro Mundial
dos Corretores de Seguros, ocorrido
em 1970, na Argentina, ficou decidido
que todo dia 12 de outubro seria celebrado
o Dia do Corretor de Seguros.
Segundo dados da Fenacor - Federação
Nacional dos Corretores de Seguros
- o Brasil tem 93.859 corretores de
seguros. Desses, 49.558 são pessoas físi-
Pedro Cézar, Regina Cézar e Jeremias Cézar
cas e 44.301, pessoas jurídicas. Na região Centro Oeste eles são um
pouco mais de 6 mil no total, com predominância de quase 65%
do sexo masculino.
Pensando em uma forma de homenageá-los, a BR Infinite Assessoria
decidiu reunir seguradoras, assessorias e entidades do mercado
de seguros, na região de Brasília, para celebrar esse momento,
vestindo a camiseta em sinal da valorização, reconhecimento e importância
do corretor de seguros.
Segundo o diretor de marketing, João Carlos Rodrigues de
Souza, a estratégia adotada foi dividida em três etapas: primeiro foi
feito um trabalho com todos os corretores cadastrados na BR Infinite,
com premiações e brindes, além das mensagens que cada gerente
comercial enviava. A segunda etapa foi movimentar o mercado
em prol desse reconhecimento. Para isso, foi organizado um Happy
Brunch e enviado convite para todas as assessorias de Brasília, bem
como às seguradoras parceiras da BR Infinite e entidades ligadas ao
mercado, como Fenacor, Sincor/DF, CESB e ENS.
No encontro, todos foram convidados a vestir uma camiseta
com a seguinte frase: “seguro com corretor é mais seguro”. Deixando
claro o importante e exclusivo papel que cada corretor de seguros
representa para o setor.
14
Nas palavras da coordenadora da Escola Nacional de Seguros
(ENS), Rosiane Rocha, “o evento foi muito importante porque, além
da homenagem, permitiu rever amigos e parceiros depois de um
longo período de pandemia”.
Uma questão importante foi levantada: vale a pena uma empresa
cooperar com outras organizações ou com concorrentes? A
maioria dos gestores costumam apresentar, em grande parte do
tempo, um comportamento individualista, e até mesmo egoísta, o
que não quer dizer que não possam ser altruístas, mas este comportamento
é mais raro de ocorrer naturalmente.
“Foi uma excelente iniciativa dos nossos pares da Br Infinite
Assessoria. É inspirador ver a valorização dos profissionais corretores
de seguros”, afirmou Enir Junker, diretora executiva da Junker
Assessoria.
“A atividade do corretor de seguros é muito valiosa para todas
as seguradoras e as assessorias, pois facilita a conexão com o
segurado, servindo como uma ponte para que todos os envolvidos
sejam beneficiados e atinjam seus objetivos. Muitos são os motivos
pelos quais devemos agradecer o trabalho que os corretores de seguros
desempenham. Eles zelam pelos clientes com profissionalismo,
responsabilidade e excelência. Eles são os protagonistas e nossa
assessoria é um apoio para que seus negócios nunca parem de
crescer”, afirmou o executivo da BR Infinite, Jeremias Cézar.
A ação causou um impacto positivo no mercado. Mensagens
e ligações foram feitas parabenizando a iniciativa em prol da valorização
do corretor de seguros. No final do mês de outubro, foi feito
um Happy Hour com corretores que vestiram a camiseta para celebrar
o momento com chave de ouro.
“Eventos e iniciativas desse porte, normalmente, são feitos
por seguradoras ou sindicatos. Não me lembro de uma assessoria
ter feito algo nesse sentido. Obtivemos ótimos feedbacks e já estamos
avaliando a possibilidade de fazer o mesmo em todos os estados
onde atuamos. Sou muito grato por tudo que esse mercado
proporcionou à minha família. Quero que outras famílias tenham o
mesmo orgulho que tenho por trabalhar neste setor”, revelou Pedro
Cézar, diretor de operações da BR Infinite.
Executivos de assessorias e líderes do mercado de seguros
"A BR Infinite não imagina o quão
importante foi esse evento para o mercado
de seguros de Brasília. Essa iniciativa
marca um novo momento. O que a BR Infinite
começou será continuado por todos
nós. Essa camiseta é de todo profissional
comprometido com o mercado de seguros
e deve ser vestida por todos nós."
Regina Lacerda, presidente do Clube
das Executivas de Seguros de
Brasília (CESB).
Nas palavras do Vice-Presidente
de Marketing da Fenacor, Dorival Alves
de Sousa, fica expresso todo reconhecimento,
por parte dos profissionais do
mercado, pela iniciativa da Assessoria:
“Parabéns a toda equipe da BR Infinite
Assessoria pela campanha lançada no
Distrito Federal em prol da valorização do
profissional corretor de seguros”.
A BR Infinite reconhece e valoriza
as seguradoras parceiras por
possibilitarem um crescimento
constante da assessoria:
Ezze
Mitsui Sumitomo
Sompo
Suhai
Tokio Marine
15
PÓS-PANDEMIA
PREVIDÊNCIA PRIVADA
O que o consumidor espera
dos novos planos
MOVIMENTOS REALIZADOS POR
PESSOAS QUE POSSUEM PLANOS
DE PREVIDÊNCIA DEMONSTRA A
NECESSIDADE DO SETOR DE ESTAR
MAIS PRÓXIMO AOS CONSUMIDORES
Kelly Lubiato
A
avaliação do mercado de previdência
privada pelo consumidor
de seguros é a segunda
pior de todos os setores do mercado.
Segundo a pesquisa NPS Prism, realizada
pela consultoria Bain & Company,
o resultado para previdência privada é
16, demonstrando uma grande distância
para o seguro auto, por exemplo,
que possui NPS de 48, e para vida, que
está na casa de 29. Esta pesquisa, lançada
em 2020, foi realizada com mais
de 42 mil respondentes e abordou, entre
seus temas, as razões pelas quais as
pessoas contratavam ou não um plano
de previdência privada.
De acordo com Luiza Mattos, sócia
da Bain & Company, o bom atendimento
e a confiança na marca são motivos que
levam os consumidores a adquirir planos.
“O NPS é um termômetro do momento. O
patamar da previdência é muito diferente
de outros produtos”, enfatiza a especialista
em Customer Experience. É importante
ressaltar que a previdência compete
com outros tipos de investimento e os
players tentam oferecer produtos com
características semelhantes, com proteção
de renda no futuro.
Este é um mercado em que há
espaço para se reinventar e a empresas
devem se questionar se elas estão oferecendo
realmente uma solução para a
dor do cliente. “Com a possibilidade de
portabilidade é preciso oferecer mais do
16
O bom atendimento e a
confiança na marca são
motivos que levam os
consumidores a adquirir
planos. O NPS é um
termômetro do momento.
O patamar da previdência
é muito diferente de outros
produtos”
LUIZA MATTOS, da Bain & Company
que uma boa experiência de contratação,
de engajamento, mas também ter um
produto que atenda as expectativas dos
clientes”, ressalta Luiza.
Em outro ponto da pesquisa para
identificar promotores e detratores das
marcas, a pergunta é por que as pessoas
deixam de contribuir com os planos
de previdência. A falta de dinheiro e a
percepção de que o produto não é mais
necessário são as causas que lideram a
pesquisa.
17
PÓS-PANDEMIA
PREVIDÊNCIA PRIVADA
Motivos para compra focam confiança,
atendimento e preço
Motivos para cancelamento são monetários,
além da falta de necessidade
Fonte: Bain & Company
Fonte: Bain & Company
Leonardo Coelho, vice presidente
executivo de Health & Retirement Solutions
da AON, lembra que os planos
de previdência sempre tiveram papel
importante na atração e retenção de
talentos, além da projeção de futuro e
como a empresa que concede o benefício
é vista entre seus concorrentes.
“Este mercado vem se transformando
desde antes da pandemia, mas vieram
alguns elementos adicionais a partir de
2020, principalmente relacionados aos
resgates e à possibilidade das empresas
interromperem as contribuições neste
período”.
Entretanto, ele acredita que a
maior transformação é a queda dos planos
de benefício definido, que geram
mais riscos para os seguradores em termos
de impactos atuariais. A maioria dos
planos comercializados, 70% do mercado,
é de contribuição definida. Coelho
cita dados da pesquisa de benefícios realizada
pela AON.
Uma mudança identificada nos
planos atuais diz respeito às regras do
vesting, que é o acesso ao saldo para
quem trabalhou em uma empresa por
determinado período. “Na pesquisa de
2019, o vesting era de 6 anos. Em 2015 o
prazo era de 10 anos. Percebemos que as
empresas flexibilizam esta regra de acesso
aos recursos em busca de mais competitividade
na aquisição e retenção de
talentos”, reflete Coelho.
A maioria das empresas conseguiu,
junto às seguradoras, flexibilizar a
sua contribuição e do colaborador, durante
o período de pandemia. Estas medidas
foram necessárias para garantir a
continuidade dos contratos e a saúde
financeira das empresas.
“O plano de previdência, cada
vez mais, se assemelha a uma estratégia
de investimento”, aponta Coelho. A previdência
privada deixou de ser algo intangível
(mesmo no campo corporativo),
com mais dinamismo nas regras de vesting
e com mais características de produtos
de investimentos, com maior oferta
de fundos e opções dinâmicas.
Segundo Coelho, o maior desafio
é ampliar a adoção da previdência
18
privada como benefício estratégico para as empresas. Ele destaca
que a previdência privada bem estruturada oferece benefícios
fiscais e tributários para as empresas e seus colaboradores.
É preciso também romper a barreira de que previdência privada
é um produto apenas para grandes corporações. O futuro está
nas PME’s, principalmente com o novo movimento organizacional
de startups, com modelos tecnológicos mais avançados,
e-commerce etc.
NA GARUPA DA PANDEMIA
Em um período em que as pessoas necessitavam cortar
absurdamente seus gastos, as contribuições com a previdência
privada acabaram entrando neste balaio. Rodrigo Borges, superintendente
Comercial Vida, Previdência e Ramos Elementares na Seguros
Unimed, afirma que no momento mais crítico da pandemia,
os investidores da previdência privada suspenderam suas contribuições
e aportes, tendo em vista o impacto da crise na renda e
no orçamento familiar. “Naquele momento, os resgates também
aumentaram, mostrando que as pessoas realmente foram impactadas
em seus rendimentos mensais”.
Foi uma experiência comum ao mercado. A arrecadação
de prêmios e contribuições em 2020, de acordo com dados da
Fenaprevi, ficou na casa de R$ 124,3 bilhões, contra R$126,4 bilhões
de 2019; em 2020, os resgates somaram R$ 82,5 bilhões,
ante R$ 70,9 bilhões em 2019. Para 2021 as expectativas são
melhores. “Quando as condições econômicas e de renda estiverem
mais favoráveis, poderemos ver maior volume de recursos
direcionados para as modalidades PGBL e VGBL”, prevê Borges.
Entretanto, segundo dados da própria Fenaprevi, os resgates de
janeiro a julho de 2021 foram 23% maiores, em relação ao mesmo
período de 2020.
“O movimento de recuperação ganhou mais força no segundo
semestre deste ano, com novos clientes e valores mais
expressivos de contribuições e aportes. Para 2022, a expectativa
é de uma recuperação ainda mais intensa e que deve superar
o ano de 2019 (pré-pandemia)”, declara o executivo da Seguros
Unimed.
O diretor de Vida e Previdência da SulAmérica Victor Bernardes,
afirma que verifica um maior número de pessoas procurando
se proteger da volatilidade observada no mercado ao migrarem
suas reservas para fundos com estratégias mais conservadoras. “O
movimento de elevação da taxa básica de juros trouxe de volta a
atratividade desse tipo de investimento. Vemos que há uma conscientização
mais generalizada entre os brasileiros quanto à importância
de constituir uma reserva financeira, sendo a previdência o
instrumento ideal de poupança para o longo prazo”. Ele acredita
que um dos motivos é que as pessoas tendem a refletir sobre os
piores cenários em momentos de crise, e em possíveis situações
críticas. “Por isso, é natural passarem a pensar em um plano de previdência
privada para organizar o presente e planejar o futuro. Por
essa razão, é importante começar a investir parte de seus ganhos e
separar dinheiro para a previdência privada o quanto antes”, pondera
Bernardes.
LEONARDO COELHO,
da AON
TECNOLOGIA E ASG
A sociedade viu a tecnologia fazer
avançar a forma como nos comunicamos
durante a pandemia. Os clientes buscaram
as facilidades para acompanhar seus
investimentos em previdência, com serviços
que podem ser atendidos por um
aplicativo no smartphone, por exemplo.
“Nossos clientes já podem utilizar algumas
funcionalidades para a previdência
dentro do nosso Super APP (Seguros
Unimed) e estamos atentos para esse
movimento e envolvidos em um amplo
RODRIGO BORGES,
da Seguros Unimed
19
PÓS-PANDEMIA
PREVIDÊNCIA PRIVADA
VICTOR BERNARDES,
da SulAmérica
projeto para oferecer cada vez mais serviços
digitais”, ressalta Borges, da Seguros
Unimed, e continua: a proposta é colocar
a previdência na palma da mão.
Na SulAmérica, o exemplo é o
SOSPrev, uma assistência financeira
da SulAmérica com melhores condições
de crédito para quem investe em
previdência. Bernardes explica que o
produto tem linha de crédito para os
participantes dos planos PGBL e VGBL
elegíveis à contratação de empréstimo.
“O valor máximo para contratação,
RODRIGO NEVES,
da Onze
que é feita 100% online na área logada do cliente, é de até 50%
do valor da reserva, com uma taxa de 1,5% ao mês, sem análise
de crédito e risco zero de negativação. O objetivo da assistência
é apoiar nossos clientes em momentos de emergência pontual,
preservando suas reservas. É mais uma forma de cuidar da saúde
financeira das pessoas, visando garantir o futuro”, acrescenta o
executivo da SulAmérica.
Agilidade e engajamento é o que os novos consumidores
procuram. Não basta mais os fundos de investimento serem rentáveis,
eles precisam ter propósito. “Os consumidores, inclusive de serviços
financeiros, estão cada vez mais sensíveis para as questões que
envolvam o meio ambiente, responsabilidade social e boas práticas
de governança. O Brasil vem amadurecendo a cada dia os conceitos
de ASG e será um caminho natural para todos os segmentos da economia.
Com previdência privada não será diferente”, avalia Borges.
A perspectiva das novidades de produtos é que eles possibilitam
aos clientes uma maior diversificação de investimentos nos planos
de previdência, além de viabilizar um planejamento financeiro mais
sustentável. “São fundos democráticos e interessantes para o pequeno
investidor e também para quem tem um recurso maior para
investir, o que possibilita oferecer opções para que clientes de diferentes
perfis fortaleçam ainda mais sua saúde financeira”, completa
Bernardes.
TECNOLOGIA EM PREVIDÊNCIA
A distribuição dos produtos de previdência privada complementar
já chegou à palma da mão dos consumidores. A Onze é uma
fintech direcionada aos produtos desta carteira, com uma jornada
positiva para o consumidor e um custo operacional baixo ou zerado
para as empresas.
“As empresas viram em nós a oportunidade de gerar fluxo
operacional e engajamento dos funcionários com o benefício. Para
as empresas pequenas, significa o acesso a um benefício sem custo
operacional”, explica Rodrigo Neves, COO da Onze.
A seguradora parceira é a Zurich, presente no APP para clientes
corporativos. A prevtech deve expandir seus negócios em breve
para os clientes individuais também.
A Onze é uma combinação de dois modelos: é uma corretora
autorizada pela Susep, que pode distribuir planos, e também é uma
gestora independente de fundos próprios.
Com um ano de operação, o principal diferencial da Onze é
oferecer serviço e agilidade, levando em conta os dados da pesquisa
de satisfação com a previdência privada. “Boa parte do que nos
levou a criar a Onze foi o GAP de possibilidade de contratação digital
no ambiente corporativo e, ao mesmo tempo, temos o nosso
propósito: sabemos que mais de 80% dos brasileiros dependem da
previdência social. O benefício ‘de verdade’ permite à empresa contribuir
para o futuro melhor dos colaboradores. É um instrumento de
inclusão social”, pontua Neves.
A transparência também é um ponto de destaque no aplicativo.
A maioria das pessoas não sabem qual é a taxa de administração
dos planos escolhidos e não sabem quanto rende, muito menos em
que fundo está. “É uma caixa preta”.
22
CONECTE-SE AOS NOSSOS
CANAIS ONLINE
16,6 mil
seguidores
revista apólice
revistaapolice.com.br
instagram.com/revista_apolice
22 mil
seguidores
12 mil seguidores
linkedin.com/apolice
twitter.com/revistaapolice
1,6 mi de visualizações em 2021
www.revistaapolice.com.br
Newsletter • 20 mil e-mails cadastrados
(disparo 2 x semana)
ESPECIAL RISCOS FINANCEIROS
SEGURO GARANTIA
Vai dar pé
em 2022?
EMBORA AINDA TÍMIDO E OSCILANTE,
O CRESCIMENTO DO SEGURO
GARANTIA É FRANCAMENTE
PERCEPTÍVEL, MESMO DIANTE DO
CENÁRIO ADVERSO DA ECONOMIA
E DO RECUO DOS CONTRATOS DE
INFRAESTRUTURA NOS ÚLTIMOS
DOIS ANOS. MAS A CARTEIRA,
ENSAIA UMA RETOMADA EXPRESSIVA
FIANDO-SE NO CUMPRIMENTO DE
UM VATICÍNIO: A CONCRETIZAÇÃO
DE INVESTIMENTOS BILIONÁRIOS
EM OBRAS PELO PAÍS AFORA. A
INDÚSTRIA SECURITÁRIA ESTÁ
CONFIANTE
André Felipe de Lima
24
Os quase dois anos de pandemia
impuseram um freio aos investimentos
em infraestrutura que
impactou diretamente nas garantias
tradicionais existentes no mercado. Em
contrapartida, o seguro garantia judicial
expandiu-se significativamente no
mesmo período. Esta carteira é acionada
por pessoas jurídicas que necessitem
garantir processos judiciais, sejam estes
no âmbito cível, trabalhista, tributário
ou de qualquer outra natureza. Sempre
e quando a empresa for demandada a
apresentar uma garantia no curso do
processo, ela poderá se utilizar o seguro
garantia judicial como forma de caução
processual. “Adicionalmente, considerando
as alterações legais e normativas
ocorridas ao longo dos últimos anos, o
seguro garantia judicial também pode
ser utilizado para substituir outras formas
de garantia, a exemplo de fiança
bancária e mesmo dinheiro, que estejam
garantindo o respectivo processo
judicial. Dentre outros muitos benefícios
do seguro garantia judicial, podemos
destacar a agilidade na contratação, a
menor onerosidade quando comparado
a outras formas de garantia, bem como
o fato de não tomar limite de crédito do
tomador (empresa que necessita apresentar
a garantia) frente às instituições
financeiras”, assinala vice-presidente da
Junto Seguros, Roque de Holanda Melo.
Como reforça o executivo, a carteira
mostrou-se resiliente nos períodos
mais críticos da pandemia, como por
exemplo, em volume de prêmio. “O ramo
de garantia fechou o ano de 2020 com
um crescimento de 8% em comparação
com o ano anterior. Para 2021, apesar de
os números até agosto sinalizarem um
decréscimo em relação ao ano anterior,
as expectativas continuam positivas, no
sentido de que teremos mais um ano de
crescimento do setor”, prevê o executivo,
apontando, inclusive, que a estimativa
do mercado é de que a parte mais relevante
desses números, ou seja, acima de
80%, esteja concentrada em garantias
judiciais.
25
ESPECIAL RISCOS FINANCEIROS
SEGURO GARANTIA
Dentre outros muitos benefícios do seguro
garantia judicial, podemos destacar a agilidade
na contratação, a menor onerosidade quando
comparado a outras formas de garantia, bem
como o fato de não tomar limite de crédito do
tomador (empresa que necessita apresentar a
garantia) frente às instituições financeiras”
ROQUE DE HOLANDA MELO, da Junto
O impacto inicial da pandemia afetou,
entretanto, a velocidade nos julgamentos
do Poder Judiciário, mas a Justiça
– explica o CEO da Merit Seguros, Sergio
Fasolari - não pode esperar porque prazos
devem ser cumpridos. “Houve um aumento
na demanda pelas substituições
de depósitos feitos em dinheiro pelas
apólices. Os empresários recorreram às
garantias judiciais para resgatar esses depósitos
para melhorar o capital de giro”,
ressalta Fasolari. Entretanto, continua ele,
o Relatório do Conselho Nacional de Justiça
(CNJ) mostra que o Poder Judiciário
fechou o ano de 2020 com 75,4 milhões
SERGIO FASOLARI,
da Merit
de processos em tramitação. “O volume é dois milhões menor em
relação ao final de 2019, o que representa a maior redução na série
histórica, desde quando se iniciou o relatório, em 2009. Os números
apontam também que em 2020 foram ajuizados 25,8 milhões de novos
processos, ou seja, 14,5% a menos do que em 2019”, compara.
A ampla aplicabilidade do seguro garantia foi exaltada pela
CEO da Ombrello Seguros, Maria Luiza Mello. Para a executiva, a crise
econômica em decorrência da pandemia do coronavírus deu fôlego
ao debate relacionado ao uso do seguro garantia judicial em substituição
ao depósito efetivado por empresas privadas em ações judiciais.
Isto porque, através da substituição de valores depositados em
juízo por seguro garantia, as empresas podem reaver importantes
valores ao seu fluxo de caixa e garantir a continuidade das suas operações.
“O apoio do judiciário à utilização deste instrumento também
está contribuindo para um crescimento exponencial do seguro
garantia judicial no Brasil. Em outubro de 2019, o Conselho Superior
da Justiça do Trabalho, o TST e a Corregedoria-Geral da Justiça do
Trabalho publicaram o ato conjunto 1, regulando o uso do seguro
garantia judicial em substituição ao depósito recursal e para garantia
da execução trabalhista”, recorda Maria Luiza.
Segundo Melo, da Junto Seguros, a soma de fatores justificam
o constante crescimento na utilização do seguro garantia judicial,
dentre as quais pode-se citar a utilização cada vez maior por
parte das empresas que já conhecem o produto, inclusive para substituição
de valores anteriormente garantidos mediante depósitos judiciais,
bem como o fato de que cada vez mais empresas estão se utilizando
dessa forma de garantia para resguardar processos judiciais.
“Trata-se, à toda vista, de um movimento crescente de popularização
dessa forma de garantia que há poucos anos era desconhecida
pela maioria das empresas e que hoje representa a forma de garantia
mais utilizada, também para cobrir processos judiciais”, diz Melo.
Para Maria Luiza Mello, a garantia judicial proporciona um
“oxigênio financeiro” importante para as empresas de todos os
portes no enfrentamento dos desafios econômicos atuais. “As empresas
de pequeno e médio porte estão começando a conhecer
26
este instrumento e entender que não precisam mais deixar dinheiro
preso em processos ou sofrer penhora de bens, liberando assim
o fluxo de caixa para suas operações. Mesmo tendo um menor
número de processos judiciais, as empresas pequenas e médias
sofrem grandes impactos financeiros ao precisar dispor de valores
da sua operação para fazer depósitos judiciais, ficando com esse
dinheiro preso, muitas vezes, por anos. A liberação do fluxo de caixa
para essas empresas é crucial para a manutenção da sua saúde
financeira”, explica a especialista.
Outro viés, entretanto, precisa ser destacado, segundo Fasolari,
para quem, embora o seguro garantia judicial permita às empresas
protegerem o capital de giro diante do Poder Judiciário quando das
exigências dos depósitos em juízo, o produto ainda não é acessível às
empresas de todos os portes. A tendência de médio prazo – defende
o especialista - é que, face à competitividade entre as seguradoras e
resseguradoras, surgirão novos players de mercado para atender o
“middle market” e mais adiante às pequenas empresas. “Este planejamento
se faz necessário porque o seguro garantia judicial é um
produto relativamente novo e pelo fato de terem vigências de no
mínimo dois anos ainda não há um histórico do índice de sinistro x
prêmio. Portanto torna-se mais difícil definir o risco com precisão. Daí
a razão da cautela das seguradoras e resseguradoras em torná-lo disponível
para todos os portes em empresa”, pondera Fasolari.
RETENDEDO RECURSOS
O fato é que o seguro garantia judicial, como o mercado de
seguros em geral, vem contribuindo para equilibrar a alocação de
capital das empresas, sobretudo em um tempo tão bicudo e repleto
de adversidades. Maria Luiza Mello reforça, por exemplo, que a
opção de seguro garantia evita outros tipos de caução que comprometem
o fluxo financeiro das empresas ou bloqueariam seus bens:
“Com isso, todos têm a ganhar, a economia se mantém aquecida
com empresas financeiramente saudáveis, mais empregos são mantidos,
o Poder Judiciário ganha mais celeridade no julgamento das
ações à medida que não é preciso paralisar os processos por falta de
recursos ou realizar penhoras e os autores dos processos têm seus
direitos garantidos.”
Roque de Holanda Melo cita como exemplo de contribuição
do seguro para esse equilíbrio o momento de apresentação
da garantia em que o tomador pode optar pelo seguro garantia
judicial ao invés de imobilizar o capital necessário para garantir o
processo, e isso a um custo bem menor quando comparado com
outras formas de garantia. Melo enumera também a possibilidade
de captação de recursos no momento em que o tomador se utiliza
do seguro garantia judicial para substituir valores já depositados judicialmente,
obtendo recurso antes imobilizado para aplicação em
sua empresa e, não menos importante, ante ao fato de que o seguro
garantia judicial não toma limite de crédito do tomador junto às instituições
financeiras, ao contrário do que ocorre com outras formas
de garantia como a fiança bancária.
Fasolari estende, porém, a importância do seguro garantia
judicial para o mercado de trabalho. “Se considerarmos que o
seguro garantia judicial protege o fluxo de caixa das empresas, a
MARIA LUIZA MELLO,
da Ombrello
aplicação das apólices pode liberar mais
investimentos para outras áreas, principalmente
para gerar mais empregos, aumentar
a capacidade de produção e dar
sobrevida às empresas em momentos de
crise. Muitas empresas, com o suporte de
seus advogados, estão revendo as formas
de garantias ofertadas nos processos judiciais
e substituindo-as por apólices”,
conta o executivo.
COMPENSANDO DÉFICIT EM
INFRAESTRUTURA
A redução de investimento em
infraestrutura nos últimos anos desaqueceu
as demandas por garantias tradicionais,
por outro prisma, porém, a expansão
do seguro garantia judicial vem
compensando esse recuo dos modelos
tradicionais de garantia. “O desaquecimento
no setor de infraestrutura é consequência
direta da redução de investimentos
ao longo dos últimos anos. Por
outro lado, no mesmo período, diversas
alterações legais e normativas acabaram
por consolidar a aceitação do seguro garantia
judicial, auxiliando no aumento da
demanda para esta modalidade de seguro
garantia. De toda forma, considerando
os leilões ocorridos ao longo de 2021,
bem como a expectativa de novas rodadas
para os próximos anos, assim como
as recentes alterações promovidas na Lei
27
ESPECIAL RISCOS FINANCEIROS
SEGURO GARANTIA
MARIANA CARVALHO,
da Probrokers
de Licitações, a expectativa de volume
de negócios relacionada ao setor começa
a dar sinais de reação”, sinaliza Roque
de Holanda Melo.
Mariana Carvalho, da Probrokers,
ressalta, no entanto, que o mercado de
seguros não é linear e que está em constante
mutação, sendo, assim, essencial
que se acompanhe suas atualizações.
As demandas de garantias licitantes e
de performance – prossegue Mariana
– reduziram-se, mas a progressiva liberação
das atividades e a retomada das
licitações por conta da imunização em
massa contra a covid-19, iniciaram uma
retomada: “Neste meio tempo, com certeza
a demanda de garantias judiciais
cresceu exponencialmente, e a notícia
boa é que elas tendem a crescer ainda
mais, independentemente da pandemia.
Isso porque, uma vez que as empresas
desenvolvam a consciência acerca
dos benefícios de se contratar o seguro
garantia judicial ao invés de realizar
depósitos judiciais, mesmo que voltem
a ter fluxo de caixa em abundância, dificilmente
irão deixar de contratar o
seguro. O seguro garantia judicial tem
taxas muito atrativas, funciona de forma
extremamente eficaz e gera um ganho
financeiro para as empresas que compensa,
mesmo no cenário mais promissor
da economia.”
DE OLHO NOS QUASE R$ 100 BI PREVISTOS EM
INFRAESTRUTURA
Embora estejamos em um período de recessão no mercado
mundial, há uma expectativa de que até dezembro haja um investimento
de cerca de 100 bilhões de reais em projetos de infraestrutura
no país. “O seguro tende a ocupar uma posição de protagonismo
na garantia de execução de projetos de infraestrutura. Com
o mercado mais amadurecido, as seguradoras já conseguem fazer
análises atuariais mais precisas que permitem a prática de preços
extremamente competitivos e sem a exigência de colaterais, como
comumente ocorre em fianças bancárias. Como o valor da garantia
acaba influenciando na composição do preço final em licitações,
é natural que as empresas licitantes procurem a alternativa com
melhor custo x benefício para garantir suas propostas e seus contratos.
Nesse cenário, o seguro garantia será a melhor opção na
maioria dos casos”, diz Mariana.
Segundo Fasolari, o mercado brasileiro de seguros tem que
estar em sintonia com o crescimento de obras para absorver os
grandes riscos de engenharia. “Quando o governo sinaliza com
investimentos, inicia-se um ciclo de confiança que é sempre bem-
-vindo”, afirma o executivo, ressalvando, porém, que as seguradoras
e resseguradoras têm um verniz muito conservador ao exigirem
do tomador da garantia um patrimônio líquido sempre alto. “O
critério adotado é rígido e seletivo, o que exclui muitas empresas
de médio porte de participarem diretamente do fluxo de investimento.
A solução para esta questão é usar com mais eficácia a tecnologia
da informação para que as análises de risco abordem parâmetros
mais qualitativos do tomador. A democratização do seguro
garantia no Brasil passa obrigatoriamente pela necessidade de um
reposicionamento das seguradoras e resseguradoras com relação
à concessão de limites de crédito.”
NOVA LEI DE LICITAÇÕES E NOVAS FRENTES
Pode-se afirmar que com a expectativa de retomada das
obras públicas, algumas medidas já começam a ser formuladas
para garantir a segurança dos investimentos? Segundo Fasolari, a
Lei 14.133, de 2020, não seria uma ruptura à lei anterior e, sim, um
aperfeiçoamento caracterizado por mais praticidade e adaptação
aos novos recursos tecnológicos. “A nova lei das licitações estabelece
que para obras acima de 200 milhões de reais aplica-se o step
in right, mecanismo que não é uma novidade no clausulado do
seguro garantia. Na verdade, o step in right dá o direito à seguradora
em se desincumbir da obrigação indenizatória no caso de
sinistro, cabendo a ela escolher novo fornecedor para a conclusão
do contrato”, esclarece o executivo, complementando que, apesar
de ser contemplado há mais de 20 anos, este mecanismo não é
muito utilizado em razão do risco de incidência de débitos fiscais e
impostos, especialmente de ordem trabalhista, que eventualmente
possam ser devidos pelo contratado anterior. “Um ponto interessante
da nova lei é o sistema de ‘diálogo competitivo’ que se
traduz basicamente em uma conversa técnica entre os candidatos
ao certame público e o governo. Sem dúvida, uma medida que visa
reduzir riscos”, conclui Fasolari.
28
Como sinaliza Mariana Carvalho, a nova lei de licitações, entre
outros aspectos, versa sobre os percentuais de garantias a serem
oferecidos, de acordo com o valor da licitação. Nas licitações de
grande porte, acima de R$200 milhões, a lei dá a opção aos órgãos
públicos de estipular o percentual de garantia a ser exigido até o
limite de 30% do valor do contrato. Isso faz com que as importâncias
seguradas e os prêmios esperados para esses contratos sejam consideravelmente
maiores do que os praticados hoje. “Mais importante
do que isso, a lei garante ao segurado maior tranquilidade em relação
à execução dos contratos. As seguradoras, por sua vez, devem
estar preparadas para alinhar suas condições gerais e seus contratos
de resseguros para esta nova realidade, de modo a ter condições de
atender as demandas vultosas que poderão chegar, e de ter meios
para atuar nos eventuais sinistros conforme as condições estabelecidas
na nova lei”, considera Mariana.
PERCENTUAL DE GARANTIA NOS CONTRATOS
Há hoje uma variação dos percentuais de garantia que giram
em torno de 5% a 10% para contratos de até 200 milhões de reais.
Para estes, não há alterações significativas no que se refere ao seguro
garantia. Ao ultrapassar este teto milionário, ou seja, quando
entram em cena contratos vultosos, a lei exige o seguro garantia
com cláusula de retomada e percentual de até 30%.
“É compreensível que o Estado se preocupe em não onerar
demasiadamente contratos que não necessitem
de garantias tão expressivas e,
nesse sentido, parece razoável que haja
discricionariedade entre a escolha do
percentual de garantia, especialmente
para os contratos de menor valor. De
toda forma, pretender aplicar percentuais
de garantia irrisórios e ainda assim
exigir que a obra seja retomada e
concluída por parte do agente garantidor
foge completamente à razoabilidade.
Nesse sentido, o agente garantidor
terá um papel fundamental na escolha
do percentual de garantia, sobretudo
para aqueles contratos considerados de
grande vulto e para os quais a intenção
seja, de fato, contar com uma forma de
garantia que possibilite a retomada e
conclusão da obra por parte do agente
garantidor. Caso contrário, a previsão
legal poderá ser inócua ao não oferecer
reais condições para que seja atendido o
maior anseio do Estado”, explica Roque
de Holanda Melo.
ESPECIAL RISCOS FINANCEIROS
RESPONSABILIDADE CIVIL
Siglas que falam mais que números
O MERCADO PARA D&O E
E&O REGISTRA EXPRESSIVA
EVOLUÇÃO. MUITOS FATORES
EXPLICAM ISSO E NÃO
SOMENTE A PANDEMIA DA
COVID-19, INEGAVELMENTE
UM DOS PRINCIPAIS
ESTIMULADORES DESSE
CRESCIMENTO. APÓLICE
MAPEOU OS NÚMEROS
DESTA CARTEIRA PARA
MOSTRAR QUE HÁ MUITO
MAIS DO QUE SE IMAGINA
POR TRÁS DAS SIGLAS QUE
NORTEIAM SEGUROS DE
RESPONSABILIDADE CIVIL
NO PAÍS
André Felipe de Lima
O
mercado de D&O (sigla em inglês
para directors and officers
liability) no Brasil apresentou nos
últimos anos uma aceleração muito forte
no crescimento do volume de prêmios
de seguro emitidos anualmente, como
informa a Federação Nacional de Seguros
Gerais (Fenseg). Os resultados são
verdadeiramente alvissareiros. De 2003
a 2018, por exemplo, o mercado cresceu
em média 15% ao ano. De 2018 a 2020, o
crescimento apurado foi de 47%, sendo
37% em 2019, 56% em 2020 e 48% entre
os meses de janeiro e agosto de 2021.
Quando combinados, os mercados de D&O e de E&O (errors
and omissions) somaram, de janeiro a agosto, 1,1 bilhão de reais em
prêmios, representando um crescimento de 36,4% em relação ao
mesmo período no ano anterior. Já o mercado de seguros no Brasil
somou um total de prêmio de seguros de R$ 86 bilhões no período,
representando um crescimento de 15,2%. Sendo assim, atualmente
os mercados de D&O e E&O juntos representam 1,3% do mercado
total de seguros no país, um incremento em relação ao ano anterior
quando representava 1,1%.
Essa aceleração no crescimento, pontualmente em D&O, explica
o coordenador de Linhas Financeiras da FenSeg, Gustavo Galrão,
desdobrou-se principalmente do aumento da demanda pelo
produto, tanto por parte de empresas que passaram a contratar o
seguro D&O pela primeira vez, quanto por parte de empresas que
30
GUSTAVO GALRÃO,
da FenSeg
Ministério Público e a Polícia Federal, aumento
nos casos e valores em processos
regulatórios da CVM (Comissão de Valores
Mobiliários), Cade (Conselho Administrativo
de Defesa Econômica) e outras
agências reguladoras, aumento nos casos
de recuperação judicial e insolvência
de companhias, além de outras questões
tributárias e trabalhistas. E, sem dúvida,
o desenvolvimento das ações de classe
movidas nos Estados Unidos contra empresas
brasileiras”, enumera o representante
da Fenseg.
já possuíam o programa de seguro e decidiram aumentar o limite
contratado ou mantiveram seus programas mesmo com o aumento
significativo nas taxas observado nesse período. “Ou seja, em termos
econômicos verificou-se um aumento significativo na elasticidade
do preço da demanda pelo seguro D&O, o que traduzido para
uma linguagem menos técnica significa que o seguro D&O vem se
tornando cada vez mais importante no Brasil”, frisa Galrão.
Com relação ao aumento nas taxas do seguro D&O nos últimos
anos, Galrão reforça que, além de se tratar de um movimento
global das seguradoras para reverter resultados negativos com o
produto nos últimos anos, decorre também de fatores locais. “Por
exemplo, o aumento significativo na sinistralidade do mercado,
que passou de 56% em 2017 para 79% em 2018 e 132% em 2019 –
muito relacionado ao aumento nas investigações promovidas pelo
IMPACTO DA PANDEMIA
Considerando que vários executivos
foram obrigados a tomar decisões
como, por exemplo, migrar para o home
office seus colaboradores e que outras
estratégias foram empregadas para defenderem-se
em tempos de menor disponibilidade
de capital, foi preciso verificar o
desempenho das carteiras de responsabilidade
civil D&O durante a pandemia e quais
as projeções para um futuro próximo.
Para Galrão, em meio às fortes
correções promovidas por seguradores
e resseguradores em nível mundial para
o ajuste da sinistralidade do seguro D&O,
o lockdown promovido por muitos países
como forma de combater a propagação
do vírus resultou em significativas reduções
de receita, aumento nos casos de
31
ESPECIAL RISCOS FINANCEIROS
RESPONSABILIDADE CIVIL
A referida cobertura garante apenas os riscos
de morte e invalidez permanente de empregados
durante o desempenho de suas funções laborais.
As seguradoras, por sua vez, deverão estar
abertas para a análise de situações pontuais
fora do padrão já conhecido”
WALTER ANTONIO POLIDO, consultor
recuperação judicial e fechamento de
empresas de muitos setores econômicos,
destaque para os setores de comércio de
rua, shopping centers, turismo, aviação
e restaurantes. As incertezas – reforça o
coordenador de Linhas Financeiras da
FenSeg - sobre os possíveis impactos levaram
seguradoras a estender as correções
promovidas por mais tempo, para se
prepararem para possíveis aumentos na
sinistralidade com consequência direta
ou indireta da crise pandêmica.
“Essas correções, somadas ao impacto
menor do que o esperado até o
momento na sinistralidade do seguro
D&O, resultaram em uma situação inicialmente
bastante confortável para as
seguradoras em 2021 que, além do crescimento
significativo no volume de prêmios
de seguros emitidos, observaram
uma expressiva redução na sinistralidade
do mercado, que reduziu de 132% em
2019, para 47% em 2020 e, atualmente,
encontra-se em 15% no acumulado até
agosto de 2021”, avalia Galrão.
Contudo, observa o representante
da Fenseg, considerando a característica
dos produtos de responsabilidade civil
serem de “cauda longa” – o que significa
que o sinistros podem levar anos para se
desenvolverem totalmente, dado que na
maioria das vezes decorrem de processos
judiciais, arbitrais ou regulatórios que levam
anos até terem uma decisão final –
esse conforto aparente das seguradoras
pode ser revertido no futuro. Esse é o motivo pelo qual as seguradoras
permanecem preocupadas com possíveis desdobramentos da
crise que impactem fortemente a sinistralidade e, consequentemente,
a lucratividade de suas carteiras de negócios.
Com vasta experiência no mercado de seguros e de resseguros,
o consultor Walter Antonio Polido antevê algumas questões
intrincadas de sinistros no âmbito da cobertura de RC Empregador,
que cobre a responsabilidade civil da empresa segurada por danos
corporais sofridos por seus empregados, na medida em que, segundo
o especialista, poderá ser difícil atribuir responsabilidade civil de
fato aos empregadores, na hipótese de os empregados sofrerem
danos no âmbito de suas residências. “Lembrando, ainda, que a referida
cobertura garante apenas os riscos de morte e invalidez permanente
de empregados durante o desempenho de suas funções
laborais. As seguradoras, por sua vez, deverão estar abertas para a
análise de situações pontuais fora do padrão já conhecido”, analisa
Polido.
Para o gerente de Linhas Financeiras da Austral Seguradora,
Breno Nardy, o impacto da pandemia no E&O é consideravelmente
menor do que no D&O. “Como aquele (E&O) não está diretamente
ligado às relações trabalhistas como este (D&O), eu diria que não
podemos relacionar a pandemia às mudanças de sinistralidade no
RC Profissional. Já para o seguro D&O, o mercado teve um pico de
sinistralidade em 2019, chegando a 133%, segundo os dados disponibilizados
pelo sistema de estatísticas da Susep (Superintendência
de Seguros Privados), e vem ajustando suas taxas para combater
essa sinistralidade”, pondera Nardy, e completa: “Assim como vem
ocorrendo no exterior, a tendência é de que essa alta de preços seja
desacelerada conforme os efeitos mais fortes da pandemia e os problemas
econômicos dela derivados sejam superados.”
MÉDICOS E ADVOGADOS NA PANDEMIA
É fato e, de certa forma, até esperado pelo mercado securitário:
durante a pandemia, os seguros de RC Profissional (E&O) para
médicos e advogados vêm sendo bastante acionados, com aumento
significativo de sinistralidade desde o ano passado, sobretudo
quando a pandemia chegou ao Brasil, em março. Galrão apresenta
mais contornos desse desempenho:
32
“A sinistralidade histórica desta modalidade de seguro, com
base no período entre 2003 e 2020, foi de 40,3%. Já em 2021, entre
os meses de janeiro e agosto, a sinistralidade do mercado alcançou
55% versus 40% no mesmo período em 2020 e 28% no
mesmo período em 2019. Os números publicados pela Susep para
a carteira de RC Profissional consolidam todas as atividades que
contratam o seguro, por exemplo: hospitais, clínicas, médicos, escritórios
de advocacia, advogados, contadores, corretores, engenheiros,
arquitetos, notários, bancos e muitas outras atividades de
serviço”, assinala o porta-voz da Fenseg, ponderando, todavia, que
não há no momento informações públicas com nível de detalhes
para que sejam analisadas as atividades individualmente. Porém,
completa Galrão, a Susep publicou recentemente o normativo do
SRO que passou a exigir das seguradoras o detalhamento do RC
Profissional por atividade. “Em função disso, quando o SRO estiver
totalmente implementado pelas seguradoras, poderemos analisar
com mais detalhes a performance de cada uma das atividades”,
prediz Galrão.
No momento, a Austral não trabalha com o seguro de RC
Profissional para médicos, mas Nardy confirma que a seguradora registrou
alguns sinistros para o seguro direcionado a advogados em
função das alterações do modelo presencial para o online: “Recebemos
casos de advogados que possuíam uma instrução de tribunais
superiores sobre possíveis paralisações dos processos para diminuir
o contato nos momentos mais agudos da
pandemia, mas que tiveram casos transitados
em julgado por revelia.”
GOVERNANÇA, A CHAVE-MESTRA DO
MERCADO
O que verdadeiramente impulsionou
os seguros de responsabilidade civil
profissional (E&O) e de administrador
(D&O) antes mesmo da eclosão da pandemia
foi a busca por maior governança
no mercado em geral. Nardy atribui essa
busca a alguns fatores, dentre eles a Lei
Geral de Proteção de Dados (LGPD), que
exige maiores níveis de controles internos.
Ele enumera também o número crescente
de ingressantes na bolsa de valores, que
exige a responsabilização de administradores
por transparência, e a própria
sociedade, que vem amadurecendo em
busca desse maior nível de controle sobre
as companhias. “O mercado segurador
vem tentando mostrar a relevância dessas
linhas de negócio aos seus potenciais
ESPECIAL RISCOS FINANCEIROS
RESPONSABILIDADE CIVIL
segurados que, a partir do momento que
entendem o impacto que sua responsabilidade
profissional pode causar em suas
finanças, preferem adotar o seguro”, ressalta.
Polido, por sua vez, observa os
seguros E&O como um “fenômeno da
horizontalização” e um dos responsáveis
pelo incremento das contratações dos
seguros alusivos aos segmentos médico
e do direito. O consultor explica que muitas
empresas exigem que os prestadores
de serviços apresentem uma apólice E&O
antes mesmo de contratá-los ou para permitir
que utilizem as instalações, assim
como ocorre nos centros cirúrgicos, que
são alugados. “Este fator é preponderante
numa sociedade que se moderniza e
também com vistas na gestão dos riscos.
Anos atrás, este tipo de preocupação
inexistia e, quando uma empresa tinha
consciência sobre riscos e seguros para
garanti-los, contratava isoladamente e
exigia que a seguradora incluísse todos
os possíveis interventores nas operações/
atividades na condição de ‘cossegurado’.
Este modelo ultrapassado está acabando
e as empresas estão aprendendo a gerir
adequadamente as situações, exigindo a
comprovação de seguros específicos, de
cada parte interveniente nos negócios”,
avalia Polido, para quem este “despertar”
para a realidade tem incrementado as
contratações de seguros RC de modo geral.
“Sendo que este tipo de exigência já
era praticado há décadas por outros países
desenvolvidos, com mercados de seguros
maduros”, acrescenta o especialista.
PANDEMIA IMPULSIONA SEGURO DE RC MÉDICO
CONSULTORES MOSTRAM IMPACTO NO DIA A
DIA DOS PROFISSIONAIS DA SAÚDE
A evolução da carteira de responsabilidade civil nos
últimos anos foi significativa, entretanto, ela ampliou sua
representatividade por conta da pandemia.
“O mercado de responsabilidade civil médica vem
crescendo muito mais pela dor. Os profissionais tanto da
área da saúde como outros também compraram o seguro
em função da consciência da sua responsabilidade de
ter que reparar danos, e é uma forma mais barata de
você financiar uma perda que é justamente adquirindo
ou transferindo o risco da sua atividade para aqueles que
estão vendo o imponderável e podem suprir uma eventual
indenização”, explica Felippe Moreira Paes Barreto,
sócio da ZNT, consultoria
especializada em direito
médico.
Hoje, diz o advogado
e consultor, a cadeia
de responsabilidades
na área médica sofreu
mudanças. “Antigamente,
havia uma operadora
de saúde que pagava
uma indenização por conta de um erro subjetivo de um
médico, e assim ficava. Hoje vai se cobrar do médico,
e, assim sucessivamente, essa roda vai girando. Houve
um crescimento (do RC médico) não pelo aculturamento
do seguro pela sociedade, mas, sim, porque o problema
está instalado pelas suas mais variadas formas, até as
injustas, de se cobrar um profissional da área da saúde”,
pondera Barreto, assinalando também que o médico
pode ser demandado por três vias jurídicas: a área civil,
criminal e os conselhos de medicina federal e regionais.
REGULAÇÃO CONSTANTE
Como reforça Galrão, a Susep segue
promovendo uma série de mudanças
regulatórias no mercado de seguros
brasileiros, muitas delas tendo como
pano de fundo o fundamento da liberdade
econômica. Nesse contexto, o regulador
alterou disposições normativas que
norteiam os seguros de responsabilidade
civil que garantiram, enfatiza o representante
da Fenseg, mais flexibilidade de negociação
entre segurados e seguradoras.
Galrão destaca algumas delas,
como a Circular Susep 621, de 12 de fevereiro
de 2021, que revoga/substitui a Circular 256/2004 (entre
outras) e dispõem sobre as regras de funcionamento e os critérios
para a operação das coberturas de seguros de danos; a Resolução
CNSP 407, de 29 de março de 2021, que dispõe sobre os princípios
e as características gerais para a elaboração e a comercialização de
contratos de seguros de danos para a cobertura de grandes riscos; a
34
Circular Susep 637, de 27 de julho de 2021, que revoga/substitui as
Circulares Susep 336/2007 (apólice a base de reclamação), a Circular
437/2012 (Responsabilidade Civil Geral) e 553/2017 (D&O), que dispõe
sobre os seguros do grupo de responsabilidades, entre outras.
Essas novas disposições trazem uma série de mudanças, dentre
as quais a segmentação do mercado de grandes riscos, que enumera
os seguintes aspectos: ramo/grupo riscos de petróleo, riscos
nomeados e operacionais – RNO, global de bancos, aeronáuticos,
marítimos, nucleares e crédito interno e crédito à exportação PJ; limite
máximo de garantia (LMG) superior a15 milhões de reais; total
de ativos superior a 27 milhões de reais e, por fim, faturamento bruto
anual superior a 57 milhões de reais.
As mudanças propostas pela nova circular Susep 637/2021,
onde todos os seguros de responsabilidades passam a estar abrangidos
sob uma única norma, enfatizam a importância do corretor
para garantir que o cliente final entenda o que está contratando
junto a cada seguradora. “Clausulados mais simples e objetivos podem
ser mais vantajosos do que clausulados extensos e cheios de
‘penduricalhos’ que, ao fim das contas, não agregam tanto ao cliente”,
diz Nardy, da Austral.
QUEM VEM ANTES, SUSEP OU CONSTITUIÇÃO?
Recorrendo aos pensamentos de juristas dos séculos 18 e 19,
o jurista brasileiro Voltaire Giavarina Marensi reforça a relevância da
responsabilidade civil de um modo geral em toda conduta social,
sobretudo após os riscos que surgiram a partir da escalada tecnológica
do século 20. “Mas há uma parcimônia ainda muito grande no
trato da responsabilidade civil. E eu digo isso porque malgrado toda
essa gama, todo esse elenco de situações, o risco de atividade, os
riscos ambientais, todos esses riscos produzidos pelo homem, pela
máquina, têm que ter cobertura, e para isso precisa haver um incentivo
maior, haver um incremento maior de uma legislação moderna,
atual, que vá suprir essas deficiências.”
Marensi chama atenção, contudo, para o papel da Susep
como órgão regulador, especialmente no âmbito da responsabilidade
civil. “O que penso é que através de inúmeras resoluções e
circulares projetadas pela Susep, elas extrapolam a lei. Já na primeira
edição do meu livro O Seguro no direito brasileiro: temas atuais:
excertos doutrinários, jurisprudência comentada (1992, primeira
edição), o Pimenta da Bueno, que comentou a Constituição Federal,
já no tempo do Império, já dizia o seguinte: quem vai regulamentar
a lei não pode extrapolar, porque a lei tem um princípio maior.”
Para Marensi, a Susep, bem como outras autarquias federais,
sobrepõe indevidamente a lei valendo-se de “tentáculos” para
tentar, frisa o jurista, “colmatar”, fechar lacunas onde a própria
lei não tem alcance e ignorando parâmetros estabelecidos pela
Constituição Federal, especialmente quando está determinada
uma hierarquia das leis. “E essas leis devem ser projetadas de acordo
com as leis ordinárias, e quando há um regulamento, há uma
cizânia, há um total desconforto em relação a esses regulamentos
que extrapolam a lei e, consequentemente, são visceralmente
inconstitucionais e ilegais porque ferem a Constituição. Não é
por fatos sociais atropelarem o direito que o legislador, seja ele
KARINA SALEME,
da ZNT
vinculado a um órgão mais fiscalizador,
que a todo o momento elabore leis para
suprir determinados comportamentos,
como responsabilidade civil médica, responsabilidade
profissional. Todas estão
implicadas na responsabilidade civil, e a
responsabilidade civil quem determina
como deva ser feita é o nosso Código
Civil.”
ÁREA EXTREMAMENTE SENSÍVEL
Pode-se afirmar que o campo médico
é hoje um dos mais vulneráveis na
sociedade, senão a principal dentre todas
as áreas. Principalmente quando se considera
a meta de sua função: a preservação
da vida, que inexoravelmente é envolvida
por uma carga emocional sem precedentes.
“Sobretudo agora com a pandemia,
podemos afirmar isso”, enfatiza a advogada
Karina Saleme, sócia da ZNT.
Karina cita o emblemático caso da
Prevent Senior como exemplo para que o
mercado da saúde recorra ao D&O. “Muitas
vezes se esquece de que quem muitas
vezes administra o hospital é o próprio
médico e que esse médico não tem formação
para ser empresário, de estar na
liderança de uma grande empresa, e o
aculturamento dele é o médico. É bem
difícil para ele ter essa mudança de chave,
e com esses episódios que a gente está
vendo, eles estão procurando mais o seguro
de RC”, concluiu a consultora.
35
RISCOS CIBERNÉTICOS
CRIME
Incansáveis e maldosos
MIGRAÇÃO DO TRABALHO
PRESENCIAL PARA O REMOTO É UM
DOS PRINCIPAIS FATORES PARA
ESPANTOSO CRESCIMENTO DOS
CRIMES CIBERNÉTICOS AO LONGO
DA PANDEMIA DA COVID-19
André Felipe de Lima
No dia 14 de outubro, a Porto Seguro
sofreu um ataque cibernético,
que ocasionou a instabilidade
parcial de sistemas e de canais de
atendimento da companhia. No começo
do ano, o site do Sincor-SP também havia
sofrido uma tentativa de invasão de
hackers que partiu de um grupo denominado
“Prometheus”, cujo ardil para atingir
suas vítimas é utilizar o ransomware,
um vírus que bloqueia sistemas e cobra
resgate em criptomoedas para liberá-los.
No ano passado, a matriz da Mapfre, na
Espanha, também sentiu a mão pesada
dos cibercriminosos que utilizam ransomware.
O vírus invadiu o sistema da
seguradora e provocou bastante dor de
cabeça aos funcionários e, principalmente,
aos responsáveis pela segurança de
dados da empresa e dos clientes. Nos três
episódios, todas as companhias vieram
imediatamente a público confirmar os
ataques e tranquilizar que os problemas
haviam sido contornados.
Apólice conversou com o diretor
da Kroll no Brasil, Walmir Freitas, especialista
em riscos cibernéticos. De maio do
ano passado para cá — enfatiza Freitas
— os crimes cibernéticos e, consequentemente,
o vazamento de dados cresceram
assustadoramente no mundo corporativo.
“Podemos afirmar é uma tendência
global. De acordo com a pesquisa
Kroll, Data Breach Outlook 2021, houve
um aumento de 140% nos casos de vazamento
ou violações de dados de 2019
a 2020, globalmente. Como muitas empresas,
a Kroll efetua uma consolidação
anual dos casos em que atua, mas esse aumento é facilmente percebido
principalmente no Brasil, onde o advento da LGPD motivou
os cibercriminosos a focar seus esforços na obtenção de dados pessoais”,
alerta Freitas.
A origem destes ataques é notória: os hackers. Mas qual,
afinal, a brecha que encontraram para estas recentes investidas
criminosas contra companhias da área de seguros, cuja tradição
em segurança de dados não é menos notória? Teria a migração
abrupta do trabalho presencial para o remoto, e o despreparo de
empresas para lidar com essa situação inusitada, sido a principal
responsável pela escalada do crime cibernético? O executivo da
Kroll responde:
36
WALMIR FREITAS,
da Kroll
“Pode-se dizer que sim. No início da pandemia, observamos
muitas empresas alterando a forma de trabalho para o remoto, mas,
na maior parte das vezes, não ocorreu um preparo adequado para essa
transição, tanto em aspectos humanos como tecnológicos, culminando
com os incidentes que temos observado. Pode-se dizer também
que atualmente estamos observando uma certa evolução das empresas
em sua maturidade de segurança, acelerada por todos esses fatos,
mas ainda existe a necessidade de maiores cuidados”, pondera Freitas.
SEGUROS, UM DOS SETORES MAIS RESPONSIVOS
A pesquisa Data Breach Outlook 2021 confirma isso. No
estudo, há entre as análises, segundo Freitas, um indicador que
chama atenção: os aumentos significativos
de casos de vazamento ou violação
de dados em indústrias tradicionais, ou
seja, aquelas que até então não eram
alvos prioritários dos criminosos. “Somente
como exemplo, a Kroll verificou
que houve um aumento de 1300% de
ataques sofridos por empresas nos ramos
de alimentação e bebidas, de 2019
a 2020. Ou seja, os criminosos estão com
foco muito mais abrangente, muito deles
por conveniência”, explica.
Para Freitas, em meio a este cenário,
o setor de seguros, em geral, vem realmente
sendo um dos mais responsivos
em relação aos riscos cibernéticos. “Na
América do Norte, a consciência pelo uso
de um seguro cibernético é muito maior
do que no Brasil e na América Latina, mas
é possível observar claramente o aumento
na demanda por essa modalidade. Globalmente,
somos parceiros das maiores
seguradoras, atuando na resposta e contenção
de incidentes, além de serviços de
notificação de violações. A transferência
do risco é uma estratégia válida e que
está começando a ser entendida e acatada
pelo mercado local. A Kroll endossa
essa estratégia e acredita que é uma
tendência que veio para ficar”, conclui o
especialista.
37
Mundo
TECH
COMANDO
CORRETORAS E SEGURADORAS
SOB NOVA DIREÇÃO
A nstech anunciou a criação da Unidade de
Negócios focada em prover soluções digitais e tecnologia
para apoiar corretoras e seguradoras a crescerem
mais e serem mais rentáveis.
A nova unidade voltada para o mercado securitário
será liderada por Georgio Dovas. “Assim como
transportadores, embarcadores, motoristas e fornecedores
da cadeia logística, as seguradoras e corretoras
de transportes são nossos clientes e a razão de
existirmos”, ressalta o executivo.
Criada em outubro de 2020, a plataforma de
serviços tecnológicos para logística nstech integrou
11 empresas. São elas Buonny, Opentech, AT&M, Brasil
Risk, LogRisk, Praxio, Hivecloud, Fusion, I Am Tech,
Bsoft e e-Frete.
SEGURO DE VIDA
PARCERIA PARA AMPLIAR DISTRIBUIÇÃO
A Genial Investimentos firmou parceria com
a insurtech Easy2Life para dar início à oferta de produtos
de vida para clientes da plataforma de investimentos.
Com jornada 100% digital, os clientes terão
acesso aos seguros de vida da SulAmerica.
A parceria com a insurtech criada por Carlos
Alberto Trindade Filho, ex-vice-presidente da SulAmérica,
funcionará pelo modelo de whitelabel, no
site genial.easy2life.com.br, elaborado para atender
exclusivamente clientes da Genial.
“Para nós, da Easy2Life, a parceria com a Genial
é um marco importante para a continuidade do
sucesso de nossa estratégia. Estamos muito felizes e
orgulhosos de dividir esta importante conquista com
um dos maiores e mais importantes grupos financeiros
do país”, afirma Trindade.
DADOS
SOFTWARE COMO SERVIÇO
A BI.nsurance vai disponibilizar gratuitamente
para corretores de seguros uma assinatura SaaS (Software
como Serviço) para sua plataforma até o dia 30
de abril de 2022.
O sistema captura os dados disponibilizados
pela Susep e ANS, por exemplo, e os apresenta de
forma simples.
Dessa forma, ao fazer a assinatura na plataforma,
o corretor terá acesso a diversas informações
como os prêmios emitidos por ramo e por estado
(UF); ranking das dez principais seguradoras por
custo de aquisição; quais ramos cada seguradora trabalha
e em qual região; quais operadoras trabalham
com PJ e PF; entre outros dados.
INSURTECH
INVESTIMENTOS SEM PRECEDENTES
O World InsurTech Report 2021 da Capgemini
e da Efma mostra que as InsurTechs e BigTechs estão
fazendo investimentos significativos para impulsionar
o desenvolvimento tecnológico e a inovação no
setor de seguros, aumentando a pressão sobre as seguradoras
estabelecidas.
De acordo com o estudo, as gigantes de tecnologia
e as InsurTechs garantiram acesso sem precedentes
à alocação de capital de investidores e estão
reforçando seus recursos digitais, o que aumenta
sua liderança como vanguardistas da inovação. Entre
2018 e 2020, as 5 maiores empresas de tecnologia do
mundo e um famoso fabricante de automóveis - que
oferece serviços de seguros - alocaram quase 2,5 vezes
o investimento total nas 30 maiores seguradoras
em 20201. No final de 2020, o valor de mercado total
das InsurTechs listadas ultrapassava US$ 22 bilhões.
As InsurTechs estão se tornando rapidamente o investimento
do momento, com uma ampla gama de
investidores apoiando e injetando capital.
38