04.09.2022 Views

Livro de resumos

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Utilização de critérios de prioridade clínicos na atribuição

de médico de família: revisão narrativa

Inês Laplanche Coelho 1, 2

1. USF Dafundo, ACeS Lisboa Ocidental e Oeiras

2. Clínica Universitária de Medicina Geral e Familiar, Faculdade de Medicina da

Universidade de Lisboa

Introdução e Objetivo

De acordo com o Portal da Transparência do Serviço Nacional de Saúde, cerca de 10% da

população portuguesa não tem médico de família atribuído, prevendo-se que a situação se

agrave nos próximos anos. A literatura demonstra que utentes sem médico de família (MF) têm

menor acesso aos cuidados de saúde, menor continuidade de cuidados, recebem cuidados menos

abrangentes, experimentam cuidados mais descoordenados, e dependem frequentemente do

serviço de urgência para dar resposta às necessidades de saúde não atendidas. Torna-se por isso

premente a discussão sobre a necessidade de utilização de critérios de prioridade na atribuição

de MF. A presente revisão narrativa tem como objetivo identificar critérios de prioridade

clínicos na atribuição de MF descritos na literatura.

Metodologia

Foi realizada uma pesquisa em abril de 2022 nas bases de dados MEDLINE/PubMed, Scielo,

COCHRANE utilizando os termos MESH “waiting list” e “primary care”. Foram considerados

todos artigos e documentos em inglês e português publicados desde 1980 até abril de 2022.

Foram consultadas referências bibliográficas dos artigos selecionados na pesquisa primária. Foi

ainda realizada uma pesquisa na literatura cinzenta e foi contactada uma das autoras dos artigos

selecionados para auxílio na identificação de outros documentos relevantes.

Resultados

Os resultados da pesquisa de literatura realizada mostram que o único país que utiliza critérios

de prioridade clínicos para atribuição de MF é o Canadá, onde cerca de 15% da população não

tem MF atribuído. Foram criados balcões centralizados de doentes que concentram as

solicitações dos doentes que procuram um MF. Nalgumas províncias canadianas, foi adotado

um modelo de prioridade baseado em critérios clínicos com o objetivo de dar prioridade aos

doentes mais vulneráveis. Estes critérios de prioridade baseados em diagnósticos específicos

vão determinar a urgência com que deve ser atribuído um médico de família ao doente.

Discussão

O sistema em vigor em Portugal prevê, de acordo com Despacho nº 1774-A/2017, que as

famílias com grávidas, utentes com multimorbilidade, com doença crónica ou com crianças até

2 anos de vida tenham prioridade na atribuição de MF. Na prática, na maioria das unidades,

tem-se observado um sistema de first come first served. Considerando a necessidade de gerir a

situação dos utentes sem MF, é de destacar o exemplo do Canadá onde, em algumas províncias,

a definição de critérios de prioridade clínicos específicos permite identificar doentes com uma

necessidade urgente de médico de família.

9as Jornadas GIMGAS| Grupo de Internos de Medicina Geral e Familiar de Almada Seixal

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!