03 - CERPCH - Unifei
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Ano 12 Revista nº 46<br />
JUL/AGO/SET - 2010<br />
VI Conferência de PCH reúne principais autoridades do setor<br />
6th Meeting on SHP gathers main authorities of the sector<br />
IMPRESSO ESPECIAL<br />
Nº 7317739904/2010 DR/MG<br />
Associação<br />
Pró-Energias Renováveis<br />
O PROINFA e a relação com o mercado atual de fontes alterativas<br />
PROINFA and the relation with today's market of renewables<br />
Artigos Técnicos<br />
Technical Articles<br />
Agenda de Eventos<br />
Events Schedule
Nesta edição a revista PCH Notícias & SHP News conversou com representantes<br />
do setor de energia renovável do Ministério de Minas e Energia<br />
(MME) sobre o mercado atual de fontes alternativas. Nessa matéria o MME revela<br />
aos leitores a participação do Programa de Incentivo às Fontes Alternativas<br />
de Energia Elétrica (PROINFA) no cenário atual das fontes de energia renovável,<br />
assim como seu posicionamento diante do mercado e dos valores<br />
propostos para cada fonte nos leilões ocorridos em agosto.<br />
O leitor poderá conhecer nesta edição o trabalho de vistoria realizado pelo<br />
MME e pelo Centro Nacional de Referência em Pequenas Centrais Hidrelétricas<br />
(<strong>CERPCH</strong>) , assim como o desenvolvimento e a realidade das micro centrais<br />
Jatoarana e Novo Plano, localizadas em Rondônia. Tal acompanhamento<br />
comprova que modelos de micro centrais como Jatoarana são vitais para o<br />
crescimento econômico e melhoria da qualidade de vida de comunidades, antes<br />
sem energia elétrica.<br />
Décio Michellis, Diretor de Energia de Infraestrutura da Federação das<br />
Industrias do Estado de São Paulo (FIESP), apresenta um artigo sobre o Marco<br />
Regulatório Ambiental, onde define o termo, objetivos e explicita a situação<br />
atual das legislações ambientais no Brasil.<br />
Confira também a cobertura da 6ª Conferência de PCH Mercado Meio<br />
Ambiente promovida pelo <strong>CERPCH</strong>, juntamente com a Universidade Federal<br />
de Itajubá (UNIFEI), um evento anual que se consolidou por abordar temas<br />
referentes às Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs), englobando aspectos<br />
legais e institucionais, tecnologia, meio ambiente e análises econômicas. A<br />
matéria expõe opiniões de referências no setor elétrico como o presidente da<br />
Empresa de Pesquisa Energética (EPE) Maurício Tolmasquim, o Coordenador<br />
Geral de Fontes Alternativas do Departamento de Desenvolvimento Energético<br />
do MME Roberto Meira Junior, com contribuições do presidente da Associação<br />
Brasileira de Geração de Energia Limpa (Abragel), Ricardo Pigatto, do<br />
presidente da Associação Brasileira dos Produtores Independentes de Energia<br />
Elétrica (APINE) Luiz Fernando Leone Viana e do presidente do Conselho<br />
da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), Antônio Carlos<br />
Fraga Machado. O evento contou também com a segunda edição da<br />
EXPOPCH, sessão técnica de artigos e rodada de negócios, reunindo num<br />
mesmo propósito, acadêmicos, estudantes e empresários do setor.<br />
Por fim, aproveito para convidá-lo a conhecer e participar da seção Carta<br />
ao Leitor, destinado ao esclarecimento de dúvidas e questionamentos relativos<br />
ao setor.<br />
Geraldo Lúcio Tiago Filho.<br />
EDITORIAL<br />
This edition of the magazine PCH Notícias & SHP News talked with representatives<br />
of the renewable energy sector of the Ministry of Mines and Energy<br />
(MME) about today's market of alternative sources. In this article the<br />
MME reveals the participation of PROINFA (a program that encourages<br />
power production out of alternative sources of energy) in the current scenario<br />
of alternative sources of energy, as well as its position facing the market<br />
and the values proposed for each source in the auctions that took place in<br />
August.<br />
The reader will aldo be able to know the inspection work carried out by<br />
the MME and by the <strong>CERPCH</strong> (National Center of Reference for Small<br />
Hydropower Plants), as well as the development and the reality of the Microplants<br />
of Jatoarana and Novo Plano, located in the state of Rondônia. Such follow-up<br />
confirms that the model of micro-plants such as Jatoarana are pivotal<br />
for the economic growth and improvement in the life quality of communities<br />
that did not have electric power.<br />
Mr. Décio Michellis, Director of Energy and Infra-structure of the Industry<br />
Federation of the state of São Paulo (FIESP) presents an article about the<br />
Environmental Regulatory Mark, where he defines the expression, the objectives<br />
and explains the current situation of the environmental legislation in<br />
Brazil.<br />
Check out the 6th Meeting on SHP Market and Environment organized by<br />
<strong>CERPCH</strong> and the Federal University of Itajubá (UNIFEI). It is an annual event<br />
that approaches issues regarding SHPs, comprising legal and institutional aspects,<br />
technology, environment and economic analyses. The article shows<br />
opinions that are references in the electric sector such as Mr. Maurício<br />
Tolmasquim, president of the EPE, Mr. Roberto Meira Junior, general coordinator<br />
of Alternative sources of the Energy Development Department of the<br />
MME and contributions of the president of Abragel, Mr. Ricardo Pigatto, the<br />
president of APINE, Mr. Luiz Fernando Leone Viana and the president of<br />
CCEE, Mr. Antônio Carlos Fraga Machado. The event also had the second edition<br />
of the EXPOPCH, a session of technical articles and a trading round gathering<br />
students, and professionals of the academic and business sectors.<br />
I would also like o invite you to take a look at the segment “Readers' Messages”,<br />
where the reader can ask questions related to the sector.<br />
Geraldo Lúcio Tiago Filho.<br />
Ministério de<br />
Minas e Energia<br />
APOIO:<br />
<strong>03</strong>
Comitê Diretor do <strong>CERPCH</strong><br />
Director Committee<br />
Geraldo Lúcio Tiago Filho<br />
tiago@unifei.edu.br<br />
Gilberto Moura Valle Filho<br />
gvalle@cemig.com.br<br />
Patrícia Cristina P. Silva<br />
fapepe@unifei.edu.br<br />
Célio Bermann<br />
cbermann@iee.usp.br<br />
Cláudio G. Branco da Motta<br />
claudio@furnas.com.br<br />
José Carlos César Amorim<br />
jcamorim@ime.eb.br<br />
Antonio Marcos Rennó Azevedo<br />
antoniorenno@eletrobras.gov.br<br />
Jamil Abid<br />
jamil@aneel.gov.br<br />
André Ramon<br />
secretaria.sgh@aneel.gov.br<br />
Comitê Editorial<br />
Editorial Committee<br />
Presidente - President<br />
Geraldo Lúcio Tiago Filho - <strong>CERPCH</strong> UNIFEI<br />
Editores Associados - Associated Publishers<br />
Adair Matins - UNCOMA - Argentina<br />
Alexander Gajic – University of Serbia<br />
Alexandre Kepler Soares - UFMT<br />
Ângelo Rezek - ISEE UNIFEI<br />
Antônio Brasil Jr. - UNB<br />
Artur de Souza Moret - UNIR<br />
Augusto Nelson Carvalho Viana - IRN UNIFEI<br />
Bernhard Pelikan - Bodenkultur Wien – Áustria<br />
Carlos Barreira Martines - UFMG<br />
Célio Bermann - IEE USP<br />
Edmar Luiz Fagundes de Almeira - UFRJ<br />
Fernando Monteiro Figueiredo - UNB<br />
Frederico Mauad – USP<br />
Helder Queiroz Pinto Jr. - UFRJ<br />
Jaime Espinoza - USM - Chile<br />
José Carlos César Amorim - IME<br />
Marcelo Marques - IPH UFRGS<br />
Marcos Aurélio V. de Freitas - COPPE UFRJ<br />
Maria Inês Nogueira Alvarenga - IRN UNIFEI<br />
Orlando Aníbal Audisio - UNCOMA - Argentina<br />
Osvaldo Livio Soliano Pereira - UNIFACS<br />
Zulcy de Souza - LHPCH UNIFEI<br />
Expediente<br />
Editorial<br />
Editor<br />
Coord. Redação<br />
Jornalista Resp.<br />
Redação<br />
Projeto Gráfico<br />
Diagramação e Arte<br />
Tradução<br />
Secretário Executivo<br />
CEMIG<br />
FAPEPE<br />
IEE/USP<br />
FURNAS<br />
IME<br />
Eletrobrás<br />
ANEEL<br />
MME<br />
Geraldo Lúcio Tiago Filho<br />
Camila Rocha Galhardo<br />
Adriana Barbosa MTb-MG 05984<br />
Adriana Barbosa<br />
Camila Rocha Galhardo<br />
Fabiana Gama Viana<br />
Juliana Cunha<br />
Net Design<br />
Adriano Silva Bastos<br />
Adriana Candal<br />
Joana Almeida<br />
PCH Notícias & SHP News<br />
é uma publicação trimestral do <strong>CERPCH</strong><br />
The PCH Notícias & SHP News<br />
is a three-month period publication made by <strong>CERPCH</strong><br />
Tiragem/ Edition: 5.800 exemplares/ issues<br />
contato comercial: pchnoticias@unifei.edu.br<br />
Av. BPS, 13<strong>03</strong> - Bairro Pinheirinho<br />
Itajubá - MG - Brasil - cep: 37500-9<strong>03</strong><br />
e-mail: pchcomunicacao@unifei.edu.br<br />
pchnoticias@unifei.edu.br<br />
Fax/Tel: (+55 35) 3629 1443<br />
04<br />
ISSN 1676-0220<br />
9 771676 022092<br />
0 0 0 4 6<br />
Editorial<br />
Editorial<br />
<strong>03</strong><br />
10<br />
38<br />
06<br />
VI Conferência de PCH reúne principais autoridades do setor<br />
6th Meeting on SHP gathers main authorities of the sector<br />
Curtas<br />
News<br />
MME e <strong>CERPCH</strong> vistoriam as micro centrais Jatuarana e Novo Plano<br />
MME and <strong>CERPCH</strong> inspects micro-plants of Jatuarana and Novo Plano<br />
O PROINFA e a relação com o mercado atual de fontes alternativas<br />
PROINFA and the relation with today's market of renewables<br />
Marco Regulatório Ambiental<br />
Environmental Regulatory Mark<br />
Tempo de Mudanças<br />
A Time of Change<br />
Eventos<br />
Artigos Técnicos<br />
Agenda<br />
Espaço do Leitor<br />
Opinião<br />
Opinion<br />
Events<br />
Technical Articles<br />
Readers space<br />
13<br />
Schedule<br />
37<br />
33
Por Adriana Barbosa<br />
EVENTOS<br />
Leilão para Fontes Alternativas de Energias<br />
O leilão realizado em agosto foi amplamente discutido na Conferência,<br />
durante sua palestra o presidente da Empresa de Pesquisa<br />
Energética (EPE), Maurício Tolmasquim, enfatizou que os leilões<br />
resultaram na contratação de 2.892,2 MW de potência instalada.<br />
Em volume de energia, essa capacidade corresponde a 1.159,4<br />
MW médios. No geral, foram contratadas 70 centrais eólicas, 12 termelétricas<br />
à biomassa e sete pequenas centrais hidrelétricas<br />
(PCHs).<br />
Para Tolmasquim estes leilões completaram o que tinha sido planejado<br />
para 2013 e 2014. “Uma vez que estamos com um exce-<br />
VI CONFERÊNCIA DE PCH MERCADO & MEIO AMBIENTE<br />
REÚNE PRINCIPAIS AUTORIDADES DO SETOR<br />
O evento realizado entre os dias 01 e 02 de setembro, em São Paulo, promovido pelo Centro Nacional de Referência em Pequenas Centrais<br />
Hidrelétricas (<strong>CERPCH</strong>), juntamente com a Universidade Federal de Itajubá (MG) e com o apoio das Associações do setor, consolidouse<br />
como um evento anual no qual se busca discutir os principais aspectos referentes às Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs), abordando<br />
temas desde aspectos legais e institucionais, tecnologia aplicável, meio ambiente e análises econômicas.<br />
A conferência contou com a participação dos principais profissionais do setor, representantes do governo, ONGs e setor privado.<br />
Participaram da cerimônia de abertura o Secretário Executivo do <strong>CERPCH</strong>, Geraldo Lúcio Tiago Filho; o Presidente da Associação Brasileira<br />
de Geração de Energia Limpa (Abragel), Ricardo Nino Machado Pigatto, o presidente da Associação Brasileira dos Produtores Independentes<br />
de Energia Elétrica (APINE), Luiz Fernando Leone Viana, o presidente do Conselho da Câmara de Comercialização de Energia<br />
Elétrica (CCEE), Antônio Carlos Fraga Machado e Fernando das Graças Braga da Silva, representando o reitor da Universidade Federal de<br />
Itajubá (UNIFEI) Renato de Aquino Faria Nunes.<br />
Durante a 6ª edição da conferência, foram realizados painéis para a discussão sobre o espaço das energias renováveis na expansão da<br />
oferta de energia elétrica, além de comercialização de energia de PCHs nos Leilões.<br />
06<br />
dente grande e esse excedente é de energia renovável, os leilões<br />
quebraram dois paradigmas: a fonte eólica se mostrou mais barata<br />
que as demais e a ideia de que abastecer com quantidade grande<br />
(o fornecimento de energias alternativas) poderia ser irregular",<br />
acrescentou ele.<br />
Expansão de Ofertas<br />
Durante o painel o espaço das energias renováveis na expansão<br />
da oferta de energia elétrica o Coordenador Geral de Fontes<br />
Alternativas do Departamento de Desenvolvimento Energético do<br />
MME, Roberto Meira Júnior, enfatizou que o Brasil se destaca na matriz<br />
elétrica e ocupa uma posição privilegiada no cenário mundial.<br />
“O cenário brasileiro é diferenciado, uma vez que trabalha com fontes<br />
baratas e nossa matriz elétrica é baseada na energia hidráulica,<br />
e continuará sendo nos próximos vinte anos”, afirma Meira.<br />
Meira destaca que até 2<strong>03</strong>0 será considerado o aproveitamento<br />
de 180GW de um potencial de 260GW, essa diferença sé dá pelas<br />
questões ambientais onde está sendo revisto todos os conceitos visando<br />
um menor impacto ambiental.
th<br />
6 Meeting on SHP Market and the Environment<br />
gathers main authorities of the sector<br />
EVENTS<br />
Translation Adriana Candal<br />
The event held between September 1st and 2nd in the city of São Paulo, was organized by <strong>CERPCH</strong> (National Center of Reference for<br />
Small Hydropower Plants) together with the Federal University of Itajubá (MG) and had the support of the Association of the sector. It is a<br />
solid annual event where the participants debate the main aspects regarding Small Hydropower Plants (SHPs), approaching issues from legal<br />
and institutional aspects, technology, environment to economic analyses.<br />
The most important professionals of the sector, government representatives, NGOs and the private sector were present at the meeting.<br />
<strong>CERPCH</strong>'s Executive Secretáry, Mr. Geraldo Lúcio Tiago Filho, the president of Abragel (former APMPE) - the Brazilian association of<br />
small and medium electric power producers), Mr. Ricardo Nino Machado Pigatto, the President of APINE – Brazilian Association of Electric<br />
Power Independent Producers, Mr. Luiz Fernando Leone Viana and the president of the Board of the Electric Power Trading Chamber, Mr.<br />
Antônio Carlos Fraga Machado, and Prof. Fernando Das Graças Braga da Silva, representing the rector of the Federal University of Itajubá,<br />
Prof. Renato de Aquino Faria Nunes were present at the opening ceremony.<br />
During the 6th edition of the meeting, there were panels for the discussion about the space of the renewables in the expansion of the offer<br />
of electric power and the commercialization of the power from the SHPs in the auctions.<br />
Auction for Alternative Sources of Energy<br />
The action was carried out in August and was widely discussed<br />
in the meeting. During his lecture, the president of the Energy Research<br />
Company, Mr. Maurício Tolmasquim emphasized that the<br />
auctions resulted in a purchase of 2,892.2 MW of installed power.<br />
In power volume, this capacity corresponds to 1,159.4 MW on average.<br />
In general, there were trades with 70 wind plants, 12 biomass<br />
thermal power plants and 7 SHPs.<br />
For Mr. Tolmasquim these auctions completed what had been<br />
planned for 2013 and 2014. “Once we have a good amount of surplus<br />
and this surplus comes from renewables, the auctions broke<br />
two paradigms: the wind source showed itself to be cheaper than<br />
the others and the idea that supplying with a large amount (the supply<br />
of alternative energies) could be irregular", he continued.<br />
Offer Expansion<br />
During the panel “the space of renewable energy in the expansion<br />
of the electric power offer”, the General Coodinator of Alternative<br />
Sources of the Energy Development Department of MME, Mr.<br />
Roberto Meira Júnior, emphasized that Brazil has an outstanding<br />
electric matrix and occupies a privileged position in the world's scenario.<br />
“The Brazilian scenario is differentiated, once it works with<br />
cheap sources and our power matrix is based on hydraulic energy,<br />
and it will continue to be over the next 20 years”, said Mr. Meira.<br />
Mr. Meira highlighted that by 2<strong>03</strong>0 a potential of 180GW will be<br />
considered out of a potential of 260GW. This difference will take<br />
place because of environmental issues, whose all concepts are being<br />
reviewed aiming at smaller environmental impacts.<br />
07
Visita técnica<br />
Sessão técnica<br />
EVENTOS<br />
No dia <strong>03</strong> de setembro foi realizada uma visita técnica na unidade<br />
Voith, em São Paulo, onde a empresa foi apresentada aos participantes<br />
da Conferência. A visita incluiu, também, uma incursão<br />
pela linha de produção de turbinas da empresa.<br />
A VI Conferência recebeu cerca de 20 artigos técnicos, sendo<br />
que 15 foram aprovados pelo comitê avaliador da sessão.<br />
Os temas atendidos foram: Análise Financeira; Aspectos Legais<br />
e Institucionais; Mercado e Planejamento Energético; Meio Ambiente,<br />
Responsabilidade Social e Desenvolvimento Sustentável; Tecnologia<br />
e Desenvolvimento: a. Componentes Hidromecânicos/ b.<br />
Componentes Elétricos Mecânico/ c. Estruturas Hidráulicas/ d. Sistemas<br />
de Controle/ e. Subestação e Transmissão/ f. Levantamento<br />
de Dados de Campo/ g. Geotecnia e Geologia/ h. Monitoramento;<br />
Operação e Manutenção; Sistemas Híbridos; Geração Descentralizada<br />
e Sistemas isolados.<br />
A sessão foi coordenada pela Profa. Dra. Regina Mambeli Barros,<br />
docente do Instituto de Recursos Naturais da Universidade Federal<br />
de Itajubá (<strong>Unifei</strong>).<br />
Alguns dos trabalhos apresentados na Conferência estão publicados<br />
na sessão técnica desta revista.<br />
2011<br />
08<br />
II EXPOPCH<br />
O evento contou com segunda edição da EXPOPCH, uma exposição<br />
de visitação gratuita aberta ao público empresarial e acadêmico,<br />
para a apresentação de equipamentos, tecnologias, produtos<br />
e serviços voltados à implantação e gestão de PCHs.<br />
A exposição teve por objetivo integrar os fabricantes com os<br />
agentes do setor com o intuito de disseminar tecnologias e propiciar<br />
possíveis negócios.<br />
Participaram da EXPOPCH as empresas Voith Hydro; Alstom;<br />
Grupo Energisa; Furnas; Andritz Hydro; Semi; Aproer; Areva Koblitz;<br />
CAF; CAPES; Hidromarc; Automatic; Hacker; Metrum; Renkzanini;<br />
Equacional; Água&Solo; ABB; Brevil; Metálica 3D; Enge-<br />
Sat; Demuth; Surface; Zebron; Vortex; Automatronic; Geomensura;<br />
Siemens; Mecamidi; Grameyer.<br />
Rodada de Negócios<br />
A rodada de negócios foi realizada no final do primeiro dia do<br />
evento e contou com a participação de diversas empresas do setor,<br />
visando propiciar um contato inicial entre empresas consumidoras<br />
e provedoras de soluções para PCHs, uma vez que compareceram<br />
ao evento empresas de Brasil e do exterior.<br />
A VII Conferência de PCH - Mercado e Meio acontecerá em agosto de 2011, em São Paulo - SP.<br />
O evento conta com a participação dos principais profissionais do setor, representantes do governo, ONGs e setor privado.<br />
Para mais informações entrar em contato com Adriana Barbosa<br />
pchcomunicacao@unifei.edu.br
2011<br />
Technical Visit<br />
On September 3rd there was a technical visit at Voith in São<br />
Paulo, where the company was introduced to the participants of the<br />
meeting. The visit also included a tour around the turbine production<br />
line of the company.<br />
Technical Session<br />
The 6th meeting received about 20 technical articles out of<br />
which 15 were approved by the evaluating committee of the session.<br />
The themes were: Financial Analysis, Legal and Institutional Aspects,<br />
Energy Market and Planning, Environment, Social Responsibility<br />
and Sustainable Development, Technology and Development:<br />
a) Hydro-mechanical Components Hidromecânicos; b) Electrical<br />
and Mechanical Components; c) Hydraulic Structures; d) Control<br />
Systems; e) Substation and Transmission; f) Field Data Collection;<br />
g) Geotechnology and Geology; and h) Monitoring; Operation<br />
and Maintenance, Hybrid Systems, Decentralized Generation and<br />
Isolated Systems.<br />
The session was coordinated by Professor Regina Mambeli<br />
Barros, PhD from the Institute of Natural Resources of the Federal<br />
University of Itajubá (<strong>Unifei</strong>).<br />
Fotos: Érika Cunha<br />
EVENTS<br />
Some of the papers presented during the meeting are published<br />
in the technical session of this magazine.<br />
2nd EXPOPCH<br />
It was he second time this event took place. EXPOPCH is an<br />
open exhibition of equipment, technologies, products and services<br />
regarding the implementation and management of SHPs.<br />
The exhibition aims at integrating the manufacturers and the<br />
agents of the sector in order to disseminate new technologies and<br />
promote possible deals.<br />
Companies such as Voith Hydro, Alstom, Grupo Energisa,<br />
Furnas, Andritz Hydro, Semi, Aproer, Areva Koblitz, CAF, CAPES,<br />
Hidromarc, Automatic, Hacker, Metrum, Renkzanini, Equacional,<br />
Água&Solo, ABB, Brevil, Metálica 3D, EngeSat, Demuth, Surface,<br />
Zebron, Vortex, Automatronic, Geomensura, Siemens, Mecamidi<br />
and Grameyer participated in EXPOPCH.<br />
Trading<br />
The trading round was carried out at the end of the first day of<br />
the event and several companies of the sector participated, aiming<br />
at providing a first contact between consuming companies and<br />
companies that provide solutions for SHP. Brazilian and foreign<br />
companies participated in the event.<br />
The 7th Meeting on SHP Market and the Environment will be held in São Paulo in 2011.<br />
The most important professional of the sector, government representatives, NGOs and the private sector participate in<br />
the event.<br />
For more information contact Adriana Barbosa: pchcomunicacao@unifei.edu.br<br />
09
CURTAS<br />
MME E <strong>CERPCH</strong> VISTORIAM AS MICRO CENTRAIS JATUARANA E NOVO PLANO<br />
Por Juliana Cunha<br />
As micro centrais (µCH) Jatuarana e Novo Plano, localizada em<br />
Rondônia, foram vistoriadas no mês de maio pela equipe do Centro<br />
Nacional de Referência em Pequenas Centrais Hidrelétricas<br />
(<strong>CERPCH</strong>) e representantes do Ministério de Minas e Energia<br />
(MME). A vistoria objetiva verificar a sustentabilidade dos projetos<br />
para que novos modelos sejam replicados na região norte.<br />
Localizada a aproximadamente 90 Km de Belterra e a 140 Km<br />
de Santarém, no Pará, a µCH Jatuarana é um exemplo de sucesso.<br />
Com uma potência de 55 kW a µCH atende as necessidades energéticas<br />
de 36 famílias pertencentes às comunidades de Nova Olinda<br />
e Santa Luzia. Antes da construção de Jatuarana, poucas famílias<br />
tinham abastecimento de energia elétrica. Muitas delas usavam<br />
geradores elétricos movidos a diesel de pequena potência ou usavam<br />
lamparinas a querosene ou lampiões a gás.<br />
A simplicidade das instalações e equipamentos de Jatuarana é<br />
um dos fatores que levam a µCH a ter um bom funcionamento. Os<br />
próprios moradores da comunidade operaram e realizam a manutenção<br />
na central, garantindo sua perenidade.<br />
Já µCH Novo Plano possui potência de 76 kW e está situada a 70<br />
Km do município de Chupinguaia, em Rondônia e a 160 Km de Pimenta<br />
Bueno. A região conta com uma associação composta por<br />
aproximadamente 60 pessoas, mas apenas quatro famílias dispõem<br />
de energia elétrica, o restante utiliza lampiões e lamparinas.<br />
A comunidade já contava com um arranjo de desvio, com regime<br />
operativo de fio d'água. Dessa forma, houve um aproveitamento<br />
de toda a estrutura já existente para a construção da µCH.<br />
Em Novo Plano, a equipe do <strong>CERPCH</strong> realizou uma reunião com<br />
a associação de moradores, onde a comunidade questionou a falta<br />
da linha de transmissão na região e o fato de somente três famílias<br />
receberem a energia elétrica. O engenheiro civil do <strong>CERPCH</strong>, Helmo<br />
Lemos, explicou que ficou acordada com a Central Elétrica de<br />
Rondônia (CERON), a implantação de uma linha de transmissão<br />
através do projeto Luz para Todos, mas o engenheiro acredita que<br />
concessionária de energia não detectou vantagem em instalar uma<br />
linha independe do sistema interligado.<br />
Lemos conta que além da equipe do <strong>CERPCH</strong> e do MME, participaram<br />
da reunião vereadores de Chupinguaia e um representante<br />
da Eletrobrás que tomou conhecimento da situação de Novo Plano<br />
a fim de auxiliar no processo de implantação de uma linha de transmissão<br />
em Chupinguaia. O MME estabeleceu um acordo com a comunidade<br />
para que ela faça a operação e manutenção da µCH.<br />
Lemos acredita que com a chegada do Luz pra Todos em Novo<br />
Plano mais casas serão atendidas além da possibilidade da implantação<br />
de indústrias ou empresas para melhorar a renda da comunidade.<br />
"Eles vão poder usar a energia para gerar renda para comunidade,<br />
pois podem fazer uma linha separada da energia do Luz para<br />
Todos ou interligar, mas para que isso se torne realidade a<br />
CERON precisa avaliar se compensa para eles ou não."<br />
A equipe do <strong>CERPCH</strong> estará de volta à região nesse mês para<br />
instruir e capacitar responsáveis da associação, para que haja uma<br />
constante manutenção em Novo Plano.<br />
Quando o assunto é o sucesso de Jatuarana, ele explica que há<br />
outra realidade no desenvolvimento e manutenção da µCH. Ele con-<br />
10<br />
ta que um fabricante de turbina e construtor de redes isoladas da<br />
região assumiu junto à comunidade a operação da central, promovendo<br />
uma constante manutenção da mesma. Dessa forma, toda a<br />
região é atendida pela microcental "ano passado houve uma cheia<br />
no local e parte da central foi destruída e a empreiteira restaurou a<br />
casa de máquinas, parte do canal e colocou luz elétrica para a comunidade,<br />
inclusive com linha trifásica." Ele afirma que a única preocupação<br />
da empreiteira é ter constantemente alguém da comunidade<br />
responsável pela manutenção da µCH.<br />
Ele conta que no local de instalação de Jatuarana já existia uma<br />
pequena central que recebeu reforma na barragem, instalação da<br />
tomada d'água, troca de conduto e restauração da casa de máquinas.<br />
Além disso, foi instalado um sistema mais tecnicamente viável<br />
no local. "Eles tem uma energia de qualidade de baixo custo, pois a<br />
comunidade fez um acordo com a empreiteira e é cobrada uma pequena<br />
taxa para manutenção da µCH. A comunidade está bem servida<br />
e satisfeita com a geração de energia de Jatuarana."<br />
A pesquisadora Elaine Regina Bortoni visitou as duas comunidades<br />
e fez o levantamento indicativo socioeconômico da região e<br />
comparou o antes e o depois da implantação das µCHs e a mudança<br />
na vida das famílias da região. A visita objetivou a melhoria da<br />
qualidade e expectativa de vida após a entrada da energia elétrica<br />
na comunidade "existem famílias que tem linhas de transmissão na<br />
frente de casa, mas não tem energia. Então eu fiz um levantamento<br />
da expectativa das famílias ao receber energia das µCHs e da<br />
CERON."<br />
Elaine conta que é visível a melhoria de vida após a chegada da<br />
eletricidade. "Com a chegada da energia houve uma melhora significativa<br />
em situações básicas do dia a dia das pessoas como alimentação<br />
e higiene." A pesquisadora conta que o cenário das casas<br />
também já não são os mesmos "as casas já possuem geladeira<br />
e liquidificador. Agora, eles podem produzir extrato das frutas tropicais<br />
para comercialização interna." Ela conta que também há um<br />
projeto de construção de um hotel turístico que irá aquecer a economia<br />
da região.<br />
Ela afirma que para alcançar melhorias como essas é imprescindível<br />
a participação efetiva das associações de cada comunidade<br />
e líderes comunitários atuantes que realmente queiram ver os<br />
resultados do empreendimento na região.<br />
"isso é de caráter decisório para o sucesso de uma µCH", conclui<br />
a pesquisadora.
NEWS<br />
MME AND <strong>CERPCH</strong> INSPECTS MICRO-PLANTS OF JATUARANA AND NOVO PLANO<br />
The micro-plants (µCH) of Jatuarana and Novo Plano, located in<br />
Rondônia, were inspected in May by the <strong>CERPCH</strong> team and representatives<br />
of the Ministry of Mines and Energy (MME). The inspection<br />
aimed at checking the sustainability of the projects so that new<br />
models can be re-used in the North Region.<br />
Located approximately 90 Km from Belterra and 140 Km from<br />
Santarém in the state of Pará, Jatuarana µCH is an example of success.<br />
Having a power of 55 kW, the µCH meets the energy demands<br />
of 36 families that belong to the communities of Nova Olinda and<br />
Santa Luzia. Before the construction of Jatuarana, a few families<br />
had electric power supply. Many of them used small capacity diesel<br />
electricity generators or lamps that burned kerosene or gas.<br />
The simplicity of the installations and of the equipment used at<br />
Jatuarana is one of the factors that led the µCH to have a good operation.<br />
The dwellers of the communities operate and carry out the<br />
maintenance of the plant.<br />
Novo Plano µCH hás a Power of 76 kW and is located 70 Km<br />
from the city of Chupinguaia, in the state of Rondônia and 160 Km<br />
from PimentaBueno. The region has an association formed by approximately<br />
60 people, but only four families have electric power,<br />
the others use lamps. The community already had a deviation arrangement<br />
that operated at a run-of-river regime. This way, the<br />
whole existing structure was used for the construction of the µCH.<br />
At Novo Plano <strong>CERPCH</strong>'s team carried out a meeting with the<br />
dweller association, where the community questioned the lack of<br />
power lines in the region and the fact that only three families receive<br />
electric power. <strong>CERPCH</strong>'s civil engineer, Mr. HelmoLemos, explained<br />
that there was an agreement with the Electric Company of<br />
Rondônia (CERON) that forecast the implementation of a power<br />
line through the project 'Light for Everyone', but the engineer believes<br />
that the utility did not see any advantage regarding the installation<br />
of an line independent from the interconnected system.<br />
Mr. Lemos says that besides <strong>CERPCH</strong>'s and MME's teams, representatives<br />
of the city council of Chupinguaia and one representative<br />
of Eletrobrás, who became aware of the situation in Novo Plano<br />
in order to help in the process to implement a power line in<br />
Chupinguaia, participated in the meeting. The MME established an<br />
agreement with the community and the community itself will be in<br />
Fotos: Arquivo <strong>CERPCH</strong><br />
Translation Adriana Candal<br />
charge of the operation and maintenance of the µCH.Mr. Lemos believes<br />
that with the arrival of 'Light for Everyone' in Novo Plano<br />
more houses Will have electricity, in addition to the possibility of<br />
the installation of industries or companies to improve the income of<br />
the community. “They will be able to use the energy to generate income<br />
for the community, for they can make a separate line from<br />
'Light for Everyone' or interconnect, but for that to become a reality,<br />
CERON must assess whether it compensates for the company<br />
or not.”<br />
<strong>CERPCH</strong>'s team will be back to the region this month to teach<br />
the people of the association that will be in charge of the plant, so<br />
that there will be a constant maintenance in Novo Plano.<br />
When the subject is the success of Jatuarana, he explains that<br />
there is another reality in the development and maintenance of the<br />
µCH. He says that a turbine manufacturer and isolated grid constructor<br />
of the region assumed the operation of the plant with the<br />
community, providing its constant maintenance. This way, all the<br />
region is assisted by the plant, “last year there was a flood at the<br />
place and parte of the plant was destroyed and the contractor repaired<br />
the powerhouse, part of the channel and gave electricity to<br />
the community, including a three-phase line”. He says that the only<br />
concern of the contractor is to have a person of the community that<br />
is constantly responsible for the maintenance of the µCH.<br />
He also says that the there was already a small plant where<br />
Jatuarana was installed. The dam, the intake installation, the pipes<br />
and the powerhouse were refurbished. In addition, a more technically<br />
feasible system was installed. “They have a low cost quality energy,<br />
for the community made a deal with the contractor and a<br />
small fee is charged for the maintenance of the µCH. The community<br />
is well-served and satisfied with the generation of energy of<br />
Jatuarana.”<br />
Researcher Ms. Elaine Regina Bortoni visited both communities<br />
and carried out a socio-economic indicative study and compared<br />
the situations before and after the implementation of the µCHs and<br />
the changes in the life in the families of the region. The visit aimed<br />
at the improvement of the life quality and life expectancy after the<br />
electricity arrived in the community. “There are families that have<br />
power lines in front of their houses, but they do not have energy.<br />
Then I carried out a study on the expectation of the families to receive<br />
energy from the µCHs and CERON.”<br />
Ms. Bortoni says that the improvement in life is tangible after<br />
the arrival of electricity. “There was a significant improvement in<br />
daily basic situations of the people such as eating and hygene habits<br />
after the arrival of the energy.” The researcher says that the<br />
houses are also different, “for now they have fridges and blenders.<br />
Now they can produce fruit extract for internal commercialization.”<br />
There is also a project to build a touristic hotel that will warm up the<br />
economy of the region.<br />
She said that in order to reach improvement such as these, it is<br />
mandatory the effective participation of the association of the communities<br />
and their leaders if they really want to see the results of<br />
the enterprise in their region, “this is of the utmost importance for<br />
the success of a µCH”, she concluded.<br />
11
Technical Articles Seccion<br />
BARREIRAS DE LUZ ESTROBOSCÓPICA – UMA ALTERNATIVA PARA O USO EM PARADAS DE TURBINAS HIDRÁULICAS<br />
L.G.M. SILVA, C.B. MARTINEZ<br />
APLICAÇÃO DE TÉCNICAS DE METAMODELAGEM – COMPARAÇÃO DE FUNÇÕES DE BASE RADIAL E SUPERFÍCIE DE<br />
RESPOSTA POLINOMIAL<br />
Edna Raimunda da Silva, Ramiro G. Ramirez Camacho<br />
MODELAGEM COMPUTACIONAL DE OSCILAÇÃO DE MASSA EM CHAMINÉ DE EQUILÍBRIO UTILIZANDO DIFERENÇAS<br />
FINITAS DISCRETIZADAS PELO ESQUEMA DIFUSIVO DE LAX<br />
Edgar Alberti Andrzejewski, Eloy Kaviski<br />
SUGESTÃO DE CRITÉRIOS AMBIENTAIS PARA AVALIAÇÃO DE IMPACTO AMBIENTAL DE PEQUENAS CENTRAIS<br />
HIDRELÉTRICAS NA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO DO PEIXE – SC<br />
Mauricio Perazzoli, Solange da Veiga Coutinho, Júlio César Moschetta da Silva<br />
Classificação Qualis/Capes<br />
III<br />
INTERDISCIPLINAR<br />
B5ENGENHARIAS<br />
ENGENHARIAS I<br />
Áreas de: Recursos Hídricos<br />
Meio Ambiente<br />
Energias Renováveis e não Renováveis<br />
14<br />
19<br />
24<br />
27<br />
13<br />
TECHNICAL ARTICLES<br />
ARTIGOS TÉCNICOS
ARTIGOS TÉCNICOS<br />
BARREIRAS DE LUZ ESTROBOSCÓPICA -<br />
UMA ALTERNATIVA PARA O USO EM PARADAS DE TURBINAS HIDRÁULICAS<br />
1 - INTRODUÇÃO<br />
A questão ambiental é um fator que tem tomado proporções<br />
consideráveis do ponto de visa social e econômico com o passar<br />
das últimas décadas. Sendo assim, as avaliações ambientais e a fiscalização<br />
de empreendimentos têm sido elaboradas com maior rigor.<br />
Este quadro de preocupação ambiental é de certa forma amparada<br />
pelas leis ambientais, que vem sendo criadas a todo o momento,<br />
a nível Federal, Estadual e até mesmo Municipal. Com isso,<br />
diversos empreendedores estão buscando se adequar às condições<br />
ambientais atualmente impostas, de modo a evitar desastres<br />
ambientais.<br />
Com relação ao setor elétrico, um dos maiores problemas ambientais<br />
enfrentados por esse setor diz respeito aos impactos causados<br />
sobre as populações de peixes. Sendo assim, estes empreendedores<br />
buscam, constantemente, medidas que visem mitigar esses<br />
impactos. Os impactos causados sobre a ictiofauna devido a<br />
construção de barramentos para geração de energia elétrica em<br />
cursos d'água são sentidos tanto a montante quanto a jusante da<br />
barragem. Sendo assim, considerando-se o corpo do reservatório,<br />
as mudanças causadas em função da implantação de um barra-<br />
1<br />
L.G.M. SILVA<br />
C.B. MARTINEZ<br />
RESUMO<br />
O crescimento econômico e populacional do Brasil nos últimos oitenta anos se constituiu em uma pressão crescente sobre os meios de<br />
produção nacional. Dessa forma a demanda por recursos naturais aumentou de forma considerável. Apesar das novas tecnologias serem,<br />
em geral, mais eficientes que as que as precederam, o aumento do consumo de produtos minerais e de energia tem sido considerável. Se<br />
por um lado se tem sistemas mais eficientes por outro lado convive-se com um processo de uso indiscriminado de equipamentos e de energia.<br />
No Brasil, em 2005, cerca de 44,5% da (Oferta Interna de Energia) OIE era originária de fontes renováveis, enquanto que no mundo<br />
essa taxa é de 13,2% e nos países membros da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OECD) é de apenas 6,1%.<br />
Do total de 44,5% da OIE Brasileira, 14,8% correspondem à geração hidráulica e 29,7% a outras fontes renováveis. Os 55,5% restantes<br />
da OIE vieram de fontes fósseis e outras não renováveis (BEN, 2006). Pode-se perceber, por esses dados, que no Brasil existe um grande<br />
desenvolvimento do parque gerador de energia hidrelétrica. Nesta perspectiva, estimativas recentes apontam que existem no Brasil mais<br />
de 700 barragens para produção de eletricidade (Agostinho et.al, 2007). Além disso sabe-se que cerca de 95% da energia elétrica gerada<br />
no país é advinda de hidroeletricidade (Godinho & Kynard, 2008). Apesar de ser considerada “energia limpa” pelo fato de não gerar resíduos<br />
tóxicos de seu processo, a construção de barramentos em cursos d'água geram uma série de impactos sobre a biota aquática e constitui<br />
uma das principais ameaças a manutenção da biodiversidade de ecossistemas aquáticos.<br />
Um dos impactos sobre a ictiofauna, tanto a montante quanto a jusante de um determinado barramento, é a mortandade de peixes<br />
em turbinas de usinas hidrelétricas. Uma forma de impedir a entrada dos peixes em áreas de risco nas usinas hidrelétricas é a utilização de<br />
sistemas de direcionamento de peixes como alternativa para a proteção de cardumes próximos a barragens existentes. Dentre as alternativas<br />
cotejadas tem-se a utilização de barreiras físicas, tais como telas ou grades principalmente em áreas sem a influência direta de um<br />
grupo gerador. Em usinas hidrelétricas, em função da perda de carga e de geração, as barreiras físicas tornam-se indesejáveis. Uma outra<br />
alternativa é o uso de barreiras consideradas “não físicas” como por exemplo as barreiras com luz. Dentro desse contexto esse trabalho<br />
apresenta a avaliação do uso de luz estroboscópica para repulsão de duas espécies de peixes brasileiros de água doce. As espécies cotejadas<br />
são o piau três pintas “Leporinus renhardtii” e o lambari do- rabo-amarelo “Astyanax bimaculatus”. Para isso, avaliou-se o comportamento<br />
dos peixes em um aparto de teste utilizando-se 4 grupos experimentais distintos, sem luz estroboscópica (grupo controle) e com<br />
três diferentes configurações de emissão de flashes (92, 360 e 720 flashes/min–grupos teste). Os resultados demonstram que a luz estroboscópica<br />
pode ser eficiente para repelir piaus e lambaris utilizando-se freqüência de 720 flash/min por pelo menos um período de 1 hora.<br />
14<br />
Palavras - chave: Barreiras não físicas, turbinas amigáveis, usinas hidrelétricas, mortandade de peixes<br />
1)Doutorando em Engenharia Mecânica (PPGMEC) – Universidade Federal de Minas Gerais , CPH - e-mail luictio@terra.com.br.<br />
2)Professor Orientador do PPGEMEC e SMARH da UFMG, CPH - e-mail martinez@cce.ufmg.br.<br />
2<br />
mento envolvem alterações consideráveis nas interações entre os<br />
organismos e a dominância de espécies, modificações das condições<br />
físico-químicas da água, eutrofização e deterioração da qualidade<br />
da água, alterações das inter-relações dos ecossistemas terrestre/lacustre,<br />
inundação de áreas sazonalmente alagáveis e aumento<br />
do número de parasitas dos peixes, Baxter, R. M. (1977),<br />
Tundisi, J. (1978), Agostinho, et al (1992).<br />
A jusante do barramento observa-se impactos que se referem a<br />
alterações do fluxo de água, supersaturação gasosa e aumento do<br />
nível de predação próximos à barragem, além de controlarem o regime<br />
de cheias, Baxter, R. M. (1977) e Tundisi, J. (1978),<br />
Outro impacto observado quando da construção de barragens<br />
para geração de energia elétrica é a interrupção de rotas migratórias<br />
para as espécies migradoras Tundisi, J. (1978) e Agostinho, et<br />
AL, (1993). Dessa forma, a tendência é que se formem acúmulos<br />
de peixes no sopé das barragens. Este acúmulo acaba desencadeando<br />
outros impactos, tais como a mortandade de peixes em turbinas<br />
hidráulicas. Este evento ocorre principalmente durante as manobras<br />
de parada de máquinas para manutenção. A mortandade<br />
neste caso encontra-se associada à entrada de cardumes de peixes
no interior dos tubos de sucção durante a parada. Eventos de mortandade<br />
são também observados quando da passagem de peixes<br />
por turbinas no sentido montante-jusante.<br />
Mortalidades de peixes provocadas dessa forma são consideradas<br />
danos à fauna tanto pela legislação federal (e.g., Lei de Crime<br />
Ambientais, Lei 9.605 de 13/02/98) quanto pela estadual (e.g., lei<br />
da pesca de Minas Gerais, Lei 14.181 de 17/01/2002) e, portanto,<br />
sujeita as penalidades previstas. Dessa forma, o desenvolvimento<br />
de sistemas que causem a repulsão de peixes de áreas de risco em<br />
usinas hidrelétricas tem sido de total interesse por parte do setor<br />
elétrico. Alguns sistemas tem sido testados, principalmente no<br />
EUA e Canadá. V Simpósio Brasileiro Sobre Pequenas e Médias<br />
Centrais Hidrelétricas 2 Um dos sistemas utilizados envolve a utilização<br />
de barreiras físicas. No entanto estes sistemas não são muito<br />
aconselháveis devido à perda de carga. Dessa forma, sistemas<br />
tais como barreiras elétricas, cortinas de bolhas, luz estroboscópica<br />
e som estão sendo testados.<br />
Frente a todos os problemas citados, o presente trabalho objetiva<br />
apresentar uma breve contextualização da utilização de luz estroboscópica<br />
para repulsão de peixes e os resultados iniciais obtidos<br />
em laboratório de testes realizados para se avaliar o comportamento<br />
de espécies de peixes brasileiros submetidos à luz estroboscópica.<br />
2 – LUZ ESTROBOSCÓPICA<br />
A luz é um estímulo primário para peixes e várias espécies têm<br />
sistemas visuais bem desenvolvidos, Königson et. al. (2002). Luz<br />
constante, luz estroboscópica, e som são fenômenos físicos complexos.<br />
Desta forma esses fenômenos têm sido utilizados por biólogos<br />
e pescadores na tentativa de se concentrar, redistribuir ou<br />
guiar peixes (Ploskey & Johnson, 2001). De acordo com estes autores,<br />
luz estroboscópica é definida como um dispositivo capaz de<br />
emitir flashes de luz extremamente rápidos, curtos e brilhantes.<br />
Luz estroboscópica tem demonstrado eficácia para repulsão de várias<br />
espécies de peixes de regiões de clima temperado quando utilizada<br />
na freqüência de emissão de 300 flashes/min (Patrick, et al.,<br />
1985; Sager & Hocutt, 1987; Sager, et al., 2000a, Sager et al.,<br />
2000b; Johnson et al., 2001; Ploskey & Johnson, 2001).<br />
No hemisfério norte testes tem indicado que jovens de salmão<br />
e alguns outros peixes respondem de forma efetiva ao estimulo luminoso.<br />
Entretanto a natureza da resposta, se de atração ou repulsão,<br />
depende do estado de aclimatação do peixe à luz do ambiente<br />
e da intensidade de luz utilizada nos testes (Nemeth & Anderson,<br />
1992 apud Ploskey & Johnson, 2001).<br />
No caso de estudos com enguias (Amercian eels), Patrick et. al.<br />
(2001), avaliou a resposta de a luz estroboscópica. O objetivo dos<br />
ensaios era guiá-las para regiões de passagens alternativas em<br />
grandes barragens hidroelétricas. Esse tipo de estudo foi desenvolvido<br />
visando reduzir o declínio das populações destes peixes. Um<br />
dos principais motivos por esse declínio populacional é atribuído<br />
principalmente, pela falta de condições destes peixes de transporem<br />
as barragens no sentido montante-jusante. Nesse caso os resultados<br />
obtidos indicaram que indivíduos, tanto jovens quanto<br />
adultos de enguias, demonstraram comportamento de repulsão<br />
frente ao estímulo com luz estroboscópica em diferentes freqüências<br />
de emissão de flashes (66, 200, 484, 748 e 1090 flashes/min),<br />
ARTIGOS TÉCNICOS<br />
embora o tempo de resposta para os grupos de enguias tenha variado.<br />
Visando avaliar a repulsão de jovens de salmão à luz estroboscópica,<br />
com relação ao seu deslocamento vertical na coluna<br />
d'água, Johnson et. al., 2001; Ploskey & Johnson, 2001, desenvolveram<br />
um conjunto de estudos. Os resultados indicam que luz estroboscópica<br />
pode ser eficiente para guiar jovens de salmão verticalmente,<br />
em diferentes freqüências de emissão de flashes (300 e<br />
450 flashes/min). A aplicação desse conhecimento permite guiar<br />
os indivíduos para estruturas de passagem no sentido montantejusante.<br />
Essa ação pode colaborar para diminuir as taxas de mortalidade<br />
quando da passagem por turbinas.<br />
Sager et. al. (1987) e Sager et. al. (2000a) apresentaram um<br />
conjunto de fatores importantes que devem ser levados em conta<br />
quando da realização de testes com luz estroboscópica. Esses fatores<br />
devem ser seguidos para que o sistema seja considerado como<br />
eficiente. Uma das condições é que o estímulo tem que ser o suficiente<br />
para que a reação seja sustentada por longos períodos de tempo,<br />
ou seja, o peixe não pode se aclimatar ao estímulo de luz fornecido.<br />
Outra condição importante é a realização de teste em diferentes<br />
condições de luz natural, ou seja, devem-se avaliar as respostas<br />
a serem obtidas com o estímulo de luz estroboscópica durante a<br />
noite e também durante o dia, de modo que a iluminação do seu<br />
ambiente de teste seja diferenciada. Por último, diferentes freqüências<br />
de emissão de flashes devem ser testadas para que sejam<br />
avaliados os diferentes comportamentos e os tempos de resposta<br />
à cada uma das freqüências.<br />
De modo geral, o que se observa com relação aos estudos referentes<br />
à utilização de luz estroboscópica para a repulsão de peixes<br />
em áreas de risco em usinas hidrelétricas é que a grande maioria<br />
dos estudos ainda se concentra na obtenção de dados em laboratório.<br />
Poucos estudos têm relatado o desenvolvimento de trabalhos<br />
para se avaliar o uso de luz estroboscópica em campo (Maiolie et.<br />
al., 1997; Maiolie et. al., 2001; Ploskey & Johnson, 2001, Königson<br />
et. al., 2002). Outro fator importante é a concentração dos estudos<br />
para avaliação do comportamento de espécies típicas de ambientes<br />
temperados frente a estímulos de luz fornecidos. Certamente,<br />
nossas espécies tropicais poderão apresentar comportamentos<br />
bem diferenciados diante dos estímulos.<br />
3 – TESTES REALIZADOS<br />
Para esse tipo de estudo utilizou-se duas espécies durante os<br />
experimentos, quais sejam: O piau três pintas “Leporinus renhardtii”<br />
e o lambari-do-rabo-amarelo “Astyanax bimaculatus”. A figuras<br />
1e2aseguir mostram as exemplares das espécies utilizadas. A importância<br />
ecológica desses peixes reside no fato de serem espécies<br />
consideradas, reofílicas, ou seja, espécies que necessitam de ambientes<br />
lóticos para completarem seu ciclo de vida. Assim essas são<br />
duas das espécies afetadas pela implantação de empreendimentos<br />
hidrelétricos. Para a realização dos primeiros testes em laboratório,<br />
utilizou-se como aparato experimental uma bancada de teste<br />
(aquário) retangular de 2 x 4,5 x 0,5 metros. Esta bancada de teste<br />
possui um vão central, de modo a possibilitar a que os peixes circulem<br />
em diferentes áreas ao longo da estrutura. Isto também possibilita<br />
que a aplicação do estímulo a ser testado durante os experimentos<br />
seja restrito a apenas um setor da bancada. Assim todo o<br />
15
ARTIGOS TÉCNICOS<br />
aquário foi revestido com papel preto fosco, de modo a isolar toda a<br />
estrutura, deixando-se apenas uma janela de observação de 0,80<br />
metros. No canto direito desta janela foi instalada uma fonte de luz<br />
estroboscópica de 750 W de potência e amplitudes mínima e máxima<br />
de emissão de flashes/min de 92-760 flashes, respectivamente.operar<br />
com fluxos nas redes de interligação próximos de zero durante<br />
todos os patamares de carga. A figura 3 apresenta a bancada<br />
de teste utilizado nesse trabalho.<br />
FIGURA 1–Exemplar de lambari-do-rabo-amarelo (astyanax bimaculatus).<br />
FIGURA 2–Exemplar do piau-três-pintas (leporinus reinhardtii)<br />
FIGURA 3-Bancada de testes utilizada com revestimento de papel preto<br />
fosco com a janela de observação e o equipamento de luz estroboscópica.<br />
Durante todos os testes realizados manteve-se o sistema de circulação<br />
de água do aquário acionado, de modo a se criar um fluxo<br />
constante no sistema. Assim, criou-se um ambiente onde os peixes<br />
têm a possibilidade de se deslocar contra ou a favor da corrente. A<br />
movimentação dos peixes pela bancada de teste faz com que os indivíduos<br />
passem diante da janela de observação. Nesse caso o movimento<br />
pode ser de subida (contra a vazão) ou de descida (a favor<br />
da vazão).<br />
Nos experimentos tilizaram-se 4 grupos de indivíduos. O grupo<br />
16<br />
controle foi considerado como sendo aquele onde a luz estroboscópica<br />
permaneceu desligada. Os demais grupos foram considerados<br />
como grupos teste. Para cada um deles variou-se a freqüência de<br />
emissão de flashes em 92, 360 e 720 flashes/min, respectivamente,<br />
mantendo-se a potência máxima do equipamento, ou seja, 750<br />
W. Cada bateria de testes teve a duração de uma hora. Durante este<br />
período, uma câmera JVC, utilizando uma fita VHS, filmou a passagem<br />
dos peixes pelo visor. Após a filmagem a analisaram-se as<br />
imagens para a contagem do número de indivíduos de cada espécie<br />
que passou pela janela de observação, determinando-se o sentido<br />
de sua movimentação (subida ou descida). Foram contados apenas<br />
os peixes que passavam completamente pelo local onde se afixou<br />
a fonte de luz. Para cada grupo experimental realizaram-se duas<br />
baterias de testes, sendo uma no período de 11:00 às 12:00 horas<br />
e a segunda no período de 17:00 às 18:00 horas, conforme as<br />
recomendações de Sager et. al. (1987) e Sager et. al. (2000a).<br />
Dessa forma, ao final das análises obtiveram-se valores médios<br />
do número de peixes de cada espécie registrados na janela de observação<br />
em movimento de subida ou descida, respectivamente,<br />
durante o período de uma hora. Ressalta-se que os peixes contados<br />
não foram identificados individualmente, de modo que um mesmo<br />
indivíduo pode ter sido contado várias vezes, sendo o valor registrado<br />
equivalente ao número de peixes transitando pela área da<br />
janela de observação.<br />
4 – RESULTADOS PRELIMINARES<br />
Os resultados obtidos estão apresentados nas tabelas 1 e 2. Na<br />
tabela 1 apresentam-se os valores médios da passagem de indivíduos<br />
de piau três pintas (leporinus reinhardtii) pela janela de observação<br />
para cada grupo experimental testado. A figura 4 apresenta<br />
as curvas de subida e descida do leporinus reinhardtii. Como<br />
se pode observar, freqüências de emissão de flashes de até 360 flashes/min<br />
não aparentam causar repulsão em piaus da espécie leporinus<br />
reinhardtii, tendo em vista o número expressivo de peixes<br />
transitando pela janela de observação. Nestas freqüências pode-se<br />
dizer que a luz pode modificar ligeiramente o comportamento desta<br />
espécie, tendo em vista a variação no número médio de indivíduos<br />
passando pela janela de observação quando comparado com<br />
o grupo controle.<br />
Ressalta-se a variação considerável no número médio de indivíduos<br />
passando pela janela de observação, sendo de 85% durante<br />
o deslocamento de subida e 98% para o deslocamento de descida,<br />
comparando-se o grupo controle com o grupo teste utilizando-se<br />
freqüência de 720 flashes/min. Essa variação expressiva pode significar<br />
que a partir desta configuração o sistema de luz estroboscópica<br />
provoque repulsão de uma parcela expressiva de leporinus reinhardtii,<br />
durante o período de 1 hora.<br />
TABELA 1: Número médio de indivíduos de piau três pintas<br />
(leporinus renhardtii) registrados em deslocamento de subida ou descida<br />
pela janela de observação do aparato<br />
Grupo Experimental<br />
Grupo controle*<br />
92 flashes/min**<br />
360 flashes/min**<br />
720 flashes/min**<br />
Número médio de indivíduos<br />
Subida Descida<br />
1235<br />
964<br />
657<br />
339<br />
781<br />
390<br />
190<br />
23
FIGURA 4: Representação gráfica do número médio de indivíduos de piau<br />
três pintas (leporinus renhardtii) em deslocamento de subida ou descida.<br />
A figura 5 mostra a taxa de redução percentual no transito de indivíduos<br />
em deslocamento de subida ou descida em frente a janela<br />
de observação em função do aumento do número de flashes. Por essa<br />
figura pode-se notar que para eventos com 720 flash/seg obtêm<br />
uma redução de 85% na passagem dos individuos no movimento<br />
de subida. Já em movimentos de descida essa redução é de 95%.<br />
FIGURA 5:Taxa de redução de subida ou descida de passagem do piau três<br />
pintas (leporinus renhardtii) por influencia da ação de luz estroboscópica.<br />
Para lambaris astyanax bimaculatus os resultados obtidos são<br />
mostrados na Tabela 2 e na figura 6. Avaliando-se os resultados, observa-se<br />
que, assim como para piaus, a freqüência de emissão de<br />
720 flashes/min demonstra repelir grande parte dos lambaris da região<br />
onde se encontra a fonte de luz, diminuindo em 97% e 99% o<br />
número médio de peixes transitando pela janela de observação no<br />
sentido de subida e descida, respectivamente, pelo menos pelo período<br />
de 1 hora quando comparado ao grupo controle.<br />
Para os demais grupos experimentais de teste, nota-se uma pequena<br />
variação no fluxo de peixes pela janela de observação ape-<br />
TABELA 2: Número médio de indivíduos de lambari-do-rabo-amarelo<br />
(astyanax bimaculatus) registrados em deslocamento de subida ou<br />
descida pela janela de observação do aparato experimental, durante os<br />
testes realizados com luz estroboscópica.<br />
Grupo Experimental<br />
Grupo controle*<br />
92 flashes/min**<br />
360 flashes/min**<br />
720 flashes/min**<br />
Número médio de indivíduos<br />
Subida Descida<br />
771<br />
555<br />
656<br />
637<br />
236<br />
500<br />
23<br />
7<br />
ARTIGOS TÉCNICOS<br />
nas quando se utiliza emissão de 360 flashes/min. Fato interessante<br />
pode ser observado quando da utilização da fonte de luz configurada<br />
para emissão de 92 flashes/min. Para o fluxo de peixes em movimento<br />
de descida, o número médio de peixes registrados na janela<br />
de observação foi ligeiramente superior ao registrado para o grupo<br />
controle, o que pode indicar uma possível atração de lambaris<br />
pela fonte.<br />
FIGURA 5: Representação gráfica do número médio de indivíduos de<br />
lambaris o rabo amarelo (astyanax bimaculatus) em deslocamento de<br />
subida ou descida.<br />
FIGURA 6: Taxa de redução de subida ou descida de passagem do lambari<br />
do-rabo-amarelo (astyanax bimaculatus) por influencia da ação de luz<br />
estroboscópica.<br />
5 – CONCLUSÕES<br />
A partir dos testes preliminares realizados pode-se observar<br />
que luz estroboscópica demonstra ser potencialmente útil para causar<br />
repulsão de boa parte dos indivíduos de pelo menos duas espécies<br />
brasileiras, piau três pintas “Leporinus renhardtii” e o lambari<br />
do- rabo-amarelo “Astyanax bimaculatus”, quando configurada para<br />
emitir 720 flashes/min utilizando-se um equipamento de 750 W<br />
de potência, por pelo menos 1 hora. Uma das questões levantadas<br />
por alguns autores em trabalhos realizados nos EUA e Canadá refere-se<br />
ao tempo de exposição dos peixes à fonte de luz, indicando<br />
que algumas espécies de clima temperado tendem a se acostumar<br />
com a luz, neutralizando o efeito de repulsão inicial.<br />
Dessa forma, vários testes ainda precisam ser realizados para<br />
se corroborar os dados iniciais obtidos com estes testes preliminares.<br />
Mesmo sendo preliminares, os resultados obtidos sugerem boas<br />
possibilidades da utilização de luz estroboscópica para a repulsão<br />
de peixes brasileiros de água doce de áreas de risco em usinas<br />
hidrelétricas, podendo vir a ser uma boa alternativa para se tentar<br />
minimizar os impactos causados pela mortandade de peixes em turbinas.<br />
17
ARTIGOS TÉCNICOS<br />
6 – REFERÊNCIAS<br />
BALANÇO ENERGÉTICO NACIONAL (2006) – “RELATÓRIO<br />
FINAL”. Ministério de Minas e Energia. Empresa de Pesquisa<br />
Energética, Rio de Janeiro, Brasil.<br />
BAXTER, R. M. (1977) – “Environmental effects of dams and impoundments.”,Ann.<br />
Ver. Ecol. Syst. 8. 255-283.<br />
TUNDISI, J. (1978) – “Construção de reservatórios e previsão<br />
de impactosambientais no baixo Tietê: Problemas limnológicos.”,<br />
Instituto de geografia.USP. Biogeografia, 1-19.<br />
AGOSTINHO, A. A.; JÚLIO-Jr, H. F. & BORGHETTI, J. R. (1992)<br />
–“Considerações sobre os impactos dos represamentos na ictiofauna<br />
e medidaspara sua atenuação. Um estudo de caso: reservatório<br />
de Itaipú.”, Revista UNIMAR. Maringá, 14 (suplemento), out.,<br />
89-107.<br />
AGOSTINHO, A. A.; MENDES, V. P.; SUZUKI, H. I. & CANZI. C.<br />
(1993) – “Avaliação da atividade reprodutiva da comunidade de peixes<br />
dos primeiros quilômetros a jusante do reservatório de Itaipu.”,<br />
Revista UNIMAR. 15 (Suplemento). 175-189.<br />
18<br />
10<br />
www.cerpch.org.br<br />
www.cerpch.org.br<br />
Königson, S.; Fjälling, A. & Lunneryd, S-G. (2002) – “Reactions<br />
in individuals fish to strobe light. Field and aquarium experiments<br />
performed on whitefish (Coregonus lavaretus).”, Hydrobiologia, v.<br />
483, p. 39-44.<br />
Ploskey, G.R. & Johnson, P.N. (2001) – “Effectiveness os strobe<br />
lights and an infrasound device for eliciting avoidance by juvenile<br />
salmon.”, American Fisheries Society, Symposium 26, Bethesda,<br />
Maryland, p. 37-56.<br />
Patrick, H.P.; Christie, A.E.; Sager, D.R.; Hocutt, C.H. &<br />
Stauffer Jr, J.R. (1985) – “Responses of fish to a strobe light/air<br />
bublble barrier.”, Fisheries Research, v.3, p. 157-172.<br />
Sager, D.R. & Hocutt, C. (1987) – “Estuarine fish responses to<br />
strobe light, bubble curtains and strobe light/bubble curtain combinations<br />
as influenced by water flow rate and flash frequencies.”,<br />
Fisheries Research, v.5, p. 383-399.<br />
Sager, D.R.; Hocutt, C.H. & Stauffer Jr., J.R. (2000a) – “Base<br />
and stressed ventilation rates for Leiostomus xanthurus Lácèpde<br />
and Morone Americana (Gmelin) exposed to strobe lights.”, J. Appl.<br />
Ichthyol. v. 16, p. 89-97.
ARTIGOS TÉCNICOS<br />
APLICAÇÃO DE TÉCNICAS DE METAMODELAGEM – COMPARAÇÃO DE<br />
FUNÇÕES DE BASE RADIAL E SUPERFÍCIE DE RESPOSTA POLINOMIAL<br />
RESUMO<br />
ABSTRACT<br />
Edna Raimunda da Silva<br />
Ramiro G. Ramirez Camacho<br />
Apresenta-se um estudo da teoria de aproximação abordando os conceitos e fundamentos de funções de tipo de base radial e polinomial<br />
clássica, para construção de superfícies de resposta, fazendo-se uso das técnicas estatísticas, como planos de experiências (DOE).<br />
Para a determinação do campo de escoamento em grades, é utilizado o método dos painéis de Hess&Smith, com modificações que permitem<br />
simular a separação da camada limite na pá. O enfoque é dado na analise das técnicas de metamodelagem com base em funções polinomiais<br />
e funções de base radial (FBR) para construção de superfícies de resposta. Esta metodologia permite de forma rápida e eficiente<br />
representar o modelo real.<br />
Palavras - chave: superfície de resposta, metamodelagem, funções de base radial<br />
We present a study of the theory of approximation by the concepts and fundamentals about radial basis functin and polynomial classical<br />
to construction of response surfaces, by making use of statistical techniques, such as plans of experiments (DOE). To determine the<br />
flow field in cascades, we use the method of Hess & Smith panel, with modifications that allow simulating the separation of the boundary layer<br />
in the blade. The focus is on analysis techniques metamodels based on polynomial functions and radial basis functions (RBF) for construction<br />
of response surfaces. This methodology allows to quickly and efficiently representing the real model.<br />
Key words: response surface, metamodels, radial basis functions<br />
1 INTRODUÇÃO<br />
Problemas de projeto que exigem computação intensiva têm se<br />
tornado cada vez mais comum na indústria, causado por modelos e<br />
processos de simulações onerosos, a fim de atingir níveis de precisão<br />
como testes físicos de dados, para enfrentar tal desafio, se fazem<br />
necessário utilizar técnicas de aproximação ou metamodelo.<br />
Os procedimentos freqüentemente usados em otimização requerem<br />
severas análises que são indispensáveis para predizer o comportamento<br />
dinâmico destas estruturas, porém a complexidade de<br />
modelos, tais como, elementos finitos, modelos com comportamento<br />
não linear, conduzem a um longo tempo de análise e é algumas<br />
vezes impossíveis devido ao custo de cálculo computacional.<br />
Para resolver esta dificuldade, Ghanmi, Bouazizi e Bouhaddi [1], desenvolveram<br />
uma estratégia baseada na metodologia baseada em<br />
superfície de resposta (RSM), esta estratégia consiste em substituir<br />
a resposta complexa de estruturas por um polinômio de grau geralmente<br />
menor que três, mais simples para usar. Esta escolha permite<br />
a minimização do custo de calculo durante a otimização. Neste<br />
trabalho será realizada a determinação e escolha de parâmetros<br />
do sistema físico que são mais influentes através do Plano de Experiências,<br />
Ferramentas de Análise de Sensibilidade e Análise de Variância<br />
(ANOVA). Este tipo de metodologia tem como base nos domínios<br />
da química orgânica e farmacêutica. E suas aplicações atualmente<br />
são interdisciplinares em especial no campo da engenharia<br />
mecânica entre outras, neste estudo pretende-se aplicá-las nas<br />
análises do escoamento nas turbomáquinas. Será estudada uma<br />
metodologia com base na RSM. A qual permite obter uma estimação<br />
através de uma aproximação polinomial para gerar a resposta<br />
real da aplicação de plano de experiências. Outra metodologia que<br />
tem sido muito eficiente para reconstruir funções multivariadas é<br />
baseada em funções de base radial, permite uma estimação através<br />
de uma aproximação usando funções como multiquadrica, mul-<br />
tiquadrica inversa ou cônica. Exemplos numéricos serão testados<br />
usando aproximação por funções de base radial e de Superfícies de<br />
Resposta baseado em Funções Polinomiais. É também feita uma<br />
comparação entre os metamodelos RSM e FBR, a fim de obter conhecimento<br />
a respeito do comportamento destes metamodelos.<br />
Um dos exemplos é aplicado em grades axiais de Turbomáquinas.<br />
2 APROXIMAÇÃO POR METAMODELOS (SUPERFÍCIES DE<br />
RESPOSTA)<br />
As superfícies de respostas (Response Surface Methodology -<br />
RSM) é uma técnica estatística nas quais as respostas (saídas) são<br />
aproximadas por polinômios geralmente mais simples a empregar<br />
que o sistema físico real [2]. Sua construção, baseada no emprego<br />
de planos de experiência, exige a superação de duas dificuldades:<br />
as configurações elevadas que resultam dos planos de experiência;<br />
e o número de coeficientes do polinômio.<br />
2.1 Plano fatorial completo (PFC)<br />
O PFC é o plano de experiência no qual se tem uma matriz de ensaios<br />
que representa todas as combinações possíveis entre os níveis<br />
das variáveis. O número de experimentos nexp realizados por um<br />
PFC a k variáveis, a nniv níveis para cada uma, é expresso como se-<br />
k<br />
gue :<br />
nexp � nniv<br />
A grande vantagem do PFC é que ele permite estimar todas as<br />
interações entre as variáveis de projeto, dois a dois, três a três,<br />
etc, até a interação que faz intervir as k variáveis. Entretanto, como<br />
pode ser observada, quando o número de fatores aumenta, sua<br />
utilização conduz rapidamente para um número proibitivo de experiências.<br />
2.2 Métodos de Análise de Sensibilidade a priori:<br />
Esta metodologia tem como base analisar os valores das res-<br />
19
ARTIGOS TÉCNICOS<br />
postas nos pontos do espaço de projeto para medir a influência na<br />
resposta exata, ou para reduzir o número de coeficientes do polinômio<br />
de referência, e desde que seja feita antes da metamodelização.<br />
O método que responde a este objetivo é a análise da variância<br />
(ANOVA)[3]. Análises gráficas como o gráfico de probabilidade<br />
normal ou (gráfico de Daniel) e o gráfico de Pareto, conforme<br />
fig. (2), também podem ser usados nesta colocação [2].<br />
2.3 Superfícies de resposta clássicas (RSM).<br />
Nesta seção a formulação da RSM é resumida, com base nos desenvolvimentos<br />
originalmente feitos por Myers et al. [2]. Considerando<br />
um fenômeno físico obtido, o qual não tem efeito de memória<br />
(as respostas obtidas dependem somente das entradas naquele<br />
instante), a entrada, x, e a saída, y, são relacionamentos que podem<br />
matematicamente ser definido por uma função: y=f(x). Se<br />
não for possível modelar precisamente o fenômeno físico, a estratégia<br />
é usar técnicas de aproximação de funções no qual o objetivo<br />
é criar uma nova função conhecida g(x) a partir de uma função exata<br />
f(x), que pelo menos, representará um determinado espaço.<br />
Considerando que a função f(x) é desconhecida a priori, o erro quadrático,<br />
eq = ||f(x)-g(x)||2 não pode ser calculado com precisão. O<br />
conceito principal das técnicas de aproximação é usar um conjunto<br />
de medidas (xk,yk=f(x)) do fenômeno físico para calcular o seguinte<br />
erro médio quadrático (MSE) [4].<br />
ne<br />
1<br />
2<br />
� � � yk<br />
� g�p,<br />
xk<br />
�<br />
ne k �1<br />
Onde ne é o número de experiências, e p é o vetor que contém<br />
os coeficientes dos polinômios, g(p,xk) a ser determinado pela<br />
aproximação.<br />
De acordo com Eq. (2), o interesse é gerar g(x) que minimiza ε,<br />
e para isto, são requeridos dois passos: treinando e validação. O<br />
processo de treinamento é a escolha dos dados para executar a<br />
aproximação e deve representar as evoluções da função exata. Na<br />
validação, o conjunto de dados deve ser distinto dos dados de treinamento,<br />
e é usado para conferir a aproximação. Pode-se escolher<br />
usar polinômios, assim o problema de aproximação se torna um<br />
problema de otimização paramétrica para determinar o vetor p que<br />
contém os coeficientes dos polinômios que minimizam a função ε.<br />
Neste sentido, é possível usar a metodologia de superfície de resposta<br />
(RSM) para aproximar as soluções exatas pela relação<br />
y=g(x). A família de polinômios normalmente usada para gerar o<br />
RSM é a de primeira ordem (linear) e a de segunda ordem. Os modelos<br />
de 1ª ordem podem ser divididos em modelos sem interações,<br />
modelos que contêm todas as interações, e os modelos que<br />
contêm só as interações de ordem 1, representadas, respectivamente,<br />
pelas seguintes expressões:<br />
yˆ � �0��1x1��2x2��3x3�� yˆ ��0��1x1��2x2��3x3��12x1x 2 ��<br />
13x1x<br />
3 ��<br />
23 x2<br />
x3<br />
��<br />
123 x1x<br />
2 x3<br />
��<br />
yˆ<br />
� �0��1x1��2x2��3x3��12x1 x2<br />
��<br />
13 x1x<br />
3 ��<br />
23x<br />
2x<br />
3 ��<br />
Os modelos de 2a ordem, composto pelos termos quadráticos<br />
são expressos como:<br />
2<br />
yˆ<br />
� �0���ixi���ij xi<br />
x j � ��<br />
ii xi<br />
��<br />
��<br />
2<br />
Onde este modelo requer pelo menos, (k +3k+2)/2 para pode<br />
ser completamente definido. As equações (2) e (3) podem ser definidas<br />
como uma notação matricial, como: ˆy �X�ˆ�ε 20<br />
�1<br />
�<br />
1<br />
X � �<br />
��<br />
�<br />
��<br />
1<br />
x<br />
x<br />
x<br />
1,<br />
1<br />
2,<br />
1<br />
�<br />
ne<br />
, 1<br />
1,<br />
nc<br />
�1<br />
1,<br />
nc<br />
�1<br />
ne<br />
, nc<br />
�1<br />
Onde nc é o número de coeficientes a serem determinados; xi;j<br />
representa as variáveis e interações; �Rn e �Rn<br />
são vetores que<br />
contem os coeficientes e os erros aleatórios a serem obtidos, respectivamente.<br />
XRnxn Representa a matriz de experiências. Se ne<br />
> nc e XTX é não singular, o Método dos Mínimos Quadrados [4]<br />
possibilita o calculo do vetor de coeficientes α=(XTX)-1XTy.<br />
Então,<br />
a resposta assume a seguinte forma:<br />
2.4 Validação: Plano Fatorial Completo e Anova:<br />
Exemplo: Meio nutritivo para chrysogenum de pénicillium. Nesta<br />
aplicação, explora se resultados de experiências que seguem o<br />
uso de um plano fatorial completo para determinar os fatores mais<br />
influentes na resposta.<br />
Deseja-se obter a influência de cinco fatores: Concentração em<br />
licor de milho, em lactose, em precursor, em nitrato de sódio, e em<br />
glicose. A produção de penicilina é expressa em peso.<br />
A tabela 1 representa o plano de experiências fatorial à 25 testes<br />
é 32, e os efeitos de cada parâmetro e sua interação.<br />
2.5 Função de Base Radial<br />
Aproximações por funções de base radial (FBR) pertencem a<br />
uma classe de modelos lineares generalizados. Diferem da metodologia<br />
clássica por permitir a escolha das funções de base. Foi originalmente<br />
desenvolvida por Hardy [5], para reconstruir uma de-<br />
�<br />
�<br />
�<br />
�<br />
T<br />
�1<br />
T �XX� X Y ε<br />
y � X �<br />
x<br />
x<br />
x<br />
�<br />
�<br />
�<br />
�<br />
�<br />
�<br />
��<br />
Figura 1 – Diagrama de Pareto dos Efeitos<br />
Fonte de Variação SS DF MS Ftest Contribuição<br />
x 1<br />
38,56 1 38,56 84,92 23,18<br />
x 3<br />
32,25 1 32,25 71,<strong>03</strong> 19,39<br />
x 5<br />
54,47 1 54,47 120 32,76<br />
1 2<br />
4,407 1 4,407 9,706 2,65<br />
4,594 1 4,594 10,12 2,763<br />
3,125 1 3,125 6,883 1,879<br />
2,461 1 2,461 5,421 1,48<br />
1,125 1 1,125 2,478 0,6765<br />
13,78 1 13,78 30,35 8,287<br />
1,<strong>03</strong>3 1 1,<strong>03</strong>3 2,276 0,6213<br />
1,32 1 1,32 2,908 0,794<br />
2 1 2 4,405 1,2<strong>03</strong><br />
2,192 1 2,192 4,827 1,318<br />
4,981 1 4,981 10,97 2,995<br />
Resíduos 7.718.750 17 0.4540441<br />
Total 1.740.151 31<br />
x x<br />
1 3 x x<br />
1 4 x x<br />
2 3 x x<br />
2 5 x x<br />
3 5 x x<br />
Tabela2–Análise de Variância obtida do programa RSM em Fortran<br />
x 1 x 2 x 4<br />
x 1 x 3 x 5<br />
x 1 x 2 x 3 x 4<br />
x 1 x 3 x 4 x 5<br />
x 1 x 2 x 3 x 4 x 5
Tabela 1–Matriz de Experiências com as respostas, a interação<br />
dos parâmetros e seus efeitos<br />
terminada função g(x) desconhecida á uma função f(x) a partir de<br />
dados conhecidos. No entanto, a reconstrução de funções com muitas<br />
variáveis não é limitada à quantidade de variáveis, mas sim de<br />
recursos da informática. O número de condição (definido como o<br />
produto da norma de uma matriz e sua inversa) de um sistema linear<br />
que descreve o metamodelo deteriora rapidamente com o aumento<br />
da dimensão e com o aumento dos dados analisados. É freqüentemente<br />
observado que alta precisão é encontrada à beira da<br />
instabilidade numérica [6].<br />
A função de base radial na forma ϕ(||x-xi||)<br />
pode ser definida<br />
como uma função em que seus valores dependem somente na distância<br />
da origem, ou alternativamente na distância de algum outro<br />
ponto x, chamado de centro. Também definida como a função da<br />
norma: ϕ(||x||):Rn→R.<br />
Qualquer função φ que satisfaça a propriedade<br />
ϕ(x)=(||x||)<br />
é uma função radial. Deve-se notar que a distancia<br />
representa as variáveis do problema a ser analisado.<br />
ARTIGOS TÉCNICOS<br />
�<br />
i �1<br />
� �<br />
n<br />
s(<br />
x)<br />
� � ( x x )<br />
i<br />
Onde s(x) é a função aproximada, e é representada como a soma<br />
das n funções de base radial, ϕ(||x-xi||),<br />
cada uma associada<br />
com diferentes centros, xi, sem qualquer informação especial na<br />
posição de seus números ou posição geométrica, que são avaliados<br />
por coeficientes, �i.<br />
As funções de base radial, em geral, se classificam em duas<br />
grandes categorias:<br />
1ª - Funções dependentes de um parâmetro de ajuste c, o qual<br />
pode ser definido pelo usuário, suas estruturas e parametrizações<br />
são demonstradas na tabela 3. Este parâmetro de ajuste é usado<br />
para controlar o domínio de influência e a suavidade de aproximação<br />
da FBR (ref). Se ϕ for positiva definida, como a Gaussiana e a<br />
Multiquádrica Inversa, a não singularidade será garantida, entretanto,<br />
valores extensos de c, pode tornar o sistema altamente mal<br />
condicionado.<br />
2ª - Funções independentes de parâmetros, como demonstrada<br />
na tabela 2 e que falham na condição de serem positivas definidas,<br />
sendo necessário adicionar um termo polinomial P, e reescre-<br />
n<br />
d<br />
ver como:<br />
d<br />
s( x ) �� �i<br />
� ( x �x<br />
i ) ��0<br />
� � �i<br />
xi<br />
, x � R<br />
i �1 i �1<br />
Onde || || é a norma euclidiana em Rd, e xi as enésimas coordenadas<br />
no ponto x; i (i=1 ,...,n) e (i=0, ...,d) são os coeficientes<br />
reais a serem determinados.<br />
nxn nx(d+1)<br />
As seguintes matrizes ��R e P �R<br />
são construídas<br />
por funções de base radial e um polinômio linear respectivamente:<br />
( �) ij � � x � xi<br />
, i,<br />
j�1,...<br />
n<br />
�1<br />
x11<br />
� x1d<br />
�<br />
�<br />
�<br />
P ��<br />
� � xij<br />
� �<br />
�<br />
�<br />
�1<br />
xn<br />
� xnd<br />
�<br />
Tabela 4-Funções de Base Radial Condicionalmente Positiva<br />
Definida e Independente de Parâmetros<br />
Deve se notar que a função de base radial do tipo Multiquádrica,<br />
além de levar em conta o parâmetro de ajuste, também falha<br />
na condição de ser positiva definida. Franke [7] comparou uma variedade<br />
de técnicas de interpolação, aplicou em problemas bidimensionais<br />
e mostrou que as multiquádricas obtêm melhores resultados<br />
quando comparadas com outras técnicas.<br />
i<br />
21
ARTIGOS TÉCNICOS<br />
3 EXPERIMENTOS COMPUTACIONAIS<br />
3.1 Função de Base Radial, versus Polinomial Aplicada em uma<br />
Função para Teste.<br />
Neste exemplo, foi usado uma técnica de metamodelagem<br />
baseada em função de base radial (MRBF) em uma função para<br />
teste [8]. O metamodelo resultante é testado e comparado com<br />
o metamodelo polinomial quadrático (MPOL) usando alguns conjuntos<br />
de pontos (dados de entrada) selecionados por Plano Fatorial<br />
Completo. O metamodelo MRBF é baseado em função de base radial<br />
usando cones (hiperbolóides circulares), e é matematicamente<br />
representado como segue:<br />
m<br />
�<br />
i �1<br />
�(<br />
x)<br />
� � x � y<br />
Onde || || é a norma l2 usada neste exemplo, yi é um vetor<br />
de entrada de n dimensões para i-ésima execução da simulação,<br />
m é o número de simulações executadas, e βi's<br />
são as constantes<br />
para serem estimadas.<br />
O Cálculo dos coeficientes depende se cada matriz A é singular<br />
ou mal condicionada. O número de condição ς obtida da matriz A<br />
-1<br />
provê informação sobre a dificuldade de calcular A . Se o número<br />
de condição é muito grande até que 1/ ς é fechado para �(onde �é<br />
a precisão da máquina) pequenas mudanças em A pode causar<br />
grandes mudanças em β.<br />
O número de fatores neste estudo é restrito para 2, para permitir<br />
fácil visualização da comparação, os pontos do projeto (m) no espaço<br />
de projeto são obtidos variando os níveis de três para dez gerados<br />
pelo PFC. Os metamodelos são analisados usando as seguintes<br />
medidas de desempenho,<br />
- A média e desvio padrão dos erros entre os metamodelos e as<br />
funções originais foram calculadas para 200 pontos gerados randomicamente.<br />
- O ponto mínimo na superfície dos metamodelos é obtido usando<br />
uma rotina do IMSL library – DBCONF ( Microsof Fortran Power<br />
Station) . A distância entre o ponto de mínimo e o ponto ótimo foi<br />
calculada para cada metamodelo.<br />
- Superfícies e contornos gráficos da cada função e os erros correspondentes<br />
foram obtidos para m =100. O erro da função é definido<br />
como a diferença entre o metamodelo e a função dada. A função<br />
para teste BR- Branin é dada como segue:<br />
2<br />
2<br />
f(x) � a(x2<br />
�bx1<br />
� cx1<br />
� d) �e(<br />
1�<br />
g) cos x1<br />
� e,<br />
5.<br />
1 5<br />
1<br />
a �1, b � , c � , d �6,<br />
e �10,<br />
g �<br />
2<br />
4�<br />
�<br />
8�<br />
� 5 � x1<br />
� 10,<br />
0 � x2<br />
� 15<br />
x � ( ��<br />
, 12.<br />
275);<br />
( �,<br />
2.<br />
2755);<br />
( 3�<br />
, 2.<br />
475)<br />
min<br />
f ( xmin<br />
) � 0.<br />
39789.<br />
3.1.1 Resultados e Análises<br />
Todos os metamodelos deste exemplo foram testados quantitativamente<br />
e qualitativamente. Os testes quantitativos foram conduzidos<br />
com a ajuda do cálculo do erro médio quadrático (MSE). Os<br />
testes qualitativos foram conduzidos por uma comparação visual<br />
dos metamodelos com a função teste original. A superfície gráfica<br />
da função e erros correspondentes é mostrada na fig. 2.<br />
22<br />
i<br />
Distância<br />
2<br />
1.6<br />
1.2<br />
0.8<br />
0.4<br />
Distância do Ótimo - BR<br />
MPOL<br />
MFBR<br />
0 20 40 60 80 100<br />
No 0<br />
de experimentos<br />
MSE<br />
2000<br />
1600<br />
1200<br />
800<br />
400<br />
0<br />
Mean Squared Error - BR<br />
MPOL<br />
MFBR<br />
0 20 40 60 80 100<br />
N o de experimentos<br />
Figura 2 - Gráfico de Medidas (a) Distância do Ótimo para BR; (b) MSE<br />
-5<br />
0<br />
x<br />
Superfície da Função BR<br />
5<br />
10<br />
-5<br />
0<br />
0<br />
x<br />
5<br />
y<br />
5<br />
10<br />
10<br />
300<br />
200<br />
f<br />
100<br />
0<br />
15 -5<br />
MFBR<br />
0<br />
5<br />
0<br />
x<br />
y<br />
10<br />
5<br />
10<br />
0<br />
15<br />
MPOL<br />
0<br />
5E-12<br />
f<br />
-5 E-12<br />
5<br />
y<br />
10<br />
100<br />
0<br />
f<br />
15<br />
-100<br />
Figura 3. - Análise dos Erros; (a) Superfície da função BR;<br />
(b) Análise do erro para MPOL; (c) Análise do erro para MFBR.<br />
O metamodelo MFBR-F tem praticamente zero de erro. A diferença<br />
entre a distância do ótimo da função e o ótimo calculado para<br />
os metamodelos estudados é mostrado na fig. 2a, nota-se que ambos<br />
os metamodelos MPOL e MFBR capturam o mínimo da função,<br />
especialmente quando os números de experimentos aumentam.<br />
O metamodelo polinomial apresenta pequeno erro médio, porém,<br />
o metamodelo MFBR apresenta melhor comportamento do erro.<br />
O gráfico da superfície e dos erros para esta função é apresentado<br />
na Fig. 3. O metamodelo MFBR mostra melhor desempenho.<br />
Os erros de superfície do metamodelo polinomial flutuam significantemente.<br />
3.2 – Função de Base Radial, versus Polinomial Aplicada em Grades<br />
de Turbomáquinas.<br />
Foi construída uma superfície de resposta do sistema físico através<br />
do cálculo de escoamento 2D em grades de turbomáquinas<br />
com base no método dos painéis e interação com a camada limite<br />
de forma a introduzir os efeitos de separação (HessTurbo)[9], em<br />
torno de perfis da serie NACA65 em grade ou isolado. A Figura 4<br />
mostra os parâmetros de projeto de uma grade de turbomáquina<br />
axial que serão utilizados para construção das superfícies de resposta.
Figura 4 – Grade Axial de uma Turbomáquina<br />
A tabela 5 representa os limites de variação, sendo ângulo de<br />
montagem β(AM),<br />
arqueamento (ARC) e passo da grade t (PASS),<br />
respectivamente.<br />
Tabela 5 – Limites Inferiores e Superiores<br />
O próximo passo é obter o plano de experiências utilizando o<br />
plano fatorial completo, três variáveis discretizadas em 3 níveis, teremos<br />
então um plano fatorial completo de 27 experimentos. Com<br />
este plano, serão calculados as respostas reais por meio de um programa<br />
implementado em Fortran ( HessTurbo [10]), este será o modelo<br />
caro. O modelo polinomial que será utilizado é de ordem 2, e é<br />
representado da seguinte forma:<br />
0 1 1 2 2 3 3 12 1 2 13<br />
1 3<br />
� b23 x2x3<br />
2 2 2<br />
� b11x1<br />
�b22<br />
x2<br />
�b33<br />
x3<br />
Com as respostas reais obtidas pelo programa HessTurbo utilizando<br />
o cálculo de interpolação, foram obtidos os coeficientes da<br />
função, resultando os seguintes polinômios:<br />
Numa segunda abordagem, foram geradas 500 amostras das<br />
variáveis; AM, ARQ, PASS, pelo método Hiper Cubo Latino e através<br />
do solver HessTurbo, foram obtidos valores de Cl e Cd exatos.<br />
Com a mesma amostragem foram obtidas, as funções de Cl e Cd estimadas<br />
pelo programa RSM. Comparando as saídas do programa<br />
HessTurbo e RSM, obtêm-se os seguintes resultados gráficos:<br />
Nas Fig 5 e 6, estão apresentados os resultados exatos obtidos<br />
através do “solver” HessTurbo, e comparados com a superfície<br />
de resposta com base nos polinômios, Eq. (15) para o coeficiente<br />
de sustentação e Eq. (16) para o coeficiente de arrasto.<br />
Linf<br />
p<br />
L su<br />
A<br />
M 5 14<br />
AR<br />
Q 1.4 1.6<br />
PA<br />
SS 0.5 1.5<br />
yˆ � b �b<br />
x �b<br />
x �b<br />
x � b x x � b x x<br />
C �0.8966 �0.1169 x �0.02344 x �0.3596 x �0.00<strong>03</strong>109<br />
x x<br />
l 1 2 3 1 2<br />
2 2 2<br />
�0.5326 x1x3 � 0.6962x 2x3 �0.0004860x1 �0.00008844 x2 �0.<strong>03</strong>980<br />
x3<br />
C �0.1191E �01�0.1436E �02x �0.4130 E �<strong>03</strong>x �0.2506 E �02<br />
x<br />
d 1 2 3<br />
2<br />
�0.3267 E �<strong>03</strong> x1x2�0.1044 E �02x1x3 �0.2586 E �<strong>03</strong>x2x3�0.9025 E �<strong>03</strong>x1<br />
2 2<br />
�0.2551 E �<strong>03</strong>x2�0.6308 E �<strong>03</strong>x3<br />
ARTIGOS TÉCNICOS<br />
Exato<br />
Na Figura 5a, pode-se observar que a superfície ou polinômio<br />
de resposta representa o resultado exato, inclusive verifica-se que<br />
na região central existe uma dispersão mais uniforme. Na Figura<br />
5b, mostra os resultados obtidos através da solução aproximada<br />
do polinômio dado na Eq. (16). Este resultado não apresentou boa<br />
solução, porém esta discrepância pode ser superada com um aumento<br />
de painéis ou elementos de discretização do aerofólio no programa<br />
de cálculo de escoamento em grades [9], ou com uma maior<br />
discretização do níveis dos fatores e aumento da ordem do polinômio.<br />
Nas Figuras 6a e 6b, são mostrados os resultados obtidos através<br />
da solução aproximada interpolada com funções de base radial<br />
multiquádrica, c = 3,0 para o coeficiente de sustentação e para o coeficiente<br />
de arrasto.<br />
Exato<br />
1.4<br />
1.2<br />
1<br />
0.8<br />
0.6<br />
0.4<br />
0.4 0.6 0.8 1 1.2 1.4<br />
Aproximado<br />
É mostrado que o polinômio obtido que representa o coeficiente<br />
de sustentação representa bem o modelo real, mas o que representa<br />
o coeficiente de arrasto, não representa bem o modelo real.<br />
É necessária a realização de mais testes que satisfaçam critérios estatísticos<br />
pré-estabelecidos, para tornar mais fidedigno o metamodelo.<br />
Comparado com o metamodelo baseado em função de base<br />
radial, pode ser observado que para o coeficiente de sustentação<br />
os metamodelos tiveram bom desempenho, usando a função de base<br />
radial multiquádrica, o resultado foi ainda melhor. Porém, para o<br />
coeficiente de arrasto, os dois metamodelos tiveram desempenho<br />
similares, não conseguiram uma boa aproximação, mas isso pode<br />
ser devido a fenômenos físicos que envolvem o coeficiente de arrasto,<br />
bem como também a forma como é calculado, maiores investigações<br />
neste campo, devem ser realizados.<br />
4 REFERÊNCIAS<br />
Exato<br />
0.008 0.01 0.012 0.014 0.016 0.018<br />
Aproximado<br />
Figura 5 – Comparação HessTurbo Vs RSM - (a)– Comparação para Cl;<br />
(b) Comparação para Cd<br />
1.4<br />
1.2<br />
1<br />
0.8<br />
0.6<br />
0.4<br />
0.4 0.6 0.8 1 1.2 1.4<br />
Aproximado<br />
Exato<br />
[1] B. A. Brik, S. Ghanmi, N. Bouhaddi, S. Cogan, Robust<br />
Multiobjective Optimisation Using Response Surfaces, 2005.<br />
[2] R. H. Myers, D.C. Montgomery, Response Surface Methodo-<br />
0.018<br />
0.016<br />
0.014<br />
0.012<br />
0.01<br />
0.008<br />
0.018<br />
0.016<br />
0.014<br />
0.012<br />
0.01<br />
0.008<br />
0.008 0.01 0.012 0.014 0.016 0.018<br />
Aproximado<br />
Figura 6 – Comparação HessTurbo Vs FBR - (a)– Comparação para Cl;<br />
(b) Comparação para Cd<br />
23
RESUMO<br />
ABSTRACT<br />
ARTIGOS TÉCNICOS<br />
MODELAGEM COMPUTACIONAL DE OSCILAÇÃO DE MASSA<br />
EM CHAMINÉ DE EQUILÍBRIO UTILIZANDO DIFERENÇAS FINITAS<br />
DISCRETIZADAS PELO ESQUEMA DIFUSIVO DE LAX<br />
1.INTRODUÇÃO<br />
Os circuitos de geração de alta queda estão sujeitos às ocorrências<br />
de escoamentos variados em função da operação de fechamento,<br />
parcial ou não, de válvulas no limite de jusante do sistema<br />
ou pelos próprios distribuidores das turbinas. Esta perturbação pode<br />
gerar golpes de aríete que são variações significativas de pressão<br />
na tubulação e/ou túnel de carga. A chaminé de equilíbrio, por<br />
sua vez, faz o papel de atenuar esta sobre pressão pois permite a<br />
oscilação (fuga) da massa de água no seu interior, transformando a<br />
energia de pressão em energia cinética (ANDRZEJEWSKI, 2009).<br />
Os métodos matemáticos de análise dos transientes em condutos<br />
forçados e chaminés de equilíbrio se baseiam nas equações da<br />
continuidade, da conservação da quantidade de movimento, e de<br />
relações entre propriedades físicas associadas ao escoamento e ao<br />
golpe de aríete. Quando bem definida a resposta dinâmica do sistema<br />
e as envoltórias do problema, ou seja: níveis de água, dimensões<br />
geométricas, rugosidade do circuito hidráulico, perda de carga<br />
localizadas, comportamento dos equipamentos e condições de<br />
segurança; pode-se chegar a resultados confiáveis através da ajuda<br />
dos cálculos computacionais (RAMOS e ALMEIDA, 2001).<br />
Porém, novos modelos de cálculos de chaminés de equilíbrio possibilitam<br />
ampliar a gama de métodos de utilização e gerar novas contribuições<br />
nas alternativas de estudo de usinas de alta queda.<br />
Edgar Alberti Andrzejewski<br />
2<br />
Eloy Kaviski<br />
Desenvolveu-se um método computacional para a análise das oscilações de massa em chaminés de equilíbrio considerando as discretizações<br />
das equações diferenciais parciais que modelam os escoamentos não-permanentes em condutos pelo Esquema Difusivo de Lax.<br />
A intenção é desenvolver uma nova alternativa de cálculo de chaminés de equilíbrio por diferenças finitas para o estudo de arranjos de circuitos<br />
de geração de usinas hidrelétricas com longos túneis e condutos de adução. A verificação da confiabilidade dos resultados simulados<br />
pelo modelo matemático desenvolvido se deu através da comparação com os resultados obtidos por ensaios em um modelo físico genérico<br />
de um arranjo de circuito de geração. Outra comparação foi realizada considerando os resultados obtidos através da ferramenta<br />
computacional Wanda 3 do Instituto holandês Delft Hydraulics. Com base na comparação com o golpe de aríete experimental, o método<br />
proposto se mostrou adequado, estável e convergente.<br />
Palavras-chave: Modelagem Computacional, Escoamento não-Permanente, Oscilação de Massa, Chaminé de Equilíbrio, Diferenças<br />
Finitas, Esquema Difusivo de Lax, Usina Hidrelétrica.<br />
The Lax´s diffusive scheme was used to develop a computation routine in Turbo Pascal language to solve the differential equations for<br />
nom permanent flows in conduits. The aim was to present an alternative model to calculate surge tanks for hydropower plants with long intake<br />
tunnels or conduits. The validation of the model was performed trough the comparison between the results of a physical hydraulic<br />
model in the UFPR hydraulic lab, the results of the computations of the Lax´s model and also from other mathematical model, the Wanda 3<br />
developed by Delft Hydraulics in The Netherlands. The Lax´s model presented quite similar results which were adherent to the physical hydraulic<br />
model ones. The new mathematical model was convergent and stable when considered the Courant condition for the application of<br />
the finite differential method.<br />
Key words: Mathematical Modeling, Nom Permanent Flows, Mass Oscillations, Surge Tanks, Finite-Differences Method, Lax´s<br />
Diffusive Scheme, Hydroelectric Plant.<br />
24<br />
1<br />
No presente trabalho, foram solucionadas as equações diferenciais<br />
parciais que governam o escoamento não-permanente unidimensional<br />
de por diferenças finitas pelo Esquema Difusivo de Lax.<br />
O problema foi programado e processado em linguagem Pascal. Os<br />
resultados alcançados foram satisfatórios quando analisado em<br />
conjunto com dados gerados experimentalmente.<br />
2.MATERIAIS E MÉTODOS<br />
As equações, na forma não-conservativa, do escoamento nãopermanente<br />
unidimensional em condutos, que representam a conservação<br />
da quantidade de movimento linear e a conservacão de<br />
massa, são as seguintes (WYLIE e STREETER, 1978):<br />
�h<br />
Q �Q<br />
�Q<br />
QQ<br />
gA � � � f � 0<br />
�x<br />
A �x<br />
�t<br />
2DA<br />
Sendo, Q= vazão do conduto, m³/s; g = aceleração da<br />
gravidade, m/s²; f = fator de resistência de Darcy-Weisbach; D=<br />
diâmetro hidráulico do conduto, m; A= área da seção transversal<br />
do conduto, m²; e h= carga piezométrica, m.c.a.; α=<br />
ângulo do<br />
eixo do conduto com a horizontal, graus; e a= celeridade da onda<br />
(velocidade de propagação da onda de choque do golpe de aríete,<br />
m/s).<br />
1 Engenheiro Civil – e-mail: ed.andrz@gmail.com<br />
2 Professor – Engenheiro Civil – Universidade Federal do Paraná – UFPR, Departamento de Hidráulica e Saneamento – e-mail: eloy.dhs@ufpr.br.<br />
Q �h<br />
�h<br />
Q a²<br />
�Q<br />
� � sen(<br />
�)<br />
� � 0<br />
A �x<br />
�t<br />
A Ag �x
A celeridade pode ser estimada por (MACINTYRE, 1983):<br />
9900<br />
a �<br />
' D<br />
48,<br />
3 � k .<br />
e<br />
Sendo, k o módulo de elasticidade volumétrica, ou seja fator nu-<br />
10<br />
mérico igual a 10 /E. EE=módulo de elasticidade do material,<br />
N/m²; e= espessura da parede do conduto, m;<br />
2.1 Diferenças Finitas pelo Esquema Difusivo de Lax<br />
Solucionam-se as equações de escoamentos em condutos forçados<br />
pelo Esquema Difusivo de Lax, que é comumente utilizado<br />
na resolução das equações de Saint-Venant que governam o escoamento<br />
transitório em canais. Para solucionar por diferenças finitas<br />
as derivadas parciais de um sistema de equações deve ser introduzido<br />
o conceito do plano das variáveis independentes: espaço<br />
e o tempo (STEINSTRASSER, 2005). Pelo Esquema Difusivo de Lax<br />
representam-se as derivadas espaciais em tempos conhecidos, por<br />
esta razão é camado de esquema explícito (CASTANHARO, 20<strong>03</strong>).<br />
As funcões v=v(x,t) e h=h(x,t) são representadas por v v(<br />
i x,<br />
j t)<br />
e .A discretização das derivadas parciais são resolvidas<br />
pelas seguintes aproximacões por diferenças finitas centradas:<br />
i<br />
j � � �<br />
h h(<br />
i x,<br />
j t)<br />
i<br />
� � �<br />
j<br />
j � 1 *<br />
�v<br />
vi<br />
�v<br />
�<br />
�t<br />
�t<br />
j � 1 *<br />
�h<br />
hi<br />
�h<br />
�<br />
�t<br />
�t<br />
j j<br />
� �1<br />
v vi�1<br />
�vi<br />
�<br />
�x<br />
2�x<br />
Sendo que v* e h* são as médias no instante j:<br />
j j<br />
* ( vi<br />
�1 vi�1)<br />
v<br />
2<br />
Substituindo nas equações (1) e (2) as equações (4) se obtém<br />
a equação da quantidade de movimento:<br />
�<br />
j j<br />
* ( hi�1<br />
hi<br />
�1)<br />
�<br />
h<br />
2<br />
�<br />
�<br />
j�1<br />
i<br />
v<br />
h<br />
j �1<br />
i<br />
j j � j j<br />
j j j j � j j j j<br />
( v<br />
��<br />
i�1<br />
� vi�1<br />
) ( hi�1<br />
� hi�1<br />
) ( vi�1<br />
� vi�1<br />
) ( vi<br />
�1<br />
� vi<br />
�1)<br />
f ( v � �<br />
� � � �<br />
�<br />
� � i �1<br />
vi�1<br />
) ( vi�1<br />
vi�<br />
1)<br />
t.<br />
g.<br />
.<br />
.<br />
. ��<br />
2 � 2�x<br />
2 2�x<br />
2D<br />
�<br />
�<br />
�<br />
� 2 2<br />
���<br />
Da equação de conservação da massa:<br />
�<br />
As equações (7) e (8), solucionam os pontos internos do conduto<br />
i = 1,2,3,...m, onde m é o ponto ligeiramente antes da chaminé<br />
de equilíbrio. E também os pontos m+2 até n que correspondem<br />
ao trecho do conduto a jusante da chaminé até a válvula. Para<br />
os demais pontos são inseridas as condições de contorno para o<br />
problema.<br />
O ponto O corresponde ao reservatório que segue as seguintes<br />
relações de condição de contorno:<br />
j 1 j<br />
v0 v0<br />
�<br />
j j f . v . v<br />
�<br />
j�<br />
1<br />
0 0<br />
h0<br />
� hr<br />
�<br />
2.<br />
g<br />
Sendo, hr = elevação do nível do reservatório, m;<br />
O ponto m+1 corresponde à chaminé de equilíbrio que segue as<br />
seguintes relações de condição de contorno:<br />
Sendo, Qc = vazão da chaminé, m³/s.<br />
j j<br />
� �1<br />
h hi�1<br />
�hi<br />
�<br />
�x<br />
2�x<br />
j<br />
2 j j<br />
j j j j<br />
j j<br />
� hi<br />
�1<br />
) � a ( v i�<br />
1 � v i�1<br />
) ( hi�<br />
1 � hi<br />
�1<br />
) ( hi�<br />
1 � hi<br />
�1<br />
) ( vi�<br />
1 � v i�<br />
) �<br />
� �t.<br />
� .<br />
�<br />
.<br />
�<br />
. sen�<br />
�<br />
2 � g 2 �x<br />
2 2�x<br />
2 �<br />
j<br />
( hi�<br />
1<br />
1<br />
�Q�j. �t�.<br />
Q �j. �t��<br />
j j<br />
hm �hm � kc<br />
c<br />
c<br />
� �1<br />
1<br />
.<br />
Q<br />
� 1<br />
�� � � � � 1<br />
j�1<br />
j<br />
hm�1<br />
�hm<br />
�1<br />
j �<br />
j �1.<br />
�t<br />
� . A h<br />
c<br />
�1<br />
�1<br />
�t<br />
j j<br />
Qm� 1 �Qm<br />
�Qc<br />
c<br />
. ��j�1�. �t�<br />
m�1<br />
ARTIGOS TÉCNICOS<br />
O ponto n+2 corresponde à válvula de fechamento rápido onde<br />
pode ser inserida nas rotinas de cálculos a lei de fechamento ou<br />
abertura conforme o tipo de válvula. Seguem as seguintes relações<br />
de condição de contorno:<br />
j�1<br />
�Q<br />
. �j�1�. �t<br />
Sendo, Qr = vazão da válvula, m³/s.<br />
2.3 Condições de Estabilidade e Convergência<br />
Para obter a estabilidade e a convergência dos resultados pelos<br />
métodos explícitos deve-se atender a condição CFL - Courant, Friedrichs<br />
e Lax definida por (STEINSTRASSER, 2005).<br />
Sendo, v = velocidade do escoamento; a = celeridade da onda.<br />
3.RESULTADOS E DISCUÇÃO<br />
Qn� 2 T<br />
�t 1<br />
�<br />
�x<br />
v � a<br />
� �<br />
3.1 Ensaios Laboratorial e Modelo Hidrodinâmico WANDA<br />
Para se obter a base de comparação foi preparado um Experimento<br />
Laboratorial (a) com dimensões que estão apresentadas na<br />
Figura 1, e além do programa desenvolvido neste estudo outra simulação<br />
computacional foi gerada usando o modelo Wanda 3 (b):<br />
a)Experimento Laboratorial: Modelo físico instalado no Laboratório<br />
Didático de Mecânica dos Fluidos e Hidráulica da Universidade<br />
Federal do Paraná, anexo às instalações do Laboratório de hidráulica<br />
do LACTEC. Este modelo foi projetado com base em um modelo<br />
genérico de chaminé de equilíbrio utilizado na Universidade de Toronto<br />
no Canadá. A tomada dos resultados das oscilações de níveis<br />
se deu através de sensor de pressão instalado na base da chaminé<br />
de equilíbrio.<br />
b)Wanda 3 – Water Analysis Data Advisor - WANDA Transient -<br />
Delft Hydraulics: A teoria que rege os cálculos do programa<br />
WANDA 3 trata das formulações para escoamentos nãopermanentes<br />
pelo método das características (DELFT<br />
HYDRAULICS, 2001).<br />
Os dados utilizados são os seguintes: vazão média 0,964 l/s,<br />
comprimento do conduto 12,21 m, perda de carga de 1,91 m, do reservatório<br />
até a seção da chaminé, diâmetro interno do tubo<br />
0,0277 m, área da chaminé de equilíbrio 0,02 m² e tempo de fechamento<br />
da válvula de 0,2 segundos.<br />
3.2 Análise dos Resultados<br />
A Figura 3 apresenta uma amostra típica dos resultados de fechamento<br />
rápido obtidos pelas simulações Modelo LAX, Modelo<br />
Wanda 3 e Modelo Físico.<br />
As curvas dos modelos computacionais LAX e Wanda apresentaram<br />
boa aderência aos dados observados no modelo físico e ficaram<br />
muito próximas entre si, às vezes sobrepondo-se. Assim, conclui-se<br />
pela viabilidade do uso do modelo Difusivo de Lax desenvolvido.<br />
Os modelos que se baseiam em métodos que fazem um tratamento<br />
específico para o fator de atrito transitório (com certa variação<br />
de coeficientes) apresentam um amortecimento maior nos casos<br />
estudados (AMARAL e PALMIER, 2006). Justificando-se que as<br />
taxas de dissipação para os métodos que envolvem coeficientes de<br />
perdas de carga de escoamentos permanentes, como são os casos<br />
25
ARTIGOS TÉCNICOS<br />
de Lax e Wanda, sejam mais brandas. Os escoamentos transientes<br />
reais são regidos por taxas de coeficientes de perda de carga variáveis<br />
(BRUNONE, KARNEY, MECARELLI, FERRANTE, 2000). Quando<br />
são comparados os resultados obtidos a partir dos modelos computacionais<br />
de coluna rígida (Lax) com os de coluna flexível (Wanda)<br />
é constatado que as maiores amplitudes de ondas são as dos casos<br />
de coluna rígida.<br />
Mesmo assim, observa-se a proximidade do resultado dos modelos<br />
computacionais com o resultado de oscilações de massa medida<br />
na chaminé de equilíbrio do modelo físico.<br />
4.CONCLUSÕES<br />
Foi desenvolvido com sucesso o método Difusivo de Lax na resolução<br />
das equações do escoamento não-permanente não linear em<br />
condutos, considerando uma chaminé de equilíbrio como condição<br />
de contorno interior, implementado na linguagem computacional<br />
Pascal.<br />
De acordo com o resultado obtido através de experimento laboratorial<br />
em modelo físico, o esquema difusivo de Lax mostrou-se<br />
adequado, estável e convergente, sempre quando for considerada<br />
a condição de CPL nas etapas de discretização. Assim, apresentouse<br />
um novo panorama de cálculo para o caso de chaminés de equilíbrio<br />
de UHEs.<br />
26<br />
ANEXOS<br />
Figura 1 – Seção Longitudinal do Modelo Experimental da<br />
Chaminé de Equilíbrio<br />
5.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />
AMARAL, G. C., e PALMIER, L. R. Análise Comparativa entre Métodos<br />
de Cálculo do Escoamento Transitório com Fator de Atrito<br />
Não Permanente. Golder Associates–IAHR, AIIH, Congresso Latino<br />
Americano de Hidráulica, Ciudad Guayana, Venezuela, out. 2006.<br />
ANDRZEJEWSKI, E. A. Avaliações Numéricas de Chaminés de<br />
Equilíbrio: Subsídios para Projetos de Circuitos de Geração. Dissertação<br />
de Mestrado. Curitiba UFPR, 2009.<br />
BRUNONE, B., KARNEY, B. W., MECARELLI, M., e FERRANTE, M.<br />
Velocity Profiles and Unsteady Pipe Friction in Transient Flow. Journal<br />
of Water Resources Planning and Management, jul/aug. 2000.<br />
CASTANHARO, G. Aplicação de Modelos Hidrodinâmicos no contexto<br />
de previsão de afluências a reservatórios. Dissertação de<br />
mestrado. Curitiba UFPR, CEHPAR, 20<strong>03</strong>.<br />
DELFT HYDRAULICS. WANDA 3 – User Manual. Delft, 2001.<br />
MACHINTYRE, A. M. Máquinas Motrizes Hidráulicas. Editora Guanabara<br />
Dois S.A. Rio de Janeiro, 1983.<br />
RAMOS, H., ALMEIDA, A. B. Caracterização da Dinâmica Global<br />
do Funcionamento de Aproveitamentos Hidroelétricos. Lisboa, Portugal,<br />
2001.<br />
STEINSTRASSER, C. E. Método Difusivo de LAX Aplicado na Solução<br />
das Equações de Saint Venant. Dissertação de mestrado. Curitiba<br />
UFPR, CEHPAR, 2005.<br />
WYLIE, E.B., and STREETER, V.L. 1978. Fluid Transients.<br />
McGraw-Hill, 1978.<br />
Figura 3 – Oscilações de Nível de Água Resultantes das Simulações<br />
Figura 2 – Conduto de Adução e Chaminé de Equilíbrio do Modelo Experimental
ARTIGOS TÉCNICOS<br />
SUGESTÃO DE CRITÉRIOS AMBIENTAIS PARA AVALIAÇÃO DE<br />
IMPACTO AMBIENTAL DE PEQUENAS CENTRAIS HIDRELÉTRICAS NA<br />
BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO DO PEIXE – SC<br />
RESUMO<br />
ABSTRACT<br />
1<br />
Mauricio Perazzoli<br />
2<br />
Solange da Veiga Coutinho<br />
Júlio César Moschetta da Silva<br />
Estimulado pelo grande número de projetos para a construção de pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) em Santa Catarina, mais especificamente<br />
na Bacia Hidrográfica do Rio do Peixe e também por estudos realizados em outras bacias, desenvolveu-se uma tabela de critérios<br />
ambientais com o objetivo de auxiliar na avaliação dos impactos ambientais e no licenciamento ambiental desses empreendimentos<br />
hidrelétricos. A criação de uma tabela de critérios ambientais surge como uma ferramenta para a avaliação conjunta desses impactos cumulativos.<br />
A tabela é composta por dez critérios, onde cada critério recebe um peso de significância de acordo com padrões estipulados.<br />
Para chegar a elaboração desses critérios foi realizada uma revisão bibliográfica sobre todos os assuntos pertinentes ao tema, em especial<br />
os princípios da NBR14.001/2004, as características das PCHs previstas para a Bacia do rio do Peixe e a metodologia desenvolvida por<br />
Fernandes (2008). Percebe-se que a inclusão de PCHs na Bacia Hidrográfica do Rio do Peixe, como em qualquer outra bacia, traz desenvolvimento<br />
em vários aspectos para a região, pois suas vantagens se sobressaem bastante sobre as desvantagens, porém deve-se realizar<br />
os estudos ambientais adequados e respeitar principalmente a distância entre as mesmas. Qualquer que seja a dimensão dos empreendimentos<br />
hidrelétricos, eles sempre produzirão impactos, com maior ou menor significância, afetando sempre o meio ambiente e incumbe<br />
a nós desenvolver métodos e alternativas para minimizar ao máximo esses impactos.<br />
Palavras - chave: PCHs, impacto ambiental, critérios ambientais<br />
Stimulated by the large number of projects for the construction of small hydroelectric plants exchangers (SHPs) in Santa Catarina and<br />
more specifically in the Basin of the Fish's River and also by studies in other basins, has developed an index of environmental criteria with<br />
the objective of assist in environmental impact assessment and environmental licensing of hydroelectric projects. Creating an index of environmental<br />
criteria emerges as a tool for the joint assessment of cumulative impacts. The index consists of ten criteria, where each criteria<br />
receives a weight of significance according to set standards. To reach the development of these criteria was a literature review on all<br />
matters relevant to the subject, in particular, the principles of NBR14.001/2004, the characteristics of SHPs planned for the Basin of Fish's<br />
River and methodology developed by Fernandes (2008). It was observed that the inclusion of SHPs in the Basian of the Fish's River, as in<br />
any other basin, has any aspects for development in the region, because its benefits are much more than the disadvantages, but you must<br />
achieve the appropriate environmental studies and respect especially the distance between them. Whatever the size of hydroelectric projects,<br />
they always produce impacts with greater or lesser significance, affecting the environment and is our responsibility to develop alternative<br />
and methods to minimize these impacts to the maximum.<br />
Key words: SHP's, environmental impact, environmental criteria<br />
1. INTRODUÇÃO<br />
A maioria das atividades que utilizam os recursos naturais é<br />
considerada como causadora de degradação ambiental ou produtoras<br />
de poluição, pois geram desequilíbrios ambientais. Essas atividades<br />
necessitam da obtenção do licenciamento ambiental para<br />
serem executadas. O licenciamento exige estudos ambientais específicos,<br />
para prever, minimizar e/ou compensar os possíveis impactos<br />
negativos gerados.<br />
No mundo estima-se que existam aproximadamente 800 mil<br />
barragens, na sua maioria de pequeno ou médio porte. Juntas, elas<br />
inundam um território semelhante ao da Espanha. Elas têm como finalidades:<br />
gerar energia, promover a irrigação, distribuir água e<br />
controlar enchentes (AMBIENTE BRASIL apud BRITO, 2005).<br />
Uma nova tendência nacional é a construção de Pequenas Centrais<br />
Hidrelétricas (PCHs), que necessitam de áreas alagadas menores,<br />
menor tempo para construção, gerando numa primeira análi-<br />
1 Engenheiro Ambiental Mestrando em Engenharia Ambiental e-mail: mauricio.perazzoli@gmail.com.<br />
2 Docente do Curso de Engenharia Ambiental da Universidade do Contestado - Campus de Caçador, Mestre em Engenharia Ambiental.<br />
3 Engenheiro Ambiental - Vice-presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio do Peixe.<br />
3<br />
se, impactos ambientais mais reduzidos comparados a de uma<br />
grande hidrelétrica. Este tipo de hidrelétrica é utilizada principalmente<br />
em rios de pequeno e médio portes. Algumas PCHs estão entrando<br />
em funcionamento sem o processo de licenciamento e de estudos<br />
ambientais adequados, o que impossibilita a avaliação exata<br />
de todos os impactos gerados. Outra questão é qual o limite máximo<br />
de PCHs por bacia hidrográfica. Pois uma PCH pode não causar<br />
impactos negativos relevantes, mas PCHs contínuas, uma próxima<br />
a outra, em curto espaço hídrico, podem trazer impactos negativos<br />
mais intensos que uma usina hidrelétrica.<br />
Fica evidente a necessidade de intensificar estudos e pesquisas<br />
com relação a esse tema, para que a sociedade e o meio ambiente<br />
não sofram com as conseqüências dos impactos negativos oriundos<br />
dessa atividade. O presente estudo tem por objetivo propor critérios<br />
ambientais com respectivos pesos para proporcionar um adequado<br />
levantamento dos impactos ambientais gerados na constru-<br />
27
ARTIGOS TÉCNICOS<br />
ção e implantação de uma Pequena Central Hidrelétrica (PCH), localizada<br />
dentro da Bacia Hidrográfica do Rio do Peixe. A tabela de critérios<br />
ambientais baseou-se nos princípios da NBR ISO 14.001/<br />
2004 e na metodologia desenvolvida por Fernandes (2008).<br />
Os planos de bacia hidrográfica definem basicamente as orientações<br />
para proteção e gestão equilibrada da água. A elaboração<br />
desses critérios ambientais, para a região do Rio do Peixe, tem<br />
grande importância para o esclarecimento do comitê sobre o assunto<br />
auxiliando assim na estruturação do plano da Bacia Hidrográfica<br />
do Rio do Peixe.<br />
Pequena Central Hidrelétrica (PCH)<br />
Segundo a resolução da ANEEL nº 652 de 09 de dezembro de<br />
20<strong>03</strong>, no seu Art. 3o, PCH é o aproveitamento hidrelétrico com potência<br />
superior a 1MW e igual ou inferior a 30MW, destinado a produção<br />
independente, autoprodução ou produção independente autônoma,<br />
com área do reservatório inferior a 3,0 km2. A área do reservatório<br />
é delimitada pela cota d'água associada à vazão de cheia<br />
com tempo de recorrência de 100 anos.<br />
As Pequenas Centrais Hidrelétricas geralmente funcionam com<br />
pequenos reservatórios ou com derivações de cursos d'água permanentes.<br />
Normalmente têm se destinado a suprir demandas locais<br />
ou também quando as restrições a uma grande barragem predominarem,<br />
uma alternativa poderá ser a construção de uma sucessão<br />
de PCHs (PEDREIRA, 2004).<br />
Aspecto e Impacto Ambiental<br />
Segundo a NBR ISO 14001/2004, o aspecto ambiental pode ser<br />
definido como "elemento das atividades, produtos e serviços de<br />
uma organização que pode interagir com o meio ambiente" e impacto<br />
ambiental como "qualquer modificação do meio ambiente,<br />
adversa ou benéfica, que resulte, no todo ou em parte, das atividades,<br />
produtos ou serviços de uma organização" (ABNT, 2004, p.2).<br />
A finalidade de se identificar os aspectos ambientais é determinar<br />
quais deles têm ou podem ter impactos ambientais significativos,<br />
os quais são interpretados como alterações (benéficas ou adversas)<br />
no meio ambiente resultantes dos aspectos ambientais<br />
(TOLEDO; TURRIONI; BALESTRASSI, 2008).<br />
Quando tratamos de PCHs Tiago Filho et al. apud Barbosa<br />
(2004), afirma que o mercado apresenta grande potencial, sendo<br />
altamente atrativo a investidores estrangeiros, o que levará à necessidade<br />
de uma maior atenção a esses pequenos aproveitamentos<br />
para a geração em um futuro próximo. Assim, ao se decidir pela<br />
implantação de uma PCH, da mesma forma que as grandes usinas,<br />
a análise das variáveis sobre os impactos ambientais relativas aos<br />
meios físico, biótico e antrópico é que define a realização do empreendimento<br />
garantindo parcialmente a sustentabilidade do ambiente.<br />
Licenciamento Ambiental<br />
Uma das funções constitucionalmente definidas do Estado é a<br />
de conservar o meio ambiente ecologicamente equilibrado. O licenciamento<br />
ambiental, como um dos instrumentos da Política Nacional<br />
do Meio Ambiente, visa à preservação do meio ambiente, prevenindo<br />
a ocorrência de impactos negativos (FINK et al. apud<br />
BARBOSA, 2004).<br />
28<br />
Para Almeida apud Barbosa (2004), o licenciamento ambiental,<br />
é na verdade uma prática relativamente recente no Brasil e no mundo.<br />
Os estudos necessários para o licenciamento só começaram a<br />
ganhar importância na década de 80 e ainda persistem muitas dúvidas<br />
nas tomadas de decisões.<br />
O licenciamento ambiental é uma ferramenta de fundamental<br />
importância, pois permite aos responsáveis pelo empreendimento<br />
identificar os efeitos ambientais ocasionados, e de que forma esse<br />
efeitos podem ser gerenciados (AGUILAR, 2008).<br />
Conforme o que explica a IN 44 da FATMA, empreendimentos<br />
de produção de energia hidrelétrica de médio (10MW a 100MW) e<br />
grande porte (P > 100MW) para serem licenciados exige-se a elaboração<br />
do EIA/RIMA que é um estudo detalhado e abrangente e leva<br />
os dados pesquisados para o população em geral através de audiência<br />
publica para viabilizar o empreendimento e emitir as licenças<br />
ambientais. Já as PCHs que possuem potência instalada de até<br />
10MW precisam apenas de um Estudo Ambiental Simplificado<br />
(EAS), que trata-se de estudos mais simplificados e menos burocráticos<br />
que os Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto<br />
Ambiental (FATMA, 2009).<br />
Características da Bacia Hidrográfica do Rio do Peixe<br />
A bacia hidrográfica do Rio do Peixe (código 72) é contribuinte<br />
da Bacia do Rio Uruguai (código 7), integrante da Bacia do Rio Prata<br />
que deságua suas águas no Oceano Atlântico (ANA apud ZAGO;<br />
PAIVA, 2008, p.22).<br />
Sua localização está compreendida no meio – oeste do estado<br />
de Santa Catarina. A bacia é integrada por 26 municípios, ela tem<br />
876m de altitude média e as coordenadas geográficas que a delimitam<br />
são: latitude: S 26o36'24" e S 27o29'19" e longitude: W<br />
50o48'04" e W 51o53'57". Ela conta com uma área territorial de<br />
5.238 km2, um perímetro de 425 Km2 e abrange uma população<br />
estimada de 334.160 pessoas, somando-se zona rural (21,5%) e<br />
urbana (78,5%) (ZAGO; PAIVA, 2008).<br />
O Rio do Peixe nasce na Serra do Espigão, localizada no município<br />
de Calmon a uma altitude de 1.250m, e percorre aproximadamente<br />
299 km até desaguar no Rio Uruguai, no município de Alto<br />
Bela Vista, a uma altitude de 387m. Na margem direita do rio do Peixe<br />
está localizada a histórica estrada de ferro que liga os estados de<br />
São Paulo e Rio Grande do Sul (ZAGO; PAIVA, 2008).<br />
Segundo Clark (2009) e dados obtidos em órgãos responsáveis,<br />
a relação de pequenas centrais hidrelétricas localizadas na Bacia<br />
Hidrográfica do Rio do Peixe, em funcionamento, em processo de<br />
implementação e com projetos para instalação, é a seguinte:<br />
2. MATERIAL E MÉTODOS<br />
O método adotado foi o indutivo, onde foi analisada a revisão bi-
liográfica e as características das PCHs do Rio do Peixe com intuito<br />
de propor critérios específicos da região para auxiliar a análise do<br />
impacto ambiental desses empreendimentos na Bacia do Rio do Peixe.<br />
O desenvolvimento do projeto foi estruturado fundamentalmente<br />
por três partes:<br />
I. Primeiramente foi feita a leitura de livros, artigos técnicos e científicos,<br />
teses, dissertações e também a legislação pertinente para<br />
aprofundar-se sobre os assuntos relacionados ao tema principal<br />
do projeto.<br />
II. Conheceram-se as características das PCHs que estão localizadas<br />
na bacia.<br />
III. Concluída essas etapas utilizou-se a metodologia desenvolvida<br />
por Fernandes (2008), que objetivou estabelecer critérios ambientais<br />
para licenciamento ambiental hidrelétricas e também os<br />
fundamentos da NBR ISO 14.001/2004, para criar uma Tabela de<br />
Critérios Ambientais que permita<br />
avaliar a magnitude dos impactos ambientais gerados por esses<br />
empreendimentos.<br />
O fluxograma abaixo, figura 6, mostra resumidamente o método<br />
utilizado para a elaboração do projeto:<br />
Figura 1 – Fluxograma do Método<br />
FONTE: (PERAZZOLI, 2009)<br />
3. RESULTADOS E DISCUSSÕES<br />
A tabela de critérios ambientais para a avaliação de impacto ambiental<br />
de PCHs específica para a Bacia Hidrográfica do Rio do Peixe,<br />
teve como base a metodologia desenvolvida por Fernandes<br />
(2008), que criou uma Lista de Critérios Ambientais e um mapa de<br />
Criticidade Ambiental para SBH do rio Benedito, que conta com<br />
uma área de 1.501 Km2, o que representa 10% da Bacia do Itajaí.<br />
A proposta desenvolvida por ele foi a criação desses critérios para<br />
auxiliar os órgãos ambientais no licenciamento ambiental de empreendimentos<br />
hidrelétricos na SBH do rio Benedito.<br />
A figura 2 ilustra a lista de critérios ambientais específicos para<br />
a SBH do rio Benedito.<br />
Após a análise da metodologia e da lista de critérios ilustrada na<br />
figura 20, com os dados e características disponíveis das pequenas<br />
centrais hidrelétricas e da Bacia Hidrográfica do Rio do Peixe e também<br />
as referências bibliográficas sobre o assunto, desenvolveu-se<br />
a Tabela de Critérios Ambientais para auxiliar a avaliação dos possíveis<br />
impactos ambientais referentes à construção de PCHs na Bacia<br />
do rio do Peixe.<br />
Cada critério ambiental deve receber um peso. Esse peso vai va-<br />
ARTIGOS TÉCNICOS<br />
Figura 2 – Lista de Critérios para a SBH do rio Benedito<br />
FONTE: (FERNANDES, 2008)<br />
riar de acordo com a significância que cada um representar para a<br />
possível geração de um impacto ambiental. Os valores dos pesos<br />
serão de:<br />
1 (um) para baixa significância;<br />
2 (dois) para média significância;<br />
3 (três) para alta significância.<br />
Os critérios ambientais elaborados para auxiliar no julgamento<br />
dos principais impactos ambientais e conseqüentemente na viabilidade<br />
da construção de PCHs na Bacia do rio do Peixe estão relacionados<br />
abaixo. Para cada critério foi estabelecido padrões que determinarão<br />
o peso da significância a ser aplicado. Os critérios ambientais<br />
escolhidos são:<br />
Área Alagada: a significância vai ser de 1 (baixa) para área até<br />
3 km2, para áreas alagadas entre 3 km2 e 13 km2 a significância<br />
vai ser de 2 (média) ou 3 (alta) dependendo assim de estudos mais<br />
específicos sobre o tipo da região e da área que vai ser atingida.<br />
Distância entre os barramentos das PCHs: para distâncias acima<br />
de 20 km o valor de significância é 1 (baixa), para distâncias entre<br />
20 e 10 km o valor da significância é 2 (média) e para distâncias<br />
menores de 10 km o valor da significância vai ser 3 (alta).<br />
Alteração da vazão natural: fica estabelecido então que por gerarem<br />
menos mudanças nos rios e nas suas vazões quando se tratar<br />
do projeto de uma PCH de Fio de Água a significância vai ser 1<br />
(baixa). As PCHs com Reservatórios de Acumulação geram mais alterações<br />
nos rios e em suas vazões. A significância vai ser determinada<br />
pelo tipo de regularização do reservatório, as de regularização<br />
mensal vão receber o 2 (média) e as de regularização diária 3<br />
(alta).<br />
Potência Instalada: fica definido assim que empreendimentos<br />
com potência instalada menor que 10 MW receberão significância 1<br />
(baixa). Os empreendimentos com potência entre 10 e 20 MW receberão<br />
a significância 2 (média) e os que contarem com uma potência<br />
instalada acima de 20 MW ganharão a significância 3 (alta).<br />
Estudos ambientais pré-existentes: para locais sondados para<br />
a construção de PCHs que não tem nenhum tipo de estudo ambiental<br />
realizado a significância será 3 (alta). Em locais onde existem es-<br />
29
ARTIGOS TÉCNICOS<br />
tudos, a significância será determinada pela abrangência dos estudos.<br />
Onde os estudos têm pouca abrangência e são mais simples a<br />
significância vai ser 2 (média), agora onde os estudos são bem<br />
abrangentes e específicos a significância vai ser 1 (baixa).<br />
Distância da população (urbana e rural): atribuir o peso 3 (alta)<br />
significância para empreendimentos cujo as distâncias forem abaixo<br />
do raio de 2,5 km para cidades e 500 m para propriedades rurais.<br />
Para as distâncias com raio acima de 2,5 km e de 500 m o peso<br />
da significância vai ser de 1 (baixa), ou de 2 (média) dependendo<br />
das características regionais, da quantidade de população e de analises<br />
técnicas especificas.<br />
Usos múltiplos da água no local: para empreendimentos que influenciarem<br />
negativamente e/ou inviabilizarem até 20% dos usos<br />
múltiplos da região a significância vai ser 1 (baixa). Para os que influenciarem<br />
negativamente e/ou inviabilizarem de 20% à 50% a<br />
significância vai ser 2 (média). Já para os que influenciarem negativamente<br />
e/ou inviabilizarem acima de 50% dos usos múltiplos da<br />
água na região, a significância vai ser 3 (alta).<br />
Área de interesse turístico: se o local de instalação da PCH for<br />
em áreas de grande interesse turístico a significância vai ser 3 (alta)<br />
se ocorrer influência direta e 2 (média) se a influência for indireta.<br />
Já se a instalação for em uma área onde o turismo não tem<br />
muita importância ou não ocorre, a significância vai se 1 (baixa).<br />
Área de patrimônio histórico cultural: para empreendimentos<br />
que afetarem diretamente essas áreas a significância fica estabelecida<br />
em 3 (alta), os que afetarem indiretamente essas áreas a significância<br />
vai ser 2 (média). Os empreendimentos que não afetarem<br />
de nenhuma forma essas áreas receberam a significância 1<br />
(baixa).<br />
Unidades de Conservação: tendo em visto o que determina a legislação,<br />
fica determinando que para empreendimentos localizados<br />
acima de um raio de 10 km da UC, ou onde não existe uma unidade,<br />
a significância vai ser 1 (baixa), os previstos dentro de um raio<br />
de 10 km da UC vão receber significância 2 (média) e os abaixo<br />
do raio de 10 km receberam a significância 3 (alta).<br />
A tabela de critérios deve ser utilizada quando existe o interesse<br />
de instalação de uma PCH. Ao todo foram desenvolvidos dez critérios,<br />
buscando priorizar as peculiaridades da região.<br />
Após a aplicação da tabela contabiliza-se o valor total dos pesos<br />
das significâncias. Se o peso total final ficar:<br />
-abaixo de 10, o impacto ambiental do empreendimento será<br />
baixo, assim sua instalação se torna viável.<br />
-entre 10 e 20, o impacto ambiental do empreendimento será<br />
médio, assim para se tornar viável necessitara de estudos mais detalhados.<br />
-acima de 20, o impacto ambiental do empreendimento será alto,<br />
tornando assim inviável sua instalação. Porém fica a cargo do órgão<br />
licenciador aprovar ou não a instalação.<br />
Deve ficar evidente que os padrões para a determinação dos pesos<br />
da significância e os critérios ambientais utilizados foram desenvolvidos<br />
e estipulados para realização de um projeto acadêmico.<br />
Para uma melhor eficácia na sua utilização em uma bacia hidrográfica<br />
deve-se contar com uma equipe técnica multidisciplinar,<br />
que entre outras coisas devem fazer as possíveis sugestões e correções<br />
além de trabalhos a campo.<br />
30<br />
4. CONCLUSÕES<br />
Percebe-se que em virtude de um grande estímulo à produção<br />
de energia elétrica, surgiu no Brasil uma verdadeira avalanche de<br />
projetos para a implantação de pequenas centrais hidrelétricas. No<br />
estado de Santa Catarina, devido um relevo apropriado, esse fenômeno<br />
vem acontecendo em grande escala. Juntamente com esses<br />
empreendimentos surgem os impactos ambientais.<br />
Ficou claro que várias PCHs em um único rio podem vim a gerar<br />
impactos mais significativos que uma grande usina hidrelétrica. A<br />
distância entre as PCHs deve receber maior atenção e estudos mais<br />
detalhados, pois é a principal agravante para que esses impactos<br />
cumulativos aconteçam. Os impactos podem ser controlados e evitados<br />
realizando uma análise em conjunto de todos os empreendimentos<br />
projetados.<br />
O desenvolvimento dos critérios ambientais buscou isso, ser<br />
uma ferramenta para o estudo conjunto dos impactos das PCHs da<br />
Bacia do rio do Peixe. Através deles será possível determinar quais<br />
PCHs são viáveis, quais necessitam de estudos mais aprofundados<br />
e quais são inviáveis para se instalarem na nossa bacia. Eles ajudarão<br />
também a estabelecer o tipo e a magnitude dos possíveis impactos<br />
gerados, e na elaboração do plano da bacia.<br />
A tabela de critérios ambientais foi criada para as PCHs, devido<br />
à grande demanda, porém pode ser tranqüilamente utilizada na<br />
avaliação de outros empreendimentos hidrelétricos, fazendo-se as<br />
adaptações necessárias. Por se tratar de um trabalho acadêmico e<br />
pioneiro na nossa bacia, toda a tabela e os seus critérios podem ser<br />
reavaliados por equipes técnicas especializadas buscando assim<br />
uma melhor otimização na sua utilização. Outra função da tabela<br />
de critérios é explorar as características, as peculiaridades específicas<br />
de cada local no momento de se licenciar e avaliar os empreendimentos,<br />
auxiliando os estudos ambientais e facilitando assim<br />
uma gestão ambiental mais sólida das PCHs e suas atividades. Todos<br />
esses fatores buscam a sustentabilidade da região.<br />
A maioria das PCHs da Bacia do Rio do Peixe estão na fase final<br />
de elaboração do projeto básico. Algumas estão com o projeto básico<br />
com a análise não iniciada, outras com a análise concluída e tam-
ém algumas já encaminhadas para a fase de outorga. Restringise<br />
apenas a uma em pleno funcionamento.<br />
Conclui-se que a inclusão de PCHs na Bacia Hidrográfica do rio<br />
do Peixe, como em qualquer outra bacia, trazem desenvolvimento<br />
em vários aspectos para a região, pois suas vantagens se sobressaem<br />
bastante sobre as desvantagens. Esses empreendimentos<br />
possuem proporções menores e conseqüentemente causam menos<br />
impactos, porém deve-se realizar os estudos ambientais adequados<br />
e respeitar principalmente a distância entre as mesmas.<br />
O fato é que, qualquer que seja a dimensão dos empreendimentos<br />
hidrelétricos, eles sempre produzirão impactos, com maior<br />
ou menor significância, afetando sempre o meio ambiente e incumbe<br />
a nós desenvolver métodos e alternativas para minimizar<br />
ao máximo esses impactos.<br />
5. REFERÊNCIAS<br />
ABNT, Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR ISO<br />
14001: Sistemas da gestão ambiental - Requisitos com orientações<br />
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Implantação de PCH no Brasil. Itajubá. 2005. Disponível em: <<br />
http://www.cerpch.unifei.edu.br/at01.php?grp=Meio%20Ambien<br />
te >. Acesso em: 18 nov. 2008.<br />
BARBOSA, Tânia Aparecida de Souza. Análise do Estudo de<br />
Impacto Ambiental da PCH Ninho da Águia. Proposta de Otimização<br />
do Processo de Licenciamento Ambiental utilizando uma Matriz<br />
Simplificada. 2004. f.119. Dissertação. Mestrado em Engenharia<br />
da Energia. UNIFEI, Universidade Federal de Itajubá, Itajubá.<br />
BRASIL. ANEEL. Resolução nº 652 de 09 de dezembro de 20<strong>03</strong>.<br />
Disponível em: < http://www.aneel.gov.br/cedoc/res20<strong>03</strong>652.pdf<br />
> Acesso em: 18 nov. 2008.<br />
BRITO, Karen Fonseca Lose. Estudo da Aplicação do Método de<br />
ARTIGOS TÉCNICOS<br />
Estabelecimento de Vazões Ecológicas Building blocks methodology<br />
– BBM – Para o Caso da PCH Estação Indaial. 2005. f. 359. Dissertação.<br />
Mestrado em Engenharia Ambiental. FURB, Universidade<br />
Regional de Blumenau, Blumenau.<br />
FATMA, Fundação do Meio Ambiente. Instrução Normativa IN<br />
44. Florianópolis. 2007. Disponível em: < www.fatma.sc.gov/download<br />
>. Acesso em <strong>03</strong> abr. 2009.<br />
FERNADES, Odair. Modelo para Aplicação de Critérios Ambientais<br />
para Licenciamento de Empreendimentos Hidrelétricos: Um estudo<br />
de Caso na Sub-Bacia Hidrográfica do Rio Benedito – SC.<br />
2008. f. 177. Dissertação. Mestrado em Engenharia Ambiental.<br />
FURB, Universidade Regional de Blumenau, Blumenau.<br />
PEDREIRA, Adriana. C. Avaliação do Processo de Licenciamento<br />
Ambiental para Pequenas Centrais Hidrelétricas no Estado de Minas<br />
Gerais. 2004. f.129. Dissertação (Mestrado em Engenharia da<br />
Energia - Instituto de Recursos Naturais). UNIFEI, Universidade Federal<br />
de Itajubá, Itajubá.<br />
SIPOT, Sistema de Informações do Potencial Hidrelétrico Brasileiro.<br />
Tabela de dados. Disponível em: < http://www.eletrobras.<br />
gov.br/mostra_arquivo.asp?id=http://www.eletrobras.gov.br/do<br />
wnloads/em_atuacao_sipot/tabela_dados_atlas_SIPOT.<br />
pdf&tipo=sipot > Acesso em: 13 dez. 2008.<br />
TOLEDO, Thiago P. Arouca; TURRIONI, João Batista;<br />
BALESTRASSI, Pedro Paulo. Implantação do Sistema de Gestão<br />
Ambiental Segundo a ISO 14001: Um Estudo de Caso em uma<br />
Empresa do Sul de Minas Gerais. In: XXIII ENCONTRO NACIONAL<br />
DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO, 21. Ouro Preto. Anais eletrônicos.<br />
Ouro Preto, 20<strong>03</strong>. Disponível em: http://www.iem.efei.br.<br />
Acesso em: 28 nov. 2008.<br />
ZAGO, Sady; PAIVA, Dorarice Pedroso de (Org). RIO DO PEIXE:<br />
ATLAS DA BACIA HIDROGRÁFICA. Joaçaba: Ed. Unoesc, 2008.<br />
ACESSEM TODOS OS NOSSOS ARTIGOS EM:<br />
www.cerpch.org.br<br />
31
TECHNICAL ARTICLES<br />
ARTIGOS TÉCNICOS<br />
Forma e preparação de manuscrito<br />
Primeira Etapa (exigida para submissão do artigo)<br />
O texto deverá apresentar as seguintes características: espaçamento<br />
1,5; papel A4 (210 x 297 mm), com margens superior, inferior, esquerda e direita<br />
de 2,5 cm; fonte Times New Roman 12; e conter no máximo 16 laudas, incluindo<br />
quadros e figuras.<br />
Na primeira página deverá conter o título do trabalho, o resumo e as<br />
Palavras-Chaves. Nos artigos em português, os títulos de quadros e figuras deverão<br />
ser escritos também em inglês; e artigos em espanhol e em inglês, os títulos<br />
de quadros e figuras deverão ser escritos também em português. Os quadros<br />
e as figuras deverão ser numerados com algarismos arábicos consecutivos,<br />
indicados no texto e anexados no final do artigo. Os títulos das figuras deverão<br />
aparecer na sua parte inferior antecedidos da palavra Figura mais o seu<br />
número de ordem. Os títulos dos quadros deverão aparecer na parte superior<br />
e antecedidos da palavra Quadro seguida do seu número de ordem. Na figura,<br />
a fonte (Fonte:) vem sobre a legenda, à direta e sem ponto-final; no quadro,<br />
na parte inferior e com ponto-final.<br />
O artigo em PORTUGUÊS deverá seguir a seguinte seqüência: TÍTULO em<br />
português, RESUMO (seguido de Palavras chave), TÍTULO DO ARTIGO em inglês,<br />
ABSTRACT (seguido de key words); 1. INTRODUÇÃO (incluindo revisão<br />
de literatura); 2. MATERIAL E MÉTODOS; 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO; 4.<br />
CONCLUSÃO (se a lista de conclusões for relativamente curta, a ponto de dispensar<br />
um capítulo específico, ela poderá finalizar o capítulo anterior); 5.<br />
AGRADECIMENTOS (se for o caso); e 6. REFERÊNCIAS, alinhadas à esquerda.<br />
O artigo em INGLÊS deverá seguir a seguinte seqüência: TÍTULO em inglês;<br />
ABSTRACT (seguido de Key words); TÍTULO DO ARTIGO em português;<br />
RESUMO (seguido de Palavras-chave); 1. INTRODUCTION (incluindo revisão<br />
de literatura); 2. MATERIALAND METHODS; 3. RESULTS AND DISCUSSION; 4.<br />
CONCLUSIONS (se a lista de conclusões for relativamente curta, a ponto de<br />
dispensar um capítulo específico, ela poderá finalizar o capítulo anterior); 5.<br />
ACKNOWLEDGEMENTS (se for o caso); e 6. REFERENCES.<br />
O artigo em ESPANHOL deverá seguir a seguinte seqüência: TÍTULO em<br />
espanhol; RESUMEN (seguido de Palabra llave), TÍTULO do artigo em português,<br />
RESUMO em português (seguido de palavras-chave); 1.<br />
INTRODUCCTIÓN (incluindo revisão de literatura); 2. MATERIALES Y<br />
METODOS; 3. RESULTADOS Y DISCUSIÓNES; 4. CONCLUSIONES (se a lista<br />
de conclusões for relativamente curta, a ponto de dispensar um capítulo específico,<br />
ela poderá finalizar o capítulo anterior); 5. RECONOCIMIENTO (se for o<br />
caso); e 6. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS.<br />
Os subtítulos, quando se fizerem necessários, serão escritos com letras<br />
iniciais maiúsculas, antecedidos de dois números arábicos colocados em posição<br />
de início de parágrafo.<br />
No texto, a citação de referências bibliográficas deverá ser feita da seguinte<br />
forma: colocar o sobrenome do autor citado com apenas a primeira letra<br />
maiúscula, seguido do ano entre parênteses, quando o autor fizer parte do<br />
texto. Quando o autor não fizer parte do texto, colocar, entre parênteses, o sobrenome,<br />
em maiúsculas, seguido do ano separado por vírgula.<br />
O resumo deverá ser do tipo informativo, expondo os pontos relevantes<br />
do texto relacionados com os objetivos, a metodologia, os resultados e as conclusões,<br />
devendo ser compostos de uma seqüência corrente de frases e conter,<br />
no máximo, 250 palavras.<br />
Para submeter um artigo para a Revista PCH Noticias & SHP News o(os)<br />
autor (es) deverão entrar no site www.cerpch.unifei.edu.br/Submete-rartigo.<br />
Serão aceitos artigos em português, inglês e espanhol. No caso das línguas<br />
estrangeiras, será necessária a declaração de revisão lingüística de um<br />
especialista.<br />
Segunda Etapa (exigida para publicação)<br />
O artigo depois de analisado pelos editores, poderá ser devolvido ao (s)<br />
autor (es) para adequações às normas da Revista ou simplesmente negado<br />
por falta de mérito ou perfil. Quando aprovado pelos editores, o artigo será encaminhado<br />
para três revisores, que emitirão seu parecer científico. Caberá<br />
ao(s) autor (es) atender às sugestões e recomendações dos revisores; caso<br />
não possa (m) atender na sua totalidade, deverá (ão) justificar ao Comitê<br />
Editorial da Revista.<br />
Obs.: Os artigos que não se enquadram nas normas acima descritas, na<br />
sua totalidade ou em parte, serão devolvidos e perderão a prioridade da ordem<br />
seqüencial de apresentação.<br />
32<br />
INSTRUÇÕES AOS AUTORES INSTRUCTIONS FOR AUTHORS<br />
Form and preparation of manuscripts<br />
First Step (required for submition)<br />
The manuscript should be submitted with following format: should be<br />
typed in Times New Roman; 12 font size; 1.5 spaced lines; standard A4 paper<br />
(210 x 297 mm), side margins 2.5 cm wide; and not exceed 16 pages, including<br />
tables and figures.<br />
In the first page should contain the title of paper, Abstract and Keywords.<br />
For papers in Portuguese, the table and figure titles should also be written in<br />
English; and papers in Spanish and English, the table and figure titles should<br />
also be written in Portuguese. The tables and figures should be numbered consecutively<br />
in Arabic numerals, which should be indicated in the text and annexed<br />
at the end of the paper. Figure legends should be written immediately<br />
below each figure preceded by the word Figure and numbered consecutively.<br />
The table titles should be written above each table and preceded by the word<br />
Table followed by their consecutive number. Figures should present the data<br />
source (Source) above the legend, on the right side and no full stop; and tables,<br />
below with full stop.<br />
The manuscript in PORTUGUESE should be assembled in the following order:<br />
TÍTULO in Portuguese, RESUMO (followed by Palavras-chave), TITLE in<br />
English; ABSTRACT in English (followed by keywords); 1.INTRODUÇÃO (including<br />
references); 2. MATERIAL E MÉTODOS; 3. RESULTADOS E<br />
DISCUSSÃO; 4. CONCLUSÃO (if the list of conclusions is relatively short, to<br />
the point of not requiring a specific chapter, it can end the previous chapter);<br />
5. AGRADECIMENTOS (if it is the case); and 6. REFERÊNCIAS, aligned to the<br />
left.<br />
The article in ENGLISH should be assembled in the following order: TITLE<br />
in English; ABSTRACT in English (followed by keywords); TITLE in Portuguese;<br />
ABSTRACT in Portuguese (followed by keywords); 1. INTRODUCTION (including<br />
references); 2. MATERIAL AND METHODS; 3.RESULTS AND DISCUSSION;<br />
4. CONCLUSIONS (if the list of conclusions is relatively short, to the point of<br />
not requiring a specific chapter, it can end the previous chapter); 5. AC-<br />
KNOWLEDGEMENTS (if it is the case); and 6. REFERENCES.<br />
The article in SPANISH should be assembled in the following order:<br />
TÍTULO in Spanish; RESUMEN (following by Palabra-llave), TITLE of the article<br />
in Portuguese, ABSTRACT in Portuguese (followed by keywords); 1.<br />
INTRODUCCTIÓN (including references); 2. MATERIALES Y MÉTODOS; 3.<br />
RESULTADOS Y DISCUSIÓNES; 4. CONCLUSIONES (if the list of conclusions is<br />
relatively short, to the point of not requiring a specific chapter, it can end the<br />
previous chapter); 5.RECONOCIMIENTO (if it is the case); and 6<br />
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS.<br />
The section headings, when necessary, should be written with the first letter<br />
capitalized, preceded of two Arabic numerals placed at the beginning of the<br />
paragraph.<br />
Abstracts should be concise and informative, presenting the key points of<br />
the text related with the objectives, methodology, results and conclusions; it<br />
should be written in a sequence of sentences and must not exceed 250 words.<br />
References cited in the text should include the author\'s last name, only<br />
with the first letter capitalized, and the year in parentheses, when the author<br />
is part of the text. When the author is not part of the text, include the last<br />
name in capital letters followed by the year separated by comma, all in parentheses<br />
For paper submission, the author(s) should access the online submission<br />
Web site www.cerpch.unife.edu.br/submeterartigo (submit paper).<br />
The Magazine SHP News accepts papers in Portuguese, English and Spanish.<br />
Papers in foreign languages will be requested a declaration of a specialist<br />
in language revision.<br />
Second Step (required for publication)<br />
After the manuscript has been reviewed by the editors, it is either returned<br />
to the author(s) for adaptations to the Journal guidelines, or rejected<br />
because of the lack of scientific merit and suitability for the journal. If it is<br />
judged as acceptable by the editors, the paper will be directed to three reviewers<br />
to state their scientific opinion. Author(s) are requested to meet the reviewers\'<br />
suggestions and recommendations; if this is not totally possible,<br />
they are requested to justify it to the Editorial Board<br />
Obs.: Papers that fail to meet totally or partially the guidelines above described<br />
will be returned and lose the priority of the sequential order of presentation.
2º Enbrafe - Encontro Brasileiro de Investidores e Financiadores<br />
de Projetos de Energia<br />
Data: 06 a 07 de outubro de 2010<br />
Local: Hotel Pergamon - Rua Frei Caneca, 80 - São Paulo -<br />
Site: http://www.ibcbrasil.com.br/pt/event/show/id/1229/<br />
Eracs - Fórum e Exposição Energias Renováveis e Alternativas<br />
no Cone Sul<br />
Data: 13 a 15 de outubro de 2010<br />
Local: Centro de Eventos da PUCRS - Porto Alegre - RS<br />
Site: www.eracs.org.br/site/capa<br />
Brazil Renewable Energy - Finance & Investment Summit<br />
Data: 18 a 20 de outubro de 2010<br />
Local: São Paulo - SP<br />
Site: www.apmpe.com.br<br />
Energias Renováveis Brasil Summit Investimento e Financiamento<br />
Data: 19 a 21 de outubro de 2010<br />
Local: Hotel Sofitel Ibirapuera - São Paulo<br />
Site: www.infocasting.com<br />
XXI Seminário Nacional de Produção e Transmissão de<br />
Energia Elétrica<br />
Data: 23 a 26 de outubro de 2010<br />
Local: Costão do Santinho Resort Golf Spa - Florianópolis<br />
Site: http://www.xxisnptee.com.br/site<br />
Legislação Ambiental para o Setor Elétrico<br />
Data: 26 a 27 de outubro de 2010<br />
Local: Hotel Blue Tree Towers Morumbi - São Paulo - SP<br />
Site: http://www.viex-americas.com.br/eventos/63-legisla<br />
IEEE/PES 2010 T&D Latin America Conference and Exposition<br />
Data: 08 a 10 de novembro de 2010<br />
Local: Centro de Convenções Shopping Frei Caneca - São Paulo<br />
Site: www.ieee.org.br<br />
X Simpósio de Recursos Hídricos do Nordeste<br />
Data: 16 a 19 de novembro de 2010<br />
Local: Fortaleza - CE<br />
Site: www.acquacon.com.br<br />
IV EcoSãoPaulo - Encontro de Meio Ambiente de São Paulo<br />
Data: 17 a 19 de novembro de 2010<br />
Local: Novatel São Paulo Center Norte - São Paulo - SP<br />
Site: http://www.ecovale-seesp.com.br/<br />
AGENDA/SCHEDULE<br />
Ires 2010 - Conferência Internacional de Armazenamento<br />
de Energias Renováveis<br />
Data: 22 a 24 de novembro de 2010<br />
Local: Alemanha - Berlin<br />
Site: http://www.eurosolar.de/en/index.php?option=com_fr<br />
SENDI 2010 - Seminário Nacional de Distribuição de<br />
Energia Elétrica<br />
Data: 22 a 26 de novembro de 2010<br />
Local: Transamérica Expo Center - São Paulo - SP<br />
Site: www.sendi.org.br<br />
Fórum Nacional de Comercialização de Energia<br />
Data: 23 a 25 de novembro de 2010<br />
Local: Hotel Blue Tree Faria Lima - São Paulo - SP<br />
Site: http://www.forumenergiabr.com<br />
2º Simpósio - Experiências em Gestão dos Recursos Hídricos<br />
por Bacia Hidrográfica<br />
Data: 23 a 26 de novembro de 2010<br />
Local: Taúa Hotel - Atibaia - SP<br />
Site: http://www2.agua.org.br/simposio-experiencia/<br />
CINASE - I Circuito Nacional do Setor Elétrico - Porto Alegre<br />
Data: 30 de novembro a 02 de dezembro de 2010<br />
Local: Porto Alegre - RS<br />
Site: www.cinase.com.br<br />
Simpósio Matriz Energética - Segurança, Custo e Sustentabilidade<br />
Data: 01 de dezembro de 2010<br />
Local: Instituto de Engenharia - Av. Dr. Dante Pazzanese, 120 -<br />
Vila Mariana - São Paulo - SP<br />
Site: http://www.institutodeengenharia.org.br/site/event<br />
AGRENER GD 2010 - 8º Congresso Internacional sobre<br />
Geração Distribuida e Energia no Meio Rural<br />
Data: 13 a 15 de dezembro de 2010<br />
Local: Centro de Convenções Unicamp - São Paulo - SP<br />
E-mail: agrener@nipeunicamp.org.br<br />
33
O Mercado e o cenário atual<br />
Desafios do Projeto<br />
CURTAS<br />
O PROINFA E A RELAÇÃO COM O MERCADO ATUAL DE FONTES ALTERNATIVAS<br />
Por Juliana Cunha<br />
Diante dos recentes leilões de energia é imprescindível destacar o atuante papel das energias renováveis e sua participação cada vez<br />
mais relevante na matriz energética mundial. A constante preocupação com o meio ambiente e a viabilização de fontes sustentáveis estimulam<br />
o interesse global por meios de geração de energia limpa e renovável. Segundo informa o site do Ministério de Minas e Energia<br />
(MME) o país é privilegiado na utilização de fontes renováveis de energia.<br />
No Brasil, 43,9% da Oferta Interna de Energia (OIE) é renovável, enquanto a média mundial é de 14% e nos países desenvolvidos, de<br />
apenas 6%. Diante dessa realidade, foi implantado em 2004 o Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica<br />
(PROINFA), criado no âmbito do MME que objetivou a instalação de 3.300 MW de capacidade a serem incorporados no Sistema Elétrico<br />
Integrado (SIN), distribuídos em fontes eólicas, pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) e projetos de biomassa. A energia gerada é adquirida<br />
pela Centrais Elétricas Brasileiras S.A. (Eletrobrás) por meio de contratos com duração de 20 anos.<br />
A intenção do programa é diversificar a matriz energética brasileira, tornando-as competitivas no mercado interno e externo e ressaltar<br />
os benefícios técnicos, ambientais e socioeconômicos de projetos de geração que utilizem fontes limpas. Após seis anos de programa,<br />
o PROINFA se destacou pelo pioneirismo e pelo sucesso do projeto que evidenciou a vocação do país na matriz elétrica sustentável gerando<br />
3,3 GW. Essa realidade reflete na mudança da matriz energética brasileira e na implantação de novas fontes de utilização do potencial<br />
brasileiro, complementando o sistema elétrico interligado. Estima-se que até o final deste ano, 68 empreendimentos entrarão em operação,<br />
resultando em mais de 1.591,77 MW no Sistema.<br />
O analista de infraestrutura do MME, Lívio Teixeira afirma que hoje existem 49 empreendimentos de PCH gerando 977 MW em operação<br />
e 13 projetos em construção que resultarão em 2<strong>03</strong> MW, totalizando 1.181 MW em PCHs.<br />
O diretor do departamento de desenvolvimento energético do<br />
MME, Hamilton Moss acredita que o PROINFA foi um instrumento<br />
essencial para alavancar as PCHs, biomassa e as eólicas. Ele destaca<br />
a evidência atual das eólicas no mercado "o Brasil não tem tradição<br />
em eólica, por isso o impacto mais relevante do mercado ocorreu<br />
com essa fonte. Daqui para frente, o mercado brasileiro situase<br />
nos leilões justamente pelo preço competitivo que a eólica e as<br />
outras fontes estão oferecendo."<br />
Para Moss a grande expectativa dos recentes leilões de fontes<br />
renováveis é que os custos possam atender a demanda do setor e a<br />
demanda dos empreendedores, para que dessa forma possam conseguir<br />
espaço para instalar seus empreendimentos. Diante dessa<br />
nova fase de competitividade, Moss ressalta "é preciso estar sempre<br />
observando o mercado, pois se alguma fonte tiver dificuldade<br />
diante desse cenário poderão acontecer leilões específicos para determinada<br />
fonte. Dessa forma, haveria competição apenas com fontes<br />
de mesma natureza. Mas, no momento estamos vivendo a competitividade<br />
das fontes como um todo".<br />
Dentro dos objetivos e projetos propostos pelo PROINFA a fonte<br />
que obteve oferta menor foi a biomassa. Diante dessa realidade,<br />
Moss explica que a biomassa não é uma aplicação única para a geração<br />
de energia elétrica, por isso os empreendedores acharam mais<br />
interessante investir em outras fontes. "Isso foi um aprendizado importante<br />
para que houvesse identificação de algumas dificuldades<br />
específicas da biomassa, tanto que outros leilões foram realizados<br />
e essa fonte revelou-se bastante produtiva".<br />
O coordenador geral de fontes alternativas do MME, Roberto<br />
Meira afirma que no início do programa o conceito de cogeração de<br />
energia estava em processo de amadurecimento. "O PROINFA foi<br />
um programa de convencimento, pois era necessário mostrar a viabilidade<br />
daquele tipo de geração e a biomassa passou por isso. A<br />
grande dificuldade é mostrar sua viabilidade econômica, sua com-<br />
34<br />
petitividade, seu potencial econômico e técnico." Meira ressalta<br />
que o PROINFA foi lançado num momento em que o mercado estava<br />
aquecido na busca por máquinas, ocasionando um aumento no<br />
custo dos equipamentos "a própria indústria nacional não estava<br />
com capacidade suficiente para atender a demanda que cresceu.<br />
De uma hora para outra não há como suprir o mercado com rapidez,<br />
dessa forma o custo era alto e refletia na tarifa".<br />
Leilões de Energia<br />
Segundo a Empresa de Pesquisa Energética<br />
(EPE) os leilões de fontes alternativas<br />
de energia elétrica de 2010 (A-3 e Reserva)<br />
realizados em 25 e 26 de agosto terminaram<br />
com um volume de 2.892,2 MW<br />
de potência instalada, resultando em volume<br />
de energia em 1.159,4 MW médios. Foram<br />
contratadas 70 eólicas, 12 termelétricas<br />
à biomassa e sete PCHs.<br />
Moss acredita que a atual repercussão<br />
das eólicas no leilão se deve ao sucesso do<br />
PROINFA. "Antes do PROINFA foram instaladas cerca de 22 MW de<br />
eólicas e atualmente estamos com quase 800 MW e ate o final do<br />
ano esse valor vai aumentar." Ele reconhece o sucesso das PCHs<br />
dentro do programa e afirma que no Brasil há uma tradição em<br />
energia hidráulica. "Aqui já existia uma tradição em equipamentos,<br />
todo um corpo técnico em condições de oferecer qualidade e instituições<br />
qualificadas como o Centro Nacional de Referências em Pequenas<br />
Centrais Hidrelétricas".<br />
Ele afirma que o PROINFA chegou num momento maduro para<br />
as PCHs saírem na frente, com mais velocidade e dessa forma ocuparem<br />
seu espaço. "O PROINFA foi importante para as PCH's antes<br />
dessa fase do leilão, em que as fontes estão competindo em pé de<br />
igualdade. Ele ajudou as PCH's a enfrentar algumas dificuldades e<br />
melhorar no mercado de fonte renovável". Para Moss, a grande<br />
vantagem do leilão é a possibilidade de deixar de lado avaliações<br />
subjetivas, como por exemplo, dizer que as PCH's estão desvalori-
NEWS<br />
PROINFA AND THE RELATION WITH TODAY'S MARKET OF RENEWABLES<br />
Translation Adriana Candal<br />
Facing the recent energy actions, it is mandatory to highlight the increasing relevant role of the renewables and their participation in<br />
the world's energy matrix. The unending concern with the environment and the feasibility of sustainable sources encourage the world's interest<br />
in generating clean and renewable energy. According to information provided by the websites of the Ministry of Mines and Energy<br />
(MME) Brazil lies in a privileged position regarding the use of renewable sources of energy.<br />
In Brazil, 43.9% of the Internal Energy Offer (OIE) is renewable, whereas the world average is only 14% and in the developed countries<br />
no more then 6%. Facing this reality, the government created PROINFA (a program that encourages power production out of alternative<br />
sources of energy) aiming at the installation of 3,300 MW of capacity, distributed among wind, biomass and Small Hydropower Plants<br />
(SHPs) projects, that would become part of the Interconnected Electric System (SIN). The generated energy is purchased by Eletrobrás (a<br />
federal owned company) through 20-year-long contracts.<br />
The program aims at diversifying the Brazilian energy matrix, making it more competitive in the internal and external markets and<br />
highlighting the technical, environmental and social and economic benefits of generation projects that use clean sources of energy. After<br />
six years, PROINFA is outstanding due to its pioneering character and the success of the projects that showed and evident vocation of the<br />
country towards a sustainable electric matrix by generating 3.3 GW of clean energy. This scenario reflects the change in the Brazilian energy<br />
matrix and the implementation of new ways to use the Brazilian potential, complementing the Interconnected Electric System. It is<br />
estimated that by the end of this year, 68 enterprises will be operating, resulting in an addition of 1,591.77 MW to the System.<br />
The expert in infra-structure of the MME, Mr. Lívio Teixeira says that there are 49 SHP enterprises today, generating 977 MW and 13 projects<br />
that are being constructed, which will result in 2<strong>03</strong> MW, 1,181 MW in SHPs altogether.<br />
The market and today's scenario<br />
The director of the department of energy development of the<br />
MME, Mr. Hamilton Moss believes that PROINFA was an essential instrument<br />
to spur the SHPs and the projects using wind and biomass<br />
energy. He highlights today's participation of wind plants in<br />
the market “Brazil does not have a tradition as far as wind energy is<br />
concerned, that is the reason why this source caused the most relevant<br />
impact on the market. From now on, the Brazilian market is<br />
well-positioned in the auctions exactly because of the competitive<br />
prices that wind energy and the other sources are offering.”<br />
According to Mr. Moss the great expectation of the recent renewable<br />
auctions is that the costs can meet the demand of the sector<br />
and the demand of the entrepreneurs, so that the can find<br />
space to install their enterprises. Before this new competitiveness<br />
phase, Mr. Moss also says that it is always necessary to be observing<br />
the market, for if any source presents difficulties within this scenario,<br />
it is possible to carry out auctions for these specific sources.<br />
This way there would be competition only among sources of the<br />
same origin. But at the moment we are having competitiveness of<br />
all of the sources as a whole.”<br />
Challenges of the Project<br />
Among the objectives and projects proposed by PROINFA the<br />
source that showed that least offer was biomass. Facing this reality,<br />
Mr. Moss explains that biomass is not used only for electric energy<br />
generation applications, and that is why entrepreneurs think<br />
it is more attractive to invest in other activities. “It was important<br />
to learn that because it was possible to identify some difficulties<br />
specifically from biomass. Other auctions were then carried out<br />
and this source showed itself as being very productive”.<br />
The general coordinator of alternative sources of energy of the<br />
MME, Mr. Roberto Meira says that at the beginning of the program<br />
the concept of energy cogeneration was still getting ripe. “PROINFA<br />
was a program that aimed at convincing the feasibility of that type<br />
of generation and the biomass went through that phase. The great<br />
difficulty was to show its economic feasibility, its competitiveness<br />
and its economic and technical potential.” Mr. Meira also highlights<br />
that PROINFA was launched at a time when the market was busy<br />
looking for machinery, causing a rise in the cost of equipment “the<br />
national industry itself was not able to meet the growing demand.<br />
It is impossible to supply the market with the proper speed and this<br />
way, the cost was high and so were the tariffs”.<br />
Energy Auctions<br />
According to the Energy Research Company (EPE) the auctions<br />
of alternative sources of electric energy of 2010 (A-3 and Reserve)<br />
carried out on August 25th and 26th traded a volume of 2,892.2<br />
MW of installed power, resulting in a volume of 1,159.4 MW of average<br />
energy. &0 wind plants, 12 biomass thermal power plants and<br />
seven SHPs participated.<br />
Mr. Moss believes that the present repercussion of the wind<br />
plants in the auctions happened because of the success of<br />
PROINFA. “Before PROINFA 22 MW of energy from wind plants<br />
were installed, today there are almost 800 MW and by the end of<br />
the year this value is going to increase.” He recognizes the success<br />
of the SHPs in the program and says that Brazil has a hydraulic tradition<br />
as far as energy goes. “The country already had an equipment<br />
tradition, all the technicians are able to offer quality services<br />
and there are institutions such as the <strong>CERPCH</strong> (National Center of<br />
Reference for Small Hydropower Plants).<br />
She goes on saying that PROINFA arrived at a moment when<br />
the SHPs were already mature and ready to start, being able to occupy<br />
their space. “PROINFA was omportant for the SHPs before the<br />
auctions phase when the sources are equally competing against<br />
each other. It helped SHPs tp face some difficulties and improve<br />
their participation in the market of renewable sources”. For Mr.<br />
Moss the great advantage of the auction is the possibility of setting<br />
subjective assessments aside such as saying that the SHPs are devalued<br />
because they got a lower price in comparison to the other<br />
sources of energy. “When you establish a lower price for a certain<br />
35
CURTAS<br />
zadas por terem adquirido um preço mais baixo em comparação as<br />
demais fontes de energia. "Quando você coloca um preço mais baixo<br />
para determinada fonte, não quer dizer que ela esteja desvalorizada.<br />
Eu acredito que uma fonte pode ter uma economicidade maior<br />
do que outra. Se uma fonte é viável para competir dentro de um<br />
leilão ela está sendo valorada." Ele explica que a percepção do empreendedor<br />
é o que determina se a fonte é viável ou não "muitas vezes<br />
ele julga que o valor não é o esperado para rentabilidade pretendida.<br />
O leilão é um critério objetivo para quantificar essa percepção<br />
subjetiva."<br />
Para ele o leilão permite o encontro do interesse do produtor<br />
com o interesse do consumidor e pode acontecer de uma determinada<br />
avaliação, a partir de fenômenos econômicos refletir na quantidade<br />
de energia ofertada. "A partir do resultado do leilão é possível<br />
avaliar se houve um exagero ou não no preço. De maneira alguma<br />
eu interpretaria que o valor mais baixo é uma desvalorização."<br />
Meira afirma que o grande desafio atual é buscar a isonomia das<br />
fontes e um grande vilão são os custos de implantação e inventário<br />
dos projetos "a grande dificuldade das PCHs é superar os custos<br />
altos, mas isso não quer dizer que essa fonte seja desvalorizada.<br />
source, it does not mean that the source is devalued. I believe that<br />
one source may have a better economic power than the other. If a<br />
source is feasible to compete within an action, it is being valued.”<br />
He explains that the perception of the entrepreneur is what determines<br />
whether the source is feasible or not. “Many times he assesses<br />
that the value was not expected for the intended profitability.”<br />
The auction is an objective criterion to quantify this subjective<br />
perception.”<br />
For him, the auction allows the meeting of the interest of the<br />
producer with the interest of the consumer and a certain assessment<br />
might happen based on economic phenomenon that reflects<br />
on the amount of energy offer. “Based on the result of the auction it<br />
is possible to assess whether there was exaggeration in the price or<br />
not. I would never interpret a lower value as devaluation.” Mr. Meira<br />
says that today's greatest challenge is to look for the equality of the<br />
sources and the great villain are the implementation and inventory<br />
costs of the projects. “The great difficulty of the SHPs is to overcome<br />
the high costs, but this does not mean that this source is devalued.<br />
For us, it is exactly the opposite. If the source has a market<br />
value, if it is competitive, it is because it is valued.”<br />
36<br />
Para nós é o contrário. Se a fonte tem valor no mercado, se esta<br />
competitiva é porque ela está valorada."<br />
Moss complementa ao afirmar que a desvalorização só seria real<br />
se o valor estipulado não fosse suficiente para remunerar o empreendedor,<br />
com um patamar mínimo. "Nós temos que estar atentos<br />
a todos os fenômenos econômicos, ao que esta acontecendo<br />
com todas as fontes de energia. O MME está sempre aberto a escutar<br />
os empreendedores. Nós temos muito apreço por todas as fontes<br />
e estamos trabalhando na questão solar, por exemplo, para que<br />
também fique competitiva e viável."<br />
Diante do Sucesso do PROINFA, Moss afirma que o atual trabalho<br />
do MME em relação às fontes alternativas se baseia num monitoramento<br />
e incentivo aos empreendedores a seguir por conta própria.<br />
"Quanto menos nós interferimos, significa que nós fizemos<br />
um trabalho bem feito. Vamos continuar monitorando os interesses<br />
dos consumidores, a energia mais barata, a questão ambiental,<br />
o incentivo a produção tecnológica no Brasil, a segurança, a mobilidade<br />
tarifária e a constante expansão do mercado.", conclui<br />
Moss.<br />
Mr. Moss completes by saying that the devaluation would<br />
only be real if the established value was not enough to compensate<br />
the entrepreneur at a minimum level. “We must observe all of the<br />
economic phenomena, everything that is happening with all of the<br />
energy sources. The MME is always open to hear the entrepreneurs.<br />
We appreciate all of the energy sources and we are working<br />
towards the issue of the solar energy, for example, so that it also becomes<br />
more competitive and feasible.”<br />
Due to the success of PROINFA, Mr. Moss says that MME today's<br />
work in relation to alternative sources of energy is based on<br />
the monitoring and incentives to the entrepreneurs so that they<br />
can move on by themselves. “The less we interfere, the better job<br />
we have done. We are going to continue to monitor the interests of<br />
the consumers, the cheapest energy, the environmental issue, the<br />
encouragement towards technological production in Brazil, safety,<br />
tariff mobility and the constant expansion of the market,” concludes<br />
Mr. Moss.
Mário<br />
E-mail: mraagroflorestal@hotmail.com<br />
Mensagem:<br />
Tenho uma fazenda, onde tem um rio com queda de<br />
120 metros com uma potencial para uma PCH de 1,5 mega, na semana<br />
passada uma empresa tentou fazer o levantamento desta área, mas eu<br />
barrei, pois esta empresa entrou em minha fazenda sem minha autorização.<br />
e uma outra empresa já tinha me feito uma boa proposta de parceria.<br />
Como funciona este processos de levantamento da área? A empresa<br />
pode entrar em minha área sem minha autorização? Esta empresa<br />
pode fazer o desapropriamento da área? Eu posso cobrar um percentual<br />
dos lucros para autorizar a construção? Em relação ao impacto ambiental?<br />
Caso eu não tenha interesse de vender este terreno, posso barrar<br />
a construção?<br />
No aguardo.<br />
<strong>CERPCH</strong>:<br />
Realmente o proprietário da terra tem o direito de não admitir<br />
a entrada de pessoas em sua propriedade, seja para levantamentos<br />
ou para qualquer outra atividade. No caso de levantamento de dados<br />
de potenciais de PCHs, no entanto, o interessado em estudar a área<br />
(e que não seja o proprietário), poderá solicitar à Aneel autorização para<br />
levantamentos de campo, e se esta o fizer o proprietário deve permitir<br />
a entrada do pessoal que fará o levantamento. Caso haja algum dano<br />
material ou ambiental resultante do levantamento a empresa que o está<br />
realizando será a responsável.<br />
Os cursos d'água e potenciais hidráulicos são bens da união, e a geração<br />
de energia elétrica é considerada utilidade pública. Desta forma o<br />
interessado em implantar a PCH (que não seja o proprietário) poderá solicitar<br />
a desapropriação da área, e normalmente este pedido é atendido.<br />
É necessário, no entanto que ele já tenha desenvolvido os estudos<br />
de inventário e projeto básico para a central, e que ele leve a termo a implantação<br />
desta.<br />
Caso seja o caso da desapropriação não há como o proprietário das<br />
terras receber participação no negócio. O proprietário e o interessado<br />
na construção da PCH poderão, no entanto, entrar em acordo, situação<br />
em que não haverá a desapropriação, e na qual o proprietário das terras<br />
terá uma participação na central como contrapartida pela cessão<br />
das terras. Cabe ressaltar que a área de terra para implantação da PCH<br />
não é grande, principalmente no caso específico desta central, que tem<br />
queda elevada e portanto, muito provavelmente, reservatório muito pequeno.<br />
Além disso estruturas como canais de adução e tubulações não<br />
impedem que se continue a utilizar as terras do entorno para outros<br />
usos como plantios e criação de animais.<br />
Com relação à questão ambiental deverão ser desenvolvidos todos<br />
os estudos exigidos pelos órgãos ambientais, que só autorizarão a construção<br />
caso o impacto seja considerado aceitável. Todos estes estudos<br />
serão de responsabilidade do interessado em implantar a PCH, bem como<br />
a responsabilidade por acidentes que venham a ocorrer.Barrar a<br />
construção não é possível, uma vez que, como já disse, os potenciais hidráulicos<br />
não são de propriedade do dono das terras, mas são bens da<br />
união, e portanto cabe a esta, respeitados todos os dispositivos legais,<br />
autorizar ou não a construção da PCH.<br />
Atenciosamente.<br />
Ângelo Stano<br />
Engenheiro Eletricista<br />
LEITOR<br />
Esse espaço é o canal entre os leitores da revista PCH Notícias & SHP News e o <strong>CERPCH</strong>, nele nossos leitores poderão enviar suas<br />
dúvidas, questionamentos e sugestões. Escreva para pchnoticias@unifei.edu.br<br />
Mário<br />
E-mail: mraagroflorestal@hotmail.com<br />
Message:<br />
I have a farm were there is a river with a head of 120 meters<br />
with a SHP potential of 1.5 MW. Last week a company trued to carry<br />
out a study on this area but I stopped them because the company entered<br />
my property without any authorization. Besides, another company<br />
had already offered me a very good partnership proposal. How do these<br />
area study processes work? Can a company enter my farm without my<br />
authorization? Can this company expropriate that area? Can I charge a<br />
percentage of the profits to authorize the construction? What about the<br />
environmental aspects? In case I am not interested in selling this area,<br />
can I stop the construction?<br />
Looking forward to you reply.<br />
<strong>CERPCH</strong>:<br />
Indeed, the owner of the land has the right to stop people<br />
from entering the property to carry out studies or any other activities.<br />
However, as far as SHP potential studies are concerned, the company<br />
that is interested in studying the area (which in this can is not the owner)<br />
can ask ANEEL (National Agency for Electric Power) an authorization<br />
for field studies, and if this authorization is granted by the agency,<br />
the owner must let the company in. In case there are any material or environmental<br />
damages resulted from this study, the company will be responsible<br />
for them.<br />
Rivers and hydraulic potentials belong to the government and the<br />
generation of electric power is considered as a public matter. This way,<br />
those who are interested in implementing the SHP (if it is not the owner)<br />
can ask for the expropriation of the area and it will be normally<br />
granted. However, they must have already carried out the inventory studies<br />
and the Proposal for the plant and they must really implement the<br />
SHP. In case there is an expropriation, the owner will not have any participation<br />
in the enterprise. The owner and those who are interested in<br />
building the SHP, however, can try to find an agreement so as to avoid<br />
the expropriation and in a way that the owner of the land will have a participation<br />
in the enterprise as a compensation for letting the company<br />
use the land. It is important to highlight that the area where the SHP will<br />
be implemented is not large, mainly in the case of this specific plant,<br />
which has a high head and, therefore, it will probably have a very small<br />
reservoir. Besides, structures as intakes and pipelines do not prevent<br />
the use of the surrounding land for other uses such as crops and livestock.<br />
In relation to the environmental aspect, some studies demanded by<br />
the environmental organs must be carried out. These organs will only<br />
grant the license for the construction in case the impact is acceptable.<br />
All of these studies will be in charge of those who are interested in implementing<br />
the SHP, as well as the responsibility for accidents that<br />
might happen.<br />
It is not possible to stop the construction from happening once the<br />
hydraulic potentials do not belong to the owner of the land. As I have already<br />
said, they are assets that belong to the government, and as long<br />
as there is respect for the legal dispositions, the construction of the SHP<br />
can be authorized or not.<br />
Regards,<br />
Ângelo Stano<br />
Electric engineer<br />
37
OPINIÃO<br />
Marco Regulatório Ambiental é o conjunto de normas e leis para<br />
a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia<br />
à vida, visando assegurar, no Brasil, condições ao desenvolvimento<br />
sócio-econômico, aos interesses da segurança nacional e à<br />
proteção da dignidade da vida humana.<br />
A regulação é feita pelo Congresso Nacional, pelo Executivo e<br />
pelos integrantes do SISNAMA – Sistema Nacional de Meio Ambiente<br />
em defesa dos interesses do meio ambiente, dos cidadãos, do<br />
governo e das empresas que obtiveram o direito de explorar um<br />
bem ambiental (por ex., potencial hidráulico).<br />
No nível federal, em dezembro de 2009, eram 644 normas ambientais<br />
divididas em: 114 leis, 156 decretos, 169 resoluções, 81<br />
portarias, 45 instruções normativas, e 78 normas de interesse do<br />
setor elétrico.<br />
No Brasil é estimada a vigência de aproximadamente 16.000<br />
normas para as questões ambientais e 3,7 milhões de normas diversas<br />
nos últimos 20 anos (isto corresponde a 5,5 quilômetros de<br />
normas, se impressas em papel formato A4 e letra tipo Arial 12) resultando<br />
numa edição de 774 normas por dia útil. Esta evolução se<br />
dá inversamente proporcional à capacidade do poder público de implementá-las.<br />
O marco regulatório deveria ser responsável pela criação de um<br />
ambiente que conciliasse a saúde econômico-financeira das empresas,<br />
criando e capturando valor com as exigências e as expectativas<br />
da preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental.<br />
Porém, as demandas ambientais são cada vez mais complexas<br />
e caras. A legislação ambiental trata de direitos difusos, já que o<br />
meio ambiente pertence a todos e a ninguém em particular, apresentando:<br />
meta(trans)individualidade, conflituosidade intrínseca,<br />
mutabilidade temporal e espacial. Os atos de licenciamento e outorga<br />
são precários. A atual legislação ambiental não garante nada<br />
para garantir absolutamente tudo.<br />
A reduzida eficiência do sistema de licenciamento ambiental (tido<br />
como lento, burocrático e “cartorial”, expressando a não prioridade<br />
conferida aos órgãos ambientais), transfere ao empreendedor<br />
o tratamento de questões que compete ao Poder Público harmonizar<br />
regionalmente (conflitos entre políticas públicas e os interesses<br />
de proteção do meio ambiente).<br />
A principal demanda não é por novos instrumentos legais ou pela<br />
flexibilização daqueles existentes. A prioridade é avançar na consolidação<br />
do entendimento quanto aos chamados conceitos jurídicos<br />
indeterminados: impactos ambientais significativos, relevante<br />
interesse, etc. – e aperfeiçoar a informação que orienta a tomada<br />
de decisão sobre a viabilidade ambiental de empreendimentos.<br />
Esse debate requer o envolvimento direto da comunidade científica,<br />
além dos segmentos técnicos e jurídicos participantes da gestão<br />
ambiental no Brasil.<br />
Igualmente precisamos de: i) Transparência e ótima qualidade<br />
em todas as etapas do processo de licenciamento ambiental; ii) For-<br />
MARCO REGULATÓRIO AMBIENTAL<br />
Riqueza econômica e melhoramento do planeta são faces da mesma moeda, onde a vida humana é o seu maior tesouro.<br />
Por Decio Michellis Jr<br />
38<br />
talecimento das agências ambientais; iii)<br />
Homogeneização de procedimentos - previsibilidade<br />
(prazos e custos vinculados);<br />
iv) Eliminação do conflito de competências<br />
regulamentando o artigo 23 da C.F. (competência<br />
comum entre União, Estados e Municípios<br />
na proteção do meio ambiente); v)<br />
Concessão de licença ambiental com existência<br />
de condições de legalidade para<br />
avançar com o empreendimento; vi) Alterar<br />
a legislação de crimes ambientais para<br />
que o funcionário público na lide com autorizações ou permissões<br />
ambientais só seja punido em caso de dolo; vii) Regulamentação<br />
do artigo 231, da C.F. sobre o aproveitamento dos recursos hídricos,<br />
incluídos os potenciais hidrelétricos em terras indígenas; viii)<br />
Equacionamento dos passivos ambientais pré-existentes, a exemplo<br />
do Programa “Territórios da Cidadania”, em regiões que receberão<br />
novos investimentos de PCH´s solucionando déficits de investimentos<br />
públicos não imputáveis aos empreendimentos.<br />
Quem ganha com um marco regulatório ambiental estável, claro<br />
e bem concebido é o usuário de serviços essenciais (fadado a<br />
conviver com a carência de serviços por falta de investimentos e todas<br />
as dificuldades decorrentes desta carência) e estimula a confiança<br />
de investidores por saberem quais são as leis que os protegem.<br />
Necessitam ter certeza de que estão imunes aos humores de<br />
futuros governantes.<br />
Riqueza econômica (as sociedades mais ricas são justamente<br />
as que têm condições de aplicar recursos na preservação ambiental)<br />
e melhoramento do planeta (com produtos e processos sustentáveis)<br />
são faces da mesma moeda, onde a vida humana é o seu<br />
maior tesouro.
ENVIRONMENTAL REGULATORY MARK<br />
OPINION<br />
Economic wealth and planet improvement are sides of the same coin, where human life is its greatest treasure.<br />
Environmental Regulatory Mark is a set of rules and laws aiming<br />
at the preservation, improvement and recuperation of the environmental<br />
quality propitious to life so as to ensure conditions towards<br />
socio-economic development, national security interests<br />
and protection of the dignity of human life in Brazil.<br />
The regulation is carried out by the National Congress, by the<br />
Executive Power and by the members of SISNAMA – National System<br />
for the Environment, which defends the interests of the environment,<br />
the citizens, the government and the companies that<br />
were granted the right to explore an environmental asset (a water<br />
potential, for example).<br />
At a federal level, in December 2009, there were 644 environmental<br />
rules divided into: 114 laws, 156 decrees, 169 resolutions,<br />
81 ordinances, 45 normative instructions, and 78 rules for the electric<br />
sector.<br />
In Brazil, it is estimated the validity of approximately 16,000<br />
rules for environmental issues and 3.7 million diverse rules over<br />
the past 20 years (which corresponds to 5.5 kilometers of rules<br />
should they be printed on A4 paper using Arial 12 font), resulting in<br />
the edition of 774 rules a business day. This evolution is inversely<br />
proportional to the capacity of the public power to implement<br />
them.<br />
The regulatory mark should be responsible for the creation of<br />
an ambient that could conciliate the company's economic and financial<br />
health, creating and capturing value with the demands and<br />
expectations of preservation, improvement and recuperation of<br />
the environmental quality.<br />
Translation Adriana Candal<br />
However, environmental demands are increasingly complex<br />
and expensive. The environmental legislation deals with diffuse<br />
rights, one the environment belongs to everybody and no one in<br />
particular, presenting: meta(trans)individuality, intrinsic conflicts,<br />
temporal and special mutability. The licensing and granting acts<br />
are precarious. The current environmental legislation does not<br />
guarantee anything in order to guarantee absolutely everything.<br />
The reduced efficiency of the environmental licensing system<br />
(seen as slow, bureaucratic and “cartorial”, expressing the nonpriority<br />
given to the environmental organs), transfers to the entrepreneur<br />
the responsibility of issues that should be in charge of the<br />
Public Power to create a regional harmony (conflicts between public<br />
policies and the interests regarding the protection of the environment).<br />
The main demand is not for new legal instruments or for the<br />
flexibility of those that already exist. The priority is to advance the<br />
consolidation regarding the understanding of the so-called undetermined<br />
juridical concepts: significant environmental impacts, relevant<br />
interests, etc. – and improve the information that guides the<br />
decision making processes about the environmental feasibility of<br />
the enterprises. This debate requires the direct involvement of the<br />
scientific community, as well as technical and legal segments that<br />
participate in the environmental management in Brazil.<br />
Equally, we also need: i) transparence and an optimum quality<br />
in all of the stages of the environmental licensing process; ii)<br />
strengthening of the environmental agencies; iii) homogenization<br />
of the procedures - predictability (bound deadline and costs); iv)<br />
elimination of the competence conflicts, regulating the article 23rd<br />
of the Federal Constitution (common competence between the federal<br />
state and city governments regarding environmental protection);<br />
v) granting the environmental license with the existence of legal<br />
conditions so that the enterprise can be carried on; vi) changing<br />
the environmental crime legislation public server that deals with environmental<br />
permissions or authorizations will only be punished if<br />
there is deceit; vii) regulation of article 231 of the Federal Constitution<br />
about the use of water resources, including hydropower potentials<br />
in native Brazilian land; viii) equating of the pre-existing environmental<br />
assets, such as the program “Citizenship Territory”, in regions<br />
that will receive new SHP investments in order to solve public<br />
investment deficits that are not imputable to the enterprises.<br />
The one who gains with a stable clear and well-conceived regulatory<br />
mark is the user of essential services (doomed to live with<br />
the lack of services because of the lack of investments and all the<br />
difficulties that come from this deficiency) and stimulate the trust<br />
of the investors by knowing which laws protect them. They need to<br />
be sure that they are immune to the mood of the future governors.<br />
Economic wealth (the richest societies are exactly the ones<br />
which can apply resources to environmental preservation) and<br />
planet improvement (with sustainable products and processes) are<br />
sides of the same coin, where the human life is the greatest treasure.<br />
39
Por Charles Lenzi<br />
OPINIÃO<br />
A APMPE – Associação Brasileira dos Pequenos e Médios Produtores<br />
de Energia Elétrica foi fundada em julho de 2000 e, portanto,<br />
completou em julho desse ano 10 anos de existência. Porém, um<br />
pouco antes disso, seus Associados fundadores já trabalhavam na<br />
consolidação de um marco regulatório para as Pequenas Centrais<br />
Hidrelétricas – PCH em nosso país.<br />
Foi a partir do esforço desses empreendedores que, em 1998, a<br />
PCH surgiu definitivamente. Mas não bastava a sua criação. Era necessário<br />
estabelecer uma série de condições que viabilizassem a<br />
sua inserção na matriz elétrica brasileira. Mais cara do que as grandes<br />
usinas hidrelétricas, em função da economia de escala, os benefícios<br />
para sua implementação eram justificados como forma de torná-la<br />
atrativa do ponto de vista econômico-financeiro. Surgiram os<br />
incentivos tais como o desconto na tarifa de uso dos sistemas de<br />
transmissão e distribuição (TUSD), isenção do pagamento da compensação<br />
financeira pela utilização de recursos hídricos (CFURH),<br />
isenção da aplicação de percentual da receita em programas de pesquisa<br />
e desenvolvimento, para citar alguns.<br />
Na esteira do aperfeiçoamento regulatório, a PCH foi incluída<br />
no Mecanismo de Realocação de Energia (MRE) o que permitiu a comercialização<br />
de sua energia e o financiamento dos projetos. Na sequência,<br />
a criação do Programa de Incentivo às Fontes Alternativas<br />
de Energia Elétrica – PROINFA, que foi o grande marco de consolidação<br />
das fontes alternativas na matriz brasileira e a maior fonte<br />
de aprendizado para as PCHs nos últimos anos. Tudo isso resultou,<br />
no período de 2000 a 2009, na inserção de mais de 2.000MW de<br />
PCHs no sistema elétrico brasileiro, resultado que demonstra que<br />
os esforços na estruturação de um marco regulatório estável e bem<br />
definido são traduzidos em resposta positiva dos empreendedores.<br />
Em todos os eventos citados, a APMPE teve participação fundamental,<br />
desde a concepção, discussão até a implementação das<br />
medidas. No entanto, a partir de 2009, as PCHs passaram a encontrar<br />
uma série de dificuldades – regulatórias, econômicas, tributárias,<br />
tecnológicas - que desaceleraram o seu ritmo de crescimento,<br />
podendo comprometer toda uma indústria que se desenvolveu desde<br />
1893, quando foi construída a primeira usina hidrelétrica brasileira,<br />
a Ribeirão do Inferno, que era uma PCH.<br />
Como referência dessas barreiras impostas às PCHs, o tempo<br />
necessário para se prospectar um aproveitamento, a partir de um<br />
estudo de inventário até a obtenção de sua autorização não leva,<br />
hoje, menos do que 10 anos para ser concluído. Além disso, a estagnação<br />
tecnológica no segmento aliada a custos crescentes de<br />
implantação tem afastado os potenciais empreendedores, que focam<br />
sua atuação em projetos com menor tempo de maturação e<br />
custos reduzidos, como se verifica no crescente interesse pela geração<br />
eólica.<br />
Assim, percebeu-se que estamos em um tempo de mudanças.<br />
Um tempo de reflexão e avaliação da situação que se impõe ao segmento<br />
de PCHs, para que seja estabelecida uma série de ações visando<br />
o resgate da competitividade das PCHs e seu valor para a sociedade<br />
brasileira. A mesma necessidade de mudanças e aperfeiçoamento<br />
foi sentida pela APMPE. A primeira e grande mudança é<br />
que a Associação passa a ter a nova denominação de Abragel –<br />
40<br />
TEMPO DE MUDANÇAS<br />
Associação Brasileira de Geração de Energia Limpa. Ao completarmos<br />
10 anos, colocamos em pauta a discussão do como somos conhecidos<br />
e como queremos ser reconhecidos e o nome escolhido e<br />
a nova logomarca traduzem, de forma mais direta, a nossa forte ligação<br />
com os conceitos de sustentabilidade.<br />
Acompanhando esta revisão de conceitos, a Abragel promoveu<br />
importantes alterações em sua estrutura: Ricardo Pigatto passa a<br />
presidir um qualificado Conselho de Administração composto por<br />
18 Conselheiros representantes das empresas Associadas enquanto<br />
eu, Charles Lenzi, passo a ocupar a Presidência Executiva da<br />
Abragel.<br />
Dessa forma e com este espírito de mudanças, trabalharemos<br />
focados na melhoria da competitividade do setor, abrangendo aspectos<br />
tributários e fiscais, na busca de políticas industriais que proporcionem<br />
menores custos e melhores tecnologias de equipamentos,<br />
na luta por melhores condições de financiamento dos empreendimentos,<br />
na redução de prazos de tramitação dos projetos, na<br />
atuação junto aos órgãos reguladores buscando o aperfeiçoamento<br />
da legislação do setor, para que a PCH retome a posição de destaque<br />
que sempre teve nos últimos anos, como fonte ambientalmente<br />
sustentável e socialmente responsável.
A TIME OF CHANGE<br />
The APMPE – the Brazilian Association of Small and Medium<br />
Power Producers (Associação Brasileira dos Pequenos e Médios<br />
Produtores de Energia Elétrica) was founded in July 2000 and has<br />
completed 10 years of establishment this July. However a little before<br />
that, its Associate founders had been working on consolidating<br />
regulatory frameworks for Small Hydropower (SHP) in our country.<br />
In 1998, stemming from the efforts of entrepreneurs, the SHP<br />
had finally emerged. However, it was not enough for its conception.<br />
It was necessary to establish a series of conditions, which would ensure<br />
their integration in the Brazilian energy matrix. Since SHPs<br />
are more expensive than large hydropower, depending on the economic<br />
scale, the benefits for its implementation were justified as a<br />
way to make it economically and financially appealing. Incentives<br />
arose such as a discount in the rate of use of transmission and distribution<br />
systems (TUSD), exemption from payment for financial<br />
compensation for the use of water resources (CFURH) and exemption<br />
from the application of the percentage of revenue in research<br />
and development programs, to name a few.<br />
In the wake of regulatory improvement, the SHP was included<br />
OPINION<br />
Translation Joana Almeida<br />
in the Energy Reallocation Mechanism (MRE - Mecanismo de<br />
Realocação de Energia), which allowed the marketing of its energy<br />
and the funding of projects. Following the creation of the Incentive<br />
Program for Alternative Sources of Electricity – PROINFA<br />
(Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia<br />
Elétrica), which was a major landmark in consolidating alternative<br />
sources in the Brazilian matrix and it was also the greatest source<br />
for learning about SHPs in recent years. All of this resulted from<br />
2000 to 2009, where more than 2,000MW from SHPs were inserted<br />
in the Brazilian electrical system. This results in a demonstration<br />
that efforts to build a stable and well-defined regulatory framework<br />
translate into a positive response from entrepreneurs.<br />
In all the events stated, the APMPE played a fundamental role<br />
since its conception to discuss the implementation of measures.<br />
However, since 2009, SHPs began to find a series of difficulties.<br />
Those being regulatory, economic, taxation and technological,<br />
which slowed its growth rate which could in turn have compromised<br />
an entire industry, which has been around since 1893, when<br />
the first hydroelectric plant was built in Brazil, the PCH of Ribeirão<br />
do Inferno.<br />
Using these barriers as a reference, the time required to exploring<br />
exploitations, from the inventory study to obtaining authorization<br />
does not, today, take less than 10 years to complete. Moreover,<br />
technological stagnation in the segment along with rising<br />
costs of deployment have deviated potential entrepreneurs who focus<br />
in participating in projects with shorter maturity and reduced<br />
costs, as seen with the growing interest in wind generation.<br />
Thus we noticed that we are in a time of change. A time for reflection<br />
and assessment of the situation that imposes on the segment<br />
of SHPs, in order to establish a series of actions to rescue the<br />
competitive edge of SHPs and its value to the Brazilian society. The<br />
same need for change and improvement has been felt by APMPE.<br />
The first major change is that the Association shall be referred to by<br />
its new name – Abragel – the Brazilian Association of Clean Energy<br />
Generation (Associação Brasileira de Geração de Energia Limpa).<br />
As we approached our 10-year mark, we placed on the agenda a discussion<br />
on what we are known for and what we would like to be recognized<br />
for. The chosen name and the new logo more directly reflect<br />
our strong connection with the concepts of sustainability.<br />
Soon after this review of concepts, Abragel promoted major<br />
changes in its structure: Ricardo Pigatto shall qualifiedly preside<br />
the Board of Directors composed of 18 Counsellors representing Associated<br />
businesses whereas, I, Charles Lenzi, shall preside as<br />
Chief Executive Officer of Abragel.<br />
So with this spirit of change, we will work on improving the competitive<br />
edge of the sector, with a focus on covering tax and fee aspects<br />
in the pursuit of industrial policies that provide lower costs<br />
and better equipment technology, on the fight for better enterprise<br />
financing conditions, on the reduction of time in the process of projects<br />
acting jointly with the regulatory entities seeking to improve<br />
legislation in the sector, so that SHPs can resume a prominent position<br />
as it has in recent years, as a source which is not only environmentally<br />
sustainable but also socially responsible.<br />
41
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM<br />
PEQUENAS CENTRAIS HIDRELÉTRICAS<br />
PÚBLICO ALVO:<br />
ENGENHEIROS<br />
Dividido em 10 módulos presenciais, este curso visa o ensino<br />
de procedimentos para a viabilidade técnica e econômica,<br />
dimensionamento e especificação de componentes<br />
hidromecânicos e elétricos, elaboração de projeto básico,<br />
aspectos regulatórios e ambientais.<br />
O curso pode ser integralizado em um período máximo de<br />
24 meses. Com a conclusão de 9 módulos teóricos e a defesa<br />
do trabalho de conclusão de curso, o aluno será avaliado<br />
por uma banca para receber o título de especialista. É permitido<br />
cursar os módulos individuais, dando direito a certificação<br />
técnica.<br />
Este curso é voltado para a capacitação profissional na área de gestão e<br />
projetos de pequenas centrais hidrelétricas (PCH). Direcionado para<br />
engenheiros, administradores, advogados, economistas e todos os<br />
profissionais correlacionados com a área de PCH, o curso destaca-se como<br />
um diferencial exigido pelo mercado profissional.<br />
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PREVISÃO DE INÍCIO PARA MARÇO DE 2011<br />
ANTECIPE-SE E GARANTA SUA VAGA.<br />
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ECONOMISTAS ADMINISTRADORES<br />
GERENTES<br />
ADVOGADOS INVESTIDORES<br />
EMPRESÁRIOS<br />
Local: Itajubá-MG<br />
Aulas concentradas em uma semana por mês<br />
10 módulos presenciais<br />
Traslado Gratuito: Rio/Itajubá e São Paulo/Itajubá<br />
Integralização: mínimo de 10 e máximo de 24 meses<br />
INVESTIMENTO:<br />
Realização<br />
R$ 1.800,00<br />
por módulo<br />
R$ 16.000,00<br />
à vista<br />
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