Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Prematuridade e desenvolvimento a longo prazo – uma RBE
Carolina E. Ferrreira 1
1- Interna MGF USF Almonda
Introdução: A taxa global de parto pré-termo (<37 semanas) é 11% a nível mundial.
Anualmente nascem 15 milhões de prematuros, ou seja, 1 em cada 10 bebés. Em Portugal a
prematuridade ronda os 8% e a prevalência de prematuros abaixo das 32 semanas é 1,2%.
Crianças e jovens nascidos prematuros correm maior risco de distúrbios do desenvolvimento.
Objetivos: Avaliar prognóstico no desenvolvimento a longo prazo da prematuridade.
Metodologia: Revisão baseada na evidência com critérios de inclusão segundo a metodologia
PO: População – Recém-nascidos prétermo; O – Desenvolvimento a longo prazo. Pesquisaramse
guidelines, revisões sistemáticas, meta-análises, artigos de revisão, estudos observacionais,
em língua inglesa, publicados desde 2014, nas bases de dados: National Guideline
Clearinghouse, NICE, MEDLINE, Trip Database e PubMed. Utilizaram-se os termos não
MeSH: “preterm birth developmental long term outcome”. Para atribuição dos níveis de
evidência (NE) e forças de recomendação (FR) usou-se a escala SORT.
Resultados: Obtiveram-se 329 artigos na pesquisa. Após remoção de duplicados, exclusão pelo
título/resumo e pelo cumprimento dos critérios de inclusão e exclusão pré-definidos foram
selecionadas 5 publicações: 2 revisões sistemáticas e 3 artigos de revisão.
A evidência sugere uma maior prevalência de alterações do desenvolvimento quanto menor a
idade gestacional ao nascimento. O sexo masculino, raça não caucasiana, menor nível de
escolaridade dos pais e menor peso ao nascer foram preditores de comprometimento cognitivo
global abaixo dos 5 anos nos prematuros moderados (28-32 semanas). O sexo masculino foi
preditor de comprometimento da linguagem na primeira, mas não na segunda infância (P<0,05).
A influência dos fatores de risco perinatais no desenvolvimento cognitivo de prematuros
moderados parece diminuir com o tempo à medida que os fatores ambientais se tornam mais
importantes, como o status socioeconómico.
Relativamente aos prematuros extremos (<28 semanas) numerosos estudos relataram
importantes déficits na memória de curto prazo, velocidade de processamento, habilidades
visuo-perceptivas, integração sensori-motora e atenção. Grandes estudos populacionais
mostraram que as crianças prematuras extremas são mais propensas a ter pior desempenho
académico do que os pares nascidos a termo e colegas prematuros mais maduros. Há também
taxas significativas e substanciais de dificuldades de aprendizagem, mesmo entre aqueles sem
deficiências neurossensoriais e após ajuste para fatores socioeconómicos. Consequentemente,
39%–62% das crianças prematuras extremas tem necessidades educativas especiais. Há também
evidência de um risco aumentado de problemas do foro psiquiátrico que se estendem da infância
até à idade adulta, incluindo perturbações do espectro do autismo, perturbação de
hiperatividade/défice de atenção e do humor. Apesar da persistência destas sequelas a maioria
dos adultos prematuros extremos tem uma vida independente e a sua autopercepção da
qualidade de vida é semelhante aos controles.
Discussão: A prematuridade extrema particularmente tem um impacto significativo a longo
prazo no neurodesenvolvimento. São precisos mais estudos sobre prematuridade tardia (33-36
semanas). Dada a heterogeneidade e a ampla gama de déficits experimentados e a influência dos
fatores ambientais, as intervenções durante os anos escolares e aquelas que visam os múltiplos
processos cognitivos afetados poderão ser benéficas.
9as Jornadas GIMGAS| Grupo de Internos de Medicina Geral e Familiar de Almada Seixal