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AGOSTO 2022 • Nº 279 • ANO 27
conectando você ao mercado de seguros
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>>
>>
ESPECIAL CENTRO OESTE
& MINAS GERAIS
Um futuro cada vez mais
promissor
Agronegócios puxa o
crescimento da região e
desperta o interesse do
mercado
Muito além do seguro rural
Thiago Bortoleto Cabral
>> ALIÁ SEGUROS
Crescendo com a construção civil
Corretora nasceu para atender este nicho de mercado com produtos
em parceria com seguradoras especialistas
EDITORIAL
Muito além do
agronegócio
Sabemos que na região Centro-Oeste a economia é
movimentada pelo agronegócio, em suas diversas esferas.
Entretanto, para além dos negócios diretamente ligados à
operação de agro, há uma série de outros produtos que podem ser
oferecidos para os produtores rurais, porque as fazendas, na verdade,
são empresas.
Além dos seguros rurais, a região viu uma crescente demanda
por seguros de pessoas e empresariais, acompanhando o restante do
País.
Nesta edição, além de um panorama sócio-econômico regional,
mostramos também as empresas, produtos e serviços que estão em
destaque. Trazemos uma cobertura do 2º Congrecor, Congresso dos
Corretores de Seguros do Centro-Oeste e Minas Gerais, que inspirou a
divisão regional do especial desta edição.
É importante entender os caminhos que levam os corretores
de seguros a escolher trabalhar com um produto ou uma companhia de
seguros em específico. A motivação vai além do seu projeto financeiro.
Atendimento ágil, relacionamento, boas comissões e facilidade para
resolver problemas contam muitos pontos.
Aliás, a tônica dos eventos regionais tem sido a volta dos
encontros presenciais e a possibilidade de voltar ao networking.
Ainda mais quando o mercado de seguros enfrenta um período de
enxugamento dos quadros das seguradoras e fechamento de escritórios
em localidades mais distantes.
A capa desta edição mostra a Aliá Seguros, uma empresa cujo
símbolo é uma elefoa, que remete a diversos valores como solidez,
agilidade e bom custo. A empresa completa quatro anos e se posiciona
como uma especialista no setor da construção civil.
Boa leitura!
Diretora de Redação
AGOSTO 2022 • Nº 279 • ANO 27
EXPEDIENTE
Diretora de Redação:
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Diretor Executivo:
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nicole@revistaapolice.com.br
Colaborador:
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Executiva de Negócios:
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graciane@revistaapolice.com.br
Diagramação e Arte:
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Mensal
Os artigos assinados são de
responsabilidade exclusiva de seus autores,
não representando, necessariamente, a
opinião desta revista.
Esta revista é uma
publicação independente
da Correcta Editora Ltda e
de público dirigido
CORRECTA EDITORA LTDA
Administração, Redação e Publicidade:
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ESPECIAL CENTRO-OESTE E MINAS GERAIS
ÍNDICE
CONJUNTURA
A região é uma potência
do agronegócios, mas
não é só isso. Dados
socioeconômicos
apontam para o forte
crescimento, o que
anima o setor de seguros
a investir em novos
produtos e serviços
>> PÁG. 16
SEGURO RURAL
O desenvolvimento do
agronegócio amplia a
necessidade do seguro
rural e todos os outros
produtos que possam
atender às demandas
dos produtores da
região, cujo maior
cultivo é o de grãos
para consumo interno e
exportação >> PÁG. 24
06 painel
10 gente
12 capa
Aliá Seguros investe no setor da
construção civil desde o seu nascimento,
há quatro anos, na cidade de
Americana/SP. Objetivo é ser a líder
deste setor, impulsionada pela alta
demanda de unidades de habitação
ESPECIAL CENTRO-OESTE
E MINAS GERAIS
11 sindseg-MG
Conheça as comissão que fazem parte
do Sindicato das Seguradoras de Minas
Gerais, para a próxima gestão
PRODUTOS
Nem só de seguro rural
vive o Centro-Oeste. É
importante destacar
também o avanço dos
seguros de pessoas, com
foco no vida, e também
nos patrimoniais
>> PÁG. 30
28 congrecor
Evento reuniu 1200 corretores de
seguros no complexo Rio Quente/
GO para discutir temas que colocam
o profissional como protagonista do
mercado de seguros
Os artigos assinados são de
responsabilidade exclusiva de seus autores,
não representando, necessariamente, a
opinião desta revista.
4
PAINEL
endereço
Casa nova da Unimed Nacional reflete
transparência e integração
A Central Nacional
Unimed inaugurou em
julho suas novas instalações
em São Paulo. Em
um prédio novo, a operadora
ocupa 8 mil metros
quadrados distribuídos
do 8º ao 16º andar, incluindo
um rooftop.
Segundo o presidente da Central Nacional
Unimed, Luiz Paulo Tostes Coimbra, um dos valores
mais importantes da operadora é a sua construção a
partir da satisfação e engajamento das pessoas. “Este
prédio traz o conceito de transparência, mais luminosidade
natural, mais cor e com oportunidade de
maior integração entre as pessoas”.
Coimbra conta que o auditório da empresa,
no 15º andar, já reuniu os colaboradores para
falar sobre a experiência do homeoffice e, acima
de tudo, sobre o retorno para um local como este.
“A mudança para um novo local veio por motivação
econômica (diminuímos os gastos), mas com
a possibilidade de ouvir os funcionários e criar um
ambiente a partir das suas necessidades”.
aquisição
Movimento do setor de
assistência 24h internacional
A Europ Assistance anunciou
a aquisição de 74,6% da Gulf
Assist, empresa que detinha as operações
da Mapfre Assistência e que
também era proprietária da Arab
Assist. Com esta transação, a empresa torna-se líder do segmento
no Oriente Médio, com um modelo de atuação B2B2C
diversificado.
Isso significa que agora a companhia é a maior tanto
no nível da oferta de serviços (como assistência rodoviária, assistência
e seguros de viagem e de telefones celulares), quanto
na operação geográfica, atuando em dez países na região
- incluindo Emirados Árabes Unidos, Bahrein, Arábia Saudita,
Kuwait, Qatar, Omã, Jordânia.
O mercado de assistência no Oriente Médio tem alto
potencial de crescimento, especialmente nos setores de seguros,
assistência em viagem e assistência automotiva, pois a
região é um centro de viagens em crescimento e abriga o 13º
maior mercado de assistência automotiva do mundo. Além
disso, há um grande potencial para a prestação de serviços de
assistência pessoal que podem ser agrupados com ofertas de
seguros, oferecendo oportunidades de crescimento adicional
a este mercado.
social
Seguradoras já pagaram R$ 5,7 bilhões em benefícios em 2022
O último relatório da Fenaprevi
(Federação Nacional de Previdência
Privada e Vida), com base nos números
da Susep (Superintendência de Seguros
Privados), revelou que somente nos
primeiros cinco meses do ano foram
desembolsados R$ 5,7 bilhões em sinistros
referentes a seguros de pessoas.
Segundo a entidade, um alto volume
pago de benefícios, também superior aos níveis de 2019
(pré-pandemia). Já em prêmios, o mercado alcançou R$
22,5 bilhões entre janeiro e maio de 2022.
A procura pelos ramos de Vida, contra Doenças
Graves e o seguro Funeral continua avançando: 18%, 21%
e 17%, respectivamente, quando comparada ao mesmo
período de 2021. Os produtos tiveram ampliada sua importância
nos dois anos de crise sanitária,
e podem demonstrar aumento
da preocupação do brasileiro com
situações tais como “deixar a família
sem condições de se manter” e “não ter
como pagar tratamento médico”, conforme
revelou pesquisa encomendada
pela Fenaprevi ao Instituto Datafolha,
apresentada no final do ano passado.
E mais de 181 mil sinistros, apenas por mortes decorrentes
da Covid-19, foram acertados pelo setor, ou seja,
cerca de R$ 6,7 bilhões pagos às vítimas e suas famílias de
abril de 2020 até maio de 2022. Ainda de acordo com a Federação,
“os seguros ajudaram a resguardar a vida de milhares
de famílias que teriam ficado sem proteção no momento
mais difícil da vida, caso não estivessem cobertas”.
6
PAINEL
compliance
Marco regulatório padroniza temas ASG para seguradoras
As seguradoras, entidades
abertas de previdência complementar
e sociedades de capitalização
consideram o normativo com os requisitos
de sustentabilidade, publicado
no Diário Oficial e que entrou
em vigor em agosto, um marco regulatório
das questões Ambiental,
Social e Governança (ASG) para o setor,
estimulando a evolução de forma
padronizada dessa pauta.
“O setor de seguros reconhece que a atuação do
regulador é fundamental para construção de políticas que
fomentem melhor gestão de questões ASG. A harmonia
entre os conceitos da Circular Susep nº 666/2022 com a
Resolução CMN nº 4.944, que compõem o arcabouço financeiro
ASG e climático para instituições financeiras,
mitiga custos operacionais para cumprimento
regulatório”, avalia Solange
Beatriz Palheiro Mendes, diretoraexecutiva
da CNseg (Confederação
Nacional das Seguradoras).
Para facilitar o entendimento
das exigências regulatórias, os requisitos
da minuta de Circular Susep
são divididos em quatro etapas. A de
aculturamento abrange a Política de
Sustentabilidade, as ações relacionadas
e a definição de uma governança. Já a análise qualitativa
compreende exigências relacionadas à gestão de
riscos, critérios para precificação e subscrição para seleção
de investimentos e para seleção de fornecedores e prestadores
de serviços. Há ainda as etapas de performance e
registro e divulgação das informações.
organização
Aconseg-NNE é criada para desenvolver
mercado de seguros no Norte e Nordeste
Em 25 de julho de 2022 foi criada a Aconseg-
NNE (Associação das Empresas de Assessoria e Consultoria
em Seguros do Norte e Nordeste). Após mais de
um ano de conversas e reuniões entre diversas empresas
das regiões, 32 assessorias formalizaram a fundação
da Associação.
A Aconseg-NNE
irá, em suas atividades,
tratar de temas relevantes
do mercado,
desenvolver parcerias,
ampliar oportunidades,
compartilhar informações
e aprendizados
com as diversas
instituições da área como: sindicatos de corretores, de
seguradoras, clubes de seguros, imprensa especializada,
Escola de Negócios e Seguros, grupos de assessorias
de regiões diferentes do país e ainda se relacionar com
outros segmentos públicos e privados que sejam interessantes
para a expansão do segmento de seguro.
varejo
Nova operação
A Fairfax Brasil
definiu como
plano estratégico
operar no segmento
de Varejo.
Esse movimento
foi decorrência
do recente lançamento
da FF
ORBI, plataforma digital multiprodutos de seguros com
foco no varejo e desenvolvida exclusivamente para corretores
de seguros e parceiros.
Lançada no início de maio, a plataforma ORBI já
conta com mais de 1.500 corretores de seguros cadastrados,
revela Eduardo Pitombeira, head de Canais Digitais
da companhia. Segundo ele, trata-se de um número
expressivo de corretores listados que podem montar
suas carteiras de clientes na própria plataforma digital,
projetando a rentabilidade das operações, volume diário,
semanal e mensal de vendas, simulador de ganho
de comissões, campanhas promocionais, sistema de
pontuação e prêmios.
8
gente
PRONTA ENTREGA
A Pottencial contratou
um novo diretor de Sinistros,
Felipe Duque, que
acumula 23 anos de experiência
no mercado, especialmente
na área de Sinistros
e Cobrança, e passagens por grandes instituições
financeiras. Com a contratação, a empresa reforça o
seu compromisso em apostar em profissionais com
alta capacidade técnica, focados na transformação
digital e em processos que elevam cada vez mais o
nível das entregas ao cliente.
Para Duque, é justamente no momento do
sinistro que a Pottencial coloca em prática o seu
propósito, de oferecer tranquilidade até nos momentos
mais difíceis, sendo esta, portanto, uma área
bastante estratégica dentro da insurtech. “É na hora
do sinistro que o cliente espera ter todo o suporte
necessário para se sentir seguro. E é nesta hora que
a empresa comprova que, de fato, está ali para dar
ao cliente a tranquilidade da qual ele necessita”. O
executivo traz na bagagem a vasta experiência com
o varejo, ramo que tem crescido exponencialmente
na companhia nos últimos anos.
AUTO FROTA
A Ezze Seguros conta
agora com a atuação do executivo
Elton Andrade, que
assume a posição de diretor
de Auto Frota. Após atuar
em renomadas seguradoras
do país, o executivo afirma
ter sido motivado pelos princípios de inovação e
do foco em resultado da empresa. “Os números
impressionantes de uma seguradora tão nova demonstram
tamanho potencial”, disse.
Para o executivo, o segmento de Auto Frota
necessita de soluções diferenciadas e consistentes.
“Meu objetivo é desenvolver um produto que atenda
plenamente nossos corretores e canais de distribuição.
Buscamos entregar serviços de alta qualidade
e uma jornada agradável aos nossos segurados”.
RISCOS EMPRESARIAIS
A MDS Brasil anunciou a contratação de Gisele
Christo como diretora Regional de Riscos Empresariais.
A expectativa é trazer um crescimento
de 20% para a área.
“Estou bastante entusiasmada
por ingressar na
MDS em um momento de
expansão do Grupo. Uma
corretora sólida, com muita
expertise na consultoria de
Seguros e Resseguros que
vem crescendo a cada ano.
Com orgulho, me junto a esse time de grandes
profissionais para contribuir com o crescimento da
área de vendas com uma visão holística, focando
no atendimento construtivo, especializado em gerenciamento
de riscos e colocando as necessidades
dos nossos clientes sempre no centro das nossas
ações e soluções”, afirma Gisele.
COMPLIANCE
A Liberty Seguros
anunciou Robson Petersen
do Amaral como o novo
Chief Risk and Compliance
Officer da companhia. Após
consolidar sua carreira no
mercado segurador, Amaral
chega na Liberty Seguros
com grande experiência e alinhamento com a cultura
e propósito da empresa, e será responsável por
liderar a equipe que desenvolve e mantém a Estrutura
de Gestão de Riscos e Compliance da seguradora
no Brasil.
“Agir com responsabilidade é um dos principais
valores da Liberty globalmente. Por isso, meu
maior objetivo é garantir que nossos negócios
sejam conduzidos com transparência e comprometimento
para continuar melhorando constantemente
os processos de compliance da companhia
e contribuir para uma estratégia pautada pela seriedade,
respeito e ética”, diz Robson.
10
ESPECIAL CENTRO-OESTE & MINAS GERAIS
O SindSeg MG/GO/MT/DF conta com comissões específicas para debater temas que impactam a
rotina dos profissionais do setor. Mensalmente, esses grupos se reúnem para discutir questões
ligadas a novas legislações determinadas pela Superintendência de Seguros Privados e idealizam
iniciativas que reforçam a difusão da cultura do seguro nas localidades onde o Sindicato atua.
Comissão Especial de Assuntos Jurídicos e Fiscais
Comissão SindLab - Inovação e Tecnologia
Da esquerda para a direita, de cima para baixo:
Edgar Veneranda, Gustavo Veneranda, Humberto Melo, José Osvaldo
Miranda, Juçara Freire, Landulfo Júnior, Luciana Gonçalves, Lúcio
Flávio, Rodrigo Bossi, Aline Freire, Paulo Medeiros e Viviane Coronho.
Comissão Técnica de Benefícios (vida, previdência
complementar, saúde e capitalização)
Da esquerda para a direita, de cima para baixo:
Gizelle Silva, Igor Passos, Daniel Assis, Raquel Ferreira, Sarah Fontana,
Thomaz Zapaterra, João Neto, Erivelton Barbosa, Gustavo Veneranda,
Landulfo Júnior, Roney Castro e Marcos Silva.
Comissão Técnica de Seguros de Ramos Elementares
(automóveis, transportes e patrimonial)
Da esquerda para a direita, de cima para baixo: Alysson Parreiras, Valéria
Lopes, Alessandra Barbosa, Amanda Martins, Lorena Silveira, Cláudio
Melo, Fabiana Ribeiro, Fernanda Machado, Gustavo Moreira, Gabriel
de Andrade, Bruna Rios, Márcia Cristina, Renata Silva, Juliana Queiroz,
Cláudia Suarez, Ronaldo Taurino, Virgínia Sumienki e Vicente Torres.
Da esquerda para a direita, de cima para baixo:
Adriana Chácara, Arlem Pereira, Gilmara Costa, Guilherme Brant, Igor
Sena, , Marco Vita, Nelson Souza, Roberta Machado, Wagner Bisi,
Luciano Oliveira,Lívia Azevedo e Leonardo Santana.
CAPA
ALIÁ SEGUROS
Companhia investe em expansão com o objetivo de
se tornar a maior corretora da construção civil
PARA CRIAR OPORTUNIDADES SOBRE
AS NECESSIDADES, CORRETORA SE
DESTACA POR ATUAR EM PRODUTOS
ESPECÍFICOS PARA A CONSTRUÇÃO
CIVIL E OUTRAS SOLUÇÕES
Kelly Lubiato, de Americana/SP
Após identificar uma carência no
segmento da construção civil,
o executivo Thiago Bortoleto
Cabral, diretor Comercial da Aliá, que
já atuava no setor, se propôs a abrir um
novo caminho, baseado em três pilares:
atendimento, agilidade e custo.
“Para o mercado, este diferencial
criou uma boa aceitação, principalmente
porque se tratava de uma operação
nova. Para começar sua atuação junto
aos bancos de fomento – dentre eles o
maior banco público do país e líder no
programa habitacional - foi necessário
tratar casos desprezados pelo mercado,
devido à complexidade, para então receber
a oportunidade de operar com seguro
garantia”, conta o diretor.
O segmento da construção civil
tem um déficit de unidades de habitação
de mais de 23,5 milhões de unidades. Isso
acontece por conta da saída das pessoas
para as grandes capitais há mais de dez
anos, além de um movimento social em
que as pessoas estão começando a viver
mais sozinhas.
O setor de construção civil enfrenta
problemas, desde a queda da produtividade
(em 2021 foram entregues 12 mil
unidades habitacionais a cada mês, em
comparação a 2020, quando o Governo
entregou quase 33 mil). A pandemia e
o aumento dos insumos impactaram os
lançamentos. Em contrapartida, o crescimento
do setor no primeiro trimestre
de 2022 foi de 2,4%, em comparação ao
mesmo período do ano anterior.
Há uma demanda reprimida do mercado de construção civil, o
que ajudou a Aliá a crescer rapidamente com o apoio das seguradoras
parceiras. Inicialmente, a Fairfax foi fundamental neste processo, segundo
explica o diretor.
A Aliá passou a atender as grandes construtoras, como Pacaembu,
Cury, BRZ, HM e Rodobens, por exemplo, pois a corretora
possui um grande conhecimento desta área de seguro garantia, que
representa cerca de 60% da sua carteira. Há, porém, uma série de outros
produtos disponíveis para atender as necessidades dos clientes.
Segundo Joyci Dias, gestora Administrativa e Operacional da
Aliá, mesmo que os produtos não fossem aderentes aos necessários
ao projeto Casa Verde Amarela, projeto do Governo Federal, a corretora
se tornou conhecida por oferecer alternativas para ampliar o
caixa dos clientes, por exemplo.
12
Equipe da Aliá Seguros
Quando houve a equiparação do seguro garantia às garantias
bancárias para obras, tradicionalmente só se emitiam cartas para
negócios acima de R$ 20 milhões. Foi justamente neste momento
que Cabral, ainda antes da existência da Aliá, passou a buscar grandes
clientes (Pão de Açúcar, Embraer, Coopersucar, CPFL, Netshoes
etc) e a apresentar o seguro de garantia judicial. “Nós concorríamos
com multinacionais e apresentávamos as propostas com melhor
custo para o cliente”, avalia o executivo.
Com esta bagagem foi possível aliviar os caixas das construtoras.
Até hoje a empresa faz o convencimento de alguns órgãos
públicos, para mostrar como é possível colocar o seguro ao
invés de caucionar o valor em espécie. “Explicamos que o risco é
compartilhado com a seguradora e que há muita segurança nesta
operação. Este é um mercado de muitas oportunidades, que deve
crescer bastante, mas que necessita de uma proximidade grande
tanto dos clientes, quanto dos órgãos públicos e das seguradoras”,
ratifica Cabral.
NÃO É APENAS UMA APÓLICE
Quando falamos dos pilares da empresa, que a fazem atuar
com um perfil consultivo, é preciso reforçar que eles a colocam em
uma posição de destaque entre os bancos de fomento e os clientes.
É preciso expor as dificuldades de um órgão público, por exemplo,
para que estas possam ser atendidas pelas seguradoras. “Somos
consultores de algumas entidades, como Secretarias de Planejamento
e Gestão e um dos maiores portos do país, além de alguns Ministérios
e Prefeituras, porque os ajudamos a esclarecer suas necessidades.
O detalhe é o nosso atendimento e todos são nossos clientes”.
A Aliá atua desde a garantia financeira até riscos de engenharia.
Por enquanto, ela não pretende comercializar produtos massificados,
mantendo o foco nas apólices corporativas. Neste modelo, a
corretora tem mais de 4500 apólices comercializadas, com arrecadação
de R$ 29 milhões em prêmios em 2021. A expectativa para 2022
é atingir a marca de R$ 64 milhões.
Este crescimento é sustentado
pela capacitação não apenas da equipe
comercial, como também do time técnico,
especializado para cada produto.
“Nos adaptamos a todo o momento para
a realidade do cliente. Vemos muitas mudanças
no mercado e atendemos muitas
licitações. Somos uma ‘metaformose ambulante’,
capaz de aproveitar as oportunidades
que surgem no mercado, como
as resoluções da Susep que possibilitam
a criação de novos produtos e serviços",
pondera o executivo.
A posição de liderança entre as seguradoras
nas quais atua se dá por conta
do volume de negócios. “Também agregamos
o atendimento ao cliente, apesar
de saber que o custo é extremamente im-
Joyci Dias
13
CAPA
ALIÁ SEGUROS
portante. Vai chegar o momento em que
trataremos de limite, de emissão rápida
etc, que são valores que geramos por conta
de nosso atendimento. O custo não é a
ponta da lança”, avisa Cabral.
Joyci ressalta: “o pós-venda é muito
importante, porque as vezes um documento
que falta pode travar todo o processo,
deixando o tomador com os valores parados.
Nosso conceito, que passamos para
todos os colaboradores, é que o mais importante
é resolver os problemas dos clientes,
porque isso vai trazer o entendimento
de que somos um parceiro de verdade”.
Ter lucro é importante, mas ser o
responsável pelo seguro dentro das empresas
de clientes é fundamental. “Quando
o cliente tem necessidade de seguros
para pessoas físicas, encaminhamos a um
parceiro. Mas somos a corretora que leva
solução financeira, alívio de caixa com a
garantia judicial”, aponta o executivo.
FUTURO
Não há limite para o crescimento
da Aliá Seguros. A empresa conta com
um conselho que colabora para direcionar
as novas iniciativas, formado por um
ex-presidente de banco e outro executivo
que ajudou a desenvolver programas habitacionais.
“Discutimos o crescimento do
mercado de seguros, da construção civil,
do uso do seguro no âmbito judicial, contratual.
Não é um privilégio da Aliá, mas
de todo o segmento, muito promissor,
que tem mão-de-obra escassa”, comenta
Cabral.
A empresa forma seus talentos internamente,
através da capacitação dos
profissionais, que conhecem todos os processos
dos clientes.
A expansão da empresa é uma clara
demonstração desta força do mercado.
A base da Aliá está em São Paulo, onde ela
detém mais de 70% de share da construção
civil, atende grandes construtoras e também
as de menor porte. Ela também tem
posições de atendimento em Brasília, Goiânia,
Florianópolis, Niteroi, Belo Horizonte e
Belém. Cabral destaca: “nossas concorrentes
são as grandes corretoras de seguros, o
que nos torna mais fortes e nos incentiva a
melhorar sempre”.
“Com 30 anos de mercado, a Construtora Pacaembu é
referência no mercado da construção civil, com mais de 150
empreendimentos econômicos lançados e mais de 72 mil
unidades vendidas com alta qualidade, com a expertise em
bairros planejados
Trabalhamos com os melhores fornecedores do mercado
para garantir alta performance e qualidade em nossos
empreendimentos. A Aliá Seguros é um desses parceiros que
oferecem consultoria especializada, ágil, eficiente e segura.
A Aliá contribui para possibilitarmos o acesso a moradias
dignas para as famílias brasileiras, realizando o sonho da
casa própria.”
CÉSAR AUGUSTO SIGNORINI FAIM,
diretor Administrativo Financeiro e de
Relações com investimentos da Pacaembu
“A Caprem está pautada em resultados e performance.
Busca escrever sua história de sucesso com inovação e
qualidade, visando estar entre as melhores empresas do segmento.
Com a equipe da Aliá, temos a certeza de estarmos
trilhando o caminho certo. Confiantes na expertise da corretora
frente à representação dos nossos processos securitários,
conseguimos ganhar cada vez mais em reconhecimento
do nosso papel social, cumprindo nosso principal compromisso:
satisfazer nossos clientes.”
JOÃO VICTOR CHINELATO,
diretor Comercial na Caprem Construtora
“A Aliá é uma corretora comprometida e sempre com
disponibilidade para nos ajudar. Somos parceiros há mais
de 3 anos, o suporte é de muita qualidade e atenção. Atendimento
ágil e prestativo, solucionando nossos seguros na
hora da contratação do empreendimento.”
THAÍS COA,
engenheira da Cataguá Construtora
14
“A Construtora Magnum, atuando no mercado
da Construção Civil desde 1980, está com a
Aliá desde sua fundação. Somos coparticipantes
no crescimento pujante da corretora, bem como
na transformação da realidade de muitas pessoas,
obstinados a realizar sonhos e entregar resultados.
Agradecemos o compromisso, a qualidade e agilidade
no atendimento, o nível de detalhes, e a responsabilidade
na administração com nossos projetos.
Somos gratos por essa parceria de sucesso.”
JOÃO VICTOR FERRAZ DE
ALMEIDA BITENTE,
diretor de Planejamento da
Construtora Magnum
“Em 30 anos de atuação como incorporadora
imobiliária, a RNI, uma empresa Rodobens, já
lançou 199 empreendimentos residenciais em 60
cidades de 12 estados brasileiros, totalizando mais
de 75 mil unidades lançadas, sempre priorizando
a responsabilidade social e a sustentabilidade. Temos
como objetivo oferecer empreendimentos
de alta qualidade, que proporcionem conforto e
segurança e, para atingir esse objetivo a RNI busca
sempre os melhores parceiros no mercado para
construção de uma parceria que ofereça o melhor
resultado para nossos clientes.
A Aliá Seguros é um desses parceiros e os
corretores da empresa sempre nos auxiliam, procurando
as soluções ideais de maneira ágil, segura
e transparente. Poder contar com um parceiro que
nos ajuda de maneira rápida e eficiente, mesmo
diante dos maiores desafios, nos possibilita continuar
construindo, juntos, o futuro de milhares de
famílias.”
“Com a missão de construir para ter clientes
felizes, a BRZ Empreendimentos atua no mercado
de incorporação imobiliária e construção civil há
mais de 10 anos, já tendo entregue, durante este
período, mais 17.000 unidades nos mais de 100
empreendimentos contratados junto da Caixa Econômica
Federal, distribuídos em 23 cidades dos estados
de Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo. E,
com certeza, a Aliá Seguros faz parte dessa história.
Sempre nos atendendo de forma impecável, com
agilidade, transparência e seriedade, os corretores
da Aliá nos oferecem, a cada contratação, consultoria
especializada às necessidades específicas da
companhia, trazendo segurança e tranquilidade
até mesmo para questões complexas e burocráticas,
contribuindo, assim para a realização de nosso
maior objetivo: a realização do sonho da casa própria
de nossos clientes.”
ALEX LIMA,
assessor da Presidência da
Construtora BRZ Empreendimentos
“Pude acompanhar o nascimento da Aliá
de perto, uma empresa jovem com uma visão voltada
para o foco no cliente não tem como não ser
a potência que é hoje!
Competência, ideias inovadoras, comprometimento,
colaboradores dedicados e engajados
ao propósito do líder faz da Aliá essa corretora
que temos prazer em estar ao lado todos os dias
como parceiros de negócios.
Sem dúvida uma corretora com a qual queremos
manter relação, pois assim como nós buscam
assegurar um crescimento sustentável e um
relacionamento de logo prazo com nossos clientes.”
MARLON MORAES,
da Captação de Recursos da RNI
Incorporadora Imobiliária
SIMONE CLER,
Superintendente de Garantia da
Seguradora da Fairfax do Brasil
15
ESPECIAL CENTRO-OESTE & MINAS GERAIS
CONJUNTURA
Colhendo futuro
O SOLO DO CENTRO-OESTE É O ATIVO MAIS VALIOSO PARA O CRESCIMENTO
SOCIOECONÔMICO DA REGIÃO NAS ÚLTIMAS DÉCADAS, SEMPRE PUXADO
PELA AGROPECUÁRIA E QUE SUPERA A MÉDIA NACIONAL. O SETOR
SECURITÁRIO REGIONAL ACOMPANHA ESSA EVOLUÇÃO E PROCURA
FOMENTAR A “CULTURA DO SEGURO” PARA QUE A SOCIEDADE LOCAL,
SOBRETUDO O PRODUTOR RURAL, PASSE A DEFINIR A APÓLICE CONTRATADA
COMO GARANTIA DE PROTEÇÃO, MAS TAMBÉM COMO INVESTIMENTO PARA
MANUTENÇÃO E EXPANSÃO DO EMPREENDIMENTO
André Felipe de Lima
16
Recria tua vida, sempre, sempre.
Remove pedras e planta roseiras
e faz doces. Recomeça”. Este é um
trecho do poema Aninha e suas pedras,
um dos mais emblemáticos da infindável
e riquíssima lista poética de Cora Coralina,
uma das mais célebres personagens
culturais de Goiás. A verve de Cora parece
ensinar que o verbo “recomeçar” está
inexoravelmente contido na alma não
somente de goianos, mas de todos que
nascem sob a égide da terra, ou seja, direcionados
para o chão de barro vermelho
e o verde das gramas. O chão onde
se planta e se colhe abundantemente. O
recomeço é sempre farto e rico na região
Centro-Oeste onde a agropecuária é latente
na economia e, sobretudo, na vida.
Um Centro-Oeste onde se planta docemente
muito mais que somente roseiras.
Colhem-se números vultosos e respostas
econômicas aos cenários mais adversos
possíveis, como o atual pelo qual passam
o mundo e o Brasil, seja devido à pandemia
da Covid-19, à guerra fratricida entre
russos e ucranianos ou mesmo pela particular
e incômoda crise socioeconômica
pela qual atravessamos.
O boletim regional do Banco Central
(BC), divulgado em fevereiro, aponta
que o Centro-Oeste parece mesmo a
terra do “recomeço” como poeticamente
desenha Cora Coralina. Diante de todas
as intempéries, inclusive as climáticas dos
últimos dois anos, a evolução econômica
da região foi a que mais cresceu até o final
do ano passado, com alta de 0,9% da
atividade econômica enquanto as outras
regiões ou cresceram abaixo desse percentual,
como é o caso do Sul, ou mesmo
recuaram, como confirma o BC em relação
às regiões Norte, Nordeste e Sudeste.
O que, afinal, puxa esse crescimento no
Centro-Oeste? A agricultura e a indústria
de transformação, essencialmente a que
cerca o agronegócio, demonstraram firmeza
diante das adversidades recentes
decorrentes da pandemia e recuperaram-
-se no último trimestre do ano passado
após retrações nos trimestres anteriores.
Mas o recomeço não parou por aí.
17
ESPECIAL CENTRO-OESTE & MINAS GERAIS
CONJUNTURA
Quando você puxa todos os setores:
agricultura, indústria de transformação,
construção civil e tal, e serviços em geral,
existe uma parte dessa indústria e dessa
área de serviços que está muito vinculada ao
agronegócio”
JÚLIO FLÁVIO GAMEIRO MIRAGAYA, do Cofecon
“A safra recorde de grãos não
se repetiu em 2021 em decorrência de
condições climáticas que prejudicaram
o plantio e a colheita, principalmente a
estiagem prolongada a partir de fevereiro,
que provocou queda significativa nas
safras de milho, algodão e cana-de-açúcar.
A produção de soja, com colheita no
início do ano, não sofreu com as adversidades
do clima. Assim, exportações do
complexo da soja aumentaram no acumulado
do ano, enquanto as de milho
declinaram. Com o aumento dos preços
internacionais das commodities agrícolas,
as vendas externas em 2021 cresceram
17,8%, contribuindo para o saldo
positivo da balança comercial no período,
que encerrou 2021 com superávit de
US$ 23,2 bilhões, 3,4% menor em relação
a 2020”, aponta o boletim regional do BC.
O mesmo documento do BC prevê
que a safra de 2022, baseando-se no
levantamento sistemático da produção
agrícola (LSPA) de janeiro do IBGE, registrará
incremento de 10,3% na produção
de grãos, influenciado pela colheita da
soja e, principalmente, pelo crescimento
significativo da segunda safra de milho,
recuperando a perda do ano anterior.
Conselheiro do Conselho Federal
de Economia (Cofecon), o economista
Júlio Flávio Gameiro Miragaya frisa que
o Centro-Oeste realmente tem — “mais
do que qualquer outra região” — uma participação do chamado
agronegócio, com a fama mais ampla do que a própria produção, da
porteira para dentro, numa proporção bem maior do que no resto
do Brasil. “Quando você puxa todos os setores: agricultura, indústria
de transformação, construção civil e tal, e serviços em geral, existe
uma parte dessa indústria e dessa área de serviços que está muito
vinculada ao agronegócio. Por exemplo, uma indústria de processamento
de óleo de soja ou frigorífica, nas quais a produção pecuária
em si é computada na produção primária, na produção agrícola, mas
a produção de carne é processada, ela é computada na produção industrial,
que é o setor de alimentos. Na medida em que há um crescimento
muito grande do setor primário, da agropecuária, essa indústria
é beneficiada e isso também acaba impactando positivamente
o PIB e também aquelas atividades do setor de serviços que estão
vinculadas à agropecuária, como o transporte da safra de grãos. Há
movimentação de caminhões e de trens levando essa safra para as
unidades de processamento, algumas no Centro-Oeste e outras no
Sul, no Sudeste ou então para os portos exportadores, seja o do Arco
Norte, seja Santos, Paranaguá, entre outros”, explica Miragaya.
POUCO DO QUE SE QUEIXAR
A indústria na região — destaca ainda o BC — avançou 3,7%
no trimestre encerrado em dezembro, após decrescer no finalizado
em setembro (1,8%), conforme dados dessazonalizados. Este resultado
foi influenciado pelo setor alimentício, principal segmento no
Centro-Oeste, como já destacara Miragaya, com pujança da produção
de carnes de bovinos, óleo de soja e resíduos da extração de
soja, seguido por produtos de metal e metalurgia. Por outro lado,
frisa o boletim regional do Banco Central, derivados de petróleo e
biocombustíveis, minerais não-metálicos, e produtos farmoquímicos
e farmacêuticos foram as principais contribuições negativas.
“Com os programas de incentivo e benefícios fiscais, recursos
financeiros dos bancos públicos (Banco do Brasil, BNDES e outros),
proximidade do principal centro de consumo nacional, que é São
Paulo, as empresas foram se instalando na região e incrementando o
crescimento industrial, mas em setores específicos, particularmente,
aqueles relacionados com recursos naturais”, diz Murilo Pires, técnico
de planejamento e pesquisa da Diretoria de Estudos e Políticas
Regionais, Urbanas e Ambientais (Dirur) do Ipea.
18
ÊXODO RURAL
O processo de modernização da agropecuária deflagrado
nos anos de 1960 também trouxe impactos na questão agrária da
região, pois — como assinala Murilo Pires — demandou, cada vez
menos, mão de obra no setor rural, como também expulsou uma
massa crescente de trabalhadores agrícolas das suas unidades de
produção no meio rural. “Grande parte destes trabalhadores rurais
foi para as cidades, em especial, concentrando-se no entorno de
Goiânia, Brasília, Campo Grande e Cuiabá”, diz o técnico do Ipea.
Indubitavelmente, o êxodo rural ainda é notado. Por outro
viés, o econômico, em si, o setor agropecuário vem nas últimas décadas
impulsionando o desenvolvimento urbano nas principais cidades
da região, sobretudo porque há uma economia satelital, ou seja,
aquela de serviços voltada para o desenvolvimento do agronegócio.
Entre 85% e 90% das áreas agrícolas da região são ocupadas
com soja, milho e cana-de-açúcar, as três culturas altamente mecanizadas
em áreas muito grandes. “Quer dizer, predomina o latifúndio”,
sentencia Miragaya, complementando: “É diferente de outras
regiões. Encontra-se produção de milho no Sul do Brasil em pequenas
propriedades. Aqui, no Centro-Oeste, não. Aqui é basicamente
as grandes propriedades, muito capitalizadas, que recorrem à mecanização.
Uma pequena propriedade do Sul ou do Nordeste que
produz milho com 50 hectares está ocupada por uma família inteira.
E numa propriedade com cinco mil hectares, de repente tem as
mesmas cinco ou dez pessoas em uma área 100 vezes maior. Porque
ali tem colheitadeiras imensas, aqueles tratores imensos, e pronto:
planta e colhe depois. Isso faz com que essa característica seja interessante,
porque é uma região essencialmente agrária, mas pelas
características das culturas predominantes, que são a soja, o milho e
a cana-de-açúcar, totalmente mecanizada”, conclui Miragaya.
De fato, essa recuperação, a
partir, inclusive, da evolução
favorável dos preços e da
demanda dos mercados
internacionais, favorece o
crescimento do PIB. Mas o
PIB não é uma medida que
se refere a um crescimento.
Ele não se refere ao
desenvolvimento”
TANIA CRISTINA TEIXEIRA,
do Corecon
MINAS GERAIS BUSCA SEU “RECOMEÇO”
Embora Minas Gerais oficialmente e constitucionalmente integre
a região Sudeste, o estado é citado nesta reportagem da Apólice
por estar incluído na cobertura sindical de seguros que também
abriga Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Distrito Federal. Ao
contrário dos indicadores positivos econômicos do Centro-Oeste,
como apontado pelo boletim regional do Banco Central divulgado
em fevereiro, a economia mineira recuou 0,4% no quarto trimestre
de 2021 em relação ao período anterior (+0,5%), conforme dados
dessazonalizados do índice de atividade econômica do banco central
(IBCR-MG).
“O desempenho repercutiu retrações no comércio, na indústria,
principalmente na extrativa, e em boa parte do setor de serviços.
O IBCR-MG variou 5,1% em 2021, ante -1,4% no ano anterior,
com destaque para a indústria, a construção civil e os serviços de
intermediação financeira. A indústria extrativa em Minas Gerais
recuou no quarto trimestre de 2021, influenciada pela redução da
importação de minério de ferro pela China no segundo semestre.
Nesse cenário de arrefecimento da demanda externa, o preço do
minério no mercado internacional terminou em 2021 em queda. O
volume exportado da commodity, porém, cresceu 15,8% em 2021,
na comparação com 2020 (85,4% em valor). A indústria de transformação
desacelerou o ritmo de queda
no trimestre encerrado em dezembro,
2,7% (3,8% no trimestre anterior). Não
obstante, dos treze segmentos da indústria
mineira acompanhados na pesquisa
do IBGE, apenas dois apresentaram resultado
positivo no período. O principal
setor responsável pela redução no ritmo
de queda foi o automotivo, apesar de
impactado pelos problemas na oferta de
componentes eletrônicos”, aponta o documento
do Banco Central.
19
ESPECIAL CENTRO-OESTE & MINAS GERAIS
CONJUNTURA
EXPANSÃO DO SEGURO NO CENTRO-OESTE
RAMOS DE SEGUROS 1º SEMESTRE 2022 CRESC 1 CRESC 2
Danos e responsabilidades 5.078.812.439 13,3% 43%
Automóvel 1.957.933.082 15,2% 47,2%
Rural 1.490.708.414 15,5% 47,1%
Patrimonial 636.681.651 -1,2% 17,8%
Habitacional 548.896.975 26,3% 70,6%
Coberturas de pessoas 8.672.095.576 9,3% 20,8%
VGBL 6.140.667.174 12,0% 23,5%
Seguros de pessoas 2.531.428.402 3,5% 14,7%
Total Geral 13.750.908.015 10,8% 28,1%
CRESC 1 = crescimento em relação ao 2º semestre de 2021 | CRESC 2 = crescimento em relação ao 1º semestre de 2021
A retração econômica não cessou
em Minas Gerais e pôde ser percebida
também no setor de serviços, na geração
de empregos e na agricultura, como
também destaca o BC: “Em linha com o
comércio, o setor de serviços também recuou
no último trimestre de 2021 (1,6%),
impactado pela queda nos serviços de
transporte e outros serviços, em oposição
à manutenção do vigoroso crescimento
nos serviços às famílias (8,9%). Em
2021, o indicador registrou forte expansão
(14,0%), com crescimento em todos
os segmentos, frente a uma base fraca
em 2020, causada principalmente pela
retração nos serviços às famílias. Em relação
ao mercado de trabalho, a geração
de empregos desacelerou no último trimestre
em relação ao mesmo período de
2020, conforme dados do Novo Caged,
tendo em vista a eliminação de postos de
trabalho na construção e na indústria, além da redução na criação
de vagas no comércio e nos serviços. Em 2021, foram gerados 318,7
mil empregos formais no estado.”
Dados mais recentes do IBGE, divulgados em maio, mostram,
contudo, que o desemprego em Minas registrou queda no primeiro
trimestre deste ano, fechando em 9,3%, ou seja, um ponto percentual
a menos do identificado no último trimestre de 2021. Em resumo,
são 10,3 milhões de pessoas empregadas, enquanto 1,06 milhão ainda
se encontra à margem do mercado de trabalho.
Em junho, a Fundação João Pinheiro, responsável pelo cálculo
oficial da soma dos bens e serviços produzidos em Minas Gerais,
divulgou um relatório no qual indica que o Produto Interno Bruto
(PIB) de Minas Gerais chegou a R$ 207,9 bilhões no primeiro trimestre
de 2022 e que o aumento real registrado na atividade econômica
mineira é de 1,5% comparando-o ao resultado de igual período do
ano passado.
Economista, cientista política, professora e presidenta do
Conselho Regional de Economia (Corecon) de Minas Gerais, Tania
Cristina Teixeira, alerta, contudo, que elevação do PIB não é, necessariamente,
parâmetro de que realmente esteja ocorrendo desenvolvimento
socioeconômico.
20
QUAIS CARTEIRAS HOJE PUXAM O SETOR DE SEGUROS DO CENTRO-OESTE
RAMOS DE SEGUROS ACUM. 2022/2021 CRESC 12M MKT SHARE
Danos e responsabilidades 9.560.425.597 34,5% 36,5%
Automóvel 3.657.752.186 33,0% 38,3%
Rural 2.781.544.650 46,6% 29,1%
Patrimonial 1.280.816.755 18,7% 13,4%
Habitacional 983.531.751 60,7% 10,3%
Crédito e garantia 360.910.876 1,1% 3,8%
Coberturas de pessoas 16.603.805.825 13,9% 63,5%
VGBL 11.625.592.325 15,5% 70,0%
Seguros de pessoas 4.978.213.500 10,4% 30,0%
Total Geral 26.164.231.422 20,7%
Fonte: Susep (www.susep.gov.br). Dados extraídos da base gerada em 8 de agosto de 2022.
“A Fundação (João Pinheiro), no seu site, diz que o PIB do
agronegócio de Minas se expandiu de R$ 150 bilhões em 2020 para
R$ 167 bilhões em 2021 devido à evolução favorável dos preços. Isso
teve um reflexo no PIB do estado. E também há a questão da extrativa.
De fato, essa recuperação, a partir, inclusive, da evolução favorável
dos preços e da demanda dos mercados internacionais, favorece
o crescimento do PIB. Mas o PIB não é uma medida que se refere a
um crescimento. Ele não se refere ao desenvolvimento”, pondera a
professora Tania Teixeira, assinalando que, independentemente do
PIB em Minas, há uma flagrante e preocupante queda da atividade
econômica em vários pontos do estado.
DENSIDADE DEMOGRÁFICA E IMPACTO NO SEGURO
O setor de seguros acompanha atentamente a evolução das
economias na região Centro-Oeste e em Minas Gerais, áreas cobertas
pelo Sindicato das Segurados (SindSeg) MG/GO/MT/DF, cujo
presidente é Marco Antônio Neves. Apólice conversou com o representante
sindical sobre vários aspectos que marcam o desenvolvimento
do seguro na região. Para Neves, a evolução do agronegócio
é o fator decisivo para a expansão urbana por proporcionar uma reação
socioeconômica em cadeia que favorece toda a região.
“Temos observado rápida expansão
dos municípios circunvizinhos às
propriedades produtoras onde o seguro
ocupa importante papel para esse crescimento.
Há vastos investimentos em
infraestrutura, urbanização, dentre outros
fatores, que acabam atraindo toda
uma cadeia de atividades gerando muita
demanda para o setor segurador. Os
profissionais do setor de seguros devem
conhecer os desafios e estarem atentos
às tendências para o futuro do agronegócio,
pois toda essa cadeia promovida
pelo desenvolvimento do setor traz consigo
implicações às quais a subscrição
dos seguros torna-se ainda mais importante,
particularmente nos produtos de
danos de responsabilidade. Deste modo,
o mercado de seguros se torna engrenagem
motriz dessa grande cadeia, uma
vez que os riscos existem e precisam ser
21
ESPECIAL CENTRO-OESTE & MINAS GERAIS
CONJUNTURA
minimizados ao ponto que as atividades
profissionais e empresariais da região
não sejam obstruídas”, analisa Neves.
Os números são mesmo representativos
de que o seguro cresce na
região. O segmento de pessoas tem papel
importante no Centro-Oeste, sustentado
pelos ramos de vida e prestamista,
e detém 19% do mercado regional. Os
seguros de automóveis (14%) e o rural
(10%) despontam em seguida. Esses três
ramos apresentaram, respectivamente,
crescimento de 10,4%, 33% e 46,6% nos
últimos 12 meses. “Acreditamos que o
segmento de seguro de pessoas tenha
ganhado espaço por conta da pandemia
da Covid-19. O surto da doença trouxe
um senso de preocupação com saúde
que impulsionou a carteira. A pasta de
automóvel tem relação direta com a
maior capilaridade do seguro e de como
a população vê o seguro do automóvel,
bem como o aumento nas facilidades e
agilidades na contratação de uma apólice.
Já o seguro rural tem relação direta
com o potencial da região na produção
de proteína animal e cultivo de grãos”, reconhece
Neves.
O fato é que, no âmbito geral, o
setor de seguros no Centro-Oeste cresceu
20,7%, de junho de 2021 a junho de 2022,
mais precisamente. Como se verifica no
quadro Expansão do seguro no Centro-
Há vastos investimentos em infraestrutura,
urbanização, dentre outros fatores, que
acabam atraindo toda uma cadeia de
atividades gerando muita demanda para o
setor segurador. Os profissionais do setor
de seguros devem conhecer os desafios
e estarem atentos às tendências para o
futuro do agronegócio, pois toda essa
cadeia promovida pelo desenvolvimento do
setor traz consigo implicações às quais a
subscrição dos seguros torna-se ainda mais
importante, particularmente nos produtos de
danos de responsabilidade”
MARCO ANTÔNIO NEVES, do SindSeg
Oeste, que acompanha esta reportagem, há dois cenários que evidenciam
a expansão do mercado segurador no Centro-Oeste no primeiro
semestre de 2022. Em relação ao semestre anterior (2º semestre
de 2021), o mercado cresceu 10,8% e, comparando-se com igual
período do ano anterior (1º semestre de 2021), o segmento expandiu-se
em 28%. “Sob todas as análises dos dados obtidos, o segmento
de seguros tem apresentado indicadores de expansão na região, com
apontadores de crescimentos robustos e sustentáveis. Desta forma,
não vemos sinalização de retração para os próximos meses, salvo o
cenário especulativo advindo da disputa eleitoral”, presume Neves.
ENTRAVES PARA EXPANSÃO DO SEGURO
O seguro cresce no Centro-Oeste em Minas Gerais, mas ainda
existem barreiras a serem superadas para que avance ainda mais na
região. Segundo Neves, há fatores diversos a serem considerados,
como, por exemplo, as questões climáticas que têm sido cada vez
mais severas, bem como a falta de compreensão e entendimento
por parte dos produtores em relação às coberturas existentes.
“Quando há um aumento na sinistralidade, seja ele por qualquer
fator, acaba tendo um aumento de custo na aquisição. Óbvio.
Por exemplo, uma coisa que tem sido complexa para as seguradoras,
mas que faz com que as companhias de seguro hoje comecem a trabalhar
com muita tecnologia, são as questões climáticas. O seguro
de vida dos funcionários da fazenda, seguro de maquinário, seguro
de equipamento móvel, estacionário. Isso está maravilhosamente
bem, o cultivo, que é o seguro da planta, como ele tem muito a ver
com o clima, fez com que as seguradoras evoluíssem do ponto de
vista tecnológico”, ressalta Neves.
22
ESPECIAL CENTRO-OESTE & MINAS GERAIS
SEGURO RURAL
Dinâmico
cerrado
O AGRONEGÓCIO SE EXPANDE E COM ELE O SEGURO RURAL,
AINDA MAIS NA REGIÃO CENTRO-OESTE DO PAÍS, QUE
CONCENTRA A MAIOR PARTE DA PRODUÇÃO NACIONAL,
SOBRETUDO PARA EXPORTAÇÃO. MAS, COMO
EM TODOS OS RAMOS SECURITÁRIOS,
PERMANECE A ANTIGA E PERTINENTE
DISCUSSÃO: É PRECISO FOMENTAR
A CULTURA DO SEGURO NO
CAMPO RURAL
André Felipe de Lima
A
velha máxima parece estar se
consolidando no agronegócio:
o seguro é mais percebido
justamente quando há indenização, ou
seja, quando existem perdas. E foram essas
perdas motivadas por uma série de
intempéries climáticas nos últimos anos
no país que fizeram o produtor agrícola
e o pecuário também despertarem para
a importância do seguro. Evidentemente
que o Programa de Subvenção ao Prêmio
do Seguro Rural (PSR), mantido pelo governo
desde 2005, tem parcela significativa
no estímulo à contratação do seguro,
e isso é fato e indiscutível. É um dos pilares
da política agrícola nacional.
Embora no ano passado os resultados
do PSR tenham sido recordes, com
o governo destinando R$ 1,18 bilhão ao
Programa e registrando 14 milhões de
hectares de área segurada, não são suficientes os R$ 990 milhões
garantidos para este ano. Foram atendidos pelo programa 120 mil
produtores em 2021 e, conforme dados da Superintendência de
Seguros Privados (Susep), as seguradoras pagaram R$ 5,4 bilhões
em indenizações aos produtores. O mais impressionante é que de
janeiro até junho o volume delas já chegou a R$ 7,7 bilhões, o que
representa um crescimento nominal de 352% sobre o valor de R$
1,7 bilhão pago no mesmo período de 2021 e que supera em larga
escala o montante indenizado ao longo de 2021.
Mas há o outro lado da moeda. Praticamente 80% dos recursos
de R$ 990 milhões do PSR já estão comprometidos e a previsão
de membros do próprio governo é de que terminem em agosto. O
Ministério da Agricultura pleiteia R$ 710 milhões de suplementação
ao orçamento do PSR até o fim do ano. Algo parecido aconteceu em
setembro do ano passado e o governo tocou o barco, ou melhor,
a enxada, para não deixar o PSR parar, conseguindo crédito suplementar
de R$ 257 milhões para o programa. Agora, porém, a injeção
financeira tem de chegar antes de setembro para que os produtores
contratem suas apólices antes do plantio. Tudo está, no entanto, nas
mãos dos membros da Junta de Execução Orçamentária (JEO) do
24
governo. Depende única e exclusivamente deles. Na primeira semana
de agosto parte da demanda solicitada, ou seja, R$ 200 milhões,
foi liberada, porém ainda será preciso aprovar normativa suplementar
para efetivar a liberação do recurso. “Com os R$ 990 milhões teremos
apenas 8 milhões de hectares segurados, muito menor que os
14 milhões cobertos em 2021. O PSR necessita de R$ 1,7 bilhão para
2022. Além disso, para a Lei Orçamentária Anual de 2023 a meta é
buscar R$ 2 bilhões”, declarou recentemente o diretor do Departamento
de Gestão de Riscos do Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento (Mapa), Pedro Loyola.
A demanda pelo seguro rural no país é crescente, e o PSR é a
prova disso. Principalmente na região Centro-Oeste, onde a produção
agropecuária é a mais pujante, mas a internalização da cultura
do seguro no campo ainda está aquém do que desejam as seguradoras.
“Ainda tem muita coisa a ser feita. Imagino que ainda estejamos
engatinhando nessa questão, porque só 20% da área plantada
são seguradas. Eu acho que a gente vai atingir um pouco essa busca,
essa maturidade, quando pelo menos 50% da área plantada forem
segurados”, explica Joaquim Francisco Rodrigues Cesar Neto, superintendente
da Comissão de Seguro Rural da Federação Nacional de
Seguros Gerais (FenSeg).
O cenário atual — sustenta Neto — constituiu-se da seguinte
forma: os que fazem o seguro são, normalmente, aqueles que têm
maior percepção do risco por conta de as regiões em que produzem
registrarem maior ocorrência de riscos, principalmente os climáticos.
“E aí o seguro é caro, e acaba sendo difícil demais para os
agricultores entrarem com essa aquisição. Isso acontecia mais fortemente
antes de o governo federal introduzir o PSR. Hoje, cerca de
40% do valor da contratação do seguro são assumidos pelo governo
federal, o que facilitou muito o aumento do número de agricultores
e a expansão da área segurada”, destaca o representante da FenSeg.
Mas, segundo ele, ainda existe uma necessidade urgente de amparo
à questão comercial que deve ser coberta por instituições financeiras
e corretores que precisam entender com maior expertise o ramo
do seguro agrícola atendendo agricultores de todas as regiões e dominando
todas as peculiaridades de cada uma delas.
Particularmente, em Minas Gerais, o PSR parece bem assentado,
como ressalta o diretor territorial em Minas Gerais da Mapfre,
Diego Bifoni: “Praticamente todas as nossas apólices comercializadas
em Minas Gerais são contratadas com o PSR, enquanto existe
verba disponível. Felizmente, o governo federal, via Mapa, tem fortalecido
a cada ano o PSR. Neste ano, Minas Gerais foi o quinto maior
estado a captar recursos do PSR, que teve, até o início de agosto de
2022, mais de 79 mil apólices contempladas. Os estados voltados às
culturas de grãos concentram o uso da subvenção pelo próprio volume
de produção de soja e milho, principalmente”, diz Bifoni, que
sugere uma comunicação mais massiva sobre o PSR e, sobretudo,
sobre os seguros rurais como um todo para que os produtores ingressem
definitivamente no universo securitário.
Pelos dados do sistema de estatísticas da Susep, no primeiro
semestre de 2022, Minas Gerais participou com 6,5% dos prêmios
arrecadados em seguros voltados ao agronegócio. Esse mercado faturou
em vendas de apólices para o setor R$ 4,4 bilhões.
JOAQUIM FRANCISCO RODRIGUES
CESAR NETO, da FenSeg
Minas no agronegócio mostra-se
exemplar. Mas o desempenho do Brasil
não é diferente, e o Centro-Oeste é fundamental
para os resultados do agronegócio
nacional, mostrando a importância
estratégica do cerrado na produção agrícola.
A região permanece como o maior
centro produtivo de grãos do país, como
revela a Pesquisa Agrícola Municipal
(PAM), publicada pelo Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística (IBGE).
IMPORTÂNCIA DO SEGURO RURAL
Em meados de 2020, período
extremamente crítico da pandemia, o
Mapa lançou o projeto Monitor do Seguro
Rural, que consiste em reuniões
DIEGO BIFONI,
da Mapfre
25
ESPECIAL CENTRO-OESTE & MINAS GERAIS
SEGURO RURAL
MARIZA DE ALMEIDA,
da CNA
periódicas cujo propósito é avaliar os
produtos e serviços ofertados pelas seguradoras
e propor aperfeiçoamentos
nos seguros agrícolas. Na mesma época,
o Ministério também anunciou o aplicativo
PSR, que permite ao produtor
consultar pelo celular os produtos de
seguro disponíveis no seu município, as
seguradoras que nele atuam e também
realizar simulação personalizada da subvenção
ao prêmio de seguro rural, dentre
outras funcionalidades. “Além disso,
o Governo Federal investiu recursos no
projeto-piloto que possibilitou aos produtores
enquadrados no Pronaf contratar
seguro rural, ao invés de fazer adesão
ao Proagro”, lembra a assessora técnica
RAQUEL CERQUEIRA,
da Bradesco Seguros
de Política Agrícola da Confederação da Agricultura e Pecuária do
Brasil (CNA), Mariza de Almeida, ressaltando que há uma série de
capacitações previstas para se disseminar a cultura do seguro e
melhorar a experiência do usuário a serem divulgadas até dezembro.
“Essas iniciativas são importantíssimas para que mais produtores
conheçam e possam utilizar o seguro. É importante que as
entidades representativas se mobilizem para o aperfeiçoamento
dos produtos de seguro, para que atendam de fato aos riscos de
cada atividade”, sugere a especialista da CNA.
Segundo Joaquim Neto, da FenSeg, a atividade agrícola é a
principal, senão a única atividade de relevância para 80% dos municípios
brasileiros. “Ainda mais na região de Centro-Oeste e em Minas
Gerais. Especificamente nestes estados, tem aumentado bastante a
captação de seguro, que são pilares que sustentam a continuidade
do agricultor no campo”, descreve Neto.
O especialista da FenSeg cita o exemplo de Minas Gerais no
qual o crescimento de captação de prêmio de seguro agrícola aumentou
48,42% no primeiro semestre de 2022 frente ao mesmo período
de 2021. Neto também destaca o Mato Grosso do Sul, onde
a forte estiagem na safra de verão também movimentou o seguro
no primeiro semestre, com um crescimento de 72,89% em relação
ao mesmo período do ano passado. Em Goiás e no Mato Grosso, o
crescimento foi de 18% e 23%, respectivamente.
Parte desse aumento de captação de seguro para esses estados
se deve à elevação do preço das commodities. “Estamos falando
de produtos para exportação, que têm um grande efeito do dólar e,
da mesma forma, os insumos, como semente, defensivo e fertilizante,
que tiveram um aumento muito forte principalmente por conta
da guerra Rússia, Ucrânia, que gerou dificuldade para se obter fornecedores
para esses fertilizantes”, reforça Neto.
Em Minas Gerais, Diego Bifoni, da Mapfre, ressalta que, embora
o PIB estadual registrado em 2021 tenha sido de R$ 805,5
bilhões, com a atividade agropecuária representando uma parte
menor da economia (cerca de 7,3% do PIB Mineiro), o setor obteve
uma renda de R$ 59 bilhões: “Valor expressivo em qualquer cenário
econômico. Desta forma, os seguros rurais serão a base de continuidade
deste segmento, pois é a forma mais simples e barata de
o agricultor seguir com sua atividade, recompondo a condição de
sua lavoura e ou da propriedade rural, conforme dano sofrido e
coberto em apólice.”
EVOLUÇÃO DOS PRODUTOS
Os produtos estão se aperfeiçoando e não se restringem ao
seguro rural. Há apólices que também protegem o maquinário e são
fundamentais para que a produção se mantenha ativa e segura.
A Bradesco Seguros, por exemplo, lançou recentemente o
produto segmentado para equipamentos agrícolas, sua principal atuação
no campo rural. “Temos realizado avaliações constantes e adequações
às melhores práticas de mercado e necessidades dos clientes.
Nesse sentido, a especialização da equipe no agronegócio, maior
aproximação com fabricantes e corretores especializados no segmento,
e investimentos em tecnologias são essenciais para acompanhar o
avanço tecnológico e as demandas que temos observado no campo
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TUDO EM NÚMEROS
> Devido aos seguidos anos de problemas climáticos, e também
por frequentes ações de disseminação e incentivos às regiões
produtoras, a procura por seguros em 2021 foi maior do que nos
anos anteriores, assim como o orçamento executado no Programa
de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR).
> Entre 2018 e 2021, a área segurada pelo PSR aumentou 204%,
demonstrando que a política de subvenção ao seguro rural vem
ganhando importância nas propriedades rurais. Em 2021, mais
de 121 mil produtores foram beneficiados pelo PSR, que atendeu
uma área de 14 milhões de hectares.
> Dos 121 mil produtores, 27,6% deles receberam pela primeira
vez a subvenção federal para aquisição do seguro. Sendo que
31,9% dos produtores que acessaram o PSR pela primeira vez
contrataram seguro no Paraná, 18% no Rio Grande do Sul e
13,1% em Minas Gerais. No caso de Minas Gerais, 7,7% dos
novos produtores são cafeicultores.
de todo o país, incluindo Centro-Oeste e Minas”, observa a superintendente
de Ramos Elementares da seguradora, Raquel Cerqueira.
No tocante a equipamentos agrícolas, o Centro-Oeste é
uma região de alta representatividade para a Bradesco Seguros.
As regiões Norte, Sul e Centro-Oeste respondem por quase 70%
das vendas do segmento, o que acompanha o mapa da cultura
de grãos no país. Mesmo durante o auge da pandemia, não houve
retrocesso desse segmento na seguradora, assinala Raquel. Em
2021, a seguradora registrou crescimento, fechando o ano com
prêmios na ordem de R$ 153 milhões. O crescimento total foi de
cerca de 30%, em comparação a 2020. Atualmente, o segmento
agrícola representa cerca de 65% de toda a produção da carteira
de equipamentos da companhia, demonstrando a relevância deste
segmento para a seguradora. No 1º trimestre de 2022, a seguradora
também registrou dados positivos: volume superior a 14 mil
itens emitidos no período, representando um prêmio na ordem de
R$ 58 milhões, com crescimento de cerca de 44% em relação ao
mesmo período do ano passado.
Já a Mapfre possui produtos voltados para o que se denomina
“patrimonial rural”, ou seja, benfeitorias e máquinas agrícolas utilizadas
na atividade rural e que requerem proteção conforme o tipo
de atividade. “A cada ano avaliamos a evolução das máquinas e funcionalidades
para eventuais ajustes em nossos produtos. Por outro
lado, para o segmento de seguros agrícolas, voltados efetivamente
para as lavouras, avaliamos a cada ciclo a produtividade média por
região, a evolução tecnológica na implantação e cuidados da lavoura
e a expectativa de clima para ajustarmos as condições técnicas e
comerciais dos mesmos. A própria evolução da quantidade da área
total segurada no estado de Minas Gerais
é um indicativo expressivo de que o
agronegócio é forte e que o seguro é uma
ótima ferramenta de proteção”, diz Bifoni.
O CASO DO CAFÉ
A contratação de seguros ampliou
significativamente para algumas atividades,
como soja, milho, trigo, maçã e uva.
Para outras atividades, no entanto, o mercado
está aprimorando os produtos de seguro
ou desenvolvendo novos produtos.
O seguro rural de café é um caso à
parte de produto que evoluiu nos últimos
anos conforme as demandas do campo,
possibilitando maior segurança aos cafeicultores
de modo a minimizar as perdas
decorrentes de seca, enchentes, granizo,
geadas etc. Segundo Mariza de Almeida,
a determinação do percentual de 40%
de subvenção ao prêmio do seguro rural
para o café em 2020 impactou em redução
dos custos de contratação do seguro
para os produtores que tiveram o cadastro
aprovado.
Para a assessora técnica da CNA,
a entrada de novas seguradoras nos últimos
anos, contribuiu para aumentar a
oferta de produtos e serviços de seguro
rural no Brasil e atender mais municípios.
Outro ponto a ser destacado por ela são
as atualizações nas regras dos percentuais
de subvenção concedidos a cada atividade.
“Com as atualizações nos percentuais
e nos agrupamentos, produtores
rurais com atividades similares passaram
a concorrer por recursos, não concorrendo
com culturas como soja e milho, historicamente
grandes. A cobertura do PSR
2021 nas regiões Centro-Oeste e Sudeste
correspondeu a 11% e 21,5%, respectivamente,
dos produtores beneficiados.
Percebe-se um aumento na área coberta
e no número de produtores atendidos
nessas duas regiões. No estado de Minas
Gerais, em 2021, destaca-se a contratação
de seguro com subvenção para a
cultura do café, soja e pecuária. No Mato
Grosso do Sul, Mato Grosso e Goiás, soja,
milho segunda safra e pecuária foram as
culturas/atividades que mais acessaram
seguro com subvenção em 2021”, conclui
Mariza.
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ESPECIAL CENTRO-OESTE & MINAS GERAIS
CONGRECOR
Corretor como protagonista do mercado
EVENTO CONTOU COM A PARTICIPAÇÃO DE 1200 CORRETORES DE SEGUROS E INOVOU NA FORMA
DE REUNIR PROFISSIONAIS E SEGURADORAS
Kelly Lubiato, de Rio Quente/GO
Cerimônia de abertura do Congrecor
A
cidade de Rio Quente recebeu
calorosamente, com perdão
do trocadilho, os profissionais
do mercado de seguros, em um evento
no Hotel Turismo, dentro do complexo
turístico do Rio Quente Resorts. O modelo
desenvolvido pelos organizadores do
Congrecor - Congresso dos Corretores de
Seguros do Centro-Oeste e Minas Gerais,
foi diferente: duas plenárias abordaram
os problemas do mercado e outras duas
falaram sobre motivação.
Para o contato e treinamento dos
corretores de seguros com seguradoras
para produtos bem específicos, foram
realizadas as Salas de Negócios: locais
em que cada seguradora/entidade teve a
oportunidade de conversar com grupos
menores de corretores, dando espaço
para o diálogo. Por fim, a exposição das
seguradoras foi realizada em um ambiente
a céu aberto, em pleno contato com a
natureza tão exuberante da região.
Antonio Carlos Costa, Henderson Rodrigues e César Moura
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Presidentes dos Sincor's organizadores
Sala de Negócios da Porto
Uma das plenárias realizadas no evento apresentou o protagonismo
do corretor no mercado de seguros. Um ponto destacado
pelos palestrantes foi o fato da transformação digital não ter tirado
o profissional da intermediação dos negócios, ressaltando seu posicionamento
como consultor e defensor dos direitos do segurado.
As lideranças dos corretores de seguros participaram deste painel e
expuseram sua convicção de que o corretor de seguros continuará
sendo o principal distribuidor dos produtos do setor, independente
do surgimento de novas formas de venda direta.
REPRESENTANTES DOS CORRETORES
A Comissão Organizadora do Congrecor viu a sua expectativa
em relação ao público ser superada, passando dos 1200 congressistas,
após o adiamento por conta da pandemia. “Este é o primeiro
evento com feira a céu aberto e com Salas de Negócios. Ficamos
muito felizes com a participação dos seguradores”, disse Vinícius
Porto, presidente do Sincor-GO. Para ele, além dos atrativos naturais
de Rio Quente, todos estiveram engajados e motivados a participar
das plenárias e das salas, extrapolando a sua capacidade.
O 3º Congrecor será realizado em
2024, no Mato Grosso, com destino ainda
a ser definido. José Cristóvao Martins,
presidente do Sincor-MT, será o novo anfitrião.
"Este modelo de negócios é produtivo
para corretores e seguradores",
avaliou Martins, que tem trazido novos
desafios para a organização, com o objetivo
de sempre superar o evento anterior.
“Estamos ajustando o modelo, apontando
as melhorias para o próximo evento,
construído em parceria com os outros
Sincor’s da região e de Minas Gerais".
“A proposta do evento era fazer
algo diferente e acredito que atingimos
este objetivo. Nós, que cuidamos do bem
estar da sociedade, conseguimos montar
um evento aberto, sem confinamento,
com amor e natureza”, endossou o presidente
do Sincor-MG, Gustavo Bentes. Para
ele, o tema mais importante foi mostrar o
corretor como protagonista e centro da
distribuição. “Todas as posições precisam
se reinventar para estarem no centro das
atenções. O corretor vai acabar todos os
dias se ele não estiver atualizado. Não
existe mais distância”, apostou Bentes.
Fernando Faracco, presidente do
Sincor-MS, ressaltou que o Congrecor surpreendeu
por não apresentar somente o
discurso das seguradoras. “Os corretores
estão tendo voz, conversando com os
CEO’s das companhias, com os diretores,
expondo suas dores e problemas na ponta”.
Para ele, a reunião é muito positiva, na
medida em que mostra que corretores de
diversas regiões compartilham problemas
e soluções. “Voltamos para casa com a bateria
carregada e com muita informação.
Para os líderes do setor, o mais
importante é trazer o corretor de seguros
para o evento, para que a profissão
seja valorizada como um todo. Jackson
de Melo Prata, presidente do Sincor-DF
enfatizou que um exemplo de compartilhamento
de informações foi o seguro
de vida, que muita gente aprendeu a comercializar
na ‘dor’. “O seguro de vida é a
proteção familiar e esta é uma lição que
os profissionais podem usar de forma incisiva.
Aprendemos que houve uma mudança
na sociedade e que ela se reflete
no mercado”, destacou Prata.
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ESPECIAL CENTRO-OESTE & MINAS GERAIS
PRODUTOS
oportunidades
ALÉM DA IMPRESSIONANTE EVOLUÇÃO DOS
PRODUTOS SECURITÁRIOS QUE CERCAM O
AGRONEGÓCIO, RAMOS E COBERTURAS DO SEGURO
DE PESSOAS EXPANDEM-SE NO CENTRO-OESTE
E EM MINAS GERAIS, COM PRODUTOS CADA VEZ
MAIS INOVADORES E ACESSÍVEIS QUE CHEGAM
AO MERCADO A PARTIR DE UMA ESTRUTURADA
INTEGRAÇÃO DAS SEGURADORAS COM SEUS
CORRETORES
André Felipe de Lima
O
Centro-Oeste tem a peculiar vocação
para o agronegócio. O setor
conduz a economia da região
e paralelamente estimula a indústria
de seguros sob os mais diversos vieses.
Apólice ouviu corretores e seguradoras
para identificar quais produtos inovadores
estão no radar do mercado local e
quais as particularidades da região.
Diretor comercial e de varejo da Tokio Marine para o Centro-
Oeste, Jean Brunetto reconhece a pujança do agronegócio local e
aponta as oportunidades que ele oferece em diversas frentes, sobretudo
em produtos, como o seguro de equipamentos agrícolas, de
vida em grupo e de frotas, nos quais a Tokio atua. “Como exemplos
disso, observamos que a implantação de fábricas de processamento
de alimentos e a criação de uma cadeia de transportes entre as cidades
e o campo impulsiona o desempenho econômico de outros
setores. Com essa movimentação, há o aumento da distribuição de
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JEAN BRUNETTO,
da Tokio Marine
da Lojacorr, porém da região Centro Sudeste,
que abrange Minas Gerais, Espírito
Santo, Rio de Janeiro, Goiás e Distrito
Federal, destaca que, embora com economias
diversificadas, os estados da região
Centro-Oeste, bem como os outros
cobertos por sua diretoria têm, apesar
da predominância do agronegócio, a indústria
e serviços. “Assim, temos potencial
e oportunidades de crescimento na
comercialização de seguros de todos os
ramos”, diz.
renda e consumo na região, promovendo melhorias em municípios
do interior e, consequentemente, mais oportunidades de negócios
para o setor de seguros”, evidencia o executivo.
“Nesta região, tudo que está vinculado ao agronegócio está
aquecido, já que a tecnologia desenvolvida pelos produtores rurais
tornou a região campeã em produtividade”, endossa o diretor
regional da Rede Lojacorr SP Centro Norte, que cobre, além de São
Paulo, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Roraima e Acre, André
Moreno. Seu colega Antonio Carlos Fois, também diretor regional
ANDRÉ MORENO,
da Lojacorr
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ESPECIAL CENTRO-OESTE & MINAS GERAIS
PRODUTOS
Os seguros voltados para
o agronegócio evoluem
espantosamente, mas os de
pessoas também demonstram
força em todas as regiões,
especialmente nos estados
do Centro-Oeste, onde esse
segmento securitário dobrou
de tamanho nos últimos cinco
anos e acelerou nos últimos
dois anos em função da
pandemia”
ANTONIO CARLOS FOIS,
da Lojacorr
APOSTAS
Quais, no entanto, são os produtos
em destaque no Centro-Oeste e em
Minas Gerais este ano? O diretor da Icatu
em Minas Gerais, Sérgio Prates, assinala
que a seguradora trabalha com a oferta
de seguro de vida, capitalização, previdência
e investimentos para todo o Brasil.
“Nós trabalhamos nestas frentes em toda
a região de Minas e percebemos que, desde a pandemia, a demanda
por seguro de vida vem crescendo não só na região, mas também no
país”, afirma o executivo.
De janeiro a junho deste ano, o seguro de vida, como aponta
Prates, registrou em Minas Gerais crescimento de 16%, no comparativo
com o mesmo período do ano anterior. Dentre os produtos
ofertados pela companhia, o seguro de vida individual foi o que
registrou maior crescimento, com 40% de aumento. Em segundo
lugar está o seguro de vida para pequenas e médias empresas, com
38% de crescimento, e, em terceiro, o seguro de vida empresarial,
com 9%, considerando o mesmo período comparativo.
“Apostamos na oferta do seguro de vida pelo bom momento
de ampliação da consciência financeira e nível de amadurecimento
da população sobre o tema. Apostamos também na oferta de
produtos e serviços inovadores e exclusivos, como a parceria com a
Betterfly, uma insurtech chilena que se tornou o primeiro unicórnio
de impacto social da América Latina”, lista Prates.
Moreno, da Lojacorr, mantém-se convicto de que o agronegócio
ditará o rumo dos investimentos em seguros na região. Ele
informa que todas as carteiras com destaque este ano estão ligadas
ao agronegócio. “Produtos que já são destaque no Mato Grosso do
Sul e no Mato Grosso, dentro e fora da rede Lojacorr, como os seguros
de equipamentos, colheitadeiras, plantadeiras e tratores”, cita
o corretor, ressaltando ainda que ramos como saúde, benfeitorias,
penhor rural e RD Equipamentos passam por um forte crescimento
devido à pujança e economia aquecida na região.
Diretora Comercial da Allianz Seguros, Karine Barros salienta
que a seguradora tem como foco a diversificação de produtos
e serviços e segue a mesma linha de atuação no Centro-Oeste e
em Minas Gerais. “Regiões que possuem apetite por soluções variadas”,
diz ela, acrescentando que a companhia manterá sua força de
vendas nos produtos em linha com a vocação regional, a exemplo
do seguro rural e de soluções relacionadas a esta carteira, como os
seguros para cultivo, equipamentos e propriedades. A Allianz investirá,
ainda, no seguro de transporte, que acompanha o movimento
da economia e dos mercados de consumo. Na Allianz, o seguro de
transporte é rentável, sendo que a seguradora possui uma carteira
composta 80% por transportadoras e 20% por embarcadores.
“Além disso, há um grande apetite pela carteira de massificados.
O seguro residencial, por exemplo, passou a ser bastante
demandado após o home office, período em que as pessoas permaneceram
mais tempo em casa e passaram a utilizar com mais
frequência todos os equipamentos que compõem uma residência.
Os benefícios do seguro condomínio vão muito além da proteção
contra incêndio e/ou destruição das dependências do condomínio,
trazendo também assistências amplas e coberturas voltadas especificamente
ao síndico”, classifica Karine.
PESSOAS NO RADAR
Os seguros voltados para o agronegócio evoluem espantosamente,
mas os de pessoas também demonstram força em todas
as regiões, especialmente nos estados do Centro-Oeste, onde esse
segmento securitário dobrou de tamanho nos últimos cinco anos e
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acelerou nos últimos dois anos em função da pandemia. “Em nossa
região não foi diferente: a comercialização do seguro de pessoas
cresceu na pandemia e continua em ascensão, inclusive pelo fato
do aumento da oferta em função de mais corretores se capacitando
para distribuir esses produtos”, assinala Fois, para quem, além
dos seguros de vida, o residencial também merece atenção, pois as
vendas foram bastante satisfatórias no primeiro semestre de 2022
na área coberta pelo diretor da Lojacorr.
“Diferentemente de outros anos, quando a maioria das seguradoras
apostava sempre no seguro de automóvel, agora elas focam
em mix de carteira, em outros produtos que possam gerar melhores
resultados em função do cenário atual de alta sinistralidade
na carteira de auto. A estratégia tem sido promover ações para vendas
de produtos com melhores margens, como vida, residencial e
empresarial PME. Sobre serviços, o desafio de todas as companhias
é mobilizar suas equipes para estarem mais próximas dos corretores,
prestarem um melhor atendimento e manter o aperfeiçoamento
constante dos seus processos e ferramentas tecnológicas, além
de uma entrega mais eficiente dos serviços de assistências no seguro
auto”, observa Fois.
SAÚDE É O QUE INTERESSA
No Centro-Oeste, mais precisamente no Distrito Federal, o
alto custo médico sempre foi um fator de destaque, com uma grande
procura por hospitais de ponta. Para os clientes de menor poder
aquisitivo, entretanto, a Corpe Saúde, uma administradora de
benefícios em expansão pelo Brasil, vem buscando parcerias com
operadoras de atuação verticalizada (com rede própria de hospitais)
para viabilizar e atender a todos os perfis.
Como antecipa a gerente comercial nacional da Corpe
Saúde, Vanessa Nascimento, a empresa segue firmando parcerias
para abranger todo o país, com produtos de saúde e odonto para
atender a diversos perfis de beneficiários. No Distrito Federal, em
relação a produtos inovadores, destacam-se as parcerias da Corpe
com duas operadoras: Smile Saúde, pelas condições apresentadas,
como carência promocional e custo-benefício (planos a partir de
R$ 126,44), e Odontoprev, com planos a partir de R$ 29,90 e ampla
cobertura e carência zero.
“Na região, esperamos continuar oferecendo diferenciais
para nossos parceiros e estreitar relacionamentos, caminhando
lado a lado com os corretores e principais operadoras de saúde.
Buscaremos novas operadoras parceiras para ganharmos mais espaço
no mercado. Nosso plano de expansão é ambicioso, prevê dobrarmos
o número de parceiras até o fim de 2022”, revela Vanessa,
ressaltando, contudo, que ainda existem barreiras para o desenvolvimento
do mercado de planos de saúde e de seguro saúde regionais.
“Algumas operadoras que já atuaram na praça encerraram
suas atividades por conta dos custos médicos elevados. Esse fator
também não traz atratividade para novas empresas”, lamenta.
A Corpe Saúde lançou, recentemente, uma campanha nacional
que valoriza os corretores e parceiros locais conforme a produção.
A campanha Corpe Saúde + Você tem como objetivo incentivar
a comercialização de planos de saúde e odontológicos, ampliando
SÉRGIO PRATES,
da Icatu
o relacionamento com os parceiros, e
considera as vendas de junho de 2022
a janeiro de 2023. Para que a premiação
seja democrática e justa, profissionais e
empresas concorrem com participantes
do mesmo porte. “A mecânica foi definida
em parceria com a empresa MarkUP,
autoridade em campanhas de incentivo.
Os participantes são divididos em grupos
e categorias, com base no histórico de
vidas vendidas e também pelo perfil do
participante”, menciona Vanessa Nascimento,
executiva da Corpe.
AUTOMÓVEL
O seguro de automóvel manterá
posição de destaque no Centro-Oeste?
KARINE BARROS,
da Allianz
33
ESPECIAL CENTRO-OESTE & MINAS GERAIS
PRODUTOS
VANESSA NASCIMENTO,
da Corpe Saúde
A resposta é “sim”, conforme afirmam
os entrevistados por Apólice. “Aposto
que sim e torço para isso. Esse é um dos
produtos mais populares do mercado de
seguros brasileiro e muitas vezes acaba
sendo a porta de entrada dos segurados
em outros nichos, como o residencial,
por exemplo”, observa Brunetto, da Tokio
Marine.
Karine Barros, da Allianz Seguros,
também aposta na carteira de automóveis:
“A Allianz é uma das líderes de mercado
nesta carteira e tem apresentado
novidades como a cobertura exclusiva
de Responsabilidade Civil Facultativa,
FABIANA RESENDE,
do PASI
mais acessível e voltada exclusivamente a terceiros; ampla aceitação
de perfil de veículo, que protege de carros particulares a táxis,
locadoras e motoristas por aplicativo; três opções de franquia (isenção
de franquia, reduzida ou normal); incremento das opções de
assistência 24h e de contratações de guincho; o lançamento de um
seguro de Moto mais abrangente em termos de aceitação e coberturas;
e o Frota Fácil Digital, com cotação, emissão e processo de vistoria
100% digitais que permitem ao corretor obter uma proposta
em apenas cinco minutos.”
Para André Moreno, o seguro auto é a principal carteira da
grande maioria dos corretores de seguros de varejo. “Na região,
ele corresponde a pouco mais de 50% da nossa carteira, o que é
um excelente mix. Excetuando-se as dificuldades, como grandes
distâncias, estradas esburacadas, pouca infraestrutura em cidades
menores, o prêmio médio de auto na região é maior do que nas
demais regiões, pois temos riscos de veículos médios e pick-ups em
abundância”, analisa o diretor da Lojacorr.
AMPARO FUNERAL
Lançado em novembro do ano passado, o Amparo Funeral,
do Seguro Pasi, vem se afirmando como um produto verdadeiramente
consistente e singular no mercado securitário. Muito além
dos atendimentos básicos comuns ao sepultamento, o Amparo Funeral
Pasi oferece um amplo leque de serviços e uma consultoria
plena que conta, inclusive, com o suporte de um escritório de advocacia
especialmente contratado pelo Pasi para orientar os familiares
do segurado, sobretudo no momento do inventário.
A vice-presidente executiva do Seguro Pasi, Fabiana Resende,
fala sobre o aprimoramento do produto: “Observamos que o
perfil do nosso público não é o de quem vai fazer um inventário.
Muitas vezes, ele não tem condição ou informação e nenhum recurso
para isso, precisando resolver a questão com uma orientação
jurídica. Nossa intenção é levar apoio jurídico para orientar em tudo
o que envolve não só o pós-óbito, mas antes mesmo dele. Esse será
um grande diferencial do produto que vamos introduzir agora, sem
custo adicional. Daremos um upgrade, mas não mudaremos a precificação”,
declara Fabiana.
A empresa prepara o anúncio do Amparo Sênior, voltado
para pessoas na faixa etária dos 76 aos 85 anos. A nova apólice poderá
ser contratada separadamente de outros produtos da Família
Amparo Funeral Pasi sem qualquer restrição. “São raros os produtos
para essa faixa etária. Nossa ideia é trazer o Amparo Sênior para oferecer
algumas coberturas, um funeral digno e algumas assistências,
levando o produto a um público carente”, conta a executiva, asseverando
o compromisso do Pasi com o seguro inclusivo, conceito
tão defendido pela indústria securitária brasileira nos últimos anos.
“Não podemos excluir nenhum público. As pessoas estão envelhecendo,
vivendo mais, mas não contrataram uma proteção como
essa. Elas precisam de proteção neste momento mais sensível da
vida”, reflete a vice-presidente do Pasi.
“O Amparo Funeral foi lançado há menos de um ano, mas o
monitoramos de perto e vimos que para algumas das assistências
há necessidade de melhoria”, ressalta a executiva do Pasi.
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