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Livro de resumos

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Gravidez e alterações cognitivas: mito ou realidade?

Rita L. Ramos 1 ; Marina Meireles 1

1- USF Fernão Ferro Mais – ACeS Almada-Seixal

Introdução e Objetivo:

Mais de 80% das mulheres referem um declínio cognitivo durante a gravidez, caracterizado

sobretudo por dificuldades de concentração e esquecimentos frequentes. Estas alterações são

habitualmente conhecidas como “Baby Brain” ou “Pregnancy Brain” e têm sido associadas a

alterações hormonais que ocorrem durante a gravidez.

Esta revisão tem como objetivo perceber se esta perceção por parte das mulheres grávidas tem

fundamento na literatura e se há, de facto, uma relação entre gravidez e um declínio cognitivo

objetivo.

Metodologia:

Foi realizada uma pesquisa bibliográfica de artigos (ensaios clínicos, estudos de coorte, revisões

da literatura ou meta-análises) em bases de dados científicas (PubMed e Up to Date) publicados

entre 2012 e 2022, utilizando os termos de pesquisa: “pregnancy”, “memory changes” e

“cognitive function”. Foram incluídos e analisados cinco artigos científicos.

Resultados:

Dos artigos analisados, dois eram ensaios clínicos, um era um estudo de coorte, um era uma

revisão da literatura e um era uma meta-análise.

Os estudos mostram-se unânimes relativamente a alterações cognitivas subjetivas (sobretudo

memória) reportadas pelas grávidas; no entanto demonstraram alguma heterogeneidade no que

toca a alterações objetivas, medidas com testes em ambiente de laboratório. A maioria dos

estudos não considera que haja alterações na memória de trabalho, funcionamento executivo ou

atenção. No entanto alguns encontraram alterações objetivas em diferentes áreas da memória,

capacidade de nomeação e capacidade de aprendizagem, sobretudo durante o 3º trimestre de

gravidez.

Discussão:

Embora alguns estudos sugiram uma objetiva alteração na função cognitiva, há pouco consenso

no tipo de função afetada. Adicionalmente, os testes realizados para avaliação da cognição

podem não refletir com precisão se os défices encontrados são clinicamente significativos em

termos funcionais (dado a avaliação ser feita sobretudo em ambiente de laboratório), não

estando também claro se estes défices são afetados por fatores como a privação de sono e stress

ou se retomam aos níveis pré-gestação.

São necessários mais estudos que clarifiquem o domínio da cognição afetado, que considerem a

avaliação da funcionalidade nas atividades da vida diária e que avaliem a progressão dos défices

longitudinalmente e os fatores que interferem nessa mesma progressão.

9as Jornadas GIMGAS| Grupo de Internos de Medicina Geral e Familiar de Almada Seixal

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