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Edição #271

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NOVEMBRO 2021 • Nº 271 • ANO 26

conectando você ao mercado de seguros

ESPECIAL

RISCOS FINANCEIROS

>> Seguro garantia judicial

cresce e ajuda empresas

a liberar capital

>> RC Profissional sente

impacto da pandemia

PLAMEV

SAÚDE ANIMAL

É PRIORIDADE

PARA TUTORES

Com tecnologia, empresa

democratiza acesso à

saúde pet, com planos

modulares e reembolso

para consultas e exames

no Brasil e no exterior

Pedro Cézar e

Jeremias Cézar

BR Infinite Assessoria promove campanha de reconhecimento

ao protagonismo do corretor de seguros



EDITORIAL

Os riscos nossos de cada dia

A

realidade brasileira parece passar por um momento de

distorção. Assistimos o aumento da inflação, a alta das

taxas de juros, o crescimento da pobreza e as mudanças

climáticas. Enquanto isso, lidamos com os riscos ligados à pandemia,

em um cenário de retomada da rotina antes deste período.

Ao mesmo tempo em que a sensação de impotência nos

invade por um lado, de outro observamos novas iniciativas que

podem oferecer mudanças significativas. No mercado de seguros,

vivenciamos um período intenso de novidades. Se a lacuna de

proteção continua grande, principalmente nos produtos de vida, a

crise econômica limita o alcance ao seguro.

Mas o mercado segue buscando alternativas para

compensar suas lacunas, com a aplicação de muita tecnologia e de

novas regulamentações. O foco é a jornada do cliente e a forma como

ele irá consumir produtos e serviços ligados ao setor.

Nesta edição abordamos algumas carteiras que estão

mantendo um resultado satisfatório, apesar de todas as intempéries.

O seguro garantia, em todas as suas ramificações, passa por desafios

que vão desde a nova lei de licitações até a desoneração dos caixas

de pessoas jurídicas. Um vasto campo de atuação também existe para

os seguros de Responsabilidade Civil Profissional, principalmente

para os D&O e E&O. A pandemia exigiu dos executivos rapidez na

tomada de decisões, mas, nem todas podem ser bem interpretadas

por acionistas, colaboradores e steakholders.

Por fim, mostramos também como a tecnologia pode ser

aplicada ao mercado de previdência privada que, aos poucos, precisa

vencer a barreira da cultura da educação financeira, que ainda é muito

tímida no Brasil.

Enfim, todos têm um longo caminho a percorrer.

NOVEMBRO 2021 • Nº 271 • ANO 26

EXPEDIENTE

Diretora de Redação:

Kelly Lubiato - MTB 25933

klubiato@revistaapolice.com.br

Diretor Executivo:

Francisco Pantoja

francisco@revistaapolice.com.br

Redação:

Nicole Fraga

nicole@revistaapolice.com.br

Colaborador:

André Felipe de Lima

Executiva de Negócios:

Graciane Pereira

graciane@revistaapolice.com.br

Diagramação e Arte:

Enza Lofrano

Assinaturas:

Jaqueline Silva

jaqueline@revistaapolice.com.br

Tiragem: 12.000 exemplares

Circulação: Nacional

Periodicidade: Mensal

Os artigos assinados são de

responsabilidade exclusiva de seus autores,

não representando, necessariamente, a

opinião desta revista.

Esta revista é uma

publicação independente

da Correcta Editora Ltda e

de público dirigido

Boa leitura!

CORRECTA EDITORA LTDA

Administração, Redação e Publicidade:

CNPJ: 00689066/0001-30

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Mande suas dúvidas,

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PÓS-PANDEMIA

Previdência Privada

tenta se recuperar do

período pandêmico,

quando viu os

resgates aumentarem

significativamente

além das empresas

renegociarem as

contribuições mensais

>> PÁG. 16

ESPECIAL RISCOS FINANCEIROS

SEGURO GARANTIA

Ainda que seja uma

incógnita em 2021,

para o próximo

ano espera-se uma

nova alavancagem

nos produtos deste

segmento, por conta

das prometidas revisões

do Governo Federal

>> PÁG. 24

ÍNDICE

06 painel

10 gente

11 artigo

Confitec mostra a evolução das vistorias

para a regulação de sinistros. Se antes o

perito visitava o local munido de papel e

caneta, hoje até o segurado pode agilizar

o processo com o smartphone em mãos

12 capa

Plamev investe na expansão de planos

de saúde para pets, uma tendência

mundial. Com o uso da tecnologia,

empresa consegue democratizar o

acesso tanto à rede credenciada quanto

aos planos de reembolso

14 evento

BR Infinite mostra que é possível unir

forças no mercado de seguros do Centro

Oeste. Assessoria juntou seus pares e

representantes de entidades locais para

homenagear os corretores de seguros

ESPECIAL RISCOS FINANCEIROS

RISCOS CIBERNÉTICOS

Ataques a seguradoras

e outras empresas

mostram que a

segurança dos

dados deve ser uma

preocupação frequente

entre os administradores.

A transparência em caso

de ataque é fundamental

para manter a confiança

dos steakholders

>> PÁG. 36

30 responsabilidade civil

Os produtos de D&O e E&O

ganharam notoriedade especial

durante a pandemia, por conta das

possibilidades de responsabilização

por atos de executivos e profissionais

liberais. Por terem cauda longa, os

sinistros ainda podem demorar um

pouco a surgir

38 mundo tech

Os artigos assinados são de responsabilidade

exclusiva de seus autores, não representando,

necessariamente, a opinião desta revista.

4



PAINEL

regulador

Nova lista de aprovados

A Susep divulgou a lista das empresas autorizadas

para atuar na 2a. edição do Sandbox. O Sandbox Regulatório

é um ambiente experimental constituído com

condições especiais, limitadas e exclusivas, e busca re-

duzir barreiras a novos entrantes. O ambiente tem como

objetivo reduzir os custos e facilitar os processos para os

consumidores, com foco na melhoria da experiência do

usuário.

EMPRESA

Clubfix

Darwin

Finx

Fulô

InnTech

Inteligente

Justos

LTI

Mee

Modelo

LINHAS DE NEGÓCIO

Celular

Autos: passeio

Microsseguros de danos

para pequeno empreendedor

Celular | Bicicletas

Agrícola: soja

Autos: passeio

Autos: passeio

Autos: passeio

Bicicletas

Agrícola paramétrico: diversas colheitas

EMPRESA

Neo

Novo

NW

Oon Digital

Pet Seguros

Picsel

Rede

Rodoseg

TITI

Trocafone

Urbantech

LINHAS DE NEGÓCIO

Autos: passeio | Celular | Pets

Autos: passeio

Fiança locatícia

Autos: passeio

Pets

Agrícola: soja, milho e trigo

Fiança locatícia

Caminhões

Passagens aéreas e hotéis

Celular

Esportes | Fiança locatícia | Residencial

consumidor

estudo

Ouvidorias que resolvem

Em 2020 foram registradas cerca de 192 mil

demandas de ouvidorias por 105 empresas e grupos

seguradores, que representaram mais de 89% do valor

de prêmios arrecadados entre as associadas da CNseg.

Os números constam do Relatório de Atividades das

Ouvidorias do Setor de Seguros 2020, lançado recentemente

pela CNseg

(Confederação Nacional

das Seguradoras).

Das 60.551 demandas

registradas no

Sistema Coletor de Dados

das Ouvidorias com

repercussão em outras

instâncias, 98% foram finalizadas

sem repercussão em ações judiciais e 99,7%

sem repercussão em multas aplicadas pelos Procons.

Além disso, das 14.597 encaminhadas pela Susep, apenas

em 74 casos os consumidores retornaram à autarquia

requerendo a abertura de um Procedimento de

Atendimento ao Cliente. E, destes 74 casos, apenas 25

se converteram em processos administrativos.

8º em potencial

de consumo

O Brasil permanece

como o 8º país

com maior potencial

para crescimento do

setor segurador pelo

terceiro ano consecutivo, segundo o “Índice Global de

Potencial Segurador” (GIP), desenvolvido pela Mapfre

Economics, área do Grupo dedicada a pesquisas e análises

sobre seguros, previdência, macroeconomia e finanças.

No ranking, que analisou 96 mercados, o País

sustentou o oitavo lugar nos segmentos Vida e Não

Vida, mantendo-se estável em relação ao levantamento

anterior, divulgado em outubro de 2020.

“O GIP mostra que, além de seu valor social de

proteção às pessoas, patrimônios e empresas, o seguro

tem um peso específico nas economias, tanto nas

desenvolvidas como nas emergentes. E mesmo diante

de tantas adversidades causadas pela pandemia, o

Brasil sustentou seu grande potencial para o desenvolvimento

do mercado segurador”, comenta Fernando

Pérez-Serrabona, CEO da Mapfre Brasil.

6



PAINEL

mobilidade

Joint venture para assinatura de veículos

A Porto Seguro e a

empresa de energia e logística

Cosan anunciaram a formação

de uma joint venture

de assinatura de veículos e

de gestão de frotas, com a

crescente aposta de ambas em mobilidade urbana.

A joint venture terá participação de 50% de cada

sócia, com a seguradora participando do negócio por

meio de sua unidade Carro Fácil, que já atua em assinatura

de veículos. A Cosan vai aportar cerca de 300 milhões

de reais na parceria.

Criado em 2016, o Carro Fácil, serviço de assinaturas

de carros zero quilômetro, tem crescido mais de

50% ao ano, e atualmente tem uma base de quase 10

mil clientes, disse o presidente-executivo da Porto Seguro,

Roberto Santos.

O negócio com a Cosan manterá foco atual na

assinatura de veículos leves da Carro Fácil, que vende

planos de 12 a 24 meses, com preços mensais de 1,7 mil

a 5 mil reais.

mobilidade 2

Tecnologia para criar novas soluções

A Ituran Brasil anunciou uma parceria estratégica

com a startup de mobilidade urbana de carsharing

e carpooling MobLab, formando uma joint venture

voltada na implementação de soluções tecnológicas

de mobilidade, a IturanMob.

“Com a retomada

econômica no pós-pandemia,

soluções de mobilidade

ganharão mais

espaço dentro de um

novo modelo que ofereça

elevado nível de conforto,

maximização de ocupação dos veículos e segurança”,

destacou o CEO da Ituran Brasil, Amit Louzon.

A joint venture unirá a tecnologia de hardware

e software das duas empresas para oferecer diferentes

soluções de carsharing e carpooling ao mercado.

Inicialmente, o foco será o mercado B2B (locadoras e

frotas empresariais), mas em breve a nova empresa

terá iniciativas para o mercado B2C, como compartilhamento

de carro próprio e outras soluções.

evento

Inscrições abertas para o Congresso

Brasileiro de Corretores de Seguros

A Fenacor informa

que o hotsite do 22º Congresso

Brasileiro dos Corretores

de Seguros e da 21ª

Exposeg está aberto para

inscrições desde o dia 16 de novembro.

O 22º Congresso Brasileiro dos Corretores de Seguros

será realizado Royal Palm Plaza Resort, localizado

em Campinas (SP). Por medida de segurança e para garantir

maior tranquilidade aos congressistas, o número

de participantes será limitado a 3 mil pessoas, o que representa

50% da capacidade do local escolhido para o

Congresso.

Por essa razão, a Fenacor recomenda que os corretores

garantam sua presença o quanto antes através

do seu Sincor ou assim que forem abertas as inscrições

no hotsite.

educação

Concurso de produção acadêmica

A ENS (Escola de Negócios e Seguros)

e a PUC-Rio (Pontifícia Universidade

Católica do Rio de Janeiro) desenvolveram

mais uma importante iniciativa,

fruto da parceria estabelecida pelas instituições

em julho passado: o Concurso

ENS/PUC-Rio de Artigos Acadêmicos em Seguros.

Com abrangência nacional e voltado a pesquisadores,

ligados ou não a programas de pós-graduação,

o concurso tem como objetivo divulgar e promover o

conhecimento e a educação do seguro em todo o País.

Poderão participar papers de cunho teórico e estudos

de caso ou bibliográficos, desde que sejam inéditos

(não publicados em revistas científicas ou em livros) e

não tenham sido inscritos em outros concursos.

Os trabalhos deverão abordar um dos subtemas

previstos nas quatro categorias do concurso, que, como

forma de homenagem, receberam o nome de importantes

personalidades do setor: “Regulação do Mercado

(Prêmio Marco Antonio Rossi)”, “Direito do Seguro e

Resseguro (Prêmio Robert Bittar)”, “Tecnologia e Inovação

em Seguros (Prêmio Andrea Levy)” e “Capitalização”

(Mário Petrelli).

8



gente

IMPORTANTE CONSELHEIRO

A Wiz Soluções

(WIZS3) elegeu como novo

membro titular e presidente

do Conselho de Administração

da Companhia

o economista Antonio

Cássio dos Santos. “Estou

muito satisfeito por agora

fazer parte da Wiz, que é tão dinâmica, inovadora,

moderna e tem proporcionado resultados significativos

aos parceiros, investidores e acionistas. Com

todos os conselheiros, equipe diretiva e colaboradores,

nós vamos somar expertises e esforços para

as melhores práticas de governança corporativa e

perenidade dos negócios”, enfatiza Antonio Cássio.

SERVIÇOS FINANCEIROS

O Conselho de Administração

do IRB Brasil RE

elegeu Willy Otto Jordan

Neto como novo o diretor

vice-presidente financeiro e

de Relações com Investidores

(CFO) da companhia. Em

Fato Relevante, a empresa

informou que Jordan assume tão logo esteja concluído

o processo de autorização prévia perante a

Susep.

ELEIÇÕES NOS SINCOR’S

André Thozeski foi

eleito presidente do Sincor-

RS, em pleito realizado no dia

29/10, para a gestão 2022-

2025.

O presidente do Sincor-PR,

Wilson Pereira, foi reeleito

para mais uma gestão

à frente da entidade.

“Queremos agradecer a todos que puderam

participar de alguma forma deste processo e nos

reconduzir, eu e toda a Diretoria, para mais quatro

anos à frente da nossa instituição”, disse.

LIDERANÇA NACIONAL

A Willis Towers Watson

anunciou a nomeação

de Eduardo Takahashi

como Country Líder para a

operação do Brasil. O executivo

possui mais de 27

anos de experiência no setor

de seguros, especializado

na consultoria personalizada e acompanhamento

de clientes com operações complexas em todo

o mundo.

REFORÇOS OPERACIONAIS

de dois reforços para a área.

Alex Ferreira assume como

diretor de Resseguros e

Luciano Scatamacchia é o

novo diretor executivo de

Operações.

BRASIS

A Alper Re, nova

divisão de resseguros da

Alper Consultoria em Seguros,

anunciou a contratação

A Brasilcap passa a

contar agora com uma diretoria

de Gestão de Riscos

e Controles Internos. Para

comandá-la, chega à companhia

Carlos Hamilton

Vasconcelos Araújo. A nova

diretoria terá, entre outras

responsabilidades, a criação de estratégias para gerir

os riscos corporativos inerentes ao mercado de capitalização.

Camilo Buzzi é o novo Diretor Comercial e de

Marketing da Brasilprev, para onde deve levar toda a

sua experiência de mais de 33 anos de mercado bancário,

atuando em posições estratégicas e de liderança

executiva.

10


ARTIGO

CONFITEC

A evolução da inspeção de riscos e

sinistros em três capítulos

Ricardo Stamato*

A

Confitec foi fundada em 2003. Naquele momento,

a inspeção de um local de risco para

contratar um seguro, ou após um sinistro, ainda

era feita de forma tradicional, manual.

Toda vez que surgia uma demanda, as seguradoras

convocavam - por email - um inspetor, que ia até o local,

com sua câmera e prancheta e preenchia as informações

à mão em um laudo padrão (que normalmente era o mesmo,

independentemente de se tratar de uma planta industrial

ou um restaurante, apenas para citar dois exemplos).

Depois, ao voltar para o escritório, lançava o laudo

em um arquivo de texto, no qual anexava as fotos e enviava

para a seguradora. Na seguradora, o gerenciamento

desses arquivos com os laudos também era um processo

que volta e meia mostrava suas vulnerabilidades.

Por falar em vulnerabilidades, é fácil perceber que

em todas as etapas deste processo havia risco de as informações

serem incompletas ou imprecisas ou de se perderem

no caminho, pois não havia meios de controlar ou

auditar as inspeções. Além disso, os custos eram elevados

e os prazos, dilatados.

DIGITALIZAÇÃO E AUTOMAÇÃO

Avançando no tempo, chegamos a 2016. Já tínhamos

conseguido desenvolver uma solução integrada

- iRisk - que permitia ao inspetor lançar todas as

informações no seu smartphone e enviar, dali mesmo,

do local da inspeção, para a seguradora, onde eram automaticamente

armazenadas no sistema.

Agora, o acionamento do inspetor já estava automatizado,

com todas as regras de inspeção categorizadas

por especializações, ramos, área de atuação de cada profissiona.

Além disso, o inspetor conseguia monitorar sua

fila de demandas e fazer todo o processo de uma forma

simples e muito mais segura, sem retrabalho ou a necessidade

de voltar para o escritório.

INSPEÇÃO REMOTA E AUTOINSPEÇÃO

E se fosse possível fazer a inspeção com a mesma

precisão, mas sem a necessidade de deslocamento do inspetor

para o local? E se o próprio segurado pudesse lançar

as informações no sistema, a partir do seu smartphone?

Para responder essas questões, começamos a desenvolver

uma versão autônoma do iRisk, nosso sistema

de inspeção em 2020. Com o isolamento causado pela

pandemia, o que antes era uma ideia interessante se tornou

uma solução urgente.

Com o iRisk Remote, que já está disponível no

celular de um grande número de inspetores, o laudo é

feito remotamente, sem a necessidade da sua presença

no local.

Por uma chamada de vídeo, o inspetor guia o

segurado e consegue, de onde estiver, capturar fotos e

vídeos do local de risco e preencher o laudo digital. Com

isso, é possível gerar uma redução significativa dos custos

operacionais e otimização do tempo da equipe, além

de agilizar todo o processo.

Todas as informações, imagens e vídeos são armazenadas

junto com a sua geolocalização, comprovando

o local do risco. O laudo é registrado automaticamente

no módulo principal do iRisk da seguradora.

NA PALMA DA MÃO, TAMBÉM DO SEGURADO

Ainda faltava responder uma pergunta: “e se o

próprio segurado pudesse fazer a inspeção?” Essa resposta

veio com o iRisk Autoinspeção. Com ele, o laudo

digital é feito pelo próprio segurado, na hora que for

mais conveniente, sem sequer ser necessária a instalação

de um aplicativo no celular. O cliente recebe um SMS e,

para iniciar a inspeção, só precisa clicar na mensagem.

A exemplo do iRisk Remote, a geolocalização

comprova o local e o momento em que as informações e

imagens foram geradas, aumentando a segurança e confiabilidade

dos dados.

O iRisk Autoinspeção é uma solução perfeita

para aumentar a segurança e ampliar o alcance de seguros

de baixo valor, como, por exemplo, o de bicicletas

e residências.

Já estamos preparando a continuação dessa história.

Ainda não podemos antecipar o que está a caminho,

mas uma coisa é certa: vamos seguir criando novidades

para simplificar, otimizar e

aumentar cada vez mais a segurança

e a confiabilidade das inspeções de

riscos e sinistros das seguradoras.

* RICARDO STAMATO

diretor da Confitec

11


CAPA

PLAMEV

Tecnologia garante saúde dos

animais de estimação brasileiros

COM TECNOLOGIA, EMPRESA

DEMOCRATIZA ACESSO A SAÚDE

PET, COM PLANOS MODULARES E

REEMBOLSO PARA CONSULTAS E

EXAMES NO BRASIL E NO EXTERIOR

Criada com o propósito de incentivar

exames preventivos e evitar a

morte precoce de animais de estimação,

a Plamev Pet aposta no mercado

segurador para ampliar sua atuação.

A plataforma de soluções e serviços em

saúde para pet anunciou, em setembro,

uma parceria com a Alper, uma das maiores

corretoras de seguros do Brasil.

“O mercado pet no Brasil deve

crescer mais de 13% este ano, depois

de um faturamento de R$ 40 bilhões em

2020”, destaca Pedro Svacina, CEO da Plamev

Pet. “Para oferecer os melhores serviços,

a Plamev Pet investiu em tecnologia

e tem ampliado a rede de clínicas veterinárias

parceiras em todo Brasil”.

A empresa nasceu como uma espécie

de cooperativa para custear exames,

consultas e outros serviços, em Aracajú

(SE). O veterinário Raphael Clímaco

teve a ideia após ver repetidos casos de

animais mortos por doenças que poderiam

ser tratadas, desde que o diagnóstico

ocorresse precocemente.

“O animal de estimação que faz

acompanhamento periódico, com exames

de rotina, tem a vida prolongada em

até três anos, em média, além de evitar

sofrimento por doenças que são tratáveis”,

explica Clímaco.

A ideia deu certo, mas foi preciso

investimentos para que o negócio pudesse

escalar e se tornar um Plano de

Saúde Pet.

A primeira rodada de aporte financeiro

veio do grupo empresarial mineiro

CTC Negócios e Participações S/A,

representado pelos sócios Henrique Tinti,

Pedro Svacina e Kyra

atual Diretor Financeiro, Getúlio Cavalcante e Samuel Ferreira, conselheiros

da Plamev Pet. Com investimento e todo o suporte tecnológico

trazido pelos investidores, a empresa estava pronta para

decolar, mas faltava um bom piloto, uma vez que os demais sócios já

ocupavam posições importantes em outras companhias do grupo.

Há cerca de três anos, Pedro Svacina deixou o cargo de vicepresidente

da operadora de telefonia Claro para empreender no

mercado pet.

Ele já procurava por algum segmento para atuar, quando,

após uma palestra que ministrou sobre expansão de negócios, foi

abordado pelo empresário Getúlio Cavalcante e pelo veterinário Raphael

Clímaco, que buscavam, na época, formas de profissionalizar

a associação de plano de saúde pet de Aracaju, hoje a Plamev Pet.

Svacina é executivo com mais de 20 anos no mercado de

telecomunicações, em que tecnologia, serviços e atendimento ao

consumidor são itens cruciais. O executivo comandou uma profissionalização

da companhia em 2019.

Em menos de dois anos, apesar da pandemia, transformou a

empresa regional do nordeste em uma companhia nacional e com

cobertura internacional, com foco em cães e gatos.

“Depois de um crescimento de 250% em plena pandemia,

percebemos que a companhia tinha fôlego para ir muito além de

uma regional, tínhamos a missão de aumentar em 3 anos a vida dos

peludinhos, então avançamos para todo o Brasil e passamos a ter

cobertura internacional”, afirma Svacina.

O universo pet, que já apresentava taxas de crescimento acima

da média do varejo e de serviços antes da pandemia, “explodiu

depois que cães e gatos viraram salvaguarda de distração e afeto

para crianças e adultos enclausurados”, diz.

Em julho deste ano, a empresa captou mais um investimento

do fundo da FIR Capital - Health Invest - Duxx, intermediado pela

VS1 Capital, especializada em M&A (fusões e aquisições), que acreditaram

no enorme potencial deste mercado.

12


“O potencial de crescimento é enorme, as famílias reconhecem

nos animais de estimação um companheiro para a vida que precisa

de cuidados, desta forma, acreditamos firmemente que o mercado

de seguro saúde pet terá crescimento e dimensão econômica equivalente

ao seguro saúde e odontológico humano e abre uma excelente

oportunidade de composição de carteira e distribuição para os corretores

de seguros”, afirma André Emrich, sócio-principal da FIR Capital.

TECNOLOGIA

A Plamev Pet investiu parte do aporte recebido em tecnologia,

ampliando a infraestrutura e a capacidade de trafegar dados. A

estratégia é oferecer, com eficiência, atendimento rápido e personalizado

para os clientes.

“Temos em nossa cultura a essência das startups, que conseguem,

de forma dinâmica, soluções criativas. A Plamev Pet tem condições

hoje de incluir, em instantes, novas coberturas, por exemplo,

ou customizar planos de saúde pet para atender a uma demanda do

cliente. Isso faz toda diferença para o negócio”, revela Svacina.

O executivo cita como exemplo o desenvolvimento do SOS

Pet, que oferece serviços ao pet como teleorientação 24h por dia,

consultas, auxílio funerário, check-up e auxílio de doenças graves. O

plano prevê ainda suporte ao tutor de pet caso fique desempregado,

pois a empresa custeia três meses de assistência ao pet.

“O plano de saúde pet precisa ser uma solução que facilite e

traga tranquilidade para o tutor de pet, mesmo nos momentos mais

difíceis da vida”, esclarece o CEO.

CRESCIMENTO DA REDE CREDENCIADA

Apesar do serviço de reembolso, um diferencial que permite

ao tutor do pet levar seu animal de estimação a qualquer veterinário,

a companhia tem investido no credenciamento de novas clínicas.

Já são mais de mil e duzentos locais especializados disponíveis

e, segundo a empresa, está em franca expansão.

O Brasil é um dos maiores mercados pet do mundo, segundo

a empresa de pesquisas de mercado Euromonitor International,

com mais de 140 milhões de animais de estimação, segundo a Associação

Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação

(Abinpet), demandando por ração, cuidados com limpeza,

adestramento e atendimento veterinário.

Pedro Svacina e Raphael Climaco

O CORRETOR COMO GRANDE

PARCEIRO

Os gestores da Plamev Pet destacam

a importância das grandes seguradoras

e corretores de seguros nesta

nova fase de expansão da companhia.

Comprometida com a inovação e com a

transparência, a empresa tem trabalhado

grandes parcerias nesse segmento, com

um portfólio de produtos que atende o

público consumidor B2C e também empresas

que têm como target o consumidor

final B2B e B2B2C.

“A credibilidade do mercado segurador,

representado sempre pelos corretores

e seguradoras que, lá na ponta, dão

suporte aos segurados quando estão em

apuros, tem tudo a ver com o negócio

que desenhamos e estamos prontos para

entregar”, diz Svacina.

SERVIÇOS DE SAÚDE DA PLAMEV PET

Os planos de saúde para animais

de estimação da Plamev Pet custam entre

R$ 14,99 e R$ 404,94, dependendo da cobertura.

Há ainda a possibilidade de customizar

planos para filhotes.

No caso do reembolso, em que o

tutor escolhe a clínica que quer levar o

pet, mesmo que não seja credenciada da

Plamev Pet, a cobertura vai variar, dependendo

do plano: vai de R$ 40 e R$ 5.000.

O prazo do reembolso é de até 7 dias.

“Com planos e serviços que ajudam

tutores a dar melhor qualidade

de vida para os pets, nossa meta é ser a

maior operadora de saúde pet do Brasil

até 2023”, planeja Svacina.

A estratégia para este objetivo

ambicioso é trabalhar de braços dados

com os corretores, clientes e veterinários,

criando um ecossistema perfeito, tendo

sempre o pet como o foco.

“Cuidando mais e melhor dos

pets, todos saem ganhando, e o plano

de saúde, tal qual nos humanos, garante

que os tutores tenham condições de fazer

o melhor para seus peludinhos sem

surpresas na conta e os veterinários podem

dar o máximo de tratamento viável

para garantir a saúde dos companheiros

inseparáveis dos humanos”, comenta

Svacina.

13


EVENTO

BR INFINITE

Campanha para homenagear o corretor de

seguros brasileiro

ASSESSORIA DE SEGUROS BR

INFINITE REUNIU PARCEIROS DE

NEGÓCIOS E CONGÊNERES PARA

TRABALHAR A VALORIZAÇÃO DOS

PROFISSIONAIS DE INTERMEDIAÇÃO

Os corretores de seguros são a

força do mercado. São eles que

fazem o primeiro contato com o

cliente, buscando saber suas necessidades

e oferecendo um serviço mais adequado.

Nenhuma empresa faz sucesso

no mercado de seguros sem a participação

ativa do corretor.

O reconhecimento pelos esforços

desses profissionais só ganhou mais destaque

quando, durante o I Encontro Mundial

dos Corretores de Seguros, ocorrido

em 1970, na Argentina, ficou decidido

que todo dia 12 de outubro seria celebrado

o Dia do Corretor de Seguros.

Segundo dados da Fenacor - Federação

Nacional dos Corretores de Seguros

- o Brasil tem 93.859 corretores de

seguros. Desses, 49.558 são pessoas físi-

Pedro Cézar, Regina Cézar e Jeremias Cézar

cas e 44.301, pessoas jurídicas. Na região Centro Oeste eles são um

pouco mais de 6 mil no total, com predominância de quase 65%

do sexo masculino.

Pensando em uma forma de homenageá-los, a BR Infinite Assessoria

decidiu reunir seguradoras, assessorias e entidades do mercado

de seguros, na região de Brasília, para celebrar esse momento,

vestindo a camiseta em sinal da valorização, reconhecimento e importância

do corretor de seguros.

Segundo o diretor de marketing, João Carlos Rodrigues de

Souza, a estratégia adotada foi dividida em três etapas: primeiro foi

feito um trabalho com todos os corretores cadastrados na BR Infinite,

com premiações e brindes, além das mensagens que cada gerente

comercial enviava. A segunda etapa foi movimentar o mercado

em prol desse reconhecimento. Para isso, foi organizado um Happy

Brunch e enviado convite para todas as assessorias de Brasília, bem

como às seguradoras parceiras da BR Infinite e entidades ligadas ao

mercado, como Fenacor, Sincor/DF, CESB e ENS.

No encontro, todos foram convidados a vestir uma camiseta

com a seguinte frase: “seguro com corretor é mais seguro”. Deixando

claro o importante e exclusivo papel que cada corretor de seguros

representa para o setor.

14


Nas palavras da coordenadora da Escola Nacional de Seguros

(ENS), Rosiane Rocha, “o evento foi muito importante porque, além

da homenagem, permitiu rever amigos e parceiros depois de um

longo período de pandemia”.

Uma questão importante foi levantada: vale a pena uma empresa

cooperar com outras organizações ou com concorrentes? A

maioria dos gestores costumam apresentar, em grande parte do

tempo, um comportamento individualista, e até mesmo egoísta, o

que não quer dizer que não possam ser altruístas, mas este comportamento

é mais raro de ocorrer naturalmente.

“Foi uma excelente iniciativa dos nossos pares da Br Infinite

Assessoria. É inspirador ver a valorização dos profissionais corretores

de seguros”, afirmou Enir Junker, diretora executiva da Junker

Assessoria.

“A atividade do corretor de seguros é muito valiosa para todas

as seguradoras e as assessorias, pois facilita a conexão com o

segurado, servindo como uma ponte para que todos os envolvidos

sejam beneficiados e atinjam seus objetivos. Muitos são os motivos

pelos quais devemos agradecer o trabalho que os corretores de seguros

desempenham. Eles zelam pelos clientes com profissionalismo,

responsabilidade e excelência. Eles são os protagonistas e nossa

assessoria é um apoio para que seus negócios nunca parem de

crescer”, afirmou o executivo da BR Infinite, Jeremias Cézar.

A ação causou um impacto positivo no mercado. Mensagens

e ligações foram feitas parabenizando a iniciativa em prol da valorização

do corretor de seguros. No final do mês de outubro, foi feito

um Happy Hour com corretores que vestiram a camiseta para celebrar

o momento com chave de ouro.

“Eventos e iniciativas desse porte, normalmente, são feitos

por seguradoras ou sindicatos. Não me lembro de uma assessoria

ter feito algo nesse sentido. Obtivemos ótimos feedbacks e já estamos

avaliando a possibilidade de fazer o mesmo em todos os estados

onde atuamos. Sou muito grato por tudo que esse mercado

proporcionou à minha família. Quero que outras famílias tenham o

mesmo orgulho que tenho por trabalhar neste setor”, revelou Pedro

Cézar, diretor de operações da BR Infinite.

Executivos de assessorias e líderes do mercado de seguros

"A BR Infinite não imagina o quão

importante foi esse evento para o mercado

de seguros de Brasília. Essa iniciativa

marca um novo momento. O que a BR Infinite

começou será continuado por todos

nós. Essa camiseta é de todo profissional

comprometido com o mercado de seguros

e deve ser vestida por todos nós."

Regina Lacerda, presidente do Clube

das Executivas de Seguros de

Brasília (CESB).

Nas palavras do Vice-Presidente

de Marketing da Fenacor, Dorival Alves

de Sousa, fica expresso todo reconhecimento,

por parte dos profissionais do

mercado, pela iniciativa da Assessoria:

“Parabéns a toda equipe da BR Infinite

Assessoria pela campanha lançada no

Distrito Federal em prol da valorização do

profissional corretor de seguros”.

A BR Infinite reconhece e valoriza

as seguradoras parceiras por

possibilitarem um crescimento

constante da assessoria:

Ezze

Mitsui Sumitomo

Sompo

Suhai

Tokio Marine

15


PÓS-PANDEMIA

PREVIDÊNCIA PRIVADA

O que o consumidor espera

dos novos planos

MOVIMENTOS REALIZADOS POR

PESSOAS QUE POSSUEM PLANOS

DE PREVIDÊNCIA DEMONSTRA A

NECESSIDADE DO SETOR DE ESTAR

MAIS PRÓXIMO AOS CONSUMIDORES

Kelly Lubiato

A

avaliação do mercado de previdência

privada pelo consumidor

de seguros é a segunda

pior de todos os setores do mercado.

Segundo a pesquisa NPS Prism, realizada

pela consultoria Bain & Company,

o resultado para previdência privada é

16, demonstrando uma grande distância

para o seguro auto, por exemplo,

que possui NPS de 48, e para vida, que

está na casa de 29. Esta pesquisa, lançada

em 2020, foi realizada com mais

de 42 mil respondentes e abordou, entre

seus temas, as razões pelas quais as

pessoas contratavam ou não um plano

de previdência privada.

De acordo com Luiza Mattos, sócia

da Bain & Company, o bom atendimento

e a confiança na marca são motivos que

levam os consumidores a adquirir planos.

“O NPS é um termômetro do momento. O

patamar da previdência é muito diferente

de outros produtos”, enfatiza a especialista

em Customer Experience. É importante

ressaltar que a previdência compete

com outros tipos de investimento e os

players tentam oferecer produtos com

características semelhantes, com proteção

de renda no futuro.

Este é um mercado em que há

espaço para se reinventar e a empresas

devem se questionar se elas estão oferecendo

realmente uma solução para a

dor do cliente. “Com a possibilidade de

portabilidade é preciso oferecer mais do

16


O bom atendimento e a

confiança na marca são

motivos que levam os

consumidores a adquirir

planos. O NPS é um

termômetro do momento.

O patamar da previdência

é muito diferente de outros

produtos”

LUIZA MATTOS, da Bain & Company

que uma boa experiência de contratação,

de engajamento, mas também ter um

produto que atenda as expectativas dos

clientes”, ressalta Luiza.

Em outro ponto da pesquisa para

identificar promotores e detratores das

marcas, a pergunta é por que as pessoas

deixam de contribuir com os planos

de previdência. A falta de dinheiro e a

percepção de que o produto não é mais

necessário são as causas que lideram a

pesquisa.

17


PÓS-PANDEMIA

PREVIDÊNCIA PRIVADA

Motivos para compra focam confiança,

atendimento e preço

Motivos para cancelamento são monetários,

além da falta de necessidade

Fonte: Bain & Company

Fonte: Bain & Company

Leonardo Coelho, vice presidente

executivo de Health & Retirement Solutions

da AON, lembra que os planos

de previdência sempre tiveram papel

importante na atração e retenção de

talentos, além da projeção de futuro e

como a empresa que concede o benefício

é vista entre seus concorrentes.

“Este mercado vem se transformando

desde antes da pandemia, mas vieram

alguns elementos adicionais a partir de

2020, principalmente relacionados aos

resgates e à possibilidade das empresas

interromperem as contribuições neste

período”.

Entretanto, ele acredita que a

maior transformação é a queda dos planos

de benefício definido, que geram

mais riscos para os seguradores em termos

de impactos atuariais. A maioria dos

planos comercializados, 70% do mercado,

é de contribuição definida. Coelho

cita dados da pesquisa de benefícios realizada

pela AON.

Uma mudança identificada nos

planos atuais diz respeito às regras do

vesting, que é o acesso ao saldo para

quem trabalhou em uma empresa por

determinado período. “Na pesquisa de

2019, o vesting era de 6 anos. Em 2015 o

prazo era de 10 anos. Percebemos que as

empresas flexibilizam esta regra de acesso

aos recursos em busca de mais competitividade

na aquisição e retenção de

talentos”, reflete Coelho.

A maioria das empresas conseguiu,

junto às seguradoras, flexibilizar a

sua contribuição e do colaborador, durante

o período de pandemia. Estas medidas

foram necessárias para garantir a

continuidade dos contratos e a saúde

financeira das empresas.

“O plano de previdência, cada

vez mais, se assemelha a uma estratégia

de investimento”, aponta Coelho. A previdência

privada deixou de ser algo intangível

(mesmo no campo corporativo),

com mais dinamismo nas regras de vesting

e com mais características de produtos

de investimentos, com maior oferta

de fundos e opções dinâmicas.

Segundo Coelho, o maior desafio

é ampliar a adoção da previdência

18


privada como benefício estratégico para as empresas. Ele destaca

que a previdência privada bem estruturada oferece benefícios

fiscais e tributários para as empresas e seus colaboradores.

É preciso também romper a barreira de que previdência privada

é um produto apenas para grandes corporações. O futuro está

nas PME’s, principalmente com o novo movimento organizacional

de startups, com modelos tecnológicos mais avançados,

e-commerce etc.

NA GARUPA DA PANDEMIA

Em um período em que as pessoas necessitavam cortar

absurdamente seus gastos, as contribuições com a previdência

privada acabaram entrando neste balaio. Rodrigo Borges, superintendente

Comercial Vida, Previdência e Ramos Elementares na Seguros

Unimed, afirma que no momento mais crítico da pandemia,

os investidores da previdência privada suspenderam suas contribuições

e aportes, tendo em vista o impacto da crise na renda e

no orçamento familiar. “Naquele momento, os resgates também

aumentaram, mostrando que as pessoas realmente foram impactadas

em seus rendimentos mensais”.

Foi uma experiência comum ao mercado. A arrecadação

de prêmios e contribuições em 2020, de acordo com dados da

Fenaprevi, ficou na casa de R$ 124,3 bilhões, contra R$126,4 bilhões

de 2019; em 2020, os resgates somaram R$ 82,5 bilhões,

ante R$ 70,9 bilhões em 2019. Para 2021 as expectativas são

melhores. “Quando as condições econômicas e de renda estiverem

mais favoráveis, poderemos ver maior volume de recursos

direcionados para as modalidades PGBL e VGBL”, prevê Borges.

Entretanto, segundo dados da própria Fenaprevi, os resgates de

janeiro a julho de 2021 foram 23% maiores, em relação ao mesmo

período de 2020.

“O movimento de recuperação ganhou mais força no segundo

semestre deste ano, com novos clientes e valores mais

expressivos de contribuições e aportes. Para 2022, a expectativa

é de uma recuperação ainda mais intensa e que deve superar

o ano de 2019 (pré-pandemia)”, declara o executivo da Seguros

Unimed.

O diretor de Vida e Previdência da SulAmérica Victor Bernardes,

afirma que verifica um maior número de pessoas procurando

se proteger da volatilidade observada no mercado ao migrarem

suas reservas para fundos com estratégias mais conservadoras. “O

movimento de elevação da taxa básica de juros trouxe de volta a

atratividade desse tipo de investimento. Vemos que há uma conscientização

mais generalizada entre os brasileiros quanto à importância

de constituir uma reserva financeira, sendo a previdência o

instrumento ideal de poupança para o longo prazo”. Ele acredita

que um dos motivos é que as pessoas tendem a refletir sobre os

piores cenários em momentos de crise, e em possíveis situações

críticas. “Por isso, é natural passarem a pensar em um plano de previdência

privada para organizar o presente e planejar o futuro. Por

essa razão, é importante começar a investir parte de seus ganhos e

separar dinheiro para a previdência privada o quanto antes”, pondera

Bernardes.

LEONARDO COELHO,

da AON

TECNOLOGIA E ASG

A sociedade viu a tecnologia fazer

avançar a forma como nos comunicamos

durante a pandemia. Os clientes buscaram

as facilidades para acompanhar seus

investimentos em previdência, com serviços

que podem ser atendidos por um

aplicativo no smartphone, por exemplo.

“Nossos clientes já podem utilizar algumas

funcionalidades para a previdência

dentro do nosso Super APP (Seguros

Unimed) e estamos atentos para esse

movimento e envolvidos em um amplo

RODRIGO BORGES,

da Seguros Unimed

19




PÓS-PANDEMIA

PREVIDÊNCIA PRIVADA

VICTOR BERNARDES,

da SulAmérica

projeto para oferecer cada vez mais serviços

digitais”, ressalta Borges, da Seguros

Unimed, e continua: a proposta é colocar

a previdência na palma da mão.

Na SulAmérica, o exemplo é o

SOSPrev, uma assistência financeira

da SulAmérica com melhores condições

de crédito para quem investe em

previdência. Bernardes explica que o

produto tem linha de crédito para os

participantes dos planos PGBL e VGBL

elegíveis à contratação de empréstimo.

“O valor máximo para contratação,

RODRIGO NEVES,

da Onze

que é feita 100% online na área logada do cliente, é de até 50%

do valor da reserva, com uma taxa de 1,5% ao mês, sem análise

de crédito e risco zero de negativação. O objetivo da assistência

é apoiar nossos clientes em momentos de emergência pontual,

preservando suas reservas. É mais uma forma de cuidar da saúde

financeira das pessoas, visando garantir o futuro”, acrescenta o

executivo da SulAmérica.

Agilidade e engajamento é o que os novos consumidores

procuram. Não basta mais os fundos de investimento serem rentáveis,

eles precisam ter propósito. “Os consumidores, inclusive de serviços

financeiros, estão cada vez mais sensíveis para as questões que

envolvam o meio ambiente, responsabilidade social e boas práticas

de governança. O Brasil vem amadurecendo a cada dia os conceitos

de ASG e será um caminho natural para todos os segmentos da economia.

Com previdência privada não será diferente”, avalia Borges.

A perspectiva das novidades de produtos é que eles possibilitam

aos clientes uma maior diversificação de investimentos nos planos

de previdência, além de viabilizar um planejamento financeiro mais

sustentável. “São fundos democráticos e interessantes para o pequeno

investidor e também para quem tem um recurso maior para

investir, o que possibilita oferecer opções para que clientes de diferentes

perfis fortaleçam ainda mais sua saúde financeira”, completa

Bernardes.

TECNOLOGIA EM PREVIDÊNCIA

A distribuição dos produtos de previdência privada complementar

já chegou à palma da mão dos consumidores. A Onze é uma

fintech direcionada aos produtos desta carteira, com uma jornada

positiva para o consumidor e um custo operacional baixo ou zerado

para as empresas.

“As empresas viram em nós a oportunidade de gerar fluxo

operacional e engajamento dos funcionários com o benefício. Para

as empresas pequenas, significa o acesso a um benefício sem custo

operacional”, explica Rodrigo Neves, COO da Onze.

A seguradora parceira é a Zurich, presente no APP para clientes

corporativos. A prevtech deve expandir seus negócios em breve

para os clientes individuais também.

A Onze é uma combinação de dois modelos: é uma corretora

autorizada pela Susep, que pode distribuir planos, e também é uma

gestora independente de fundos próprios.

Com um ano de operação, o principal diferencial da Onze é

oferecer serviço e agilidade, levando em conta os dados da pesquisa

de satisfação com a previdência privada. “Boa parte do que nos

levou a criar a Onze foi o GAP de possibilidade de contratação digital

no ambiente corporativo e, ao mesmo tempo, temos o nosso

propósito: sabemos que mais de 80% dos brasileiros dependem da

previdência social. O benefício ‘de verdade’ permite à empresa contribuir

para o futuro melhor dos colaboradores. É um instrumento de

inclusão social”, pontua Neves.

A transparência também é um ponto de destaque no aplicativo.

A maioria das pessoas não sabem qual é a taxa de administração

dos planos escolhidos e não sabem quanto rende, muito menos em

que fundo está. “É uma caixa preta”.

22


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ESPECIAL RISCOS FINANCEIROS

SEGURO GARANTIA

Vai dar pé

em 2022?

EMBORA AINDA TÍMIDO E OSCILANTE,

O CRESCIMENTO DO SEGURO

GARANTIA É FRANCAMENTE

PERCEPTÍVEL, MESMO DIANTE DO

CENÁRIO ADVERSO DA ECONOMIA

E DO RECUO DOS CONTRATOS DE

INFRAESTRUTURA NOS ÚLTIMOS

DOIS ANOS. MAS A CARTEIRA,

ENSAIA UMA RETOMADA EXPRESSIVA

FIANDO-SE NO CUMPRIMENTO DE

UM VATICÍNIO: A CONCRETIZAÇÃO

DE INVESTIMENTOS BILIONÁRIOS

EM OBRAS PELO PAÍS AFORA. A

INDÚSTRIA SECURITÁRIA ESTÁ

CONFIANTE

André Felipe de Lima

24


Os quase dois anos de pandemia

impuseram um freio aos investimentos

em infraestrutura que

impactou diretamente nas garantias

tradicionais existentes no mercado. Em

contrapartida, o seguro garantia judicial

expandiu-se significativamente no

mesmo período. Esta carteira é acionada

por pessoas jurídicas que necessitem

garantir processos judiciais, sejam estes

no âmbito cível, trabalhista, tributário

ou de qualquer outra natureza. Sempre

e quando a empresa for demandada a

apresentar uma garantia no curso do

processo, ela poderá se utilizar o seguro

garantia judicial como forma de caução

processual. “Adicionalmente, considerando

as alterações legais e normativas

ocorridas ao longo dos últimos anos, o

seguro garantia judicial também pode

ser utilizado para substituir outras formas

de garantia, a exemplo de fiança

bancária e mesmo dinheiro, que estejam

garantindo o respectivo processo

judicial. Dentre outros muitos benefícios

do seguro garantia judicial, podemos

destacar a agilidade na contratação, a

menor onerosidade quando comparado

a outras formas de garantia, bem como

o fato de não tomar limite de crédito do

tomador (empresa que necessita apresentar

a garantia) frente às instituições

financeiras”, assinala vice-presidente da

Junto Seguros, Roque de Holanda Melo.

Como reforça o executivo, a carteira

mostrou-se resiliente nos períodos

mais críticos da pandemia, como por

exemplo, em volume de prêmio. “O ramo

de garantia fechou o ano de 2020 com

um crescimento de 8% em comparação

com o ano anterior. Para 2021, apesar de

os números até agosto sinalizarem um

decréscimo em relação ao ano anterior,

as expectativas continuam positivas, no

sentido de que teremos mais um ano de

crescimento do setor”, prevê o executivo,

apontando, inclusive, que a estimativa

do mercado é de que a parte mais relevante

desses números, ou seja, acima de

80%, esteja concentrada em garantias

judiciais.

25


ESPECIAL RISCOS FINANCEIROS

SEGURO GARANTIA

Dentre outros muitos benefícios do seguro

garantia judicial, podemos destacar a agilidade

na contratação, a menor onerosidade quando

comparado a outras formas de garantia, bem

como o fato de não tomar limite de crédito do

tomador (empresa que necessita apresentar a

garantia) frente às instituições financeiras”

ROQUE DE HOLANDA MELO, da Junto

O impacto inicial da pandemia afetou,

entretanto, a velocidade nos julgamentos

do Poder Judiciário, mas a Justiça

– explica o CEO da Merit Seguros, Sergio

Fasolari - não pode esperar porque prazos

devem ser cumpridos. “Houve um aumento

na demanda pelas substituições

de depósitos feitos em dinheiro pelas

apólices. Os empresários recorreram às

garantias judiciais para resgatar esses depósitos

para melhorar o capital de giro”,

ressalta Fasolari. Entretanto, continua ele,

o Relatório do Conselho Nacional de Justiça

(CNJ) mostra que o Poder Judiciário

fechou o ano de 2020 com 75,4 milhões

SERGIO FASOLARI,

da Merit

de processos em tramitação. “O volume é dois milhões menor em

relação ao final de 2019, o que representa a maior redução na série

histórica, desde quando se iniciou o relatório, em 2009. Os números

apontam também que em 2020 foram ajuizados 25,8 milhões de novos

processos, ou seja, 14,5% a menos do que em 2019”, compara.

A ampla aplicabilidade do seguro garantia foi exaltada pela

CEO da Ombrello Seguros, Maria Luiza Mello. Para a executiva, a crise

econômica em decorrência da pandemia do coronavírus deu fôlego

ao debate relacionado ao uso do seguro garantia judicial em substituição

ao depósito efetivado por empresas privadas em ações judiciais.

Isto porque, através da substituição de valores depositados em

juízo por seguro garantia, as empresas podem reaver importantes

valores ao seu fluxo de caixa e garantir a continuidade das suas operações.

“O apoio do judiciário à utilização deste instrumento também

está contribuindo para um crescimento exponencial do seguro

garantia judicial no Brasil. Em outubro de 2019, o Conselho Superior

da Justiça do Trabalho, o TST e a Corregedoria-Geral da Justiça do

Trabalho publicaram o ato conjunto 1, regulando o uso do seguro

garantia judicial em substituição ao depósito recursal e para garantia

da execução trabalhista”, recorda Maria Luiza.

Segundo Melo, da Junto Seguros, a soma de fatores justificam

o constante crescimento na utilização do seguro garantia judicial,

dentre as quais pode-se citar a utilização cada vez maior por

parte das empresas que já conhecem o produto, inclusive para substituição

de valores anteriormente garantidos mediante depósitos judiciais,

bem como o fato de que cada vez mais empresas estão se utilizando

dessa forma de garantia para resguardar processos judiciais.

“Trata-se, à toda vista, de um movimento crescente de popularização

dessa forma de garantia que há poucos anos era desconhecida

pela maioria das empresas e que hoje representa a forma de garantia

mais utilizada, também para cobrir processos judiciais”, diz Melo.

Para Maria Luiza Mello, a garantia judicial proporciona um

“oxigênio financeiro” importante para as empresas de todos os

portes no enfrentamento dos desafios econômicos atuais. “As empresas

de pequeno e médio porte estão começando a conhecer

26


este instrumento e entender que não precisam mais deixar dinheiro

preso em processos ou sofrer penhora de bens, liberando assim

o fluxo de caixa para suas operações. Mesmo tendo um menor

número de processos judiciais, as empresas pequenas e médias

sofrem grandes impactos financeiros ao precisar dispor de valores

da sua operação para fazer depósitos judiciais, ficando com esse

dinheiro preso, muitas vezes, por anos. A liberação do fluxo de caixa

para essas empresas é crucial para a manutenção da sua saúde

financeira”, explica a especialista.

Outro viés, entretanto, precisa ser destacado, segundo Fasolari,

para quem, embora o seguro garantia judicial permita às empresas

protegerem o capital de giro diante do Poder Judiciário quando das

exigências dos depósitos em juízo, o produto ainda não é acessível às

empresas de todos os portes. A tendência de médio prazo – defende

o especialista - é que, face à competitividade entre as seguradoras e

resseguradoras, surgirão novos players de mercado para atender o

“middle market” e mais adiante às pequenas empresas. “Este planejamento

se faz necessário porque o seguro garantia judicial é um

produto relativamente novo e pelo fato de terem vigências de no

mínimo dois anos ainda não há um histórico do índice de sinistro x

prêmio. Portanto torna-se mais difícil definir o risco com precisão. Daí

a razão da cautela das seguradoras e resseguradoras em torná-lo disponível

para todos os portes em empresa”, pondera Fasolari.

RETENDEDO RECURSOS

O fato é que o seguro garantia judicial, como o mercado de

seguros em geral, vem contribuindo para equilibrar a alocação de

capital das empresas, sobretudo em um tempo tão bicudo e repleto

de adversidades. Maria Luiza Mello reforça, por exemplo, que a

opção de seguro garantia evita outros tipos de caução que comprometem

o fluxo financeiro das empresas ou bloqueariam seus bens:

“Com isso, todos têm a ganhar, a economia se mantém aquecida

com empresas financeiramente saudáveis, mais empregos são mantidos,

o Poder Judiciário ganha mais celeridade no julgamento das

ações à medida que não é preciso paralisar os processos por falta de

recursos ou realizar penhoras e os autores dos processos têm seus

direitos garantidos.”

Roque de Holanda Melo cita como exemplo de contribuição

do seguro para esse equilíbrio o momento de apresentação

da garantia em que o tomador pode optar pelo seguro garantia

judicial ao invés de imobilizar o capital necessário para garantir o

processo, e isso a um custo bem menor quando comparado com

outras formas de garantia. Melo enumera também a possibilidade

de captação de recursos no momento em que o tomador se utiliza

do seguro garantia judicial para substituir valores já depositados judicialmente,

obtendo recurso antes imobilizado para aplicação em

sua empresa e, não menos importante, ante ao fato de que o seguro

garantia judicial não toma limite de crédito do tomador junto às instituições

financeiras, ao contrário do que ocorre com outras formas

de garantia como a fiança bancária.

Fasolari estende, porém, a importância do seguro garantia

judicial para o mercado de trabalho. “Se considerarmos que o

seguro garantia judicial protege o fluxo de caixa das empresas, a

MARIA LUIZA MELLO,

da Ombrello

aplicação das apólices pode liberar mais

investimentos para outras áreas, principalmente

para gerar mais empregos, aumentar

a capacidade de produção e dar

sobrevida às empresas em momentos de

crise. Muitas empresas, com o suporte de

seus advogados, estão revendo as formas

de garantias ofertadas nos processos judiciais

e substituindo-as por apólices”,

conta o executivo.

COMPENSANDO DÉFICIT EM

INFRAESTRUTURA

A redução de investimento em

infraestrutura nos últimos anos desaqueceu

as demandas por garantias tradicionais,

por outro prisma, porém, a expansão

do seguro garantia judicial vem

compensando esse recuo dos modelos

tradicionais de garantia. “O desaquecimento

no setor de infraestrutura é consequência

direta da redução de investimentos

ao longo dos últimos anos. Por

outro lado, no mesmo período, diversas

alterações legais e normativas acabaram

por consolidar a aceitação do seguro garantia

judicial, auxiliando no aumento da

demanda para esta modalidade de seguro

garantia. De toda forma, considerando

os leilões ocorridos ao longo de 2021,

bem como a expectativa de novas rodadas

para os próximos anos, assim como

as recentes alterações promovidas na Lei

27


ESPECIAL RISCOS FINANCEIROS

SEGURO GARANTIA

MARIANA CARVALHO,

da Probrokers

de Licitações, a expectativa de volume

de negócios relacionada ao setor começa

a dar sinais de reação”, sinaliza Roque

de Holanda Melo.

Mariana Carvalho, da Probrokers,

ressalta, no entanto, que o mercado de

seguros não é linear e que está em constante

mutação, sendo, assim, essencial

que se acompanhe suas atualizações.

As demandas de garantias licitantes e

de performance – prossegue Mariana

– reduziram-se, mas a progressiva liberação

das atividades e a retomada das

licitações por conta da imunização em

massa contra a covid-19, iniciaram uma

retomada: “Neste meio tempo, com certeza

a demanda de garantias judiciais

cresceu exponencialmente, e a notícia

boa é que elas tendem a crescer ainda

mais, independentemente da pandemia.

Isso porque, uma vez que as empresas

desenvolvam a consciência acerca

dos benefícios de se contratar o seguro

garantia judicial ao invés de realizar

depósitos judiciais, mesmo que voltem

a ter fluxo de caixa em abundância, dificilmente

irão deixar de contratar o

seguro. O seguro garantia judicial tem

taxas muito atrativas, funciona de forma

extremamente eficaz e gera um ganho

financeiro para as empresas que compensa,

mesmo no cenário mais promissor

da economia.”

DE OLHO NOS QUASE R$ 100 BI PREVISTOS EM

INFRAESTRUTURA

Embora estejamos em um período de recessão no mercado

mundial, há uma expectativa de que até dezembro haja um investimento

de cerca de 100 bilhões de reais em projetos de infraestrutura

no país. “O seguro tende a ocupar uma posição de protagonismo

na garantia de execução de projetos de infraestrutura. Com

o mercado mais amadurecido, as seguradoras já conseguem fazer

análises atuariais mais precisas que permitem a prática de preços

extremamente competitivos e sem a exigência de colaterais, como

comumente ocorre em fianças bancárias. Como o valor da garantia

acaba influenciando na composição do preço final em licitações,

é natural que as empresas licitantes procurem a alternativa com

melhor custo x benefício para garantir suas propostas e seus contratos.

Nesse cenário, o seguro garantia será a melhor opção na

maioria dos casos”, diz Mariana.

Segundo Fasolari, o mercado brasileiro de seguros tem que

estar em sintonia com o crescimento de obras para absorver os

grandes riscos de engenharia. “Quando o governo sinaliza com

investimentos, inicia-se um ciclo de confiança que é sempre bem-

-vindo”, afirma o executivo, ressalvando, porém, que as seguradoras

e resseguradoras têm um verniz muito conservador ao exigirem

do tomador da garantia um patrimônio líquido sempre alto. “O

critério adotado é rígido e seletivo, o que exclui muitas empresas

de médio porte de participarem diretamente do fluxo de investimento.

A solução para esta questão é usar com mais eficácia a tecnologia

da informação para que as análises de risco abordem parâmetros

mais qualitativos do tomador. A democratização do seguro

garantia no Brasil passa obrigatoriamente pela necessidade de um

reposicionamento das seguradoras e resseguradoras com relação

à concessão de limites de crédito.”

NOVA LEI DE LICITAÇÕES E NOVAS FRENTES

Pode-se afirmar que com a expectativa de retomada das

obras públicas, algumas medidas já começam a ser formuladas

para garantir a segurança dos investimentos? Segundo Fasolari, a

Lei 14.133, de 2020, não seria uma ruptura à lei anterior e, sim, um

aperfeiçoamento caracterizado por mais praticidade e adaptação

aos novos recursos tecnológicos. “A nova lei das licitações estabelece

que para obras acima de 200 milhões de reais aplica-se o step

in right, mecanismo que não é uma novidade no clausulado do

seguro garantia. Na verdade, o step in right dá o direito à seguradora

em se desincumbir da obrigação indenizatória no caso de

sinistro, cabendo a ela escolher novo fornecedor para a conclusão

do contrato”, esclarece o executivo, complementando que, apesar

de ser contemplado há mais de 20 anos, este mecanismo não é

muito utilizado em razão do risco de incidência de débitos fiscais e

impostos, especialmente de ordem trabalhista, que eventualmente

possam ser devidos pelo contratado anterior. “Um ponto interessante

da nova lei é o sistema de ‘diálogo competitivo’ que se

traduz basicamente em uma conversa técnica entre os candidatos

ao certame público e o governo. Sem dúvida, uma medida que visa

reduzir riscos”, conclui Fasolari.

28


Como sinaliza Mariana Carvalho, a nova lei de licitações, entre

outros aspectos, versa sobre os percentuais de garantias a serem

oferecidos, de acordo com o valor da licitação. Nas licitações de

grande porte, acima de R$200 milhões, a lei dá a opção aos órgãos

públicos de estipular o percentual de garantia a ser exigido até o

limite de 30% do valor do contrato. Isso faz com que as importâncias

seguradas e os prêmios esperados para esses contratos sejam consideravelmente

maiores do que os praticados hoje. “Mais importante

do que isso, a lei garante ao segurado maior tranquilidade em relação

à execução dos contratos. As seguradoras, por sua vez, devem

estar preparadas para alinhar suas condições gerais e seus contratos

de resseguros para esta nova realidade, de modo a ter condições de

atender as demandas vultosas que poderão chegar, e de ter meios

para atuar nos eventuais sinistros conforme as condições estabelecidas

na nova lei”, considera Mariana.

PERCENTUAL DE GARANTIA NOS CONTRATOS

Há hoje uma variação dos percentuais de garantia que giram

em torno de 5% a 10% para contratos de até 200 milhões de reais.

Para estes, não há alterações significativas no que se refere ao seguro

garantia. Ao ultrapassar este teto milionário, ou seja, quando

entram em cena contratos vultosos, a lei exige o seguro garantia

com cláusula de retomada e percentual de até 30%.

“É compreensível que o Estado se preocupe em não onerar

demasiadamente contratos que não necessitem

de garantias tão expressivas e,

nesse sentido, parece razoável que haja

discricionariedade entre a escolha do

percentual de garantia, especialmente

para os contratos de menor valor. De

toda forma, pretender aplicar percentuais

de garantia irrisórios e ainda assim

exigir que a obra seja retomada e

concluída por parte do agente garantidor

foge completamente à razoabilidade.

Nesse sentido, o agente garantidor

terá um papel fundamental na escolha

do percentual de garantia, sobretudo

para aqueles contratos considerados de

grande vulto e para os quais a intenção

seja, de fato, contar com uma forma de

garantia que possibilite a retomada e

conclusão da obra por parte do agente

garantidor. Caso contrário, a previsão

legal poderá ser inócua ao não oferecer

reais condições para que seja atendido o

maior anseio do Estado”, explica Roque

de Holanda Melo.


ESPECIAL RISCOS FINANCEIROS

RESPONSABILIDADE CIVIL

Siglas que falam mais que números

O MERCADO PARA D&O E

E&O REGISTRA EXPRESSIVA

EVOLUÇÃO. MUITOS FATORES

EXPLICAM ISSO E NÃO

SOMENTE A PANDEMIA DA

COVID-19, INEGAVELMENTE

UM DOS PRINCIPAIS

ESTIMULADORES DESSE

CRESCIMENTO. APÓLICE

MAPEOU OS NÚMEROS

DESTA CARTEIRA PARA

MOSTRAR QUE HÁ MUITO

MAIS DO QUE SE IMAGINA

POR TRÁS DAS SIGLAS QUE

NORTEIAM SEGUROS DE

RESPONSABILIDADE CIVIL

NO PAÍS

André Felipe de Lima

O

mercado de D&O (sigla em inglês

para directors and officers

liability) no Brasil apresentou nos

últimos anos uma aceleração muito forte

no crescimento do volume de prêmios

de seguro emitidos anualmente, como

informa a Federação Nacional de Seguros

Gerais (Fenseg). Os resultados são

verdadeiramente alvissareiros. De 2003

a 2018, por exemplo, o mercado cresceu

em média 15% ao ano. De 2018 a 2020, o

crescimento apurado foi de 47%, sendo

37% em 2019, 56% em 2020 e 48% entre

os meses de janeiro e agosto de 2021.

Quando combinados, os mercados de D&O e de E&O (errors

and omissions) somaram, de janeiro a agosto, 1,1 bilhão de reais em

prêmios, representando um crescimento de 36,4% em relação ao

mesmo período no ano anterior. Já o mercado de seguros no Brasil

somou um total de prêmio de seguros de R$ 86 bilhões no período,

representando um crescimento de 15,2%. Sendo assim, atualmente

os mercados de D&O e E&O juntos representam 1,3% do mercado

total de seguros no país, um incremento em relação ao ano anterior

quando representava 1,1%.

Essa aceleração no crescimento, pontualmente em D&O, explica

o coordenador de Linhas Financeiras da FenSeg, Gustavo Galrão,

desdobrou-se principalmente do aumento da demanda pelo

produto, tanto por parte de empresas que passaram a contratar o

seguro D&O pela primeira vez, quanto por parte de empresas que

30


GUSTAVO GALRÃO,

da FenSeg

Ministério Público e a Polícia Federal, aumento

nos casos e valores em processos

regulatórios da CVM (Comissão de Valores

Mobiliários), Cade (Conselho Administrativo

de Defesa Econômica) e outras

agências reguladoras, aumento nos casos

de recuperação judicial e insolvência

de companhias, além de outras questões

tributárias e trabalhistas. E, sem dúvida,

o desenvolvimento das ações de classe

movidas nos Estados Unidos contra empresas

brasileiras”, enumera o representante

da Fenseg.

já possuíam o programa de seguro e decidiram aumentar o limite

contratado ou mantiveram seus programas mesmo com o aumento

significativo nas taxas observado nesse período. “Ou seja, em termos

econômicos verificou-se um aumento significativo na elasticidade

do preço da demanda pelo seguro D&O, o que traduzido para

uma linguagem menos técnica significa que o seguro D&O vem se

tornando cada vez mais importante no Brasil”, frisa Galrão.

Com relação ao aumento nas taxas do seguro D&O nos últimos

anos, Galrão reforça que, além de se tratar de um movimento

global das seguradoras para reverter resultados negativos com o

produto nos últimos anos, decorre também de fatores locais. “Por

exemplo, o aumento significativo na sinistralidade do mercado,

que passou de 56% em 2017 para 79% em 2018 e 132% em 2019 –

muito relacionado ao aumento nas investigações promovidas pelo

IMPACTO DA PANDEMIA

Considerando que vários executivos

foram obrigados a tomar decisões

como, por exemplo, migrar para o home

office seus colaboradores e que outras

estratégias foram empregadas para defenderem-se

em tempos de menor disponibilidade

de capital, foi preciso verificar o

desempenho das carteiras de responsabilidade

civil D&O durante a pandemia e quais

as projeções para um futuro próximo.

Para Galrão, em meio às fortes

correções promovidas por seguradores

e resseguradores em nível mundial para

o ajuste da sinistralidade do seguro D&O,

o lockdown promovido por muitos países

como forma de combater a propagação

do vírus resultou em significativas reduções

de receita, aumento nos casos de

31


ESPECIAL RISCOS FINANCEIROS

RESPONSABILIDADE CIVIL

A referida cobertura garante apenas os riscos

de morte e invalidez permanente de empregados

durante o desempenho de suas funções laborais.

As seguradoras, por sua vez, deverão estar

abertas para a análise de situações pontuais

fora do padrão já conhecido”

WALTER ANTONIO POLIDO, consultor

recuperação judicial e fechamento de

empresas de muitos setores econômicos,

destaque para os setores de comércio de

rua, shopping centers, turismo, aviação

e restaurantes. As incertezas – reforça o

coordenador de Linhas Financeiras da

FenSeg - sobre os possíveis impactos levaram

seguradoras a estender as correções

promovidas por mais tempo, para se

prepararem para possíveis aumentos na

sinistralidade com consequência direta

ou indireta da crise pandêmica.

“Essas correções, somadas ao impacto

menor do que o esperado até o

momento na sinistralidade do seguro

D&O, resultaram em uma situação inicialmente

bastante confortável para as

seguradoras em 2021 que, além do crescimento

significativo no volume de prêmios

de seguros emitidos, observaram

uma expressiva redução na sinistralidade

do mercado, que reduziu de 132% em

2019, para 47% em 2020 e, atualmente,

encontra-se em 15% no acumulado até

agosto de 2021”, avalia Galrão.

Contudo, observa o representante

da Fenseg, considerando a característica

dos produtos de responsabilidade civil

serem de “cauda longa” – o que significa

que o sinistros podem levar anos para se

desenvolverem totalmente, dado que na

maioria das vezes decorrem de processos

judiciais, arbitrais ou regulatórios que levam

anos até terem uma decisão final –

esse conforto aparente das seguradoras

pode ser revertido no futuro. Esse é o motivo pelo qual as seguradoras

permanecem preocupadas com possíveis desdobramentos da

crise que impactem fortemente a sinistralidade e, consequentemente,

a lucratividade de suas carteiras de negócios.

Com vasta experiência no mercado de seguros e de resseguros,

o consultor Walter Antonio Polido antevê algumas questões

intrincadas de sinistros no âmbito da cobertura de RC Empregador,

que cobre a responsabilidade civil da empresa segurada por danos

corporais sofridos por seus empregados, na medida em que, segundo

o especialista, poderá ser difícil atribuir responsabilidade civil de

fato aos empregadores, na hipótese de os empregados sofrerem

danos no âmbito de suas residências. “Lembrando, ainda, que a referida

cobertura garante apenas os riscos de morte e invalidez permanente

de empregados durante o desempenho de suas funções

laborais. As seguradoras, por sua vez, deverão estar abertas para a

análise de situações pontuais fora do padrão já conhecido”, analisa

Polido.

Para o gerente de Linhas Financeiras da Austral Seguradora,

Breno Nardy, o impacto da pandemia no E&O é consideravelmente

menor do que no D&O. “Como aquele (E&O) não está diretamente

ligado às relações trabalhistas como este (D&O), eu diria que não

podemos relacionar a pandemia às mudanças de sinistralidade no

RC Profissional. Já para o seguro D&O, o mercado teve um pico de

sinistralidade em 2019, chegando a 133%, segundo os dados disponibilizados

pelo sistema de estatísticas da Susep (Superintendência

de Seguros Privados), e vem ajustando suas taxas para combater

essa sinistralidade”, pondera Nardy, e completa: “Assim como vem

ocorrendo no exterior, a tendência é de que essa alta de preços seja

desacelerada conforme os efeitos mais fortes da pandemia e os problemas

econômicos dela derivados sejam superados.”

MÉDICOS E ADVOGADOS NA PANDEMIA

É fato e, de certa forma, até esperado pelo mercado securitário:

durante a pandemia, os seguros de RC Profissional (E&O) para

médicos e advogados vêm sendo bastante acionados, com aumento

significativo de sinistralidade desde o ano passado, sobretudo

quando a pandemia chegou ao Brasil, em março. Galrão apresenta

mais contornos desse desempenho:

32


“A sinistralidade histórica desta modalidade de seguro, com

base no período entre 2003 e 2020, foi de 40,3%. Já em 2021, entre

os meses de janeiro e agosto, a sinistralidade do mercado alcançou

55% versus 40% no mesmo período em 2020 e 28% no

mesmo período em 2019. Os números publicados pela Susep para

a carteira de RC Profissional consolidam todas as atividades que

contratam o seguro, por exemplo: hospitais, clínicas, médicos, escritórios

de advocacia, advogados, contadores, corretores, engenheiros,

arquitetos, notários, bancos e muitas outras atividades de

serviço”, assinala o porta-voz da Fenseg, ponderando, todavia, que

não há no momento informações públicas com nível de detalhes

para que sejam analisadas as atividades individualmente. Porém,

completa Galrão, a Susep publicou recentemente o normativo do

SRO que passou a exigir das seguradoras o detalhamento do RC

Profissional por atividade. “Em função disso, quando o SRO estiver

totalmente implementado pelas seguradoras, poderemos analisar

com mais detalhes a performance de cada uma das atividades”,

prediz Galrão.

No momento, a Austral não trabalha com o seguro de RC

Profissional para médicos, mas Nardy confirma que a seguradora registrou

alguns sinistros para o seguro direcionado a advogados em

função das alterações do modelo presencial para o online: “Recebemos

casos de advogados que possuíam uma instrução de tribunais

superiores sobre possíveis paralisações dos processos para diminuir

o contato nos momentos mais agudos da

pandemia, mas que tiveram casos transitados

em julgado por revelia.”

GOVERNANÇA, A CHAVE-MESTRA DO

MERCADO

O que verdadeiramente impulsionou

os seguros de responsabilidade civil

profissional (E&O) e de administrador

(D&O) antes mesmo da eclosão da pandemia

foi a busca por maior governança

no mercado em geral. Nardy atribui essa

busca a alguns fatores, dentre eles a Lei

Geral de Proteção de Dados (LGPD), que

exige maiores níveis de controles internos.

Ele enumera também o número crescente

de ingressantes na bolsa de valores, que

exige a responsabilização de administradores

por transparência, e a própria

sociedade, que vem amadurecendo em

busca desse maior nível de controle sobre

as companhias. “O mercado segurador

vem tentando mostrar a relevância dessas

linhas de negócio aos seus potenciais


ESPECIAL RISCOS FINANCEIROS

RESPONSABILIDADE CIVIL

segurados que, a partir do momento que

entendem o impacto que sua responsabilidade

profissional pode causar em suas

finanças, preferem adotar o seguro”, ressalta.

Polido, por sua vez, observa os

seguros E&O como um “fenômeno da

horizontalização” e um dos responsáveis

pelo incremento das contratações dos

seguros alusivos aos segmentos médico

e do direito. O consultor explica que muitas

empresas exigem que os prestadores

de serviços apresentem uma apólice E&O

antes mesmo de contratá-los ou para permitir

que utilizem as instalações, assim

como ocorre nos centros cirúrgicos, que

são alugados. “Este fator é preponderante

numa sociedade que se moderniza e

também com vistas na gestão dos riscos.

Anos atrás, este tipo de preocupação

inexistia e, quando uma empresa tinha

consciência sobre riscos e seguros para

garanti-los, contratava isoladamente e

exigia que a seguradora incluísse todos

os possíveis interventores nas operações/

atividades na condição de ‘cossegurado’.

Este modelo ultrapassado está acabando

e as empresas estão aprendendo a gerir

adequadamente as situações, exigindo a

comprovação de seguros específicos, de

cada parte interveniente nos negócios”,

avalia Polido, para quem este “despertar”

para a realidade tem incrementado as

contratações de seguros RC de modo geral.

“Sendo que este tipo de exigência já

era praticado há décadas por outros países

desenvolvidos, com mercados de seguros

maduros”, acrescenta o especialista.

PANDEMIA IMPULSIONA SEGURO DE RC MÉDICO

CONSULTORES MOSTRAM IMPACTO NO DIA A

DIA DOS PROFISSIONAIS DA SAÚDE

A evolução da carteira de responsabilidade civil nos

últimos anos foi significativa, entretanto, ela ampliou sua

representatividade por conta da pandemia.

“O mercado de responsabilidade civil médica vem

crescendo muito mais pela dor. Os profissionais tanto da

área da saúde como outros também compraram o seguro

em função da consciência da sua responsabilidade de

ter que reparar danos, e é uma forma mais barata de

você financiar uma perda que é justamente adquirindo

ou transferindo o risco da sua atividade para aqueles que

estão vendo o imponderável e podem suprir uma eventual

indenização”, explica Felippe Moreira Paes Barreto,

sócio da ZNT, consultoria

especializada em direito

médico.

Hoje, diz o advogado

e consultor, a cadeia

de responsabilidades

na área médica sofreu

mudanças. “Antigamente,

havia uma operadora

de saúde que pagava

uma indenização por conta de um erro subjetivo de um

médico, e assim ficava. Hoje vai se cobrar do médico,

e, assim sucessivamente, essa roda vai girando. Houve

um crescimento (do RC médico) não pelo aculturamento

do seguro pela sociedade, mas, sim, porque o problema

está instalado pelas suas mais variadas formas, até as

injustas, de se cobrar um profissional da área da saúde”,

pondera Barreto, assinalando também que o médico

pode ser demandado por três vias jurídicas: a área civil,

criminal e os conselhos de medicina federal e regionais.

REGULAÇÃO CONSTANTE

Como reforça Galrão, a Susep segue

promovendo uma série de mudanças

regulatórias no mercado de seguros

brasileiros, muitas delas tendo como

pano de fundo o fundamento da liberdade

econômica. Nesse contexto, o regulador

alterou disposições normativas que

norteiam os seguros de responsabilidade

civil que garantiram, enfatiza o representante

da Fenseg, mais flexibilidade de negociação

entre segurados e seguradoras.

Galrão destaca algumas delas,

como a Circular Susep 621, de 12 de fevereiro

de 2021, que revoga/substitui a Circular 256/2004 (entre

outras) e dispõem sobre as regras de funcionamento e os critérios

para a operação das coberturas de seguros de danos; a Resolução

CNSP 407, de 29 de março de 2021, que dispõe sobre os princípios

e as características gerais para a elaboração e a comercialização de

contratos de seguros de danos para a cobertura de grandes riscos; a

34


Circular Susep 637, de 27 de julho de 2021, que revoga/substitui as

Circulares Susep 336/2007 (apólice a base de reclamação), a Circular

437/2012 (Responsabilidade Civil Geral) e 553/2017 (D&O), que dispõe

sobre os seguros do grupo de responsabilidades, entre outras.

Essas novas disposições trazem uma série de mudanças, dentre

as quais a segmentação do mercado de grandes riscos, que enumera

os seguintes aspectos: ramo/grupo riscos de petróleo, riscos

nomeados e operacionais – RNO, global de bancos, aeronáuticos,

marítimos, nucleares e crédito interno e crédito à exportação PJ; limite

máximo de garantia (LMG) superior a15 milhões de reais; total

de ativos superior a 27 milhões de reais e, por fim, faturamento bruto

anual superior a 57 milhões de reais.

As mudanças propostas pela nova circular Susep 637/2021,

onde todos os seguros de responsabilidades passam a estar abrangidos

sob uma única norma, enfatizam a importância do corretor

para garantir que o cliente final entenda o que está contratando

junto a cada seguradora. “Clausulados mais simples e objetivos podem

ser mais vantajosos do que clausulados extensos e cheios de

‘penduricalhos’ que, ao fim das contas, não agregam tanto ao cliente”,

diz Nardy, da Austral.

QUEM VEM ANTES, SUSEP OU CONSTITUIÇÃO?

Recorrendo aos pensamentos de juristas dos séculos 18 e 19,

o jurista brasileiro Voltaire Giavarina Marensi reforça a relevância da

responsabilidade civil de um modo geral em toda conduta social,

sobretudo após os riscos que surgiram a partir da escalada tecnológica

do século 20. “Mas há uma parcimônia ainda muito grande no

trato da responsabilidade civil. E eu digo isso porque malgrado toda

essa gama, todo esse elenco de situações, o risco de atividade, os

riscos ambientais, todos esses riscos produzidos pelo homem, pela

máquina, têm que ter cobertura, e para isso precisa haver um incentivo

maior, haver um incremento maior de uma legislação moderna,

atual, que vá suprir essas deficiências.”

Marensi chama atenção, contudo, para o papel da Susep

como órgão regulador, especialmente no âmbito da responsabilidade

civil. “O que penso é que através de inúmeras resoluções e

circulares projetadas pela Susep, elas extrapolam a lei. Já na primeira

edição do meu livro O Seguro no direito brasileiro: temas atuais:

excertos doutrinários, jurisprudência comentada (1992, primeira

edição), o Pimenta da Bueno, que comentou a Constituição Federal,

já no tempo do Império, já dizia o seguinte: quem vai regulamentar

a lei não pode extrapolar, porque a lei tem um princípio maior.”

Para Marensi, a Susep, bem como outras autarquias federais,

sobrepõe indevidamente a lei valendo-se de “tentáculos” para

tentar, frisa o jurista, “colmatar”, fechar lacunas onde a própria

lei não tem alcance e ignorando parâmetros estabelecidos pela

Constituição Federal, especialmente quando está determinada

uma hierarquia das leis. “E essas leis devem ser projetadas de acordo

com as leis ordinárias, e quando há um regulamento, há uma

cizânia, há um total desconforto em relação a esses regulamentos

que extrapolam a lei e, consequentemente, são visceralmente

inconstitucionais e ilegais porque ferem a Constituição. Não é

por fatos sociais atropelarem o direito que o legislador, seja ele

KARINA SALEME,

da ZNT

vinculado a um órgão mais fiscalizador,

que a todo o momento elabore leis para

suprir determinados comportamentos,

como responsabilidade civil médica, responsabilidade

profissional. Todas estão

implicadas na responsabilidade civil, e a

responsabilidade civil quem determina

como deva ser feita é o nosso Código

Civil.”

ÁREA EXTREMAMENTE SENSÍVEL

Pode-se afirmar que o campo médico

é hoje um dos mais vulneráveis na

sociedade, senão a principal dentre todas

as áreas. Principalmente quando se considera

a meta de sua função: a preservação

da vida, que inexoravelmente é envolvida

por uma carga emocional sem precedentes.

“Sobretudo agora com a pandemia,

podemos afirmar isso”, enfatiza a advogada

Karina Saleme, sócia da ZNT.

Karina cita o emblemático caso da

Prevent Senior como exemplo para que o

mercado da saúde recorra ao D&O. “Muitas

vezes se esquece de que quem muitas

vezes administra o hospital é o próprio

médico e que esse médico não tem formação

para ser empresário, de estar na

liderança de uma grande empresa, e o

aculturamento dele é o médico. É bem

difícil para ele ter essa mudança de chave,

e com esses episódios que a gente está

vendo, eles estão procurando mais o seguro

de RC”, concluiu a consultora.

35


RISCOS CIBERNÉTICOS

CRIME

Incansáveis e maldosos

MIGRAÇÃO DO TRABALHO

PRESENCIAL PARA O REMOTO É UM

DOS PRINCIPAIS FATORES PARA

ESPANTOSO CRESCIMENTO DOS

CRIMES CIBERNÉTICOS AO LONGO

DA PANDEMIA DA COVID-19

André Felipe de Lima

No dia 14 de outubro, a Porto Seguro

sofreu um ataque cibernético,

que ocasionou a instabilidade

parcial de sistemas e de canais de

atendimento da companhia. No começo

do ano, o site do Sincor-SP também havia

sofrido uma tentativa de invasão de

hackers que partiu de um grupo denominado

“Prometheus”, cujo ardil para atingir

suas vítimas é utilizar o ransomware,

um vírus que bloqueia sistemas e cobra

resgate em criptomoedas para liberá-los.

No ano passado, a matriz da Mapfre, na

Espanha, também sentiu a mão pesada

dos cibercriminosos que utilizam ransomware.

O vírus invadiu o sistema da

seguradora e provocou bastante dor de

cabeça aos funcionários e, principalmente,

aos responsáveis pela segurança de

dados da empresa e dos clientes. Nos três

episódios, todas as companhias vieram

imediatamente a público confirmar os

ataques e tranquilizar que os problemas

haviam sido contornados.

Apólice conversou com o diretor

da Kroll no Brasil, Walmir Freitas, especialista

em riscos cibernéticos. De maio do

ano passado para cá — enfatiza Freitas

— os crimes cibernéticos e, consequentemente,

o vazamento de dados cresceram

assustadoramente no mundo corporativo.

“Podemos afirmar é uma tendência

global. De acordo com a pesquisa

Kroll, Data Breach Outlook 2021, houve

um aumento de 140% nos casos de vazamento

ou violações de dados de 2019

a 2020, globalmente. Como muitas empresas,

a Kroll efetua uma consolidação

anual dos casos em que atua, mas esse aumento é facilmente percebido

principalmente no Brasil, onde o advento da LGPD motivou

os cibercriminosos a focar seus esforços na obtenção de dados pessoais”,

alerta Freitas.

A origem destes ataques é notória: os hackers. Mas qual,

afinal, a brecha que encontraram para estas recentes investidas

criminosas contra companhias da área de seguros, cuja tradição

em segurança de dados não é menos notória? Teria a migração

abrupta do trabalho presencial para o remoto, e o despreparo de

empresas para lidar com essa situação inusitada, sido a principal

responsável pela escalada do crime cibernético? O executivo da

Kroll responde:

36


WALMIR FREITAS,

da Kroll

“Pode-se dizer que sim. No início da pandemia, observamos

muitas empresas alterando a forma de trabalho para o remoto, mas,

na maior parte das vezes, não ocorreu um preparo adequado para essa

transição, tanto em aspectos humanos como tecnológicos, culminando

com os incidentes que temos observado. Pode-se dizer também

que atualmente estamos observando uma certa evolução das empresas

em sua maturidade de segurança, acelerada por todos esses fatos,

mas ainda existe a necessidade de maiores cuidados”, pondera Freitas.

SEGUROS, UM DOS SETORES MAIS RESPONSIVOS

A pesquisa Data Breach Outlook 2021 confirma isso. No

estudo, há entre as análises, segundo Freitas, um indicador que

chama atenção: os aumentos significativos

de casos de vazamento ou violação

de dados em indústrias tradicionais, ou

seja, aquelas que até então não eram

alvos prioritários dos criminosos. “Somente

como exemplo, a Kroll verificou

que houve um aumento de 1300% de

ataques sofridos por empresas nos ramos

de alimentação e bebidas, de 2019

a 2020. Ou seja, os criminosos estão com

foco muito mais abrangente, muito deles

por conveniência”, explica.

Para Freitas, em meio a este cenário,

o setor de seguros, em geral, vem realmente

sendo um dos mais responsivos

em relação aos riscos cibernéticos. “Na

América do Norte, a consciência pelo uso

de um seguro cibernético é muito maior

do que no Brasil e na América Latina, mas

é possível observar claramente o aumento

na demanda por essa modalidade. Globalmente,

somos parceiros das maiores

seguradoras, atuando na resposta e contenção

de incidentes, além de serviços de

notificação de violações. A transferência

do risco é uma estratégia válida e que

está começando a ser entendida e acatada

pelo mercado local. A Kroll endossa

essa estratégia e acredita que é uma

tendência que veio para ficar”, conclui o

especialista.

37


Mundo

TECH

COMANDO

CORRETORAS E SEGURADORAS

SOB NOVA DIREÇÃO

A nstech anunciou a criação da Unidade de

Negócios focada em prover soluções digitais e tecnologia

para apoiar corretoras e seguradoras a crescerem

mais e serem mais rentáveis.

A nova unidade voltada para o mercado securitário

será liderada por Georgio Dovas. “Assim como

transportadores, embarcadores, motoristas e fornecedores

da cadeia logística, as seguradoras e corretoras

de transportes são nossos clientes e a razão de

existirmos”, ressalta o executivo.

Criada em outubro de 2020, a plataforma de

serviços tecnológicos para logística nstech integrou

11 empresas. São elas Buonny, Opentech, AT&M, Brasil

Risk, LogRisk, Praxio, Hivecloud, Fusion, I Am Tech,

Bsoft e e-Frete.

SEGURO DE VIDA

PARCERIA PARA AMPLIAR DISTRIBUIÇÃO

A Genial Investimentos firmou parceria com

a insurtech Easy2Life para dar início à oferta de produtos

de vida para clientes da plataforma de investimentos.

Com jornada 100% digital, os clientes terão

acesso aos seguros de vida da SulAmerica.

A parceria com a insurtech criada por Carlos

Alberto Trindade Filho, ex-vice-presidente da SulAmérica,

funcionará pelo modelo de whitelabel, no

site genial.easy2life.com.br, elaborado para atender

exclusivamente clientes da Genial.

“Para nós, da Easy2Life, a parceria com a Genial

é um marco importante para a continuidade do

sucesso de nossa estratégia. Estamos muito felizes e

orgulhosos de dividir esta importante conquista com

um dos maiores e mais importantes grupos financeiros

do país”, afirma Trindade.

DADOS

SOFTWARE COMO SERVIÇO

A BI.nsurance vai disponibilizar gratuitamente

para corretores de seguros uma assinatura SaaS (Software

como Serviço) para sua plataforma até o dia 30

de abril de 2022.

O sistema captura os dados disponibilizados

pela Susep e ANS, por exemplo, e os apresenta de

forma simples.

Dessa forma, ao fazer a assinatura na plataforma,

o corretor terá acesso a diversas informações

como os prêmios emitidos por ramo e por estado

(UF); ranking das dez principais seguradoras por

custo de aquisição; quais ramos cada seguradora trabalha

e em qual região; quais operadoras trabalham

com PJ e PF; entre outros dados.

INSURTECH

INVESTIMENTOS SEM PRECEDENTES

O World InsurTech Report 2021 da Capgemini

e da Efma mostra que as InsurTechs e BigTechs estão

fazendo investimentos significativos para impulsionar

o desenvolvimento tecnológico e a inovação no

setor de seguros, aumentando a pressão sobre as seguradoras

estabelecidas.

De acordo com o estudo, as gigantes de tecnologia

e as InsurTechs garantiram acesso sem precedentes

à alocação de capital de investidores e estão

reforçando seus recursos digitais, o que aumenta

sua liderança como vanguardistas da inovação. Entre

2018 e 2020, as 5 maiores empresas de tecnologia do

mundo e um famoso fabricante de automóveis - que

oferece serviços de seguros - alocaram quase 2,5 vezes

o investimento total nas 30 maiores seguradoras

em 20201. No final de 2020, o valor de mercado total

das InsurTechs listadas ultrapassava US$ 22 bilhões.

As InsurTechs estão se tornando rapidamente o investimento

do momento, com uma ampla gama de

investidores apoiando e injetando capital.

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