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03 - CERPCH - Unifei

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Ano 12 Revista nº 46<br />

JUL/AGO/SET - 2010<br />

VI Conferência de PCH reúne principais autoridades do setor<br />

6th Meeting on SHP gathers main authorities of the sector<br />

IMPRESSO ESPECIAL<br />

Nº 7317739904/2010 DR/MG<br />

Associação<br />

Pró-Energias Renováveis<br />

O PROINFA e a relação com o mercado atual de fontes alterativas<br />

PROINFA and the relation with today's market of renewables<br />

Artigos Técnicos<br />

Technical Articles<br />

Agenda de Eventos<br />

Events Schedule


Nesta edição a revista PCH Notícias & SHP News conversou com representantes<br />

do setor de energia renovável do Ministério de Minas e Energia<br />

(MME) sobre o mercado atual de fontes alternativas. Nessa matéria o MME revela<br />

aos leitores a participação do Programa de Incentivo às Fontes Alternativas<br />

de Energia Elétrica (PROINFA) no cenário atual das fontes de energia renovável,<br />

assim como seu posicionamento diante do mercado e dos valores<br />

propostos para cada fonte nos leilões ocorridos em agosto.<br />

O leitor poderá conhecer nesta edição o trabalho de vistoria realizado pelo<br />

MME e pelo Centro Nacional de Referência em Pequenas Centrais Hidrelétricas<br />

(<strong>CERPCH</strong>) , assim como o desenvolvimento e a realidade das micro centrais<br />

Jatoarana e Novo Plano, localizadas em Rondônia. Tal acompanhamento<br />

comprova que modelos de micro centrais como Jatoarana são vitais para o<br />

crescimento econômico e melhoria da qualidade de vida de comunidades, antes<br />

sem energia elétrica.<br />

Décio Michellis, Diretor de Energia de Infraestrutura da Federação das<br />

Industrias do Estado de São Paulo (FIESP), apresenta um artigo sobre o Marco<br />

Regulatório Ambiental, onde define o termo, objetivos e explicita a situação<br />

atual das legislações ambientais no Brasil.<br />

Confira também a cobertura da 6ª Conferência de PCH Mercado Meio<br />

Ambiente promovida pelo <strong>CERPCH</strong>, juntamente com a Universidade Federal<br />

de Itajubá (UNIFEI), um evento anual que se consolidou por abordar temas<br />

referentes às Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs), englobando aspectos<br />

legais e institucionais, tecnologia, meio ambiente e análises econômicas. A<br />

matéria expõe opiniões de referências no setor elétrico como o presidente da<br />

Empresa de Pesquisa Energética (EPE) Maurício Tolmasquim, o Coordenador<br />

Geral de Fontes Alternativas do Departamento de Desenvolvimento Energético<br />

do MME Roberto Meira Junior, com contribuições do presidente da Associação<br />

Brasileira de Geração de Energia Limpa (Abragel), Ricardo Pigatto, do<br />

presidente da Associação Brasileira dos Produtores Independentes de Energia<br />

Elétrica (APINE) Luiz Fernando Leone Viana e do presidente do Conselho<br />

da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), Antônio Carlos<br />

Fraga Machado. O evento contou também com a segunda edição da<br />

EXPOPCH, sessão técnica de artigos e rodada de negócios, reunindo num<br />

mesmo propósito, acadêmicos, estudantes e empresários do setor.<br />

Por fim, aproveito para convidá-lo a conhecer e participar da seção Carta<br />

ao Leitor, destinado ao esclarecimento de dúvidas e questionamentos relativos<br />

ao setor.<br />

Geraldo Lúcio Tiago Filho.<br />

EDITORIAL<br />

This edition of the magazine PCH Notícias & SHP News talked with representatives<br />

of the renewable energy sector of the Ministry of Mines and Energy<br />

(MME) about today's market of alternative sources. In this article the<br />

MME reveals the participation of PROINFA (a program that encourages<br />

power production out of alternative sources of energy) in the current scenario<br />

of alternative sources of energy, as well as its position facing the market<br />

and the values proposed for each source in the auctions that took place in<br />

August.<br />

The reader will aldo be able to know the inspection work carried out by<br />

the MME and by the <strong>CERPCH</strong> (National Center of Reference for Small<br />

Hydropower Plants), as well as the development and the reality of the Microplants<br />

of Jatoarana and Novo Plano, located in the state of Rondônia. Such follow-up<br />

confirms that the model of micro-plants such as Jatoarana are pivotal<br />

for the economic growth and improvement in the life quality of communities<br />

that did not have electric power.<br />

Mr. Décio Michellis, Director of Energy and Infra-structure of the Industry<br />

Federation of the state of São Paulo (FIESP) presents an article about the<br />

Environmental Regulatory Mark, where he defines the expression, the objectives<br />

and explains the current situation of the environmental legislation in<br />

Brazil.<br />

Check out the 6th Meeting on SHP Market and Environment organized by<br />

<strong>CERPCH</strong> and the Federal University of Itajubá (UNIFEI). It is an annual event<br />

that approaches issues regarding SHPs, comprising legal and institutional aspects,<br />

technology, environment and economic analyses. The article shows<br />

opinions that are references in the electric sector such as Mr. Maurício<br />

Tolmasquim, president of the EPE, Mr. Roberto Meira Junior, general coordinator<br />

of Alternative sources of the Energy Development Department of the<br />

MME and contributions of the president of Abragel, Mr. Ricardo Pigatto, the<br />

president of APINE, Mr. Luiz Fernando Leone Viana and the president of<br />

CCEE, Mr. Antônio Carlos Fraga Machado. The event also had the second edition<br />

of the EXPOPCH, a session of technical articles and a trading round gathering<br />

students, and professionals of the academic and business sectors.<br />

I would also like o invite you to take a look at the segment “Readers' Messages”,<br />

where the reader can ask questions related to the sector.<br />

Geraldo Lúcio Tiago Filho.<br />

Ministério de<br />

Minas e Energia<br />

APOIO:<br />

<strong>03</strong>


Comitê Diretor do <strong>CERPCH</strong><br />

Director Committee<br />

Geraldo Lúcio Tiago Filho<br />

tiago@unifei.edu.br<br />

Gilberto Moura Valle Filho<br />

gvalle@cemig.com.br<br />

Patrícia Cristina P. Silva<br />

fapepe@unifei.edu.br<br />

Célio Bermann<br />

cbermann@iee.usp.br<br />

Cláudio G. Branco da Motta<br />

claudio@furnas.com.br<br />

José Carlos César Amorim<br />

jcamorim@ime.eb.br<br />

Antonio Marcos Rennó Azevedo<br />

antoniorenno@eletrobras.gov.br<br />

Jamil Abid<br />

jamil@aneel.gov.br<br />

André Ramon<br />

secretaria.sgh@aneel.gov.br<br />

Comitê Editorial<br />

Editorial Committee<br />

Presidente - President<br />

Geraldo Lúcio Tiago Filho - <strong>CERPCH</strong> UNIFEI<br />

Editores Associados - Associated Publishers<br />

Adair Matins - UNCOMA - Argentina<br />

Alexander Gajic – University of Serbia<br />

Alexandre Kepler Soares - UFMT<br />

Ângelo Rezek - ISEE UNIFEI<br />

Antônio Brasil Jr. - UNB<br />

Artur de Souza Moret - UNIR<br />

Augusto Nelson Carvalho Viana - IRN UNIFEI<br />

Bernhard Pelikan - Bodenkultur Wien – Áustria<br />

Carlos Barreira Martines - UFMG<br />

Célio Bermann - IEE USP<br />

Edmar Luiz Fagundes de Almeira - UFRJ<br />

Fernando Monteiro Figueiredo - UNB<br />

Frederico Mauad – USP<br />

Helder Queiroz Pinto Jr. - UFRJ<br />

Jaime Espinoza - USM - Chile<br />

José Carlos César Amorim - IME<br />

Marcelo Marques - IPH UFRGS<br />

Marcos Aurélio V. de Freitas - COPPE UFRJ<br />

Maria Inês Nogueira Alvarenga - IRN UNIFEI<br />

Orlando Aníbal Audisio - UNCOMA - Argentina<br />

Osvaldo Livio Soliano Pereira - UNIFACS<br />

Zulcy de Souza - LHPCH UNIFEI<br />

Expediente<br />

Editorial<br />

Editor<br />

Coord. Redação<br />

Jornalista Resp.<br />

Redação<br />

Projeto Gráfico<br />

Diagramação e Arte<br />

Tradução<br />

Secretário Executivo<br />

CEMIG<br />

FAPEPE<br />

IEE/USP<br />

FURNAS<br />

IME<br />

Eletrobrás<br />

ANEEL<br />

MME<br />

Geraldo Lúcio Tiago Filho<br />

Camila Rocha Galhardo<br />

Adriana Barbosa MTb-MG 05984<br />

Adriana Barbosa<br />

Camila Rocha Galhardo<br />

Fabiana Gama Viana<br />

Juliana Cunha<br />

Net Design<br />

Adriano Silva Bastos<br />

Adriana Candal<br />

Joana Almeida<br />

PCH Notícias & SHP News<br />

é uma publicação trimestral do <strong>CERPCH</strong><br />

The PCH Notícias & SHP News<br />

is a three-month period publication made by <strong>CERPCH</strong><br />

Tiragem/ Edition: 5.800 exemplares/ issues<br />

contato comercial: pchnoticias@unifei.edu.br<br />

Av. BPS, 13<strong>03</strong> - Bairro Pinheirinho<br />

Itajubá - MG - Brasil - cep: 37500-9<strong>03</strong><br />

e-mail: pchcomunicacao@unifei.edu.br<br />

pchnoticias@unifei.edu.br<br />

Fax/Tel: (+55 35) 3629 1443<br />

04<br />

ISSN 1676-0220<br />

9 771676 022092<br />

0 0 0 4 6<br />

Editorial<br />

Editorial<br />

<strong>03</strong><br />

10<br />

38<br />

06<br />

VI Conferência de PCH reúne principais autoridades do setor<br />

6th Meeting on SHP gathers main authorities of the sector<br />

Curtas<br />

News<br />

MME e <strong>CERPCH</strong> vistoriam as micro centrais Jatuarana e Novo Plano<br />

MME and <strong>CERPCH</strong> inspects micro-plants of Jatuarana and Novo Plano<br />

O PROINFA e a relação com o mercado atual de fontes alternativas<br />

PROINFA and the relation with today's market of renewables<br />

Marco Regulatório Ambiental<br />

Environmental Regulatory Mark<br />

Tempo de Mudanças<br />

A Time of Change<br />

Eventos<br />

Artigos Técnicos<br />

Agenda<br />

Espaço do Leitor<br />

Opinião<br />

Opinion<br />

Events<br />

Technical Articles<br />

Readers space<br />

13<br />

Schedule<br />

37<br />

33


Por Adriana Barbosa<br />

EVENTOS<br />

Leilão para Fontes Alternativas de Energias<br />

O leilão realizado em agosto foi amplamente discutido na Conferência,<br />

durante sua palestra o presidente da Empresa de Pesquisa<br />

Energética (EPE), Maurício Tolmasquim, enfatizou que os leilões<br />

resultaram na contratação de 2.892,2 MW de potência instalada.<br />

Em volume de energia, essa capacidade corresponde a 1.159,4<br />

MW médios. No geral, foram contratadas 70 centrais eólicas, 12 termelétricas<br />

à biomassa e sete pequenas centrais hidrelétricas<br />

(PCHs).<br />

Para Tolmasquim estes leilões completaram o que tinha sido planejado<br />

para 2013 e 2014. “Uma vez que estamos com um exce-<br />

VI CONFERÊNCIA DE PCH MERCADO & MEIO AMBIENTE<br />

REÚNE PRINCIPAIS AUTORIDADES DO SETOR<br />

O evento realizado entre os dias 01 e 02 de setembro, em São Paulo, promovido pelo Centro Nacional de Referência em Pequenas Centrais<br />

Hidrelétricas (<strong>CERPCH</strong>), juntamente com a Universidade Federal de Itajubá (MG) e com o apoio das Associações do setor, consolidouse<br />

como um evento anual no qual se busca discutir os principais aspectos referentes às Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs), abordando<br />

temas desde aspectos legais e institucionais, tecnologia aplicável, meio ambiente e análises econômicas.<br />

A conferência contou com a participação dos principais profissionais do setor, representantes do governo, ONGs e setor privado.<br />

Participaram da cerimônia de abertura o Secretário Executivo do <strong>CERPCH</strong>, Geraldo Lúcio Tiago Filho; o Presidente da Associação Brasileira<br />

de Geração de Energia Limpa (Abragel), Ricardo Nino Machado Pigatto, o presidente da Associação Brasileira dos Produtores Independentes<br />

de Energia Elétrica (APINE), Luiz Fernando Leone Viana, o presidente do Conselho da Câmara de Comercialização de Energia<br />

Elétrica (CCEE), Antônio Carlos Fraga Machado e Fernando das Graças Braga da Silva, representando o reitor da Universidade Federal de<br />

Itajubá (UNIFEI) Renato de Aquino Faria Nunes.<br />

Durante a 6ª edição da conferência, foram realizados painéis para a discussão sobre o espaço das energias renováveis na expansão da<br />

oferta de energia elétrica, além de comercialização de energia de PCHs nos Leilões.<br />

06<br />

dente grande e esse excedente é de energia renovável, os leilões<br />

quebraram dois paradigmas: a fonte eólica se mostrou mais barata<br />

que as demais e a ideia de que abastecer com quantidade grande<br />

(o fornecimento de energias alternativas) poderia ser irregular",<br />

acrescentou ele.<br />

Expansão de Ofertas<br />

Durante o painel o espaço das energias renováveis na expansão<br />

da oferta de energia elétrica o Coordenador Geral de Fontes<br />

Alternativas do Departamento de Desenvolvimento Energético do<br />

MME, Roberto Meira Júnior, enfatizou que o Brasil se destaca na matriz<br />

elétrica e ocupa uma posição privilegiada no cenário mundial.<br />

“O cenário brasileiro é diferenciado, uma vez que trabalha com fontes<br />

baratas e nossa matriz elétrica é baseada na energia hidráulica,<br />

e continuará sendo nos próximos vinte anos”, afirma Meira.<br />

Meira destaca que até 2<strong>03</strong>0 será considerado o aproveitamento<br />

de 180GW de um potencial de 260GW, essa diferença sé dá pelas<br />

questões ambientais onde está sendo revisto todos os conceitos visando<br />

um menor impacto ambiental.


th<br />

6 Meeting on SHP Market and the Environment<br />

gathers main authorities of the sector<br />

EVENTS<br />

Translation Adriana Candal<br />

The event held between September 1st and 2nd in the city of São Paulo, was organized by <strong>CERPCH</strong> (National Center of Reference for<br />

Small Hydropower Plants) together with the Federal University of Itajubá (MG) and had the support of the Association of the sector. It is a<br />

solid annual event where the participants debate the main aspects regarding Small Hydropower Plants (SHPs), approaching issues from legal<br />

and institutional aspects, technology, environment to economic analyses.<br />

The most important professionals of the sector, government representatives, NGOs and the private sector were present at the meeting.<br />

<strong>CERPCH</strong>'s Executive Secretáry, Mr. Geraldo Lúcio Tiago Filho, the president of Abragel (former APMPE) - the Brazilian association of<br />

small and medium electric power producers), Mr. Ricardo Nino Machado Pigatto, the President of APINE – Brazilian Association of Electric<br />

Power Independent Producers, Mr. Luiz Fernando Leone Viana and the president of the Board of the Electric Power Trading Chamber, Mr.<br />

Antônio Carlos Fraga Machado, and Prof. Fernando Das Graças Braga da Silva, representing the rector of the Federal University of Itajubá,<br />

Prof. Renato de Aquino Faria Nunes were present at the opening ceremony.<br />

During the 6th edition of the meeting, there were panels for the discussion about the space of the renewables in the expansion of the offer<br />

of electric power and the commercialization of the power from the SHPs in the auctions.<br />

Auction for Alternative Sources of Energy<br />

The action was carried out in August and was widely discussed<br />

in the meeting. During his lecture, the president of the Energy Research<br />

Company, Mr. Maurício Tolmasquim emphasized that the<br />

auctions resulted in a purchase of 2,892.2 MW of installed power.<br />

In power volume, this capacity corresponds to 1,159.4 MW on average.<br />

In general, there were trades with 70 wind plants, 12 biomass<br />

thermal power plants and 7 SHPs.<br />

For Mr. Tolmasquim these auctions completed what had been<br />

planned for 2013 and 2014. “Once we have a good amount of surplus<br />

and this surplus comes from renewables, the auctions broke<br />

two paradigms: the wind source showed itself to be cheaper than<br />

the others and the idea that supplying with a large amount (the supply<br />

of alternative energies) could be irregular", he continued.<br />

Offer Expansion<br />

During the panel “the space of renewable energy in the expansion<br />

of the electric power offer”, the General Coodinator of Alternative<br />

Sources of the Energy Development Department of MME, Mr.<br />

Roberto Meira Júnior, emphasized that Brazil has an outstanding<br />

electric matrix and occupies a privileged position in the world's scenario.<br />

“The Brazilian scenario is differentiated, once it works with<br />

cheap sources and our power matrix is based on hydraulic energy,<br />

and it will continue to be over the next 20 years”, said Mr. Meira.<br />

Mr. Meira highlighted that by 2<strong>03</strong>0 a potential of 180GW will be<br />

considered out of a potential of 260GW. This difference will take<br />

place because of environmental issues, whose all concepts are being<br />

reviewed aiming at smaller environmental impacts.<br />

07


Visita técnica<br />

Sessão técnica<br />

EVENTOS<br />

No dia <strong>03</strong> de setembro foi realizada uma visita técnica na unidade<br />

Voith, em São Paulo, onde a empresa foi apresentada aos participantes<br />

da Conferência. A visita incluiu, também, uma incursão<br />

pela linha de produção de turbinas da empresa.<br />

A VI Conferência recebeu cerca de 20 artigos técnicos, sendo<br />

que 15 foram aprovados pelo comitê avaliador da sessão.<br />

Os temas atendidos foram: Análise Financeira; Aspectos Legais<br />

e Institucionais; Mercado e Planejamento Energético; Meio Ambiente,<br />

Responsabilidade Social e Desenvolvimento Sustentável; Tecnologia<br />

e Desenvolvimento: a. Componentes Hidromecânicos/ b.<br />

Componentes Elétricos Mecânico/ c. Estruturas Hidráulicas/ d. Sistemas<br />

de Controle/ e. Subestação e Transmissão/ f. Levantamento<br />

de Dados de Campo/ g. Geotecnia e Geologia/ h. Monitoramento;<br />

Operação e Manutenção; Sistemas Híbridos; Geração Descentralizada<br />

e Sistemas isolados.<br />

A sessão foi coordenada pela Profa. Dra. Regina Mambeli Barros,<br />

docente do Instituto de Recursos Naturais da Universidade Federal<br />

de Itajubá (<strong>Unifei</strong>).<br />

Alguns dos trabalhos apresentados na Conferência estão publicados<br />

na sessão técnica desta revista.<br />

2011<br />

08<br />

II EXPOPCH<br />

O evento contou com segunda edição da EXPOPCH, uma exposição<br />

de visitação gratuita aberta ao público empresarial e acadêmico,<br />

para a apresentação de equipamentos, tecnologias, produtos<br />

e serviços voltados à implantação e gestão de PCHs.<br />

A exposição teve por objetivo integrar os fabricantes com os<br />

agentes do setor com o intuito de disseminar tecnologias e propiciar<br />

possíveis negócios.<br />

Participaram da EXPOPCH as empresas Voith Hydro; Alstom;<br />

Grupo Energisa; Furnas; Andritz Hydro; Semi; Aproer; Areva Koblitz;<br />

CAF; CAPES; Hidromarc; Automatic; Hacker; Metrum; Renkzanini;<br />

Equacional; Água&Solo; ABB; Brevil; Metálica 3D; Enge-<br />

Sat; Demuth; Surface; Zebron; Vortex; Automatronic; Geomensura;<br />

Siemens; Mecamidi; Grameyer.<br />

Rodada de Negócios<br />

A rodada de negócios foi realizada no final do primeiro dia do<br />

evento e contou com a participação de diversas empresas do setor,<br />

visando propiciar um contato inicial entre empresas consumidoras<br />

e provedoras de soluções para PCHs, uma vez que compareceram<br />

ao evento empresas de Brasil e do exterior.<br />

A VII Conferência de PCH - Mercado e Meio acontecerá em agosto de 2011, em São Paulo - SP.<br />

O evento conta com a participação dos principais profissionais do setor, representantes do governo, ONGs e setor privado.<br />

Para mais informações entrar em contato com Adriana Barbosa<br />

pchcomunicacao@unifei.edu.br


2011<br />

Technical Visit<br />

On September 3rd there was a technical visit at Voith in São<br />

Paulo, where the company was introduced to the participants of the<br />

meeting. The visit also included a tour around the turbine production<br />

line of the company.<br />

Technical Session<br />

The 6th meeting received about 20 technical articles out of<br />

which 15 were approved by the evaluating committee of the session.<br />

The themes were: Financial Analysis, Legal and Institutional Aspects,<br />

Energy Market and Planning, Environment, Social Responsibility<br />

and Sustainable Development, Technology and Development:<br />

a) Hydro-mechanical Components Hidromecânicos; b) Electrical<br />

and Mechanical Components; c) Hydraulic Structures; d) Control<br />

Systems; e) Substation and Transmission; f) Field Data Collection;<br />

g) Geotechnology and Geology; and h) Monitoring; Operation<br />

and Maintenance, Hybrid Systems, Decentralized Generation and<br />

Isolated Systems.<br />

The session was coordinated by Professor Regina Mambeli<br />

Barros, PhD from the Institute of Natural Resources of the Federal<br />

University of Itajubá (<strong>Unifei</strong>).<br />

Fotos: Érika Cunha<br />

EVENTS<br />

Some of the papers presented during the meeting are published<br />

in the technical session of this magazine.<br />

2nd EXPOPCH<br />

It was he second time this event took place. EXPOPCH is an<br />

open exhibition of equipment, technologies, products and services<br />

regarding the implementation and management of SHPs.<br />

The exhibition aims at integrating the manufacturers and the<br />

agents of the sector in order to disseminate new technologies and<br />

promote possible deals.<br />

Companies such as Voith Hydro, Alstom, Grupo Energisa,<br />

Furnas, Andritz Hydro, Semi, Aproer, Areva Koblitz, CAF, CAPES,<br />

Hidromarc, Automatic, Hacker, Metrum, Renkzanini, Equacional,<br />

Água&Solo, ABB, Brevil, Metálica 3D, EngeSat, Demuth, Surface,<br />

Zebron, Vortex, Automatronic, Geomensura, Siemens, Mecamidi<br />

and Grameyer participated in EXPOPCH.<br />

Trading<br />

The trading round was carried out at the end of the first day of<br />

the event and several companies of the sector participated, aiming<br />

at providing a first contact between consuming companies and<br />

companies that provide solutions for SHP. Brazilian and foreign<br />

companies participated in the event.<br />

The 7th Meeting on SHP Market and the Environment will be held in São Paulo in 2011.<br />

The most important professional of the sector, government representatives, NGOs and the private sector participate in<br />

the event.<br />

For more information contact Adriana Barbosa: pchcomunicacao@unifei.edu.br<br />

09


CURTAS<br />

MME E <strong>CERPCH</strong> VISTORIAM AS MICRO CENTRAIS JATUARANA E NOVO PLANO<br />

Por Juliana Cunha<br />

As micro centrais (µCH) Jatuarana e Novo Plano, localizada em<br />

Rondônia, foram vistoriadas no mês de maio pela equipe do Centro<br />

Nacional de Referência em Pequenas Centrais Hidrelétricas<br />

(<strong>CERPCH</strong>) e representantes do Ministério de Minas e Energia<br />

(MME). A vistoria objetiva verificar a sustentabilidade dos projetos<br />

para que novos modelos sejam replicados na região norte.<br />

Localizada a aproximadamente 90 Km de Belterra e a 140 Km<br />

de Santarém, no Pará, a µCH Jatuarana é um exemplo de sucesso.<br />

Com uma potência de 55 kW a µCH atende as necessidades energéticas<br />

de 36 famílias pertencentes às comunidades de Nova Olinda<br />

e Santa Luzia. Antes da construção de Jatuarana, poucas famílias<br />

tinham abastecimento de energia elétrica. Muitas delas usavam<br />

geradores elétricos movidos a diesel de pequena potência ou usavam<br />

lamparinas a querosene ou lampiões a gás.<br />

A simplicidade das instalações e equipamentos de Jatuarana é<br />

um dos fatores que levam a µCH a ter um bom funcionamento. Os<br />

próprios moradores da comunidade operaram e realizam a manutenção<br />

na central, garantindo sua perenidade.<br />

Já µCH Novo Plano possui potência de 76 kW e está situada a 70<br />

Km do município de Chupinguaia, em Rondônia e a 160 Km de Pimenta<br />

Bueno. A região conta com uma associação composta por<br />

aproximadamente 60 pessoas, mas apenas quatro famílias dispõem<br />

de energia elétrica, o restante utiliza lampiões e lamparinas.<br />

A comunidade já contava com um arranjo de desvio, com regime<br />

operativo de fio d'água. Dessa forma, houve um aproveitamento<br />

de toda a estrutura já existente para a construção da µCH.<br />

Em Novo Plano, a equipe do <strong>CERPCH</strong> realizou uma reunião com<br />

a associação de moradores, onde a comunidade questionou a falta<br />

da linha de transmissão na região e o fato de somente três famílias<br />

receberem a energia elétrica. O engenheiro civil do <strong>CERPCH</strong>, Helmo<br />

Lemos, explicou que ficou acordada com a Central Elétrica de<br />

Rondônia (CERON), a implantação de uma linha de transmissão<br />

através do projeto Luz para Todos, mas o engenheiro acredita que<br />

concessionária de energia não detectou vantagem em instalar uma<br />

linha independe do sistema interligado.<br />

Lemos conta que além da equipe do <strong>CERPCH</strong> e do MME, participaram<br />

da reunião vereadores de Chupinguaia e um representante<br />

da Eletrobrás que tomou conhecimento da situação de Novo Plano<br />

a fim de auxiliar no processo de implantação de uma linha de transmissão<br />

em Chupinguaia. O MME estabeleceu um acordo com a comunidade<br />

para que ela faça a operação e manutenção da µCH.<br />

Lemos acredita que com a chegada do Luz pra Todos em Novo<br />

Plano mais casas serão atendidas além da possibilidade da implantação<br />

de indústrias ou empresas para melhorar a renda da comunidade.<br />

"Eles vão poder usar a energia para gerar renda para comunidade,<br />

pois podem fazer uma linha separada da energia do Luz para<br />

Todos ou interligar, mas para que isso se torne realidade a<br />

CERON precisa avaliar se compensa para eles ou não."<br />

A equipe do <strong>CERPCH</strong> estará de volta à região nesse mês para<br />

instruir e capacitar responsáveis da associação, para que haja uma<br />

constante manutenção em Novo Plano.<br />

Quando o assunto é o sucesso de Jatuarana, ele explica que há<br />

outra realidade no desenvolvimento e manutenção da µCH. Ele con-<br />

10<br />

ta que um fabricante de turbina e construtor de redes isoladas da<br />

região assumiu junto à comunidade a operação da central, promovendo<br />

uma constante manutenção da mesma. Dessa forma, toda a<br />

região é atendida pela microcental "ano passado houve uma cheia<br />

no local e parte da central foi destruída e a empreiteira restaurou a<br />

casa de máquinas, parte do canal e colocou luz elétrica para a comunidade,<br />

inclusive com linha trifásica." Ele afirma que a única preocupação<br />

da empreiteira é ter constantemente alguém da comunidade<br />

responsável pela manutenção da µCH.<br />

Ele conta que no local de instalação de Jatuarana já existia uma<br />

pequena central que recebeu reforma na barragem, instalação da<br />

tomada d'água, troca de conduto e restauração da casa de máquinas.<br />

Além disso, foi instalado um sistema mais tecnicamente viável<br />

no local. "Eles tem uma energia de qualidade de baixo custo, pois a<br />

comunidade fez um acordo com a empreiteira e é cobrada uma pequena<br />

taxa para manutenção da µCH. A comunidade está bem servida<br />

e satisfeita com a geração de energia de Jatuarana."<br />

A pesquisadora Elaine Regina Bortoni visitou as duas comunidades<br />

e fez o levantamento indicativo socioeconômico da região e<br />

comparou o antes e o depois da implantação das µCHs e a mudança<br />

na vida das famílias da região. A visita objetivou a melhoria da<br />

qualidade e expectativa de vida após a entrada da energia elétrica<br />

na comunidade "existem famílias que tem linhas de transmissão na<br />

frente de casa, mas não tem energia. Então eu fiz um levantamento<br />

da expectativa das famílias ao receber energia das µCHs e da<br />

CERON."<br />

Elaine conta que é visível a melhoria de vida após a chegada da<br />

eletricidade. "Com a chegada da energia houve uma melhora significativa<br />

em situações básicas do dia a dia das pessoas como alimentação<br />

e higiene." A pesquisadora conta que o cenário das casas<br />

também já não são os mesmos "as casas já possuem geladeira<br />

e liquidificador. Agora, eles podem produzir extrato das frutas tropicais<br />

para comercialização interna." Ela conta que também há um<br />

projeto de construção de um hotel turístico que irá aquecer a economia<br />

da região.<br />

Ela afirma que para alcançar melhorias como essas é imprescindível<br />

a participação efetiva das associações de cada comunidade<br />

e líderes comunitários atuantes que realmente queiram ver os<br />

resultados do empreendimento na região.<br />

"isso é de caráter decisório para o sucesso de uma µCH", conclui<br />

a pesquisadora.


NEWS<br />

MME AND <strong>CERPCH</strong> INSPECTS MICRO-PLANTS OF JATUARANA AND NOVO PLANO<br />

The micro-plants (µCH) of Jatuarana and Novo Plano, located in<br />

Rondônia, were inspected in May by the <strong>CERPCH</strong> team and representatives<br />

of the Ministry of Mines and Energy (MME). The inspection<br />

aimed at checking the sustainability of the projects so that new<br />

models can be re-used in the North Region.<br />

Located approximately 90 Km from Belterra and 140 Km from<br />

Santarém in the state of Pará, Jatuarana µCH is an example of success.<br />

Having a power of 55 kW, the µCH meets the energy demands<br />

of 36 families that belong to the communities of Nova Olinda and<br />

Santa Luzia. Before the construction of Jatuarana, a few families<br />

had electric power supply. Many of them used small capacity diesel<br />

electricity generators or lamps that burned kerosene or gas.<br />

The simplicity of the installations and of the equipment used at<br />

Jatuarana is one of the factors that led the µCH to have a good operation.<br />

The dwellers of the communities operate and carry out the<br />

maintenance of the plant.<br />

Novo Plano µCH hás a Power of 76 kW and is located 70 Km<br />

from the city of Chupinguaia, in the state of Rondônia and 160 Km<br />

from PimentaBueno. The region has an association formed by approximately<br />

60 people, but only four families have electric power,<br />

the others use lamps. The community already had a deviation arrangement<br />

that operated at a run-of-river regime. This way, the<br />

whole existing structure was used for the construction of the µCH.<br />

At Novo Plano <strong>CERPCH</strong>'s team carried out a meeting with the<br />

dweller association, where the community questioned the lack of<br />

power lines in the region and the fact that only three families receive<br />

electric power. <strong>CERPCH</strong>'s civil engineer, Mr. HelmoLemos, explained<br />

that there was an agreement with the Electric Company of<br />

Rondônia (CERON) that forecast the implementation of a power<br />

line through the project 'Light for Everyone', but the engineer believes<br />

that the utility did not see any advantage regarding the installation<br />

of an line independent from the interconnected system.<br />

Mr. Lemos says that besides <strong>CERPCH</strong>'s and MME's teams, representatives<br />

of the city council of Chupinguaia and one representative<br />

of Eletrobrás, who became aware of the situation in Novo Plano<br />

in order to help in the process to implement a power line in<br />

Chupinguaia, participated in the meeting. The MME established an<br />

agreement with the community and the community itself will be in<br />

Fotos: Arquivo <strong>CERPCH</strong><br />

Translation Adriana Candal<br />

charge of the operation and maintenance of the µCH.Mr. Lemos believes<br />

that with the arrival of 'Light for Everyone' in Novo Plano<br />

more houses Will have electricity, in addition to the possibility of<br />

the installation of industries or companies to improve the income of<br />

the community. “They will be able to use the energy to generate income<br />

for the community, for they can make a separate line from<br />

'Light for Everyone' or interconnect, but for that to become a reality,<br />

CERON must assess whether it compensates for the company<br />

or not.”<br />

<strong>CERPCH</strong>'s team will be back to the region this month to teach<br />

the people of the association that will be in charge of the plant, so<br />

that there will be a constant maintenance in Novo Plano.<br />

When the subject is the success of Jatuarana, he explains that<br />

there is another reality in the development and maintenance of the<br />

µCH. He says that a turbine manufacturer and isolated grid constructor<br />

of the region assumed the operation of the plant with the<br />

community, providing its constant maintenance. This way, all the<br />

region is assisted by the plant, “last year there was a flood at the<br />

place and parte of the plant was destroyed and the contractor repaired<br />

the powerhouse, part of the channel and gave electricity to<br />

the community, including a three-phase line”. He says that the only<br />

concern of the contractor is to have a person of the community that<br />

is constantly responsible for the maintenance of the µCH.<br />

He also says that the there was already a small plant where<br />

Jatuarana was installed. The dam, the intake installation, the pipes<br />

and the powerhouse were refurbished. In addition, a more technically<br />

feasible system was installed. “They have a low cost quality energy,<br />

for the community made a deal with the contractor and a<br />

small fee is charged for the maintenance of the µCH. The community<br />

is well-served and satisfied with the generation of energy of<br />

Jatuarana.”<br />

Researcher Ms. Elaine Regina Bortoni visited both communities<br />

and carried out a socio-economic indicative study and compared<br />

the situations before and after the implementation of the µCHs and<br />

the changes in the life in the families of the region. The visit aimed<br />

at the improvement of the life quality and life expectancy after the<br />

electricity arrived in the community. “There are families that have<br />

power lines in front of their houses, but they do not have energy.<br />

Then I carried out a study on the expectation of the families to receive<br />

energy from the µCHs and CERON.”<br />

Ms. Bortoni says that the improvement in life is tangible after<br />

the arrival of electricity. “There was a significant improvement in<br />

daily basic situations of the people such as eating and hygene habits<br />

after the arrival of the energy.” The researcher says that the<br />

houses are also different, “for now they have fridges and blenders.<br />

Now they can produce fruit extract for internal commercialization.”<br />

There is also a project to build a touristic hotel that will warm up the<br />

economy of the region.<br />

She said that in order to reach improvement such as these, it is<br />

mandatory the effective participation of the association of the communities<br />

and their leaders if they really want to see the results of<br />

the enterprise in their region, “this is of the utmost importance for<br />

the success of a µCH”, she concluded.<br />

11


Technical Articles Seccion<br />

BARREIRAS DE LUZ ESTROBOSCÓPICA – UMA ALTERNATIVA PARA O USO EM PARADAS DE TURBINAS HIDRÁULICAS<br />

L.G.M. SILVA, C.B. MARTINEZ<br />

APLICAÇÃO DE TÉCNICAS DE METAMODELAGEM – COMPARAÇÃO DE FUNÇÕES DE BASE RADIAL E SUPERFÍCIE DE<br />

RESPOSTA POLINOMIAL<br />

Edna Raimunda da Silva, Ramiro G. Ramirez Camacho<br />

MODELAGEM COMPUTACIONAL DE OSCILAÇÃO DE MASSA EM CHAMINÉ DE EQUILÍBRIO UTILIZANDO DIFERENÇAS<br />

FINITAS DISCRETIZADAS PELO ESQUEMA DIFUSIVO DE LAX<br />

Edgar Alberti Andrzejewski, Eloy Kaviski<br />

SUGESTÃO DE CRITÉRIOS AMBIENTAIS PARA AVALIAÇÃO DE IMPACTO AMBIENTAL DE PEQUENAS CENTRAIS<br />

HIDRELÉTRICAS NA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO DO PEIXE – SC<br />

Mauricio Perazzoli, Solange da Veiga Coutinho, Júlio César Moschetta da Silva<br />

Classificação Qualis/Capes<br />

III<br />

INTERDISCIPLINAR<br />

B5ENGENHARIAS<br />

ENGENHARIAS I<br />

Áreas de: Recursos Hídricos<br />

Meio Ambiente<br />

Energias Renováveis e não Renováveis<br />

14<br />

19<br />

24<br />

27<br />

13<br />

TECHNICAL ARTICLES<br />

ARTIGOS TÉCNICOS


ARTIGOS TÉCNICOS<br />

BARREIRAS DE LUZ ESTROBOSCÓPICA -<br />

UMA ALTERNATIVA PARA O USO EM PARADAS DE TURBINAS HIDRÁULICAS<br />

1 - INTRODUÇÃO<br />

A questão ambiental é um fator que tem tomado proporções<br />

consideráveis do ponto de visa social e econômico com o passar<br />

das últimas décadas. Sendo assim, as avaliações ambientais e a fiscalização<br />

de empreendimentos têm sido elaboradas com maior rigor.<br />

Este quadro de preocupação ambiental é de certa forma amparada<br />

pelas leis ambientais, que vem sendo criadas a todo o momento,<br />

a nível Federal, Estadual e até mesmo Municipal. Com isso,<br />

diversos empreendedores estão buscando se adequar às condições<br />

ambientais atualmente impostas, de modo a evitar desastres<br />

ambientais.<br />

Com relação ao setor elétrico, um dos maiores problemas ambientais<br />

enfrentados por esse setor diz respeito aos impactos causados<br />

sobre as populações de peixes. Sendo assim, estes empreendedores<br />

buscam, constantemente, medidas que visem mitigar esses<br />

impactos. Os impactos causados sobre a ictiofauna devido a<br />

construção de barramentos para geração de energia elétrica em<br />

cursos d'água são sentidos tanto a montante quanto a jusante da<br />

barragem. Sendo assim, considerando-se o corpo do reservatório,<br />

as mudanças causadas em função da implantação de um barra-<br />

1<br />

L.G.M. SILVA<br />

C.B. MARTINEZ<br />

RESUMO<br />

O crescimento econômico e populacional do Brasil nos últimos oitenta anos se constituiu em uma pressão crescente sobre os meios de<br />

produção nacional. Dessa forma a demanda por recursos naturais aumentou de forma considerável. Apesar das novas tecnologias serem,<br />

em geral, mais eficientes que as que as precederam, o aumento do consumo de produtos minerais e de energia tem sido considerável. Se<br />

por um lado se tem sistemas mais eficientes por outro lado convive-se com um processo de uso indiscriminado de equipamentos e de energia.<br />

No Brasil, em 2005, cerca de 44,5% da (Oferta Interna de Energia) OIE era originária de fontes renováveis, enquanto que no mundo<br />

essa taxa é de 13,2% e nos países membros da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OECD) é de apenas 6,1%.<br />

Do total de 44,5% da OIE Brasileira, 14,8% correspondem à geração hidráulica e 29,7% a outras fontes renováveis. Os 55,5% restantes<br />

da OIE vieram de fontes fósseis e outras não renováveis (BEN, 2006). Pode-se perceber, por esses dados, que no Brasil existe um grande<br />

desenvolvimento do parque gerador de energia hidrelétrica. Nesta perspectiva, estimativas recentes apontam que existem no Brasil mais<br />

de 700 barragens para produção de eletricidade (Agostinho et.al, 2007). Além disso sabe-se que cerca de 95% da energia elétrica gerada<br />

no país é advinda de hidroeletricidade (Godinho & Kynard, 2008). Apesar de ser considerada “energia limpa” pelo fato de não gerar resíduos<br />

tóxicos de seu processo, a construção de barramentos em cursos d'água geram uma série de impactos sobre a biota aquática e constitui<br />

uma das principais ameaças a manutenção da biodiversidade de ecossistemas aquáticos.<br />

Um dos impactos sobre a ictiofauna, tanto a montante quanto a jusante de um determinado barramento, é a mortandade de peixes<br />

em turbinas de usinas hidrelétricas. Uma forma de impedir a entrada dos peixes em áreas de risco nas usinas hidrelétricas é a utilização de<br />

sistemas de direcionamento de peixes como alternativa para a proteção de cardumes próximos a barragens existentes. Dentre as alternativas<br />

cotejadas tem-se a utilização de barreiras físicas, tais como telas ou grades principalmente em áreas sem a influência direta de um<br />

grupo gerador. Em usinas hidrelétricas, em função da perda de carga e de geração, as barreiras físicas tornam-se indesejáveis. Uma outra<br />

alternativa é o uso de barreiras consideradas “não físicas” como por exemplo as barreiras com luz. Dentro desse contexto esse trabalho<br />

apresenta a avaliação do uso de luz estroboscópica para repulsão de duas espécies de peixes brasileiros de água doce. As espécies cotejadas<br />

são o piau três pintas “Leporinus renhardtii” e o lambari do- rabo-amarelo “Astyanax bimaculatus”. Para isso, avaliou-se o comportamento<br />

dos peixes em um aparto de teste utilizando-se 4 grupos experimentais distintos, sem luz estroboscópica (grupo controle) e com<br />

três diferentes configurações de emissão de flashes (92, 360 e 720 flashes/min–grupos teste). Os resultados demonstram que a luz estroboscópica<br />

pode ser eficiente para repelir piaus e lambaris utilizando-se freqüência de 720 flash/min por pelo menos um período de 1 hora.<br />

14<br />

Palavras - chave: Barreiras não físicas, turbinas amigáveis, usinas hidrelétricas, mortandade de peixes<br />

1)Doutorando em Engenharia Mecânica (PPGMEC) – Universidade Federal de Minas Gerais , CPH - e-mail luictio@terra.com.br.<br />

2)Professor Orientador do PPGEMEC e SMARH da UFMG, CPH - e-mail martinez@cce.ufmg.br.<br />

2<br />

mento envolvem alterações consideráveis nas interações entre os<br />

organismos e a dominância de espécies, modificações das condições<br />

físico-químicas da água, eutrofização e deterioração da qualidade<br />

da água, alterações das inter-relações dos ecossistemas terrestre/lacustre,<br />

inundação de áreas sazonalmente alagáveis e aumento<br />

do número de parasitas dos peixes, Baxter, R. M. (1977),<br />

Tundisi, J. (1978), Agostinho, et al (1992).<br />

A jusante do barramento observa-se impactos que se referem a<br />

alterações do fluxo de água, supersaturação gasosa e aumento do<br />

nível de predação próximos à barragem, além de controlarem o regime<br />

de cheias, Baxter, R. M. (1977) e Tundisi, J. (1978),<br />

Outro impacto observado quando da construção de barragens<br />

para geração de energia elétrica é a interrupção de rotas migratórias<br />

para as espécies migradoras Tundisi, J. (1978) e Agostinho, et<br />

AL, (1993). Dessa forma, a tendência é que se formem acúmulos<br />

de peixes no sopé das barragens. Este acúmulo acaba desencadeando<br />

outros impactos, tais como a mortandade de peixes em turbinas<br />

hidráulicas. Este evento ocorre principalmente durante as manobras<br />

de parada de máquinas para manutenção. A mortandade<br />

neste caso encontra-se associada à entrada de cardumes de peixes


no interior dos tubos de sucção durante a parada. Eventos de mortandade<br />

são também observados quando da passagem de peixes<br />

por turbinas no sentido montante-jusante.<br />

Mortalidades de peixes provocadas dessa forma são consideradas<br />

danos à fauna tanto pela legislação federal (e.g., Lei de Crime<br />

Ambientais, Lei 9.605 de 13/02/98) quanto pela estadual (e.g., lei<br />

da pesca de Minas Gerais, Lei 14.181 de 17/01/2002) e, portanto,<br />

sujeita as penalidades previstas. Dessa forma, o desenvolvimento<br />

de sistemas que causem a repulsão de peixes de áreas de risco em<br />

usinas hidrelétricas tem sido de total interesse por parte do setor<br />

elétrico. Alguns sistemas tem sido testados, principalmente no<br />

EUA e Canadá. V Simpósio Brasileiro Sobre Pequenas e Médias<br />

Centrais Hidrelétricas 2 Um dos sistemas utilizados envolve a utilização<br />

de barreiras físicas. No entanto estes sistemas não são muito<br />

aconselháveis devido à perda de carga. Dessa forma, sistemas<br />

tais como barreiras elétricas, cortinas de bolhas, luz estroboscópica<br />

e som estão sendo testados.<br />

Frente a todos os problemas citados, o presente trabalho objetiva<br />

apresentar uma breve contextualização da utilização de luz estroboscópica<br />

para repulsão de peixes e os resultados iniciais obtidos<br />

em laboratório de testes realizados para se avaliar o comportamento<br />

de espécies de peixes brasileiros submetidos à luz estroboscópica.<br />

2 – LUZ ESTROBOSCÓPICA<br />

A luz é um estímulo primário para peixes e várias espécies têm<br />

sistemas visuais bem desenvolvidos, Königson et. al. (2002). Luz<br />

constante, luz estroboscópica, e som são fenômenos físicos complexos.<br />

Desta forma esses fenômenos têm sido utilizados por biólogos<br />

e pescadores na tentativa de se concentrar, redistribuir ou<br />

guiar peixes (Ploskey & Johnson, 2001). De acordo com estes autores,<br />

luz estroboscópica é definida como um dispositivo capaz de<br />

emitir flashes de luz extremamente rápidos, curtos e brilhantes.<br />

Luz estroboscópica tem demonstrado eficácia para repulsão de várias<br />

espécies de peixes de regiões de clima temperado quando utilizada<br />

na freqüência de emissão de 300 flashes/min (Patrick, et al.,<br />

1985; Sager & Hocutt, 1987; Sager, et al., 2000a, Sager et al.,<br />

2000b; Johnson et al., 2001; Ploskey & Johnson, 2001).<br />

No hemisfério norte testes tem indicado que jovens de salmão<br />

e alguns outros peixes respondem de forma efetiva ao estimulo luminoso.<br />

Entretanto a natureza da resposta, se de atração ou repulsão,<br />

depende do estado de aclimatação do peixe à luz do ambiente<br />

e da intensidade de luz utilizada nos testes (Nemeth & Anderson,<br />

1992 apud Ploskey & Johnson, 2001).<br />

No caso de estudos com enguias (Amercian eels), Patrick et. al.<br />

(2001), avaliou a resposta de a luz estroboscópica. O objetivo dos<br />

ensaios era guiá-las para regiões de passagens alternativas em<br />

grandes barragens hidroelétricas. Esse tipo de estudo foi desenvolvido<br />

visando reduzir o declínio das populações destes peixes. Um<br />

dos principais motivos por esse declínio populacional é atribuído<br />

principalmente, pela falta de condições destes peixes de transporem<br />

as barragens no sentido montante-jusante. Nesse caso os resultados<br />

obtidos indicaram que indivíduos, tanto jovens quanto<br />

adultos de enguias, demonstraram comportamento de repulsão<br />

frente ao estímulo com luz estroboscópica em diferentes freqüências<br />

de emissão de flashes (66, 200, 484, 748 e 1090 flashes/min),<br />

ARTIGOS TÉCNICOS<br />

embora o tempo de resposta para os grupos de enguias tenha variado.<br />

Visando avaliar a repulsão de jovens de salmão à luz estroboscópica,<br />

com relação ao seu deslocamento vertical na coluna<br />

d'água, Johnson et. al., 2001; Ploskey & Johnson, 2001, desenvolveram<br />

um conjunto de estudos. Os resultados indicam que luz estroboscópica<br />

pode ser eficiente para guiar jovens de salmão verticalmente,<br />

em diferentes freqüências de emissão de flashes (300 e<br />

450 flashes/min). A aplicação desse conhecimento permite guiar<br />

os indivíduos para estruturas de passagem no sentido montantejusante.<br />

Essa ação pode colaborar para diminuir as taxas de mortalidade<br />

quando da passagem por turbinas.<br />

Sager et. al. (1987) e Sager et. al. (2000a) apresentaram um<br />

conjunto de fatores importantes que devem ser levados em conta<br />

quando da realização de testes com luz estroboscópica. Esses fatores<br />

devem ser seguidos para que o sistema seja considerado como<br />

eficiente. Uma das condições é que o estímulo tem que ser o suficiente<br />

para que a reação seja sustentada por longos períodos de tempo,<br />

ou seja, o peixe não pode se aclimatar ao estímulo de luz fornecido.<br />

Outra condição importante é a realização de teste em diferentes<br />

condições de luz natural, ou seja, devem-se avaliar as respostas<br />

a serem obtidas com o estímulo de luz estroboscópica durante a<br />

noite e também durante o dia, de modo que a iluminação do seu<br />

ambiente de teste seja diferenciada. Por último, diferentes freqüências<br />

de emissão de flashes devem ser testadas para que sejam<br />

avaliados os diferentes comportamentos e os tempos de resposta<br />

à cada uma das freqüências.<br />

De modo geral, o que se observa com relação aos estudos referentes<br />

à utilização de luz estroboscópica para a repulsão de peixes<br />

em áreas de risco em usinas hidrelétricas é que a grande maioria<br />

dos estudos ainda se concentra na obtenção de dados em laboratório.<br />

Poucos estudos têm relatado o desenvolvimento de trabalhos<br />

para se avaliar o uso de luz estroboscópica em campo (Maiolie et.<br />

al., 1997; Maiolie et. al., 2001; Ploskey & Johnson, 2001, Königson<br />

et. al., 2002). Outro fator importante é a concentração dos estudos<br />

para avaliação do comportamento de espécies típicas de ambientes<br />

temperados frente a estímulos de luz fornecidos. Certamente,<br />

nossas espécies tropicais poderão apresentar comportamentos<br />

bem diferenciados diante dos estímulos.<br />

3 – TESTES REALIZADOS<br />

Para esse tipo de estudo utilizou-se duas espécies durante os<br />

experimentos, quais sejam: O piau três pintas “Leporinus renhardtii”<br />

e o lambari-do-rabo-amarelo “Astyanax bimaculatus”. A figuras<br />

1e2aseguir mostram as exemplares das espécies utilizadas. A importância<br />

ecológica desses peixes reside no fato de serem espécies<br />

consideradas, reofílicas, ou seja, espécies que necessitam de ambientes<br />

lóticos para completarem seu ciclo de vida. Assim essas são<br />

duas das espécies afetadas pela implantação de empreendimentos<br />

hidrelétricos. Para a realização dos primeiros testes em laboratório,<br />

utilizou-se como aparato experimental uma bancada de teste<br />

(aquário) retangular de 2 x 4,5 x 0,5 metros. Esta bancada de teste<br />

possui um vão central, de modo a possibilitar a que os peixes circulem<br />

em diferentes áreas ao longo da estrutura. Isto também possibilita<br />

que a aplicação do estímulo a ser testado durante os experimentos<br />

seja restrito a apenas um setor da bancada. Assim todo o<br />

15


ARTIGOS TÉCNICOS<br />

aquário foi revestido com papel preto fosco, de modo a isolar toda a<br />

estrutura, deixando-se apenas uma janela de observação de 0,80<br />

metros. No canto direito desta janela foi instalada uma fonte de luz<br />

estroboscópica de 750 W de potência e amplitudes mínima e máxima<br />

de emissão de flashes/min de 92-760 flashes, respectivamente.operar<br />

com fluxos nas redes de interligação próximos de zero durante<br />

todos os patamares de carga. A figura 3 apresenta a bancada<br />

de teste utilizado nesse trabalho.<br />

FIGURA 1–Exemplar de lambari-do-rabo-amarelo (astyanax bimaculatus).<br />

FIGURA 2–Exemplar do piau-três-pintas (leporinus reinhardtii)<br />

FIGURA 3-Bancada de testes utilizada com revestimento de papel preto<br />

fosco com a janela de observação e o equipamento de luz estroboscópica.<br />

Durante todos os testes realizados manteve-se o sistema de circulação<br />

de água do aquário acionado, de modo a se criar um fluxo<br />

constante no sistema. Assim, criou-se um ambiente onde os peixes<br />

têm a possibilidade de se deslocar contra ou a favor da corrente. A<br />

movimentação dos peixes pela bancada de teste faz com que os indivíduos<br />

passem diante da janela de observação. Nesse caso o movimento<br />

pode ser de subida (contra a vazão) ou de descida (a favor<br />

da vazão).<br />

Nos experimentos tilizaram-se 4 grupos de indivíduos. O grupo<br />

16<br />

controle foi considerado como sendo aquele onde a luz estroboscópica<br />

permaneceu desligada. Os demais grupos foram considerados<br />

como grupos teste. Para cada um deles variou-se a freqüência de<br />

emissão de flashes em 92, 360 e 720 flashes/min, respectivamente,<br />

mantendo-se a potência máxima do equipamento, ou seja, 750<br />

W. Cada bateria de testes teve a duração de uma hora. Durante este<br />

período, uma câmera JVC, utilizando uma fita VHS, filmou a passagem<br />

dos peixes pelo visor. Após a filmagem a analisaram-se as<br />

imagens para a contagem do número de indivíduos de cada espécie<br />

que passou pela janela de observação, determinando-se o sentido<br />

de sua movimentação (subida ou descida). Foram contados apenas<br />

os peixes que passavam completamente pelo local onde se afixou<br />

a fonte de luz. Para cada grupo experimental realizaram-se duas<br />

baterias de testes, sendo uma no período de 11:00 às 12:00 horas<br />

e a segunda no período de 17:00 às 18:00 horas, conforme as<br />

recomendações de Sager et. al. (1987) e Sager et. al. (2000a).<br />

Dessa forma, ao final das análises obtiveram-se valores médios<br />

do número de peixes de cada espécie registrados na janela de observação<br />

em movimento de subida ou descida, respectivamente,<br />

durante o período de uma hora. Ressalta-se que os peixes contados<br />

não foram identificados individualmente, de modo que um mesmo<br />

indivíduo pode ter sido contado várias vezes, sendo o valor registrado<br />

equivalente ao número de peixes transitando pela área da<br />

janela de observação.<br />

4 – RESULTADOS PRELIMINARES<br />

Os resultados obtidos estão apresentados nas tabelas 1 e 2. Na<br />

tabela 1 apresentam-se os valores médios da passagem de indivíduos<br />

de piau três pintas (leporinus reinhardtii) pela janela de observação<br />

para cada grupo experimental testado. A figura 4 apresenta<br />

as curvas de subida e descida do leporinus reinhardtii. Como<br />

se pode observar, freqüências de emissão de flashes de até 360 flashes/min<br />

não aparentam causar repulsão em piaus da espécie leporinus<br />

reinhardtii, tendo em vista o número expressivo de peixes<br />

transitando pela janela de observação. Nestas freqüências pode-se<br />

dizer que a luz pode modificar ligeiramente o comportamento desta<br />

espécie, tendo em vista a variação no número médio de indivíduos<br />

passando pela janela de observação quando comparado com<br />

o grupo controle.<br />

Ressalta-se a variação considerável no número médio de indivíduos<br />

passando pela janela de observação, sendo de 85% durante<br />

o deslocamento de subida e 98% para o deslocamento de descida,<br />

comparando-se o grupo controle com o grupo teste utilizando-se<br />

freqüência de 720 flashes/min. Essa variação expressiva pode significar<br />

que a partir desta configuração o sistema de luz estroboscópica<br />

provoque repulsão de uma parcela expressiva de leporinus reinhardtii,<br />

durante o período de 1 hora.<br />

TABELA 1: Número médio de indivíduos de piau três pintas<br />

(leporinus renhardtii) registrados em deslocamento de subida ou descida<br />

pela janela de observação do aparato<br />

Grupo Experimental<br />

Grupo controle*<br />

92 flashes/min**<br />

360 flashes/min**<br />

720 flashes/min**<br />

Número médio de indivíduos<br />

Subida Descida<br />

1235<br />

964<br />

657<br />

339<br />

781<br />

390<br />

190<br />

23


FIGURA 4: Representação gráfica do número médio de indivíduos de piau<br />

três pintas (leporinus renhardtii) em deslocamento de subida ou descida.<br />

A figura 5 mostra a taxa de redução percentual no transito de indivíduos<br />

em deslocamento de subida ou descida em frente a janela<br />

de observação em função do aumento do número de flashes. Por essa<br />

figura pode-se notar que para eventos com 720 flash/seg obtêm<br />

uma redução de 85% na passagem dos individuos no movimento<br />

de subida. Já em movimentos de descida essa redução é de 95%.<br />

FIGURA 5:Taxa de redução de subida ou descida de passagem do piau três<br />

pintas (leporinus renhardtii) por influencia da ação de luz estroboscópica.<br />

Para lambaris astyanax bimaculatus os resultados obtidos são<br />

mostrados na Tabela 2 e na figura 6. Avaliando-se os resultados, observa-se<br />

que, assim como para piaus, a freqüência de emissão de<br />

720 flashes/min demonstra repelir grande parte dos lambaris da região<br />

onde se encontra a fonte de luz, diminuindo em 97% e 99% o<br />

número médio de peixes transitando pela janela de observação no<br />

sentido de subida e descida, respectivamente, pelo menos pelo período<br />

de 1 hora quando comparado ao grupo controle.<br />

Para os demais grupos experimentais de teste, nota-se uma pequena<br />

variação no fluxo de peixes pela janela de observação ape-<br />

TABELA 2: Número médio de indivíduos de lambari-do-rabo-amarelo<br />

(astyanax bimaculatus) registrados em deslocamento de subida ou<br />

descida pela janela de observação do aparato experimental, durante os<br />

testes realizados com luz estroboscópica.<br />

Grupo Experimental<br />

Grupo controle*<br />

92 flashes/min**<br />

360 flashes/min**<br />

720 flashes/min**<br />

Número médio de indivíduos<br />

Subida Descida<br />

771<br />

555<br />

656<br />

637<br />

236<br />

500<br />

23<br />

7<br />

ARTIGOS TÉCNICOS<br />

nas quando se utiliza emissão de 360 flashes/min. Fato interessante<br />

pode ser observado quando da utilização da fonte de luz configurada<br />

para emissão de 92 flashes/min. Para o fluxo de peixes em movimento<br />

de descida, o número médio de peixes registrados na janela<br />

de observação foi ligeiramente superior ao registrado para o grupo<br />

controle, o que pode indicar uma possível atração de lambaris<br />

pela fonte.<br />

FIGURA 5: Representação gráfica do número médio de indivíduos de<br />

lambaris o rabo amarelo (astyanax bimaculatus) em deslocamento de<br />

subida ou descida.<br />

FIGURA 6: Taxa de redução de subida ou descida de passagem do lambari<br />

do-rabo-amarelo (astyanax bimaculatus) por influencia da ação de luz<br />

estroboscópica.<br />

5 – CONCLUSÕES<br />

A partir dos testes preliminares realizados pode-se observar<br />

que luz estroboscópica demonstra ser potencialmente útil para causar<br />

repulsão de boa parte dos indivíduos de pelo menos duas espécies<br />

brasileiras, piau três pintas “Leporinus renhardtii” e o lambari<br />

do- rabo-amarelo “Astyanax bimaculatus”, quando configurada para<br />

emitir 720 flashes/min utilizando-se um equipamento de 750 W<br />

de potência, por pelo menos 1 hora. Uma das questões levantadas<br />

por alguns autores em trabalhos realizados nos EUA e Canadá refere-se<br />

ao tempo de exposição dos peixes à fonte de luz, indicando<br />

que algumas espécies de clima temperado tendem a se acostumar<br />

com a luz, neutralizando o efeito de repulsão inicial.<br />

Dessa forma, vários testes ainda precisam ser realizados para<br />

se corroborar os dados iniciais obtidos com estes testes preliminares.<br />

Mesmo sendo preliminares, os resultados obtidos sugerem boas<br />

possibilidades da utilização de luz estroboscópica para a repulsão<br />

de peixes brasileiros de água doce de áreas de risco em usinas<br />

hidrelétricas, podendo vir a ser uma boa alternativa para se tentar<br />

minimizar os impactos causados pela mortandade de peixes em turbinas.<br />

17


ARTIGOS TÉCNICOS<br />

6 – REFERÊNCIAS<br />

BALANÇO ENERGÉTICO NACIONAL (2006) – “RELATÓRIO<br />

FINAL”. Ministério de Minas e Energia. Empresa de Pesquisa<br />

Energética, Rio de Janeiro, Brasil.<br />

BAXTER, R. M. (1977) – “Environmental effects of dams and impoundments.”,Ann.<br />

Ver. Ecol. Syst. 8. 255-283.<br />

TUNDISI, J. (1978) – “Construção de reservatórios e previsão<br />

de impactosambientais no baixo Tietê: Problemas limnológicos.”,<br />

Instituto de geografia.USP. Biogeografia, 1-19.<br />

AGOSTINHO, A. A.; JÚLIO-Jr, H. F. & BORGHETTI, J. R. (1992)<br />

–“Considerações sobre os impactos dos represamentos na ictiofauna<br />

e medidaspara sua atenuação. Um estudo de caso: reservatório<br />

de Itaipú.”, Revista UNIMAR. Maringá, 14 (suplemento), out.,<br />

89-107.<br />

AGOSTINHO, A. A.; MENDES, V. P.; SUZUKI, H. I. & CANZI. C.<br />

(1993) – “Avaliação da atividade reprodutiva da comunidade de peixes<br />

dos primeiros quilômetros a jusante do reservatório de Itaipu.”,<br />

Revista UNIMAR. 15 (Suplemento). 175-189.<br />

18<br />

10<br />

www.cerpch.org.br<br />

www.cerpch.org.br<br />

Königson, S.; Fjälling, A. & Lunneryd, S-G. (2002) – “Reactions<br />

in individuals fish to strobe light. Field and aquarium experiments<br />

performed on whitefish (Coregonus lavaretus).”, Hydrobiologia, v.<br />

483, p. 39-44.<br />

Ploskey, G.R. & Johnson, P.N. (2001) – “Effectiveness os strobe<br />

lights and an infrasound device for eliciting avoidance by juvenile<br />

salmon.”, American Fisheries Society, Symposium 26, Bethesda,<br />

Maryland, p. 37-56.<br />

Patrick, H.P.; Christie, A.E.; Sager, D.R.; Hocutt, C.H. &<br />

Stauffer Jr, J.R. (1985) – “Responses of fish to a strobe light/air<br />

bublble barrier.”, Fisheries Research, v.3, p. 157-172.<br />

Sager, D.R. & Hocutt, C. (1987) – “Estuarine fish responses to<br />

strobe light, bubble curtains and strobe light/bubble curtain combinations<br />

as influenced by water flow rate and flash frequencies.”,<br />

Fisheries Research, v.5, p. 383-399.<br />

Sager, D.R.; Hocutt, C.H. & Stauffer Jr., J.R. (2000a) – “Base<br />

and stressed ventilation rates for Leiostomus xanthurus Lácèpde<br />

and Morone Americana (Gmelin) exposed to strobe lights.”, J. Appl.<br />

Ichthyol. v. 16, p. 89-97.


ARTIGOS TÉCNICOS<br />

APLICAÇÃO DE TÉCNICAS DE METAMODELAGEM – COMPARAÇÃO DE<br />

FUNÇÕES DE BASE RADIAL E SUPERFÍCIE DE RESPOSTA POLINOMIAL<br />

RESUMO<br />

ABSTRACT<br />

Edna Raimunda da Silva<br />

Ramiro G. Ramirez Camacho<br />

Apresenta-se um estudo da teoria de aproximação abordando os conceitos e fundamentos de funções de tipo de base radial e polinomial<br />

clássica, para construção de superfícies de resposta, fazendo-se uso das técnicas estatísticas, como planos de experiências (DOE).<br />

Para a determinação do campo de escoamento em grades, é utilizado o método dos painéis de Hess&Smith, com modificações que permitem<br />

simular a separação da camada limite na pá. O enfoque é dado na analise das técnicas de metamodelagem com base em funções polinomiais<br />

e funções de base radial (FBR) para construção de superfícies de resposta. Esta metodologia permite de forma rápida e eficiente<br />

representar o modelo real.<br />

Palavras - chave: superfície de resposta, metamodelagem, funções de base radial<br />

We present a study of the theory of approximation by the concepts and fundamentals about radial basis functin and polynomial classical<br />

to construction of response surfaces, by making use of statistical techniques, such as plans of experiments (DOE). To determine the<br />

flow field in cascades, we use the method of Hess & Smith panel, with modifications that allow simulating the separation of the boundary layer<br />

in the blade. The focus is on analysis techniques metamodels based on polynomial functions and radial basis functions (RBF) for construction<br />

of response surfaces. This methodology allows to quickly and efficiently representing the real model.<br />

Key words: response surface, metamodels, radial basis functions<br />

1 INTRODUÇÃO<br />

Problemas de projeto que exigem computação intensiva têm se<br />

tornado cada vez mais comum na indústria, causado por modelos e<br />

processos de simulações onerosos, a fim de atingir níveis de precisão<br />

como testes físicos de dados, para enfrentar tal desafio, se fazem<br />

necessário utilizar técnicas de aproximação ou metamodelo.<br />

Os procedimentos freqüentemente usados em otimização requerem<br />

severas análises que são indispensáveis para predizer o comportamento<br />

dinâmico destas estruturas, porém a complexidade de<br />

modelos, tais como, elementos finitos, modelos com comportamento<br />

não linear, conduzem a um longo tempo de análise e é algumas<br />

vezes impossíveis devido ao custo de cálculo computacional.<br />

Para resolver esta dificuldade, Ghanmi, Bouazizi e Bouhaddi [1], desenvolveram<br />

uma estratégia baseada na metodologia baseada em<br />

superfície de resposta (RSM), esta estratégia consiste em substituir<br />

a resposta complexa de estruturas por um polinômio de grau geralmente<br />

menor que três, mais simples para usar. Esta escolha permite<br />

a minimização do custo de calculo durante a otimização. Neste<br />

trabalho será realizada a determinação e escolha de parâmetros<br />

do sistema físico que são mais influentes através do Plano de Experiências,<br />

Ferramentas de Análise de Sensibilidade e Análise de Variância<br />

(ANOVA). Este tipo de metodologia tem como base nos domínios<br />

da química orgânica e farmacêutica. E suas aplicações atualmente<br />

são interdisciplinares em especial no campo da engenharia<br />

mecânica entre outras, neste estudo pretende-se aplicá-las nas<br />

análises do escoamento nas turbomáquinas. Será estudada uma<br />

metodologia com base na RSM. A qual permite obter uma estimação<br />

através de uma aproximação polinomial para gerar a resposta<br />

real da aplicação de plano de experiências. Outra metodologia que<br />

tem sido muito eficiente para reconstruir funções multivariadas é<br />

baseada em funções de base radial, permite uma estimação através<br />

de uma aproximação usando funções como multiquadrica, mul-<br />

tiquadrica inversa ou cônica. Exemplos numéricos serão testados<br />

usando aproximação por funções de base radial e de Superfícies de<br />

Resposta baseado em Funções Polinomiais. É também feita uma<br />

comparação entre os metamodelos RSM e FBR, a fim de obter conhecimento<br />

a respeito do comportamento destes metamodelos.<br />

Um dos exemplos é aplicado em grades axiais de Turbomáquinas.<br />

2 APROXIMAÇÃO POR METAMODELOS (SUPERFÍCIES DE<br />

RESPOSTA)<br />

As superfícies de respostas (Response Surface Methodology -<br />

RSM) é uma técnica estatística nas quais as respostas (saídas) são<br />

aproximadas por polinômios geralmente mais simples a empregar<br />

que o sistema físico real [2]. Sua construção, baseada no emprego<br />

de planos de experiência, exige a superação de duas dificuldades:<br />

as configurações elevadas que resultam dos planos de experiência;<br />

e o número de coeficientes do polinômio.<br />

2.1 Plano fatorial completo (PFC)<br />

O PFC é o plano de experiência no qual se tem uma matriz de ensaios<br />

que representa todas as combinações possíveis entre os níveis<br />

das variáveis. O número de experimentos nexp realizados por um<br />

PFC a k variáveis, a nniv níveis para cada uma, é expresso como se-<br />

k<br />

gue :<br />

nexp � nniv<br />

A grande vantagem do PFC é que ele permite estimar todas as<br />

interações entre as variáveis de projeto, dois a dois, três a três,<br />

etc, até a interação que faz intervir as k variáveis. Entretanto, como<br />

pode ser observada, quando o número de fatores aumenta, sua<br />

utilização conduz rapidamente para um número proibitivo de experiências.<br />

2.2 Métodos de Análise de Sensibilidade a priori:<br />

Esta metodologia tem como base analisar os valores das res-<br />

19


ARTIGOS TÉCNICOS<br />

postas nos pontos do espaço de projeto para medir a influência na<br />

resposta exata, ou para reduzir o número de coeficientes do polinômio<br />

de referência, e desde que seja feita antes da metamodelização.<br />

O método que responde a este objetivo é a análise da variância<br />

(ANOVA)[3]. Análises gráficas como o gráfico de probabilidade<br />

normal ou (gráfico de Daniel) e o gráfico de Pareto, conforme<br />

fig. (2), também podem ser usados nesta colocação [2].<br />

2.3 Superfícies de resposta clássicas (RSM).<br />

Nesta seção a formulação da RSM é resumida, com base nos desenvolvimentos<br />

originalmente feitos por Myers et al. [2]. Considerando<br />

um fenômeno físico obtido, o qual não tem efeito de memória<br />

(as respostas obtidas dependem somente das entradas naquele<br />

instante), a entrada, x, e a saída, y, são relacionamentos que podem<br />

matematicamente ser definido por uma função: y=f(x). Se<br />

não for possível modelar precisamente o fenômeno físico, a estratégia<br />

é usar técnicas de aproximação de funções no qual o objetivo<br />

é criar uma nova função conhecida g(x) a partir de uma função exata<br />

f(x), que pelo menos, representará um determinado espaço.<br />

Considerando que a função f(x) é desconhecida a priori, o erro quadrático,<br />

eq = ||f(x)-g(x)||2 não pode ser calculado com precisão. O<br />

conceito principal das técnicas de aproximação é usar um conjunto<br />

de medidas (xk,yk=f(x)) do fenômeno físico para calcular o seguinte<br />

erro médio quadrático (MSE) [4].<br />

ne<br />

1<br />

2<br />

� � � yk<br />

� g�p,<br />

xk<br />

�<br />

ne k �1<br />

Onde ne é o número de experiências, e p é o vetor que contém<br />

os coeficientes dos polinômios, g(p,xk) a ser determinado pela<br />

aproximação.<br />

De acordo com Eq. (2), o interesse é gerar g(x) que minimiza ε,<br />

e para isto, são requeridos dois passos: treinando e validação. O<br />

processo de treinamento é a escolha dos dados para executar a<br />

aproximação e deve representar as evoluções da função exata. Na<br />

validação, o conjunto de dados deve ser distinto dos dados de treinamento,<br />

e é usado para conferir a aproximação. Pode-se escolher<br />

usar polinômios, assim o problema de aproximação se torna um<br />

problema de otimização paramétrica para determinar o vetor p que<br />

contém os coeficientes dos polinômios que minimizam a função ε.<br />

Neste sentido, é possível usar a metodologia de superfície de resposta<br />

(RSM) para aproximar as soluções exatas pela relação<br />

y=g(x). A família de polinômios normalmente usada para gerar o<br />

RSM é a de primeira ordem (linear) e a de segunda ordem. Os modelos<br />

de 1ª ordem podem ser divididos em modelos sem interações,<br />

modelos que contêm todas as interações, e os modelos que<br />

contêm só as interações de ordem 1, representadas, respectivamente,<br />

pelas seguintes expressões:<br />

yˆ � �0��1x1��2x2��3x3�� yˆ ��0��1x1��2x2��3x3��12x1x 2 ��<br />

13x1x<br />

3 ��<br />

23 x2<br />

x3<br />

��<br />

123 x1x<br />

2 x3<br />

��<br />

yˆ<br />

� �0��1x1��2x2��3x3��12x1 x2<br />

��<br />

13 x1x<br />

3 ��<br />

23x<br />

2x<br />

3 ��<br />

Os modelos de 2a ordem, composto pelos termos quadráticos<br />

são expressos como:<br />

2<br />

yˆ<br />

� �0���ixi���ij xi<br />

x j � ��<br />

ii xi<br />

��<br />

��<br />

2<br />

Onde este modelo requer pelo menos, (k +3k+2)/2 para pode<br />

ser completamente definido. As equações (2) e (3) podem ser definidas<br />

como uma notação matricial, como: ˆy �X�ˆ�ε 20<br />

�1<br />

�<br />

1<br />

X � �<br />

��<br />

�<br />

��<br />

1<br />

x<br />

x<br />

x<br />

1,<br />

1<br />

2,<br />

1<br />

�<br />

ne<br />

, 1<br />

1,<br />

nc<br />

�1<br />

1,<br />

nc<br />

�1<br />

ne<br />

, nc<br />

�1<br />

Onde nc é o número de coeficientes a serem determinados; xi;j<br />

representa as variáveis e interações; �Rn e �Rn<br />

são vetores que<br />

contem os coeficientes e os erros aleatórios a serem obtidos, respectivamente.<br />

XRnxn Representa a matriz de experiências. Se ne<br />

> nc e XTX é não singular, o Método dos Mínimos Quadrados [4]<br />

possibilita o calculo do vetor de coeficientes α=(XTX)-1XTy.<br />

Então,<br />

a resposta assume a seguinte forma:<br />

2.4 Validação: Plano Fatorial Completo e Anova:<br />

Exemplo: Meio nutritivo para chrysogenum de pénicillium. Nesta<br />

aplicação, explora se resultados de experiências que seguem o<br />

uso de um plano fatorial completo para determinar os fatores mais<br />

influentes na resposta.<br />

Deseja-se obter a influência de cinco fatores: Concentração em<br />

licor de milho, em lactose, em precursor, em nitrato de sódio, e em<br />

glicose. A produção de penicilina é expressa em peso.<br />

A tabela 1 representa o plano de experiências fatorial à 25 testes<br />

é 32, e os efeitos de cada parâmetro e sua interação.<br />

2.5 Função de Base Radial<br />

Aproximações por funções de base radial (FBR) pertencem a<br />

uma classe de modelos lineares generalizados. Diferem da metodologia<br />

clássica por permitir a escolha das funções de base. Foi originalmente<br />

desenvolvida por Hardy [5], para reconstruir uma de-<br />

�<br />

�<br />

�<br />

�<br />

T<br />

�1<br />

T �XX� X Y ε<br />

y � X �<br />

x<br />

x<br />

x<br />

�<br />

�<br />

�<br />

�<br />

�<br />

�<br />

��<br />

Figura 1 – Diagrama de Pareto dos Efeitos<br />

Fonte de Variação SS DF MS Ftest Contribuição<br />

x 1<br />

38,56 1 38,56 84,92 23,18<br />

x 3<br />

32,25 1 32,25 71,<strong>03</strong> 19,39<br />

x 5<br />

54,47 1 54,47 120 32,76<br />

1 2<br />

4,407 1 4,407 9,706 2,65<br />

4,594 1 4,594 10,12 2,763<br />

3,125 1 3,125 6,883 1,879<br />

2,461 1 2,461 5,421 1,48<br />

1,125 1 1,125 2,478 0,6765<br />

13,78 1 13,78 30,35 8,287<br />

1,<strong>03</strong>3 1 1,<strong>03</strong>3 2,276 0,6213<br />

1,32 1 1,32 2,908 0,794<br />

2 1 2 4,405 1,2<strong>03</strong><br />

2,192 1 2,192 4,827 1,318<br />

4,981 1 4,981 10,97 2,995<br />

Resíduos 7.718.750 17 0.4540441<br />

Total 1.740.151 31<br />

x x<br />

1 3 x x<br />

1 4 x x<br />

2 3 x x<br />

2 5 x x<br />

3 5 x x<br />

Tabela2–Análise de Variância obtida do programa RSM em Fortran<br />

x 1 x 2 x 4<br />

x 1 x 3 x 5<br />

x 1 x 2 x 3 x 4<br />

x 1 x 3 x 4 x 5<br />

x 1 x 2 x 3 x 4 x 5


Tabela 1–Matriz de Experiências com as respostas, a interação<br />

dos parâmetros e seus efeitos<br />

terminada função g(x) desconhecida á uma função f(x) a partir de<br />

dados conhecidos. No entanto, a reconstrução de funções com muitas<br />

variáveis não é limitada à quantidade de variáveis, mas sim de<br />

recursos da informática. O número de condição (definido como o<br />

produto da norma de uma matriz e sua inversa) de um sistema linear<br />

que descreve o metamodelo deteriora rapidamente com o aumento<br />

da dimensão e com o aumento dos dados analisados. É freqüentemente<br />

observado que alta precisão é encontrada à beira da<br />

instabilidade numérica [6].<br />

A função de base radial na forma ϕ(||x-xi||)<br />

pode ser definida<br />

como uma função em que seus valores dependem somente na distância<br />

da origem, ou alternativamente na distância de algum outro<br />

ponto x, chamado de centro. Também definida como a função da<br />

norma: ϕ(||x||):Rn→R.<br />

Qualquer função φ que satisfaça a propriedade<br />

ϕ(x)=(||x||)<br />

é uma função radial. Deve-se notar que a distancia<br />

representa as variáveis do problema a ser analisado.<br />

ARTIGOS TÉCNICOS<br />

�<br />

i �1<br />

� �<br />

n<br />

s(<br />

x)<br />

� � ( x x )<br />

i<br />

Onde s(x) é a função aproximada, e é representada como a soma<br />

das n funções de base radial, ϕ(||x-xi||),<br />

cada uma associada<br />

com diferentes centros, xi, sem qualquer informação especial na<br />

posição de seus números ou posição geométrica, que são avaliados<br />

por coeficientes, �i.<br />

As funções de base radial, em geral, se classificam em duas<br />

grandes categorias:<br />

1ª - Funções dependentes de um parâmetro de ajuste c, o qual<br />

pode ser definido pelo usuário, suas estruturas e parametrizações<br />

são demonstradas na tabela 3. Este parâmetro de ajuste é usado<br />

para controlar o domínio de influência e a suavidade de aproximação<br />

da FBR (ref). Se ϕ for positiva definida, como a Gaussiana e a<br />

Multiquádrica Inversa, a não singularidade será garantida, entretanto,<br />

valores extensos de c, pode tornar o sistema altamente mal<br />

condicionado.<br />

2ª - Funções independentes de parâmetros, como demonstrada<br />

na tabela 2 e que falham na condição de serem positivas definidas,<br />

sendo necessário adicionar um termo polinomial P, e reescre-<br />

n<br />

d<br />

ver como:<br />

d<br />

s( x ) �� �i<br />

� ( x �x<br />

i ) ��0<br />

� � �i<br />

xi<br />

, x � R<br />

i �1 i �1<br />

Onde || || é a norma euclidiana em Rd, e xi as enésimas coordenadas<br />

no ponto x; i (i=1 ,...,n) e (i=0, ...,d) são os coeficientes<br />

reais a serem determinados.<br />

nxn nx(d+1)<br />

As seguintes matrizes ��R e P �R<br />

são construídas<br />

por funções de base radial e um polinômio linear respectivamente:<br />

( �) ij � � x � xi<br />

, i,<br />

j�1,...<br />

n<br />

�1<br />

x11<br />

� x1d<br />

�<br />

�<br />

�<br />

P ��<br />

� � xij<br />

� �<br />

�<br />

�<br />

�1<br />

xn<br />

� xnd<br />

�<br />

Tabela 4-Funções de Base Radial Condicionalmente Positiva<br />

Definida e Independente de Parâmetros<br />

Deve se notar que a função de base radial do tipo Multiquádrica,<br />

além de levar em conta o parâmetro de ajuste, também falha<br />

na condição de ser positiva definida. Franke [7] comparou uma variedade<br />

de técnicas de interpolação, aplicou em problemas bidimensionais<br />

e mostrou que as multiquádricas obtêm melhores resultados<br />

quando comparadas com outras técnicas.<br />

i<br />

21


ARTIGOS TÉCNICOS<br />

3 EXPERIMENTOS COMPUTACIONAIS<br />

3.1 Função de Base Radial, versus Polinomial Aplicada em uma<br />

Função para Teste.<br />

Neste exemplo, foi usado uma técnica de metamodelagem<br />

baseada em função de base radial (MRBF) em uma função para<br />

teste [8]. O metamodelo resultante é testado e comparado com<br />

o metamodelo polinomial quadrático (MPOL) usando alguns conjuntos<br />

de pontos (dados de entrada) selecionados por Plano Fatorial<br />

Completo. O metamodelo MRBF é baseado em função de base radial<br />

usando cones (hiperbolóides circulares), e é matematicamente<br />

representado como segue:<br />

m<br />

�<br />

i �1<br />

�(<br />

x)<br />

� � x � y<br />

Onde || || é a norma l2 usada neste exemplo, yi é um vetor<br />

de entrada de n dimensões para i-ésima execução da simulação,<br />

m é o número de simulações executadas, e βi's<br />

são as constantes<br />

para serem estimadas.<br />

O Cálculo dos coeficientes depende se cada matriz A é singular<br />

ou mal condicionada. O número de condição ς obtida da matriz A<br />

-1<br />

provê informação sobre a dificuldade de calcular A . Se o número<br />

de condição é muito grande até que 1/ ς é fechado para �(onde �é<br />

a precisão da máquina) pequenas mudanças em A pode causar<br />

grandes mudanças em β.<br />

O número de fatores neste estudo é restrito para 2, para permitir<br />

fácil visualização da comparação, os pontos do projeto (m) no espaço<br />

de projeto são obtidos variando os níveis de três para dez gerados<br />

pelo PFC. Os metamodelos são analisados usando as seguintes<br />

medidas de desempenho,<br />

- A média e desvio padrão dos erros entre os metamodelos e as<br />

funções originais foram calculadas para 200 pontos gerados randomicamente.<br />

- O ponto mínimo na superfície dos metamodelos é obtido usando<br />

uma rotina do IMSL library – DBCONF ( Microsof Fortran Power<br />

Station) . A distância entre o ponto de mínimo e o ponto ótimo foi<br />

calculada para cada metamodelo.<br />

- Superfícies e contornos gráficos da cada função e os erros correspondentes<br />

foram obtidos para m =100. O erro da função é definido<br />

como a diferença entre o metamodelo e a função dada. A função<br />

para teste BR- Branin é dada como segue:<br />

2<br />

2<br />

f(x) � a(x2<br />

�bx1<br />

� cx1<br />

� d) �e(<br />

1�<br />

g) cos x1<br />

� e,<br />

5.<br />

1 5<br />

1<br />

a �1, b � , c � , d �6,<br />

e �10,<br />

g �<br />

2<br />

4�<br />

�<br />

8�<br />

� 5 � x1<br />

� 10,<br />

0 � x2<br />

� 15<br />

x � ( ��<br />

, 12.<br />

275);<br />

( �,<br />

2.<br />

2755);<br />

( 3�<br />

, 2.<br />

475)<br />

min<br />

f ( xmin<br />

) � 0.<br />

39789.<br />

3.1.1 Resultados e Análises<br />

Todos os metamodelos deste exemplo foram testados quantitativamente<br />

e qualitativamente. Os testes quantitativos foram conduzidos<br />

com a ajuda do cálculo do erro médio quadrático (MSE). Os<br />

testes qualitativos foram conduzidos por uma comparação visual<br />

dos metamodelos com a função teste original. A superfície gráfica<br />

da função e erros correspondentes é mostrada na fig. 2.<br />

22<br />

i<br />

Distância<br />

2<br />

1.6<br />

1.2<br />

0.8<br />

0.4<br />

Distância do Ótimo - BR<br />

MPOL<br />

MFBR<br />

0 20 40 60 80 100<br />

No 0<br />

de experimentos<br />

MSE<br />

2000<br />

1600<br />

1200<br />

800<br />

400<br />

0<br />

Mean Squared Error - BR<br />

MPOL<br />

MFBR<br />

0 20 40 60 80 100<br />

N o de experimentos<br />

Figura 2 - Gráfico de Medidas (a) Distância do Ótimo para BR; (b) MSE<br />

-5<br />

0<br />

x<br />

Superfície da Função BR<br />

5<br />

10<br />

-5<br />

0<br />

0<br />

x<br />

5<br />

y<br />

5<br />

10<br />

10<br />

300<br />

200<br />

f<br />

100<br />

0<br />

15 -5<br />

MFBR<br />

0<br />

5<br />

0<br />

x<br />

y<br />

10<br />

5<br />

10<br />

0<br />

15<br />

MPOL<br />

0<br />

5E-12<br />

f<br />

-5 E-12<br />

5<br />

y<br />

10<br />

100<br />

0<br />

f<br />

15<br />

-100<br />

Figura 3. - Análise dos Erros; (a) Superfície da função BR;<br />

(b) Análise do erro para MPOL; (c) Análise do erro para MFBR.<br />

O metamodelo MFBR-F tem praticamente zero de erro. A diferença<br />

entre a distância do ótimo da função e o ótimo calculado para<br />

os metamodelos estudados é mostrado na fig. 2a, nota-se que ambos<br />

os metamodelos MPOL e MFBR capturam o mínimo da função,<br />

especialmente quando os números de experimentos aumentam.<br />

O metamodelo polinomial apresenta pequeno erro médio, porém,<br />

o metamodelo MFBR apresenta melhor comportamento do erro.<br />

O gráfico da superfície e dos erros para esta função é apresentado<br />

na Fig. 3. O metamodelo MFBR mostra melhor desempenho.<br />

Os erros de superfície do metamodelo polinomial flutuam significantemente.<br />

3.2 – Função de Base Radial, versus Polinomial Aplicada em Grades<br />

de Turbomáquinas.<br />

Foi construída uma superfície de resposta do sistema físico através<br />

do cálculo de escoamento 2D em grades de turbomáquinas<br />

com base no método dos painéis e interação com a camada limite<br />

de forma a introduzir os efeitos de separação (HessTurbo)[9], em<br />

torno de perfis da serie NACA65 em grade ou isolado. A Figura 4<br />

mostra os parâmetros de projeto de uma grade de turbomáquina<br />

axial que serão utilizados para construção das superfícies de resposta.


Figura 4 – Grade Axial de uma Turbomáquina<br />

A tabela 5 representa os limites de variação, sendo ângulo de<br />

montagem β(AM),<br />

arqueamento (ARC) e passo da grade t (PASS),<br />

respectivamente.<br />

Tabela 5 – Limites Inferiores e Superiores<br />

O próximo passo é obter o plano de experiências utilizando o<br />

plano fatorial completo, três variáveis discretizadas em 3 níveis, teremos<br />

então um plano fatorial completo de 27 experimentos. Com<br />

este plano, serão calculados as respostas reais por meio de um programa<br />

implementado em Fortran ( HessTurbo [10]), este será o modelo<br />

caro. O modelo polinomial que será utilizado é de ordem 2, e é<br />

representado da seguinte forma:<br />

0 1 1 2 2 3 3 12 1 2 13<br />

1 3<br />

� b23 x2x3<br />

2 2 2<br />

� b11x1<br />

�b22<br />

x2<br />

�b33<br />

x3<br />

Com as respostas reais obtidas pelo programa HessTurbo utilizando<br />

o cálculo de interpolação, foram obtidos os coeficientes da<br />

função, resultando os seguintes polinômios:<br />

Numa segunda abordagem, foram geradas 500 amostras das<br />

variáveis; AM, ARQ, PASS, pelo método Hiper Cubo Latino e através<br />

do solver HessTurbo, foram obtidos valores de Cl e Cd exatos.<br />

Com a mesma amostragem foram obtidas, as funções de Cl e Cd estimadas<br />

pelo programa RSM. Comparando as saídas do programa<br />

HessTurbo e RSM, obtêm-se os seguintes resultados gráficos:<br />

Nas Fig 5 e 6, estão apresentados os resultados exatos obtidos<br />

através do “solver” HessTurbo, e comparados com a superfície<br />

de resposta com base nos polinômios, Eq. (15) para o coeficiente<br />

de sustentação e Eq. (16) para o coeficiente de arrasto.<br />

Linf<br />

p<br />

L su<br />

A<br />

M 5 14<br />

AR<br />

Q 1.4 1.6<br />

PA<br />

SS 0.5 1.5<br />

yˆ � b �b<br />

x �b<br />

x �b<br />

x � b x x � b x x<br />

C �0.8966 �0.1169 x �0.02344 x �0.3596 x �0.00<strong>03</strong>109<br />

x x<br />

l 1 2 3 1 2<br />

2 2 2<br />

�0.5326 x1x3 � 0.6962x 2x3 �0.0004860x1 �0.00008844 x2 �0.<strong>03</strong>980<br />

x3<br />

C �0.1191E �01�0.1436E �02x �0.4130 E �<strong>03</strong>x �0.2506 E �02<br />

x<br />

d 1 2 3<br />

2<br />

�0.3267 E �<strong>03</strong> x1x2�0.1044 E �02x1x3 �0.2586 E �<strong>03</strong>x2x3�0.9025 E �<strong>03</strong>x1<br />

2 2<br />

�0.2551 E �<strong>03</strong>x2�0.6308 E �<strong>03</strong>x3<br />

ARTIGOS TÉCNICOS<br />

Exato<br />

Na Figura 5a, pode-se observar que a superfície ou polinômio<br />

de resposta representa o resultado exato, inclusive verifica-se que<br />

na região central existe uma dispersão mais uniforme. Na Figura<br />

5b, mostra os resultados obtidos através da solução aproximada<br />

do polinômio dado na Eq. (16). Este resultado não apresentou boa<br />

solução, porém esta discrepância pode ser superada com um aumento<br />

de painéis ou elementos de discretização do aerofólio no programa<br />

de cálculo de escoamento em grades [9], ou com uma maior<br />

discretização do níveis dos fatores e aumento da ordem do polinômio.<br />

Nas Figuras 6a e 6b, são mostrados os resultados obtidos através<br />

da solução aproximada interpolada com funções de base radial<br />

multiquádrica, c = 3,0 para o coeficiente de sustentação e para o coeficiente<br />

de arrasto.<br />

Exato<br />

1.4<br />

1.2<br />

1<br />

0.8<br />

0.6<br />

0.4<br />

0.4 0.6 0.8 1 1.2 1.4<br />

Aproximado<br />

É mostrado que o polinômio obtido que representa o coeficiente<br />

de sustentação representa bem o modelo real, mas o que representa<br />

o coeficiente de arrasto, não representa bem o modelo real.<br />

É necessária a realização de mais testes que satisfaçam critérios estatísticos<br />

pré-estabelecidos, para tornar mais fidedigno o metamodelo.<br />

Comparado com o metamodelo baseado em função de base<br />

radial, pode ser observado que para o coeficiente de sustentação<br />

os metamodelos tiveram bom desempenho, usando a função de base<br />

radial multiquádrica, o resultado foi ainda melhor. Porém, para o<br />

coeficiente de arrasto, os dois metamodelos tiveram desempenho<br />

similares, não conseguiram uma boa aproximação, mas isso pode<br />

ser devido a fenômenos físicos que envolvem o coeficiente de arrasto,<br />

bem como também a forma como é calculado, maiores investigações<br />

neste campo, devem ser realizados.<br />

4 REFERÊNCIAS<br />

Exato<br />

0.008 0.01 0.012 0.014 0.016 0.018<br />

Aproximado<br />

Figura 5 – Comparação HessTurbo Vs RSM - (a)– Comparação para Cl;<br />

(b) Comparação para Cd<br />

1.4<br />

1.2<br />

1<br />

0.8<br />

0.6<br />

0.4<br />

0.4 0.6 0.8 1 1.2 1.4<br />

Aproximado<br />

Exato<br />

[1] B. A. Brik, S. Ghanmi, N. Bouhaddi, S. Cogan, Robust<br />

Multiobjective Optimisation Using Response Surfaces, 2005.<br />

[2] R. H. Myers, D.C. Montgomery, Response Surface Methodo-<br />

0.018<br />

0.016<br />

0.014<br />

0.012<br />

0.01<br />

0.008<br />

0.018<br />

0.016<br />

0.014<br />

0.012<br />

0.01<br />

0.008<br />

0.008 0.01 0.012 0.014 0.016 0.018<br />

Aproximado<br />

Figura 6 – Comparação HessTurbo Vs FBR - (a)– Comparação para Cl;<br />

(b) Comparação para Cd<br />

23


RESUMO<br />

ABSTRACT<br />

ARTIGOS TÉCNICOS<br />

MODELAGEM COMPUTACIONAL DE OSCILAÇÃO DE MASSA<br />

EM CHAMINÉ DE EQUILÍBRIO UTILIZANDO DIFERENÇAS FINITAS<br />

DISCRETIZADAS PELO ESQUEMA DIFUSIVO DE LAX<br />

1.INTRODUÇÃO<br />

Os circuitos de geração de alta queda estão sujeitos às ocorrências<br />

de escoamentos variados em função da operação de fechamento,<br />

parcial ou não, de válvulas no limite de jusante do sistema<br />

ou pelos próprios distribuidores das turbinas. Esta perturbação pode<br />

gerar golpes de aríete que são variações significativas de pressão<br />

na tubulação e/ou túnel de carga. A chaminé de equilíbrio, por<br />

sua vez, faz o papel de atenuar esta sobre pressão pois permite a<br />

oscilação (fuga) da massa de água no seu interior, transformando a<br />

energia de pressão em energia cinética (ANDRZEJEWSKI, 2009).<br />

Os métodos matemáticos de análise dos transientes em condutos<br />

forçados e chaminés de equilíbrio se baseiam nas equações da<br />

continuidade, da conservação da quantidade de movimento, e de<br />

relações entre propriedades físicas associadas ao escoamento e ao<br />

golpe de aríete. Quando bem definida a resposta dinâmica do sistema<br />

e as envoltórias do problema, ou seja: níveis de água, dimensões<br />

geométricas, rugosidade do circuito hidráulico, perda de carga<br />

localizadas, comportamento dos equipamentos e condições de<br />

segurança; pode-se chegar a resultados confiáveis através da ajuda<br />

dos cálculos computacionais (RAMOS e ALMEIDA, 2001).<br />

Porém, novos modelos de cálculos de chaminés de equilíbrio possibilitam<br />

ampliar a gama de métodos de utilização e gerar novas contribuições<br />

nas alternativas de estudo de usinas de alta queda.<br />

Edgar Alberti Andrzejewski<br />

2<br />

Eloy Kaviski<br />

Desenvolveu-se um método computacional para a análise das oscilações de massa em chaminés de equilíbrio considerando as discretizações<br />

das equações diferenciais parciais que modelam os escoamentos não-permanentes em condutos pelo Esquema Difusivo de Lax.<br />

A intenção é desenvolver uma nova alternativa de cálculo de chaminés de equilíbrio por diferenças finitas para o estudo de arranjos de circuitos<br />

de geração de usinas hidrelétricas com longos túneis e condutos de adução. A verificação da confiabilidade dos resultados simulados<br />

pelo modelo matemático desenvolvido se deu através da comparação com os resultados obtidos por ensaios em um modelo físico genérico<br />

de um arranjo de circuito de geração. Outra comparação foi realizada considerando os resultados obtidos através da ferramenta<br />

computacional Wanda 3 do Instituto holandês Delft Hydraulics. Com base na comparação com o golpe de aríete experimental, o método<br />

proposto se mostrou adequado, estável e convergente.<br />

Palavras-chave: Modelagem Computacional, Escoamento não-Permanente, Oscilação de Massa, Chaminé de Equilíbrio, Diferenças<br />

Finitas, Esquema Difusivo de Lax, Usina Hidrelétrica.<br />

The Lax´s diffusive scheme was used to develop a computation routine in Turbo Pascal language to solve the differential equations for<br />

nom permanent flows in conduits. The aim was to present an alternative model to calculate surge tanks for hydropower plants with long intake<br />

tunnels or conduits. The validation of the model was performed trough the comparison between the results of a physical hydraulic<br />

model in the UFPR hydraulic lab, the results of the computations of the Lax´s model and also from other mathematical model, the Wanda 3<br />

developed by Delft Hydraulics in The Netherlands. The Lax´s model presented quite similar results which were adherent to the physical hydraulic<br />

model ones. The new mathematical model was convergent and stable when considered the Courant condition for the application of<br />

the finite differential method.<br />

Key words: Mathematical Modeling, Nom Permanent Flows, Mass Oscillations, Surge Tanks, Finite-Differences Method, Lax´s<br />

Diffusive Scheme, Hydroelectric Plant.<br />

24<br />

1<br />

No presente trabalho, foram solucionadas as equações diferenciais<br />

parciais que governam o escoamento não-permanente unidimensional<br />

de por diferenças finitas pelo Esquema Difusivo de Lax.<br />

O problema foi programado e processado em linguagem Pascal. Os<br />

resultados alcançados foram satisfatórios quando analisado em<br />

conjunto com dados gerados experimentalmente.<br />

2.MATERIAIS E MÉTODOS<br />

As equações, na forma não-conservativa, do escoamento nãopermanente<br />

unidimensional em condutos, que representam a conservação<br />

da quantidade de movimento linear e a conservacão de<br />

massa, são as seguintes (WYLIE e STREETER, 1978):<br />

�h<br />

Q �Q<br />

�Q<br />

QQ<br />

gA � � � f � 0<br />

�x<br />

A �x<br />

�t<br />

2DA<br />

Sendo, Q= vazão do conduto, m³/s; g = aceleração da<br />

gravidade, m/s²; f = fator de resistência de Darcy-Weisbach; D=<br />

diâmetro hidráulico do conduto, m; A= área da seção transversal<br />

do conduto, m²; e h= carga piezométrica, m.c.a.; α=<br />

ângulo do<br />

eixo do conduto com a horizontal, graus; e a= celeridade da onda<br />

(velocidade de propagação da onda de choque do golpe de aríete,<br />

m/s).<br />

1 Engenheiro Civil – e-mail: ed.andrz@gmail.com<br />

2 Professor – Engenheiro Civil – Universidade Federal do Paraná – UFPR, Departamento de Hidráulica e Saneamento – e-mail: eloy.dhs@ufpr.br.<br />

Q �h<br />

�h<br />

Q a²<br />

�Q<br />

� � sen(<br />

�)<br />

� � 0<br />

A �x<br />

�t<br />

A Ag �x


A celeridade pode ser estimada por (MACINTYRE, 1983):<br />

9900<br />

a �<br />

' D<br />

48,<br />

3 � k .<br />

e<br />

Sendo, k o módulo de elasticidade volumétrica, ou seja fator nu-<br />

10<br />

mérico igual a 10 /E. EE=módulo de elasticidade do material,<br />

N/m²; e= espessura da parede do conduto, m;<br />

2.1 Diferenças Finitas pelo Esquema Difusivo de Lax<br />

Solucionam-se as equações de escoamentos em condutos forçados<br />

pelo Esquema Difusivo de Lax, que é comumente utilizado<br />

na resolução das equações de Saint-Venant que governam o escoamento<br />

transitório em canais. Para solucionar por diferenças finitas<br />

as derivadas parciais de um sistema de equações deve ser introduzido<br />

o conceito do plano das variáveis independentes: espaço<br />

e o tempo (STEINSTRASSER, 2005). Pelo Esquema Difusivo de Lax<br />

representam-se as derivadas espaciais em tempos conhecidos, por<br />

esta razão é camado de esquema explícito (CASTANHARO, 20<strong>03</strong>).<br />

As funcões v=v(x,t) e h=h(x,t) são representadas por v v(<br />

i x,<br />

j t)<br />

e .A discretização das derivadas parciais são resolvidas<br />

pelas seguintes aproximacões por diferenças finitas centradas:<br />

i<br />

j � � �<br />

h h(<br />

i x,<br />

j t)<br />

i<br />

� � �<br />

j<br />

j � 1 *<br />

�v<br />

vi<br />

�v<br />

�<br />

�t<br />

�t<br />

j � 1 *<br />

�h<br />

hi<br />

�h<br />

�<br />

�t<br />

�t<br />

j j<br />

� �1<br />

v vi�1<br />

�vi<br />

�<br />

�x<br />

2�x<br />

Sendo que v* e h* são as médias no instante j:<br />

j j<br />

* ( vi<br />

�1 vi�1)<br />

v<br />

2<br />

Substituindo nas equações (1) e (2) as equações (4) se obtém<br />

a equação da quantidade de movimento:<br />

�<br />

j j<br />

* ( hi�1<br />

hi<br />

�1)<br />

�<br />

h<br />

2<br />

�<br />

�<br />

j�1<br />

i<br />

v<br />

h<br />

j �1<br />

i<br />

j j � j j<br />

j j j j � j j j j<br />

( v<br />

��<br />

i�1<br />

� vi�1<br />

) ( hi�1<br />

� hi�1<br />

) ( vi�1<br />

� vi�1<br />

) ( vi<br />

�1<br />

� vi<br />

�1)<br />

f ( v � �<br />

� � � �<br />

�<br />

� � i �1<br />

vi�1<br />

) ( vi�1<br />

vi�<br />

1)<br />

t.<br />

g.<br />

.<br />

.<br />

. ��<br />

2 � 2�x<br />

2 2�x<br />

2D<br />

�<br />

�<br />

�<br />

� 2 2<br />

���<br />

Da equação de conservação da massa:<br />

�<br />

As equações (7) e (8), solucionam os pontos internos do conduto<br />

i = 1,2,3,...m, onde m é o ponto ligeiramente antes da chaminé<br />

de equilíbrio. E também os pontos m+2 até n que correspondem<br />

ao trecho do conduto a jusante da chaminé até a válvula. Para<br />

os demais pontos são inseridas as condições de contorno para o<br />

problema.<br />

O ponto O corresponde ao reservatório que segue as seguintes<br />

relações de condição de contorno:<br />

j 1 j<br />

v0 v0<br />

�<br />

j j f . v . v<br />

�<br />

j�<br />

1<br />

0 0<br />

h0<br />

� hr<br />

�<br />

2.<br />

g<br />

Sendo, hr = elevação do nível do reservatório, m;<br />

O ponto m+1 corresponde à chaminé de equilíbrio que segue as<br />

seguintes relações de condição de contorno:<br />

Sendo, Qc = vazão da chaminé, m³/s.<br />

j j<br />

� �1<br />

h hi�1<br />

�hi<br />

�<br />

�x<br />

2�x<br />

j<br />

2 j j<br />

j j j j<br />

j j<br />

� hi<br />

�1<br />

) � a ( v i�<br />

1 � v i�1<br />

) ( hi�<br />

1 � hi<br />

�1<br />

) ( hi�<br />

1 � hi<br />

�1<br />

) ( vi�<br />

1 � v i�<br />

) �<br />

� �t.<br />

� .<br />

�<br />

.<br />

�<br />

. sen�<br />

�<br />

2 � g 2 �x<br />

2 2�x<br />

2 �<br />

j<br />

( hi�<br />

1<br />

1<br />

�Q�j. �t�.<br />

Q �j. �t��<br />

j j<br />

hm �hm � kc<br />

c<br />

c<br />

� �1<br />

1<br />

.<br />

Q<br />

� 1<br />

�� � � � � 1<br />

j�1<br />

j<br />

hm�1<br />

�hm<br />

�1<br />

j �<br />

j �1.<br />

�t<br />

� . A h<br />

c<br />

�1<br />

�1<br />

�t<br />

j j<br />

Qm� 1 �Qm<br />

�Qc<br />

c<br />

. ��j�1�. �t�<br />

m�1<br />

ARTIGOS TÉCNICOS<br />

O ponto n+2 corresponde à válvula de fechamento rápido onde<br />

pode ser inserida nas rotinas de cálculos a lei de fechamento ou<br />

abertura conforme o tipo de válvula. Seguem as seguintes relações<br />

de condição de contorno:<br />

j�1<br />

�Q<br />

. �j�1�. �t<br />

Sendo, Qr = vazão da válvula, m³/s.<br />

2.3 Condições de Estabilidade e Convergência<br />

Para obter a estabilidade e a convergência dos resultados pelos<br />

métodos explícitos deve-se atender a condição CFL - Courant, Friedrichs<br />

e Lax definida por (STEINSTRASSER, 2005).<br />

Sendo, v = velocidade do escoamento; a = celeridade da onda.<br />

3.RESULTADOS E DISCUÇÃO<br />

Qn� 2 T<br />

�t 1<br />

�<br />

�x<br />

v � a<br />

� �<br />

3.1 Ensaios Laboratorial e Modelo Hidrodinâmico WANDA<br />

Para se obter a base de comparação foi preparado um Experimento<br />

Laboratorial (a) com dimensões que estão apresentadas na<br />

Figura 1, e além do programa desenvolvido neste estudo outra simulação<br />

computacional foi gerada usando o modelo Wanda 3 (b):<br />

a)Experimento Laboratorial: Modelo físico instalado no Laboratório<br />

Didático de Mecânica dos Fluidos e Hidráulica da Universidade<br />

Federal do Paraná, anexo às instalações do Laboratório de hidráulica<br />

do LACTEC. Este modelo foi projetado com base em um modelo<br />

genérico de chaminé de equilíbrio utilizado na Universidade de Toronto<br />

no Canadá. A tomada dos resultados das oscilações de níveis<br />

se deu através de sensor de pressão instalado na base da chaminé<br />

de equilíbrio.<br />

b)Wanda 3 – Water Analysis Data Advisor - WANDA Transient -<br />

Delft Hydraulics: A teoria que rege os cálculos do programa<br />

WANDA 3 trata das formulações para escoamentos nãopermanentes<br />

pelo método das características (DELFT<br />

HYDRAULICS, 2001).<br />

Os dados utilizados são os seguintes: vazão média 0,964 l/s,<br />

comprimento do conduto 12,21 m, perda de carga de 1,91 m, do reservatório<br />

até a seção da chaminé, diâmetro interno do tubo<br />

0,0277 m, área da chaminé de equilíbrio 0,02 m² e tempo de fechamento<br />

da válvula de 0,2 segundos.<br />

3.2 Análise dos Resultados<br />

A Figura 3 apresenta uma amostra típica dos resultados de fechamento<br />

rápido obtidos pelas simulações Modelo LAX, Modelo<br />

Wanda 3 e Modelo Físico.<br />

As curvas dos modelos computacionais LAX e Wanda apresentaram<br />

boa aderência aos dados observados no modelo físico e ficaram<br />

muito próximas entre si, às vezes sobrepondo-se. Assim, conclui-se<br />

pela viabilidade do uso do modelo Difusivo de Lax desenvolvido.<br />

Os modelos que se baseiam em métodos que fazem um tratamento<br />

específico para o fator de atrito transitório (com certa variação<br />

de coeficientes) apresentam um amortecimento maior nos casos<br />

estudados (AMARAL e PALMIER, 2006). Justificando-se que as<br />

taxas de dissipação para os métodos que envolvem coeficientes de<br />

perdas de carga de escoamentos permanentes, como são os casos<br />

25


ARTIGOS TÉCNICOS<br />

de Lax e Wanda, sejam mais brandas. Os escoamentos transientes<br />

reais são regidos por taxas de coeficientes de perda de carga variáveis<br />

(BRUNONE, KARNEY, MECARELLI, FERRANTE, 2000). Quando<br />

são comparados os resultados obtidos a partir dos modelos computacionais<br />

de coluna rígida (Lax) com os de coluna flexível (Wanda)<br />

é constatado que as maiores amplitudes de ondas são as dos casos<br />

de coluna rígida.<br />

Mesmo assim, observa-se a proximidade do resultado dos modelos<br />

computacionais com o resultado de oscilações de massa medida<br />

na chaminé de equilíbrio do modelo físico.<br />

4.CONCLUSÕES<br />

Foi desenvolvido com sucesso o método Difusivo de Lax na resolução<br />

das equações do escoamento não-permanente não linear em<br />

condutos, considerando uma chaminé de equilíbrio como condição<br />

de contorno interior, implementado na linguagem computacional<br />

Pascal.<br />

De acordo com o resultado obtido através de experimento laboratorial<br />

em modelo físico, o esquema difusivo de Lax mostrou-se<br />

adequado, estável e convergente, sempre quando for considerada<br />

a condição de CPL nas etapas de discretização. Assim, apresentouse<br />

um novo panorama de cálculo para o caso de chaminés de equilíbrio<br />

de UHEs.<br />

26<br />

ANEXOS<br />

Figura 1 – Seção Longitudinal do Modelo Experimental da<br />

Chaminé de Equilíbrio<br />

5.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

AMARAL, G. C., e PALMIER, L. R. Análise Comparativa entre Métodos<br />

de Cálculo do Escoamento Transitório com Fator de Atrito<br />

Não Permanente. Golder Associates–IAHR, AIIH, Congresso Latino<br />

Americano de Hidráulica, Ciudad Guayana, Venezuela, out. 2006.<br />

ANDRZEJEWSKI, E. A. Avaliações Numéricas de Chaminés de<br />

Equilíbrio: Subsídios para Projetos de Circuitos de Geração. Dissertação<br />

de Mestrado. Curitiba UFPR, 2009.<br />

BRUNONE, B., KARNEY, B. W., MECARELLI, M., e FERRANTE, M.<br />

Velocity Profiles and Unsteady Pipe Friction in Transient Flow. Journal<br />

of Water Resources Planning and Management, jul/aug. 2000.<br />

CASTANHARO, G. Aplicação de Modelos Hidrodinâmicos no contexto<br />

de previsão de afluências a reservatórios. Dissertação de<br />

mestrado. Curitiba UFPR, CEHPAR, 20<strong>03</strong>.<br />

DELFT HYDRAULICS. WANDA 3 – User Manual. Delft, 2001.<br />

MACHINTYRE, A. M. Máquinas Motrizes Hidráulicas. Editora Guanabara<br />

Dois S.A. Rio de Janeiro, 1983.<br />

RAMOS, H., ALMEIDA, A. B. Caracterização da Dinâmica Global<br />

do Funcionamento de Aproveitamentos Hidroelétricos. Lisboa, Portugal,<br />

2001.<br />

STEINSTRASSER, C. E. Método Difusivo de LAX Aplicado na Solução<br />

das Equações de Saint Venant. Dissertação de mestrado. Curitiba<br />

UFPR, CEHPAR, 2005.<br />

WYLIE, E.B., and STREETER, V.L. 1978. Fluid Transients.<br />

McGraw-Hill, 1978.<br />

Figura 3 – Oscilações de Nível de Água Resultantes das Simulações<br />

Figura 2 – Conduto de Adução e Chaminé de Equilíbrio do Modelo Experimental


ARTIGOS TÉCNICOS<br />

SUGESTÃO DE CRITÉRIOS AMBIENTAIS PARA AVALIAÇÃO DE<br />

IMPACTO AMBIENTAL DE PEQUENAS CENTRAIS HIDRELÉTRICAS NA<br />

BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO DO PEIXE – SC<br />

RESUMO<br />

ABSTRACT<br />

1<br />

Mauricio Perazzoli<br />

2<br />

Solange da Veiga Coutinho<br />

Júlio César Moschetta da Silva<br />

Estimulado pelo grande número de projetos para a construção de pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) em Santa Catarina, mais especificamente<br />

na Bacia Hidrográfica do Rio do Peixe e também por estudos realizados em outras bacias, desenvolveu-se uma tabela de critérios<br />

ambientais com o objetivo de auxiliar na avaliação dos impactos ambientais e no licenciamento ambiental desses empreendimentos<br />

hidrelétricos. A criação de uma tabela de critérios ambientais surge como uma ferramenta para a avaliação conjunta desses impactos cumulativos.<br />

A tabela é composta por dez critérios, onde cada critério recebe um peso de significância de acordo com padrões estipulados.<br />

Para chegar a elaboração desses critérios foi realizada uma revisão bibliográfica sobre todos os assuntos pertinentes ao tema, em especial<br />

os princípios da NBR14.001/2004, as características das PCHs previstas para a Bacia do rio do Peixe e a metodologia desenvolvida por<br />

Fernandes (2008). Percebe-se que a inclusão de PCHs na Bacia Hidrográfica do Rio do Peixe, como em qualquer outra bacia, traz desenvolvimento<br />

em vários aspectos para a região, pois suas vantagens se sobressaem bastante sobre as desvantagens, porém deve-se realizar<br />

os estudos ambientais adequados e respeitar principalmente a distância entre as mesmas. Qualquer que seja a dimensão dos empreendimentos<br />

hidrelétricos, eles sempre produzirão impactos, com maior ou menor significância, afetando sempre o meio ambiente e incumbe<br />

a nós desenvolver métodos e alternativas para minimizar ao máximo esses impactos.<br />

Palavras - chave: PCHs, impacto ambiental, critérios ambientais<br />

Stimulated by the large number of projects for the construction of small hydroelectric plants exchangers (SHPs) in Santa Catarina and<br />

more specifically in the Basin of the Fish's River and also by studies in other basins, has developed an index of environmental criteria with<br />

the objective of assist in environmental impact assessment and environmental licensing of hydroelectric projects. Creating an index of environmental<br />

criteria emerges as a tool for the joint assessment of cumulative impacts. The index consists of ten criteria, where each criteria<br />

receives a weight of significance according to set standards. To reach the development of these criteria was a literature review on all<br />

matters relevant to the subject, in particular, the principles of NBR14.001/2004, the characteristics of SHPs planned for the Basin of Fish's<br />

River and methodology developed by Fernandes (2008). It was observed that the inclusion of SHPs in the Basian of the Fish's River, as in<br />

any other basin, has any aspects for development in the region, because its benefits are much more than the disadvantages, but you must<br />

achieve the appropriate environmental studies and respect especially the distance between them. Whatever the size of hydroelectric projects,<br />

they always produce impacts with greater or lesser significance, affecting the environment and is our responsibility to develop alternative<br />

and methods to minimize these impacts to the maximum.<br />

Key words: SHP's, environmental impact, environmental criteria<br />

1. INTRODUÇÃO<br />

A maioria das atividades que utilizam os recursos naturais é<br />

considerada como causadora de degradação ambiental ou produtoras<br />

de poluição, pois geram desequilíbrios ambientais. Essas atividades<br />

necessitam da obtenção do licenciamento ambiental para<br />

serem executadas. O licenciamento exige estudos ambientais específicos,<br />

para prever, minimizar e/ou compensar os possíveis impactos<br />

negativos gerados.<br />

No mundo estima-se que existam aproximadamente 800 mil<br />

barragens, na sua maioria de pequeno ou médio porte. Juntas, elas<br />

inundam um território semelhante ao da Espanha. Elas têm como finalidades:<br />

gerar energia, promover a irrigação, distribuir água e<br />

controlar enchentes (AMBIENTE BRASIL apud BRITO, 2005).<br />

Uma nova tendência nacional é a construção de Pequenas Centrais<br />

Hidrelétricas (PCHs), que necessitam de áreas alagadas menores,<br />

menor tempo para construção, gerando numa primeira análi-<br />

1 Engenheiro Ambiental Mestrando em Engenharia Ambiental e-mail: mauricio.perazzoli@gmail.com.<br />

2 Docente do Curso de Engenharia Ambiental da Universidade do Contestado - Campus de Caçador, Mestre em Engenharia Ambiental.<br />

3 Engenheiro Ambiental - Vice-presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio do Peixe.<br />

3<br />

se, impactos ambientais mais reduzidos comparados a de uma<br />

grande hidrelétrica. Este tipo de hidrelétrica é utilizada principalmente<br />

em rios de pequeno e médio portes. Algumas PCHs estão entrando<br />

em funcionamento sem o processo de licenciamento e de estudos<br />

ambientais adequados, o que impossibilita a avaliação exata<br />

de todos os impactos gerados. Outra questão é qual o limite máximo<br />

de PCHs por bacia hidrográfica. Pois uma PCH pode não causar<br />

impactos negativos relevantes, mas PCHs contínuas, uma próxima<br />

a outra, em curto espaço hídrico, podem trazer impactos negativos<br />

mais intensos que uma usina hidrelétrica.<br />

Fica evidente a necessidade de intensificar estudos e pesquisas<br />

com relação a esse tema, para que a sociedade e o meio ambiente<br />

não sofram com as conseqüências dos impactos negativos oriundos<br />

dessa atividade. O presente estudo tem por objetivo propor critérios<br />

ambientais com respectivos pesos para proporcionar um adequado<br />

levantamento dos impactos ambientais gerados na constru-<br />

27


ARTIGOS TÉCNICOS<br />

ção e implantação de uma Pequena Central Hidrelétrica (PCH), localizada<br />

dentro da Bacia Hidrográfica do Rio do Peixe. A tabela de critérios<br />

ambientais baseou-se nos princípios da NBR ISO 14.001/<br />

2004 e na metodologia desenvolvida por Fernandes (2008).<br />

Os planos de bacia hidrográfica definem basicamente as orientações<br />

para proteção e gestão equilibrada da água. A elaboração<br />

desses critérios ambientais, para a região do Rio do Peixe, tem<br />

grande importância para o esclarecimento do comitê sobre o assunto<br />

auxiliando assim na estruturação do plano da Bacia Hidrográfica<br />

do Rio do Peixe.<br />

Pequena Central Hidrelétrica (PCH)<br />

Segundo a resolução da ANEEL nº 652 de 09 de dezembro de<br />

20<strong>03</strong>, no seu Art. 3o, PCH é o aproveitamento hidrelétrico com potência<br />

superior a 1MW e igual ou inferior a 30MW, destinado a produção<br />

independente, autoprodução ou produção independente autônoma,<br />

com área do reservatório inferior a 3,0 km2. A área do reservatório<br />

é delimitada pela cota d'água associada à vazão de cheia<br />

com tempo de recorrência de 100 anos.<br />

As Pequenas Centrais Hidrelétricas geralmente funcionam com<br />

pequenos reservatórios ou com derivações de cursos d'água permanentes.<br />

Normalmente têm se destinado a suprir demandas locais<br />

ou também quando as restrições a uma grande barragem predominarem,<br />

uma alternativa poderá ser a construção de uma sucessão<br />

de PCHs (PEDREIRA, 2004).<br />

Aspecto e Impacto Ambiental<br />

Segundo a NBR ISO 14001/2004, o aspecto ambiental pode ser<br />

definido como "elemento das atividades, produtos e serviços de<br />

uma organização que pode interagir com o meio ambiente" e impacto<br />

ambiental como "qualquer modificação do meio ambiente,<br />

adversa ou benéfica, que resulte, no todo ou em parte, das atividades,<br />

produtos ou serviços de uma organização" (ABNT, 2004, p.2).<br />

A finalidade de se identificar os aspectos ambientais é determinar<br />

quais deles têm ou podem ter impactos ambientais significativos,<br />

os quais são interpretados como alterações (benéficas ou adversas)<br />

no meio ambiente resultantes dos aspectos ambientais<br />

(TOLEDO; TURRIONI; BALESTRASSI, 2008).<br />

Quando tratamos de PCHs Tiago Filho et al. apud Barbosa<br />

(2004), afirma que o mercado apresenta grande potencial, sendo<br />

altamente atrativo a investidores estrangeiros, o que levará à necessidade<br />

de uma maior atenção a esses pequenos aproveitamentos<br />

para a geração em um futuro próximo. Assim, ao se decidir pela<br />

implantação de uma PCH, da mesma forma que as grandes usinas,<br />

a análise das variáveis sobre os impactos ambientais relativas aos<br />

meios físico, biótico e antrópico é que define a realização do empreendimento<br />

garantindo parcialmente a sustentabilidade do ambiente.<br />

Licenciamento Ambiental<br />

Uma das funções constitucionalmente definidas do Estado é a<br />

de conservar o meio ambiente ecologicamente equilibrado. O licenciamento<br />

ambiental, como um dos instrumentos da Política Nacional<br />

do Meio Ambiente, visa à preservação do meio ambiente, prevenindo<br />

a ocorrência de impactos negativos (FINK et al. apud<br />

BARBOSA, 2004).<br />

28<br />

Para Almeida apud Barbosa (2004), o licenciamento ambiental,<br />

é na verdade uma prática relativamente recente no Brasil e no mundo.<br />

Os estudos necessários para o licenciamento só começaram a<br />

ganhar importância na década de 80 e ainda persistem muitas dúvidas<br />

nas tomadas de decisões.<br />

O licenciamento ambiental é uma ferramenta de fundamental<br />

importância, pois permite aos responsáveis pelo empreendimento<br />

identificar os efeitos ambientais ocasionados, e de que forma esse<br />

efeitos podem ser gerenciados (AGUILAR, 2008).<br />

Conforme o que explica a IN 44 da FATMA, empreendimentos<br />

de produção de energia hidrelétrica de médio (10MW a 100MW) e<br />

grande porte (P > 100MW) para serem licenciados exige-se a elaboração<br />

do EIA/RIMA que é um estudo detalhado e abrangente e leva<br />

os dados pesquisados para o população em geral através de audiência<br />

publica para viabilizar o empreendimento e emitir as licenças<br />

ambientais. Já as PCHs que possuem potência instalada de até<br />

10MW precisam apenas de um Estudo Ambiental Simplificado<br />

(EAS), que trata-se de estudos mais simplificados e menos burocráticos<br />

que os Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto<br />

Ambiental (FATMA, 2009).<br />

Características da Bacia Hidrográfica do Rio do Peixe<br />

A bacia hidrográfica do Rio do Peixe (código 72) é contribuinte<br />

da Bacia do Rio Uruguai (código 7), integrante da Bacia do Rio Prata<br />

que deságua suas águas no Oceano Atlântico (ANA apud ZAGO;<br />

PAIVA, 2008, p.22).<br />

Sua localização está compreendida no meio – oeste do estado<br />

de Santa Catarina. A bacia é integrada por 26 municípios, ela tem<br />

876m de altitude média e as coordenadas geográficas que a delimitam<br />

são: latitude: S 26o36'24" e S 27o29'19" e longitude: W<br />

50o48'04" e W 51o53'57". Ela conta com uma área territorial de<br />

5.238 km2, um perímetro de 425 Km2 e abrange uma população<br />

estimada de 334.160 pessoas, somando-se zona rural (21,5%) e<br />

urbana (78,5%) (ZAGO; PAIVA, 2008).<br />

O Rio do Peixe nasce na Serra do Espigão, localizada no município<br />

de Calmon a uma altitude de 1.250m, e percorre aproximadamente<br />

299 km até desaguar no Rio Uruguai, no município de Alto<br />

Bela Vista, a uma altitude de 387m. Na margem direita do rio do Peixe<br />

está localizada a histórica estrada de ferro que liga os estados de<br />

São Paulo e Rio Grande do Sul (ZAGO; PAIVA, 2008).<br />

Segundo Clark (2009) e dados obtidos em órgãos responsáveis,<br />

a relação de pequenas centrais hidrelétricas localizadas na Bacia<br />

Hidrográfica do Rio do Peixe, em funcionamento, em processo de<br />

implementação e com projetos para instalação, é a seguinte:<br />

2. MATERIAL E MÉTODOS<br />

O método adotado foi o indutivo, onde foi analisada a revisão bi-


liográfica e as características das PCHs do Rio do Peixe com intuito<br />

de propor critérios específicos da região para auxiliar a análise do<br />

impacto ambiental desses empreendimentos na Bacia do Rio do Peixe.<br />

O desenvolvimento do projeto foi estruturado fundamentalmente<br />

por três partes:<br />

I. Primeiramente foi feita a leitura de livros, artigos técnicos e científicos,<br />

teses, dissertações e também a legislação pertinente para<br />

aprofundar-se sobre os assuntos relacionados ao tema principal<br />

do projeto.<br />

II. Conheceram-se as características das PCHs que estão localizadas<br />

na bacia.<br />

III. Concluída essas etapas utilizou-se a metodologia desenvolvida<br />

por Fernandes (2008), que objetivou estabelecer critérios ambientais<br />

para licenciamento ambiental hidrelétricas e também os<br />

fundamentos da NBR ISO 14.001/2004, para criar uma Tabela de<br />

Critérios Ambientais que permita<br />

avaliar a magnitude dos impactos ambientais gerados por esses<br />

empreendimentos.<br />

O fluxograma abaixo, figura 6, mostra resumidamente o método<br />

utilizado para a elaboração do projeto:<br />

Figura 1 – Fluxograma do Método<br />

FONTE: (PERAZZOLI, 2009)<br />

3. RESULTADOS E DISCUSSÕES<br />

A tabela de critérios ambientais para a avaliação de impacto ambiental<br />

de PCHs específica para a Bacia Hidrográfica do Rio do Peixe,<br />

teve como base a metodologia desenvolvida por Fernandes<br />

(2008), que criou uma Lista de Critérios Ambientais e um mapa de<br />

Criticidade Ambiental para SBH do rio Benedito, que conta com<br />

uma área de 1.501 Km2, o que representa 10% da Bacia do Itajaí.<br />

A proposta desenvolvida por ele foi a criação desses critérios para<br />

auxiliar os órgãos ambientais no licenciamento ambiental de empreendimentos<br />

hidrelétricos na SBH do rio Benedito.<br />

A figura 2 ilustra a lista de critérios ambientais específicos para<br />

a SBH do rio Benedito.<br />

Após a análise da metodologia e da lista de critérios ilustrada na<br />

figura 20, com os dados e características disponíveis das pequenas<br />

centrais hidrelétricas e da Bacia Hidrográfica do Rio do Peixe e também<br />

as referências bibliográficas sobre o assunto, desenvolveu-se<br />

a Tabela de Critérios Ambientais para auxiliar a avaliação dos possíveis<br />

impactos ambientais referentes à construção de PCHs na Bacia<br />

do rio do Peixe.<br />

Cada critério ambiental deve receber um peso. Esse peso vai va-<br />

ARTIGOS TÉCNICOS<br />

Figura 2 – Lista de Critérios para a SBH do rio Benedito<br />

FONTE: (FERNANDES, 2008)<br />

riar de acordo com a significância que cada um representar para a<br />

possível geração de um impacto ambiental. Os valores dos pesos<br />

serão de:<br />

1 (um) para baixa significância;<br />

2 (dois) para média significância;<br />

3 (três) para alta significância.<br />

Os critérios ambientais elaborados para auxiliar no julgamento<br />

dos principais impactos ambientais e conseqüentemente na viabilidade<br />

da construção de PCHs na Bacia do rio do Peixe estão relacionados<br />

abaixo. Para cada critério foi estabelecido padrões que determinarão<br />

o peso da significância a ser aplicado. Os critérios ambientais<br />

escolhidos são:<br />

Área Alagada: a significância vai ser de 1 (baixa) para área até<br />

3 km2, para áreas alagadas entre 3 km2 e 13 km2 a significância<br />

vai ser de 2 (média) ou 3 (alta) dependendo assim de estudos mais<br />

específicos sobre o tipo da região e da área que vai ser atingida.<br />

Distância entre os barramentos das PCHs: para distâncias acima<br />

de 20 km o valor de significância é 1 (baixa), para distâncias entre<br />

20 e 10 km o valor da significância é 2 (média) e para distâncias<br />

menores de 10 km o valor da significância vai ser 3 (alta).<br />

Alteração da vazão natural: fica estabelecido então que por gerarem<br />

menos mudanças nos rios e nas suas vazões quando se tratar<br />

do projeto de uma PCH de Fio de Água a significância vai ser 1<br />

(baixa). As PCHs com Reservatórios de Acumulação geram mais alterações<br />

nos rios e em suas vazões. A significância vai ser determinada<br />

pelo tipo de regularização do reservatório, as de regularização<br />

mensal vão receber o 2 (média) e as de regularização diária 3<br />

(alta).<br />

Potência Instalada: fica definido assim que empreendimentos<br />

com potência instalada menor que 10 MW receberão significância 1<br />

(baixa). Os empreendimentos com potência entre 10 e 20 MW receberão<br />

a significância 2 (média) e os que contarem com uma potência<br />

instalada acima de 20 MW ganharão a significância 3 (alta).<br />

Estudos ambientais pré-existentes: para locais sondados para<br />

a construção de PCHs que não tem nenhum tipo de estudo ambiental<br />

realizado a significância será 3 (alta). Em locais onde existem es-<br />

29


ARTIGOS TÉCNICOS<br />

tudos, a significância será determinada pela abrangência dos estudos.<br />

Onde os estudos têm pouca abrangência e são mais simples a<br />

significância vai ser 2 (média), agora onde os estudos são bem<br />

abrangentes e específicos a significância vai ser 1 (baixa).<br />

Distância da população (urbana e rural): atribuir o peso 3 (alta)<br />

significância para empreendimentos cujo as distâncias forem abaixo<br />

do raio de 2,5 km para cidades e 500 m para propriedades rurais.<br />

Para as distâncias com raio acima de 2,5 km e de 500 m o peso<br />

da significância vai ser de 1 (baixa), ou de 2 (média) dependendo<br />

das características regionais, da quantidade de população e de analises<br />

técnicas especificas.<br />

Usos múltiplos da água no local: para empreendimentos que influenciarem<br />

negativamente e/ou inviabilizarem até 20% dos usos<br />

múltiplos da região a significância vai ser 1 (baixa). Para os que influenciarem<br />

negativamente e/ou inviabilizarem de 20% à 50% a<br />

significância vai ser 2 (média). Já para os que influenciarem negativamente<br />

e/ou inviabilizarem acima de 50% dos usos múltiplos da<br />

água na região, a significância vai ser 3 (alta).<br />

Área de interesse turístico: se o local de instalação da PCH for<br />

em áreas de grande interesse turístico a significância vai ser 3 (alta)<br />

se ocorrer influência direta e 2 (média) se a influência for indireta.<br />

Já se a instalação for em uma área onde o turismo não tem<br />

muita importância ou não ocorre, a significância vai se 1 (baixa).<br />

Área de patrimônio histórico cultural: para empreendimentos<br />

que afetarem diretamente essas áreas a significância fica estabelecida<br />

em 3 (alta), os que afetarem indiretamente essas áreas a significância<br />

vai ser 2 (média). Os empreendimentos que não afetarem<br />

de nenhuma forma essas áreas receberam a significância 1<br />

(baixa).<br />

Unidades de Conservação: tendo em visto o que determina a legislação,<br />

fica determinando que para empreendimentos localizados<br />

acima de um raio de 10 km da UC, ou onde não existe uma unidade,<br />

a significância vai ser 1 (baixa), os previstos dentro de um raio<br />

de 10 km da UC vão receber significância 2 (média) e os abaixo<br />

do raio de 10 km receberam a significância 3 (alta).<br />

A tabela de critérios deve ser utilizada quando existe o interesse<br />

de instalação de uma PCH. Ao todo foram desenvolvidos dez critérios,<br />

buscando priorizar as peculiaridades da região.<br />

Após a aplicação da tabela contabiliza-se o valor total dos pesos<br />

das significâncias. Se o peso total final ficar:<br />

-abaixo de 10, o impacto ambiental do empreendimento será<br />

baixo, assim sua instalação se torna viável.<br />

-entre 10 e 20, o impacto ambiental do empreendimento será<br />

médio, assim para se tornar viável necessitara de estudos mais detalhados.<br />

-acima de 20, o impacto ambiental do empreendimento será alto,<br />

tornando assim inviável sua instalação. Porém fica a cargo do órgão<br />

licenciador aprovar ou não a instalação.<br />

Deve ficar evidente que os padrões para a determinação dos pesos<br />

da significância e os critérios ambientais utilizados foram desenvolvidos<br />

e estipulados para realização de um projeto acadêmico.<br />

Para uma melhor eficácia na sua utilização em uma bacia hidrográfica<br />

deve-se contar com uma equipe técnica multidisciplinar,<br />

que entre outras coisas devem fazer as possíveis sugestões e correções<br />

além de trabalhos a campo.<br />

30<br />

4. CONCLUSÕES<br />

Percebe-se que em virtude de um grande estímulo à produção<br />

de energia elétrica, surgiu no Brasil uma verdadeira avalanche de<br />

projetos para a implantação de pequenas centrais hidrelétricas. No<br />

estado de Santa Catarina, devido um relevo apropriado, esse fenômeno<br />

vem acontecendo em grande escala. Juntamente com esses<br />

empreendimentos surgem os impactos ambientais.<br />

Ficou claro que várias PCHs em um único rio podem vim a gerar<br />

impactos mais significativos que uma grande usina hidrelétrica. A<br />

distância entre as PCHs deve receber maior atenção e estudos mais<br />

detalhados, pois é a principal agravante para que esses impactos<br />

cumulativos aconteçam. Os impactos podem ser controlados e evitados<br />

realizando uma análise em conjunto de todos os empreendimentos<br />

projetados.<br />

O desenvolvimento dos critérios ambientais buscou isso, ser<br />

uma ferramenta para o estudo conjunto dos impactos das PCHs da<br />

Bacia do rio do Peixe. Através deles será possível determinar quais<br />

PCHs são viáveis, quais necessitam de estudos mais aprofundados<br />

e quais são inviáveis para se instalarem na nossa bacia. Eles ajudarão<br />

também a estabelecer o tipo e a magnitude dos possíveis impactos<br />

gerados, e na elaboração do plano da bacia.<br />

A tabela de critérios ambientais foi criada para as PCHs, devido<br />

à grande demanda, porém pode ser tranqüilamente utilizada na<br />

avaliação de outros empreendimentos hidrelétricos, fazendo-se as<br />

adaptações necessárias. Por se tratar de um trabalho acadêmico e<br />

pioneiro na nossa bacia, toda a tabela e os seus critérios podem ser<br />

reavaliados por equipes técnicas especializadas buscando assim<br />

uma melhor otimização na sua utilização. Outra função da tabela<br />

de critérios é explorar as características, as peculiaridades específicas<br />

de cada local no momento de se licenciar e avaliar os empreendimentos,<br />

auxiliando os estudos ambientais e facilitando assim<br />

uma gestão ambiental mais sólida das PCHs e suas atividades. Todos<br />

esses fatores buscam a sustentabilidade da região.<br />

A maioria das PCHs da Bacia do Rio do Peixe estão na fase final<br />

de elaboração do projeto básico. Algumas estão com o projeto básico<br />

com a análise não iniciada, outras com a análise concluída e tam-


ém algumas já encaminhadas para a fase de outorga. Restringise<br />

apenas a uma em pleno funcionamento.<br />

Conclui-se que a inclusão de PCHs na Bacia Hidrográfica do rio<br />

do Peixe, como em qualquer outra bacia, trazem desenvolvimento<br />

em vários aspectos para a região, pois suas vantagens se sobressaem<br />

bastante sobre as desvantagens. Esses empreendimentos<br />

possuem proporções menores e conseqüentemente causam menos<br />

impactos, porém deve-se realizar os estudos ambientais adequados<br />

e respeitar principalmente a distância entre as mesmas.<br />

O fato é que, qualquer que seja a dimensão dos empreendimentos<br />

hidrelétricos, eles sempre produzirão impactos, com maior<br />

ou menor significância, afetando sempre o meio ambiente e incumbe<br />

a nós desenvolver métodos e alternativas para minimizar<br />

ao máximo esses impactos.<br />

5. REFERÊNCIAS<br />

ABNT, Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR ISO<br />

14001: Sistemas da gestão ambiental - Requisitos com orientações<br />

para uso. Rio de Janeiro: ABNT 2004.<br />

AGUILAR, Graziela de Toni. Licenciamento Ambiental para<br />

Implantação de PCH no Brasil. Itajubá. 2005. Disponível em: <<br />

http://www.cerpch.unifei.edu.br/at01.php?grp=Meio%20Ambien<br />

te >. Acesso em: 18 nov. 2008.<br />

BARBOSA, Tânia Aparecida de Souza. Análise do Estudo de<br />

Impacto Ambiental da PCH Ninho da Águia. Proposta de Otimização<br />

do Processo de Licenciamento Ambiental utilizando uma Matriz<br />

Simplificada. 2004. f.119. Dissertação. Mestrado em Engenharia<br />

da Energia. UNIFEI, Universidade Federal de Itajubá, Itajubá.<br />

BRASIL. ANEEL. Resolução nº 652 de 09 de dezembro de 20<strong>03</strong>.<br />

Disponível em: < http://www.aneel.gov.br/cedoc/res20<strong>03</strong>652.pdf<br />

> Acesso em: 18 nov. 2008.<br />

BRITO, Karen Fonseca Lose. Estudo da Aplicação do Método de<br />

ARTIGOS TÉCNICOS<br />

Estabelecimento de Vazões Ecológicas Building blocks methodology<br />

– BBM – Para o Caso da PCH Estação Indaial. 2005. f. 359. Dissertação.<br />

Mestrado em Engenharia Ambiental. FURB, Universidade<br />

Regional de Blumenau, Blumenau.<br />

FATMA, Fundação do Meio Ambiente. Instrução Normativa IN<br />

44. Florianópolis. 2007. Disponível em: < www.fatma.sc.gov/download<br />

>. Acesso em <strong>03</strong> abr. 2009.<br />

FERNADES, Odair. Modelo para Aplicação de Critérios Ambientais<br />

para Licenciamento de Empreendimentos Hidrelétricos: Um estudo<br />

de Caso na Sub-Bacia Hidrográfica do Rio Benedito – SC.<br />

2008. f. 177. Dissertação. Mestrado em Engenharia Ambiental.<br />

FURB, Universidade Regional de Blumenau, Blumenau.<br />

PEDREIRA, Adriana. C. Avaliação do Processo de Licenciamento<br />

Ambiental para Pequenas Centrais Hidrelétricas no Estado de Minas<br />

Gerais. 2004. f.129. Dissertação (Mestrado em Engenharia da<br />

Energia - Instituto de Recursos Naturais). UNIFEI, Universidade Federal<br />

de Itajubá, Itajubá.<br />

SIPOT, Sistema de Informações do Potencial Hidrelétrico Brasileiro.<br />

Tabela de dados. Disponível em: < http://www.eletrobras.<br />

gov.br/mostra_arquivo.asp?id=http://www.eletrobras.gov.br/do<br />

wnloads/em_atuacao_sipot/tabela_dados_atlas_SIPOT.<br />

pdf&tipo=sipot > Acesso em: 13 dez. 2008.<br />

TOLEDO, Thiago P. Arouca; TURRIONI, João Batista;<br />

BALESTRASSI, Pedro Paulo. Implantação do Sistema de Gestão<br />

Ambiental Segundo a ISO 14001: Um Estudo de Caso em uma<br />

Empresa do Sul de Minas Gerais. In: XXIII ENCONTRO NACIONAL<br />

DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO, 21. Ouro Preto. Anais eletrônicos.<br />

Ouro Preto, 20<strong>03</strong>. Disponível em: http://www.iem.efei.br.<br />

Acesso em: 28 nov. 2008.<br />

ZAGO, Sady; PAIVA, Dorarice Pedroso de (Org). RIO DO PEIXE:<br />

ATLAS DA BACIA HIDROGRÁFICA. Joaçaba: Ed. Unoesc, 2008.<br />

ACESSEM TODOS OS NOSSOS ARTIGOS EM:<br />

www.cerpch.org.br<br />

31


TECHNICAL ARTICLES<br />

ARTIGOS TÉCNICOS<br />

Forma e preparação de manuscrito<br />

Primeira Etapa (exigida para submissão do artigo)<br />

O texto deverá apresentar as seguintes características: espaçamento<br />

1,5; papel A4 (210 x 297 mm), com margens superior, inferior, esquerda e direita<br />

de 2,5 cm; fonte Times New Roman 12; e conter no máximo 16 laudas, incluindo<br />

quadros e figuras.<br />

Na primeira página deverá conter o título do trabalho, o resumo e as<br />

Palavras-Chaves. Nos artigos em português, os títulos de quadros e figuras deverão<br />

ser escritos também em inglês; e artigos em espanhol e em inglês, os títulos<br />

de quadros e figuras deverão ser escritos também em português. Os quadros<br />

e as figuras deverão ser numerados com algarismos arábicos consecutivos,<br />

indicados no texto e anexados no final do artigo. Os títulos das figuras deverão<br />

aparecer na sua parte inferior antecedidos da palavra Figura mais o seu<br />

número de ordem. Os títulos dos quadros deverão aparecer na parte superior<br />

e antecedidos da palavra Quadro seguida do seu número de ordem. Na figura,<br />

a fonte (Fonte:) vem sobre a legenda, à direta e sem ponto-final; no quadro,<br />

na parte inferior e com ponto-final.<br />

O artigo em PORTUGUÊS deverá seguir a seguinte seqüência: TÍTULO em<br />

português, RESUMO (seguido de Palavras chave), TÍTULO DO ARTIGO em inglês,<br />

ABSTRACT (seguido de key words); 1. INTRODUÇÃO (incluindo revisão<br />

de literatura); 2. MATERIAL E MÉTODOS; 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO; 4.<br />

CONCLUSÃO (se a lista de conclusões for relativamente curta, a ponto de dispensar<br />

um capítulo específico, ela poderá finalizar o capítulo anterior); 5.<br />

AGRADECIMENTOS (se for o caso); e 6. REFERÊNCIAS, alinhadas à esquerda.<br />

O artigo em INGLÊS deverá seguir a seguinte seqüência: TÍTULO em inglês;<br />

ABSTRACT (seguido de Key words); TÍTULO DO ARTIGO em português;<br />

RESUMO (seguido de Palavras-chave); 1. INTRODUCTION (incluindo revisão<br />

de literatura); 2. MATERIALAND METHODS; 3. RESULTS AND DISCUSSION; 4.<br />

CONCLUSIONS (se a lista de conclusões for relativamente curta, a ponto de<br />

dispensar um capítulo específico, ela poderá finalizar o capítulo anterior); 5.<br />

ACKNOWLEDGEMENTS (se for o caso); e 6. REFERENCES.<br />

O artigo em ESPANHOL deverá seguir a seguinte seqüência: TÍTULO em<br />

espanhol; RESUMEN (seguido de Palabra llave), TÍTULO do artigo em português,<br />

RESUMO em português (seguido de palavras-chave); 1.<br />

INTRODUCCTIÓN (incluindo revisão de literatura); 2. MATERIALES Y<br />

METODOS; 3. RESULTADOS Y DISCUSIÓNES; 4. CONCLUSIONES (se a lista<br />

de conclusões for relativamente curta, a ponto de dispensar um capítulo específico,<br />

ela poderá finalizar o capítulo anterior); 5. RECONOCIMIENTO (se for o<br />

caso); e 6. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS.<br />

Os subtítulos, quando se fizerem necessários, serão escritos com letras<br />

iniciais maiúsculas, antecedidos de dois números arábicos colocados em posição<br />

de início de parágrafo.<br />

No texto, a citação de referências bibliográficas deverá ser feita da seguinte<br />

forma: colocar o sobrenome do autor citado com apenas a primeira letra<br />

maiúscula, seguido do ano entre parênteses, quando o autor fizer parte do<br />

texto. Quando o autor não fizer parte do texto, colocar, entre parênteses, o sobrenome,<br />

em maiúsculas, seguido do ano separado por vírgula.<br />

O resumo deverá ser do tipo informativo, expondo os pontos relevantes<br />

do texto relacionados com os objetivos, a metodologia, os resultados e as conclusões,<br />

devendo ser compostos de uma seqüência corrente de frases e conter,<br />

no máximo, 250 palavras.<br />

Para submeter um artigo para a Revista PCH Noticias & SHP News o(os)<br />

autor (es) deverão entrar no site www.cerpch.unifei.edu.br/Submete-rartigo.<br />

Serão aceitos artigos em português, inglês e espanhol. No caso das línguas<br />

estrangeiras, será necessária a declaração de revisão lingüística de um<br />

especialista.<br />

Segunda Etapa (exigida para publicação)<br />

O artigo depois de analisado pelos editores, poderá ser devolvido ao (s)<br />

autor (es) para adequações às normas da Revista ou simplesmente negado<br />

por falta de mérito ou perfil. Quando aprovado pelos editores, o artigo será encaminhado<br />

para três revisores, que emitirão seu parecer científico. Caberá<br />

ao(s) autor (es) atender às sugestões e recomendações dos revisores; caso<br />

não possa (m) atender na sua totalidade, deverá (ão) justificar ao Comitê<br />

Editorial da Revista.<br />

Obs.: Os artigos que não se enquadram nas normas acima descritas, na<br />

sua totalidade ou em parte, serão devolvidos e perderão a prioridade da ordem<br />

seqüencial de apresentação.<br />

32<br />

INSTRUÇÕES AOS AUTORES INSTRUCTIONS FOR AUTHORS<br />

Form and preparation of manuscripts<br />

First Step (required for submition)<br />

The manuscript should be submitted with following format: should be<br />

typed in Times New Roman; 12 font size; 1.5 spaced lines; standard A4 paper<br />

(210 x 297 mm), side margins 2.5 cm wide; and not exceed 16 pages, including<br />

tables and figures.<br />

In the first page should contain the title of paper, Abstract and Keywords.<br />

For papers in Portuguese, the table and figure titles should also be written in<br />

English; and papers in Spanish and English, the table and figure titles should<br />

also be written in Portuguese. The tables and figures should be numbered consecutively<br />

in Arabic numerals, which should be indicated in the text and annexed<br />

at the end of the paper. Figure legends should be written immediately<br />

below each figure preceded by the word Figure and numbered consecutively.<br />

The table titles should be written above each table and preceded by the word<br />

Table followed by their consecutive number. Figures should present the data<br />

source (Source) above the legend, on the right side and no full stop; and tables,<br />

below with full stop.<br />

The manuscript in PORTUGUESE should be assembled in the following order:<br />

TÍTULO in Portuguese, RESUMO (followed by Palavras-chave), TITLE in<br />

English; ABSTRACT in English (followed by keywords); 1.INTRODUÇÃO (including<br />

references); 2. MATERIAL E MÉTODOS; 3. RESULTADOS E<br />

DISCUSSÃO; 4. CONCLUSÃO (if the list of conclusions is relatively short, to<br />

the point of not requiring a specific chapter, it can end the previous chapter);<br />

5. AGRADECIMENTOS (if it is the case); and 6. REFERÊNCIAS, aligned to the<br />

left.<br />

The article in ENGLISH should be assembled in the following order: TITLE<br />

in English; ABSTRACT in English (followed by keywords); TITLE in Portuguese;<br />

ABSTRACT in Portuguese (followed by keywords); 1. INTRODUCTION (including<br />

references); 2. MATERIAL AND METHODS; 3.RESULTS AND DISCUSSION;<br />

4. CONCLUSIONS (if the list of conclusions is relatively short, to the point of<br />

not requiring a specific chapter, it can end the previous chapter); 5. AC-<br />

KNOWLEDGEMENTS (if it is the case); and 6. REFERENCES.<br />

The article in SPANISH should be assembled in the following order:<br />

TÍTULO in Spanish; RESUMEN (following by Palabra-llave), TITLE of the article<br />

in Portuguese, ABSTRACT in Portuguese (followed by keywords); 1.<br />

INTRODUCCTIÓN (including references); 2. MATERIALES Y MÉTODOS; 3.<br />

RESULTADOS Y DISCUSIÓNES; 4. CONCLUSIONES (if the list of conclusions is<br />

relatively short, to the point of not requiring a specific chapter, it can end the<br />

previous chapter); 5.RECONOCIMIENTO (if it is the case); and 6<br />

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS.<br />

The section headings, when necessary, should be written with the first letter<br />

capitalized, preceded of two Arabic numerals placed at the beginning of the<br />

paragraph.<br />

Abstracts should be concise and informative, presenting the key points of<br />

the text related with the objectives, methodology, results and conclusions; it<br />

should be written in a sequence of sentences and must not exceed 250 words.<br />

References cited in the text should include the author\'s last name, only<br />

with the first letter capitalized, and the year in parentheses, when the author<br />

is part of the text. When the author is not part of the text, include the last<br />

name in capital letters followed by the year separated by comma, all in parentheses<br />

For paper submission, the author(s) should access the online submission<br />

Web site www.cerpch.unife.edu.br/submeterartigo (submit paper).<br />

The Magazine SHP News accepts papers in Portuguese, English and Spanish.<br />

Papers in foreign languages will be requested a declaration of a specialist<br />

in language revision.<br />

Second Step (required for publication)<br />

After the manuscript has been reviewed by the editors, it is either returned<br />

to the author(s) for adaptations to the Journal guidelines, or rejected<br />

because of the lack of scientific merit and suitability for the journal. If it is<br />

judged as acceptable by the editors, the paper will be directed to three reviewers<br />

to state their scientific opinion. Author(s) are requested to meet the reviewers\'<br />

suggestions and recommendations; if this is not totally possible,<br />

they are requested to justify it to the Editorial Board<br />

Obs.: Papers that fail to meet totally or partially the guidelines above described<br />

will be returned and lose the priority of the sequential order of presentation.


2º Enbrafe - Encontro Brasileiro de Investidores e Financiadores<br />

de Projetos de Energia<br />

Data: 06 a 07 de outubro de 2010<br />

Local: Hotel Pergamon - Rua Frei Caneca, 80 - São Paulo -<br />

Site: http://www.ibcbrasil.com.br/pt/event/show/id/1229/<br />

Eracs - Fórum e Exposição Energias Renováveis e Alternativas<br />

no Cone Sul<br />

Data: 13 a 15 de outubro de 2010<br />

Local: Centro de Eventos da PUCRS - Porto Alegre - RS<br />

Site: www.eracs.org.br/site/capa<br />

Brazil Renewable Energy - Finance & Investment Summit<br />

Data: 18 a 20 de outubro de 2010<br />

Local: São Paulo - SP<br />

Site: www.apmpe.com.br<br />

Energias Renováveis Brasil Summit Investimento e Financiamento<br />

Data: 19 a 21 de outubro de 2010<br />

Local: Hotel Sofitel Ibirapuera - São Paulo<br />

Site: www.infocasting.com<br />

XXI Seminário Nacional de Produção e Transmissão de<br />

Energia Elétrica<br />

Data: 23 a 26 de outubro de 2010<br />

Local: Costão do Santinho Resort Golf Spa - Florianópolis<br />

Site: http://www.xxisnptee.com.br/site<br />

Legislação Ambiental para o Setor Elétrico<br />

Data: 26 a 27 de outubro de 2010<br />

Local: Hotel Blue Tree Towers Morumbi - São Paulo - SP<br />

Site: http://www.viex-americas.com.br/eventos/63-legisla<br />

IEEE/PES 2010 T&D Latin America Conference and Exposition<br />

Data: 08 a 10 de novembro de 2010<br />

Local: Centro de Convenções Shopping Frei Caneca - São Paulo<br />

Site: www.ieee.org.br<br />

X Simpósio de Recursos Hídricos do Nordeste<br />

Data: 16 a 19 de novembro de 2010<br />

Local: Fortaleza - CE<br />

Site: www.acquacon.com.br<br />

IV EcoSãoPaulo - Encontro de Meio Ambiente de São Paulo<br />

Data: 17 a 19 de novembro de 2010<br />

Local: Novatel São Paulo Center Norte - São Paulo - SP<br />

Site: http://www.ecovale-seesp.com.br/<br />

AGENDA/SCHEDULE<br />

Ires 2010 - Conferência Internacional de Armazenamento<br />

de Energias Renováveis<br />

Data: 22 a 24 de novembro de 2010<br />

Local: Alemanha - Berlin<br />

Site: http://www.eurosolar.de/en/index.php?option=com_fr<br />

SENDI 2010 - Seminário Nacional de Distribuição de<br />

Energia Elétrica<br />

Data: 22 a 26 de novembro de 2010<br />

Local: Transamérica Expo Center - São Paulo - SP<br />

Site: www.sendi.org.br<br />

Fórum Nacional de Comercialização de Energia<br />

Data: 23 a 25 de novembro de 2010<br />

Local: Hotel Blue Tree Faria Lima - São Paulo - SP<br />

Site: http://www.forumenergiabr.com<br />

2º Simpósio - Experiências em Gestão dos Recursos Hídricos<br />

por Bacia Hidrográfica<br />

Data: 23 a 26 de novembro de 2010<br />

Local: Taúa Hotel - Atibaia - SP<br />

Site: http://www2.agua.org.br/simposio-experiencia/<br />

CINASE - I Circuito Nacional do Setor Elétrico - Porto Alegre<br />

Data: 30 de novembro a 02 de dezembro de 2010<br />

Local: Porto Alegre - RS<br />

Site: www.cinase.com.br<br />

Simpósio Matriz Energética - Segurança, Custo e Sustentabilidade<br />

Data: 01 de dezembro de 2010<br />

Local: Instituto de Engenharia - Av. Dr. Dante Pazzanese, 120 -<br />

Vila Mariana - São Paulo - SP<br />

Site: http://www.institutodeengenharia.org.br/site/event<br />

AGRENER GD 2010 - 8º Congresso Internacional sobre<br />

Geração Distribuida e Energia no Meio Rural<br />

Data: 13 a 15 de dezembro de 2010<br />

Local: Centro de Convenções Unicamp - São Paulo - SP<br />

E-mail: agrener@nipeunicamp.org.br<br />

33


O Mercado e o cenário atual<br />

Desafios do Projeto<br />

CURTAS<br />

O PROINFA E A RELAÇÃO COM O MERCADO ATUAL DE FONTES ALTERNATIVAS<br />

Por Juliana Cunha<br />

Diante dos recentes leilões de energia é imprescindível destacar o atuante papel das energias renováveis e sua participação cada vez<br />

mais relevante na matriz energética mundial. A constante preocupação com o meio ambiente e a viabilização de fontes sustentáveis estimulam<br />

o interesse global por meios de geração de energia limpa e renovável. Segundo informa o site do Ministério de Minas e Energia<br />

(MME) o país é privilegiado na utilização de fontes renováveis de energia.<br />

No Brasil, 43,9% da Oferta Interna de Energia (OIE) é renovável, enquanto a média mundial é de 14% e nos países desenvolvidos, de<br />

apenas 6%. Diante dessa realidade, foi implantado em 2004 o Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica<br />

(PROINFA), criado no âmbito do MME que objetivou a instalação de 3.300 MW de capacidade a serem incorporados no Sistema Elétrico<br />

Integrado (SIN), distribuídos em fontes eólicas, pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) e projetos de biomassa. A energia gerada é adquirida<br />

pela Centrais Elétricas Brasileiras S.A. (Eletrobrás) por meio de contratos com duração de 20 anos.<br />

A intenção do programa é diversificar a matriz energética brasileira, tornando-as competitivas no mercado interno e externo e ressaltar<br />

os benefícios técnicos, ambientais e socioeconômicos de projetos de geração que utilizem fontes limpas. Após seis anos de programa,<br />

o PROINFA se destacou pelo pioneirismo e pelo sucesso do projeto que evidenciou a vocação do país na matriz elétrica sustentável gerando<br />

3,3 GW. Essa realidade reflete na mudança da matriz energética brasileira e na implantação de novas fontes de utilização do potencial<br />

brasileiro, complementando o sistema elétrico interligado. Estima-se que até o final deste ano, 68 empreendimentos entrarão em operação,<br />

resultando em mais de 1.591,77 MW no Sistema.<br />

O analista de infraestrutura do MME, Lívio Teixeira afirma que hoje existem 49 empreendimentos de PCH gerando 977 MW em operação<br />

e 13 projetos em construção que resultarão em 2<strong>03</strong> MW, totalizando 1.181 MW em PCHs.<br />

O diretor do departamento de desenvolvimento energético do<br />

MME, Hamilton Moss acredita que o PROINFA foi um instrumento<br />

essencial para alavancar as PCHs, biomassa e as eólicas. Ele destaca<br />

a evidência atual das eólicas no mercado "o Brasil não tem tradição<br />

em eólica, por isso o impacto mais relevante do mercado ocorreu<br />

com essa fonte. Daqui para frente, o mercado brasileiro situase<br />

nos leilões justamente pelo preço competitivo que a eólica e as<br />

outras fontes estão oferecendo."<br />

Para Moss a grande expectativa dos recentes leilões de fontes<br />

renováveis é que os custos possam atender a demanda do setor e a<br />

demanda dos empreendedores, para que dessa forma possam conseguir<br />

espaço para instalar seus empreendimentos. Diante dessa<br />

nova fase de competitividade, Moss ressalta "é preciso estar sempre<br />

observando o mercado, pois se alguma fonte tiver dificuldade<br />

diante desse cenário poderão acontecer leilões específicos para determinada<br />

fonte. Dessa forma, haveria competição apenas com fontes<br />

de mesma natureza. Mas, no momento estamos vivendo a competitividade<br />

das fontes como um todo".<br />

Dentro dos objetivos e projetos propostos pelo PROINFA a fonte<br />

que obteve oferta menor foi a biomassa. Diante dessa realidade,<br />

Moss explica que a biomassa não é uma aplicação única para a geração<br />

de energia elétrica, por isso os empreendedores acharam mais<br />

interessante investir em outras fontes. "Isso foi um aprendizado importante<br />

para que houvesse identificação de algumas dificuldades<br />

específicas da biomassa, tanto que outros leilões foram realizados<br />

e essa fonte revelou-se bastante produtiva".<br />

O coordenador geral de fontes alternativas do MME, Roberto<br />

Meira afirma que no início do programa o conceito de cogeração de<br />

energia estava em processo de amadurecimento. "O PROINFA foi<br />

um programa de convencimento, pois era necessário mostrar a viabilidade<br />

daquele tipo de geração e a biomassa passou por isso. A<br />

grande dificuldade é mostrar sua viabilidade econômica, sua com-<br />

34<br />

petitividade, seu potencial econômico e técnico." Meira ressalta<br />

que o PROINFA foi lançado num momento em que o mercado estava<br />

aquecido na busca por máquinas, ocasionando um aumento no<br />

custo dos equipamentos "a própria indústria nacional não estava<br />

com capacidade suficiente para atender a demanda que cresceu.<br />

De uma hora para outra não há como suprir o mercado com rapidez,<br />

dessa forma o custo era alto e refletia na tarifa".<br />

Leilões de Energia<br />

Segundo a Empresa de Pesquisa Energética<br />

(EPE) os leilões de fontes alternativas<br />

de energia elétrica de 2010 (A-3 e Reserva)<br />

realizados em 25 e 26 de agosto terminaram<br />

com um volume de 2.892,2 MW<br />

de potência instalada, resultando em volume<br />

de energia em 1.159,4 MW médios. Foram<br />

contratadas 70 eólicas, 12 termelétricas<br />

à biomassa e sete PCHs.<br />

Moss acredita que a atual repercussão<br />

das eólicas no leilão se deve ao sucesso do<br />

PROINFA. "Antes do PROINFA foram instaladas cerca de 22 MW de<br />

eólicas e atualmente estamos com quase 800 MW e ate o final do<br />

ano esse valor vai aumentar." Ele reconhece o sucesso das PCHs<br />

dentro do programa e afirma que no Brasil há uma tradição em<br />

energia hidráulica. "Aqui já existia uma tradição em equipamentos,<br />

todo um corpo técnico em condições de oferecer qualidade e instituições<br />

qualificadas como o Centro Nacional de Referências em Pequenas<br />

Centrais Hidrelétricas".<br />

Ele afirma que o PROINFA chegou num momento maduro para<br />

as PCHs saírem na frente, com mais velocidade e dessa forma ocuparem<br />

seu espaço. "O PROINFA foi importante para as PCH's antes<br />

dessa fase do leilão, em que as fontes estão competindo em pé de<br />

igualdade. Ele ajudou as PCH's a enfrentar algumas dificuldades e<br />

melhorar no mercado de fonte renovável". Para Moss, a grande<br />

vantagem do leilão é a possibilidade de deixar de lado avaliações<br />

subjetivas, como por exemplo, dizer que as PCH's estão desvalori-


NEWS<br />

PROINFA AND THE RELATION WITH TODAY'S MARKET OF RENEWABLES<br />

Translation Adriana Candal<br />

Facing the recent energy actions, it is mandatory to highlight the increasing relevant role of the renewables and their participation in<br />

the world's energy matrix. The unending concern with the environment and the feasibility of sustainable sources encourage the world's interest<br />

in generating clean and renewable energy. According to information provided by the websites of the Ministry of Mines and Energy<br />

(MME) Brazil lies in a privileged position regarding the use of renewable sources of energy.<br />

In Brazil, 43.9% of the Internal Energy Offer (OIE) is renewable, whereas the world average is only 14% and in the developed countries<br />

no more then 6%. Facing this reality, the government created PROINFA (a program that encourages power production out of alternative<br />

sources of energy) aiming at the installation of 3,300 MW of capacity, distributed among wind, biomass and Small Hydropower Plants<br />

(SHPs) projects, that would become part of the Interconnected Electric System (SIN). The generated energy is purchased by Eletrobrás (a<br />

federal owned company) through 20-year-long contracts.<br />

The program aims at diversifying the Brazilian energy matrix, making it more competitive in the internal and external markets and<br />

highlighting the technical, environmental and social and economic benefits of generation projects that use clean sources of energy. After<br />

six years, PROINFA is outstanding due to its pioneering character and the success of the projects that showed and evident vocation of the<br />

country towards a sustainable electric matrix by generating 3.3 GW of clean energy. This scenario reflects the change in the Brazilian energy<br />

matrix and the implementation of new ways to use the Brazilian potential, complementing the Interconnected Electric System. It is<br />

estimated that by the end of this year, 68 enterprises will be operating, resulting in an addition of 1,591.77 MW to the System.<br />

The expert in infra-structure of the MME, Mr. Lívio Teixeira says that there are 49 SHP enterprises today, generating 977 MW and 13 projects<br />

that are being constructed, which will result in 2<strong>03</strong> MW, 1,181 MW in SHPs altogether.<br />

The market and today's scenario<br />

The director of the department of energy development of the<br />

MME, Mr. Hamilton Moss believes that PROINFA was an essential instrument<br />

to spur the SHPs and the projects using wind and biomass<br />

energy. He highlights today's participation of wind plants in<br />

the market “Brazil does not have a tradition as far as wind energy is<br />

concerned, that is the reason why this source caused the most relevant<br />

impact on the market. From now on, the Brazilian market is<br />

well-positioned in the auctions exactly because of the competitive<br />

prices that wind energy and the other sources are offering.”<br />

According to Mr. Moss the great expectation of the recent renewable<br />

auctions is that the costs can meet the demand of the sector<br />

and the demand of the entrepreneurs, so that the can find<br />

space to install their enterprises. Before this new competitiveness<br />

phase, Mr. Moss also says that it is always necessary to be observing<br />

the market, for if any source presents difficulties within this scenario,<br />

it is possible to carry out auctions for these specific sources.<br />

This way there would be competition only among sources of the<br />

same origin. But at the moment we are having competitiveness of<br />

all of the sources as a whole.”<br />

Challenges of the Project<br />

Among the objectives and projects proposed by PROINFA the<br />

source that showed that least offer was biomass. Facing this reality,<br />

Mr. Moss explains that biomass is not used only for electric energy<br />

generation applications, and that is why entrepreneurs think<br />

it is more attractive to invest in other activities. “It was important<br />

to learn that because it was possible to identify some difficulties<br />

specifically from biomass. Other auctions were then carried out<br />

and this source showed itself as being very productive”.<br />

The general coordinator of alternative sources of energy of the<br />

MME, Mr. Roberto Meira says that at the beginning of the program<br />

the concept of energy cogeneration was still getting ripe. “PROINFA<br />

was a program that aimed at convincing the feasibility of that type<br />

of generation and the biomass went through that phase. The great<br />

difficulty was to show its economic feasibility, its competitiveness<br />

and its economic and technical potential.” Mr. Meira also highlights<br />

that PROINFA was launched at a time when the market was busy<br />

looking for machinery, causing a rise in the cost of equipment “the<br />

national industry itself was not able to meet the growing demand.<br />

It is impossible to supply the market with the proper speed and this<br />

way, the cost was high and so were the tariffs”.<br />

Energy Auctions<br />

According to the Energy Research Company (EPE) the auctions<br />

of alternative sources of electric energy of 2010 (A-3 and Reserve)<br />

carried out on August 25th and 26th traded a volume of 2,892.2<br />

MW of installed power, resulting in a volume of 1,159.4 MW of average<br />

energy. &0 wind plants, 12 biomass thermal power plants and<br />

seven SHPs participated.<br />

Mr. Moss believes that the present repercussion of the wind<br />

plants in the auctions happened because of the success of<br />

PROINFA. “Before PROINFA 22 MW of energy from wind plants<br />

were installed, today there are almost 800 MW and by the end of<br />

the year this value is going to increase.” He recognizes the success<br />

of the SHPs in the program and says that Brazil has a hydraulic tradition<br />

as far as energy goes. “The country already had an equipment<br />

tradition, all the technicians are able to offer quality services<br />

and there are institutions such as the <strong>CERPCH</strong> (National Center of<br />

Reference for Small Hydropower Plants).<br />

She goes on saying that PROINFA arrived at a moment when<br />

the SHPs were already mature and ready to start, being able to occupy<br />

their space. “PROINFA was omportant for the SHPs before the<br />

auctions phase when the sources are equally competing against<br />

each other. It helped SHPs tp face some difficulties and improve<br />

their participation in the market of renewable sources”. For Mr.<br />

Moss the great advantage of the auction is the possibility of setting<br />

subjective assessments aside such as saying that the SHPs are devalued<br />

because they got a lower price in comparison to the other<br />

sources of energy. “When you establish a lower price for a certain<br />

35


CURTAS<br />

zadas por terem adquirido um preço mais baixo em comparação as<br />

demais fontes de energia. "Quando você coloca um preço mais baixo<br />

para determinada fonte, não quer dizer que ela esteja desvalorizada.<br />

Eu acredito que uma fonte pode ter uma economicidade maior<br />

do que outra. Se uma fonte é viável para competir dentro de um<br />

leilão ela está sendo valorada." Ele explica que a percepção do empreendedor<br />

é o que determina se a fonte é viável ou não "muitas vezes<br />

ele julga que o valor não é o esperado para rentabilidade pretendida.<br />

O leilão é um critério objetivo para quantificar essa percepção<br />

subjetiva."<br />

Para ele o leilão permite o encontro do interesse do produtor<br />

com o interesse do consumidor e pode acontecer de uma determinada<br />

avaliação, a partir de fenômenos econômicos refletir na quantidade<br />

de energia ofertada. "A partir do resultado do leilão é possível<br />

avaliar se houve um exagero ou não no preço. De maneira alguma<br />

eu interpretaria que o valor mais baixo é uma desvalorização."<br />

Meira afirma que o grande desafio atual é buscar a isonomia das<br />

fontes e um grande vilão são os custos de implantação e inventário<br />

dos projetos "a grande dificuldade das PCHs é superar os custos<br />

altos, mas isso não quer dizer que essa fonte seja desvalorizada.<br />

source, it does not mean that the source is devalued. I believe that<br />

one source may have a better economic power than the other. If a<br />

source is feasible to compete within an action, it is being valued.”<br />

He explains that the perception of the entrepreneur is what determines<br />

whether the source is feasible or not. “Many times he assesses<br />

that the value was not expected for the intended profitability.”<br />

The auction is an objective criterion to quantify this subjective<br />

perception.”<br />

For him, the auction allows the meeting of the interest of the<br />

producer with the interest of the consumer and a certain assessment<br />

might happen based on economic phenomenon that reflects<br />

on the amount of energy offer. “Based on the result of the auction it<br />

is possible to assess whether there was exaggeration in the price or<br />

not. I would never interpret a lower value as devaluation.” Mr. Meira<br />

says that today's greatest challenge is to look for the equality of the<br />

sources and the great villain are the implementation and inventory<br />

costs of the projects. “The great difficulty of the SHPs is to overcome<br />

the high costs, but this does not mean that this source is devalued.<br />

For us, it is exactly the opposite. If the source has a market<br />

value, if it is competitive, it is because it is valued.”<br />

36<br />

Para nós é o contrário. Se a fonte tem valor no mercado, se esta<br />

competitiva é porque ela está valorada."<br />

Moss complementa ao afirmar que a desvalorização só seria real<br />

se o valor estipulado não fosse suficiente para remunerar o empreendedor,<br />

com um patamar mínimo. "Nós temos que estar atentos<br />

a todos os fenômenos econômicos, ao que esta acontecendo<br />

com todas as fontes de energia. O MME está sempre aberto a escutar<br />

os empreendedores. Nós temos muito apreço por todas as fontes<br />

e estamos trabalhando na questão solar, por exemplo, para que<br />

também fique competitiva e viável."<br />

Diante do Sucesso do PROINFA, Moss afirma que o atual trabalho<br />

do MME em relação às fontes alternativas se baseia num monitoramento<br />

e incentivo aos empreendedores a seguir por conta própria.<br />

"Quanto menos nós interferimos, significa que nós fizemos<br />

um trabalho bem feito. Vamos continuar monitorando os interesses<br />

dos consumidores, a energia mais barata, a questão ambiental,<br />

o incentivo a produção tecnológica no Brasil, a segurança, a mobilidade<br />

tarifária e a constante expansão do mercado.", conclui<br />

Moss.<br />

Mr. Moss completes by saying that the devaluation would<br />

only be real if the established value was not enough to compensate<br />

the entrepreneur at a minimum level. “We must observe all of the<br />

economic phenomena, everything that is happening with all of the<br />

energy sources. The MME is always open to hear the entrepreneurs.<br />

We appreciate all of the energy sources and we are working<br />

towards the issue of the solar energy, for example, so that it also becomes<br />

more competitive and feasible.”<br />

Due to the success of PROINFA, Mr. Moss says that MME today's<br />

work in relation to alternative sources of energy is based on<br />

the monitoring and incentives to the entrepreneurs so that they<br />

can move on by themselves. “The less we interfere, the better job<br />

we have done. We are going to continue to monitor the interests of<br />

the consumers, the cheapest energy, the environmental issue, the<br />

encouragement towards technological production in Brazil, safety,<br />

tariff mobility and the constant expansion of the market,” concludes<br />

Mr. Moss.


Mário<br />

E-mail: mraagroflorestal@hotmail.com<br />

Mensagem:<br />

Tenho uma fazenda, onde tem um rio com queda de<br />

120 metros com uma potencial para uma PCH de 1,5 mega, na semana<br />

passada uma empresa tentou fazer o levantamento desta área, mas eu<br />

barrei, pois esta empresa entrou em minha fazenda sem minha autorização.<br />

e uma outra empresa já tinha me feito uma boa proposta de parceria.<br />

Como funciona este processos de levantamento da área? A empresa<br />

pode entrar em minha área sem minha autorização? Esta empresa<br />

pode fazer o desapropriamento da área? Eu posso cobrar um percentual<br />

dos lucros para autorizar a construção? Em relação ao impacto ambiental?<br />

Caso eu não tenha interesse de vender este terreno, posso barrar<br />

a construção?<br />

No aguardo.<br />

<strong>CERPCH</strong>:<br />

Realmente o proprietário da terra tem o direito de não admitir<br />

a entrada de pessoas em sua propriedade, seja para levantamentos<br />

ou para qualquer outra atividade. No caso de levantamento de dados<br />

de potenciais de PCHs, no entanto, o interessado em estudar a área<br />

(e que não seja o proprietário), poderá solicitar à Aneel autorização para<br />

levantamentos de campo, e se esta o fizer o proprietário deve permitir<br />

a entrada do pessoal que fará o levantamento. Caso haja algum dano<br />

material ou ambiental resultante do levantamento a empresa que o está<br />

realizando será a responsável.<br />

Os cursos d'água e potenciais hidráulicos são bens da união, e a geração<br />

de energia elétrica é considerada utilidade pública. Desta forma o<br />

interessado em implantar a PCH (que não seja o proprietário) poderá solicitar<br />

a desapropriação da área, e normalmente este pedido é atendido.<br />

É necessário, no entanto que ele já tenha desenvolvido os estudos<br />

de inventário e projeto básico para a central, e que ele leve a termo a implantação<br />

desta.<br />

Caso seja o caso da desapropriação não há como o proprietário das<br />

terras receber participação no negócio. O proprietário e o interessado<br />

na construção da PCH poderão, no entanto, entrar em acordo, situação<br />

em que não haverá a desapropriação, e na qual o proprietário das terras<br />

terá uma participação na central como contrapartida pela cessão<br />

das terras. Cabe ressaltar que a área de terra para implantação da PCH<br />

não é grande, principalmente no caso específico desta central, que tem<br />

queda elevada e portanto, muito provavelmente, reservatório muito pequeno.<br />

Além disso estruturas como canais de adução e tubulações não<br />

impedem que se continue a utilizar as terras do entorno para outros<br />

usos como plantios e criação de animais.<br />

Com relação à questão ambiental deverão ser desenvolvidos todos<br />

os estudos exigidos pelos órgãos ambientais, que só autorizarão a construção<br />

caso o impacto seja considerado aceitável. Todos estes estudos<br />

serão de responsabilidade do interessado em implantar a PCH, bem como<br />

a responsabilidade por acidentes que venham a ocorrer.Barrar a<br />

construção não é possível, uma vez que, como já disse, os potenciais hidráulicos<br />

não são de propriedade do dono das terras, mas são bens da<br />

união, e portanto cabe a esta, respeitados todos os dispositivos legais,<br />

autorizar ou não a construção da PCH.<br />

Atenciosamente.<br />

Ângelo Stano<br />

Engenheiro Eletricista<br />

LEITOR<br />

Esse espaço é o canal entre os leitores da revista PCH Notícias & SHP News e o <strong>CERPCH</strong>, nele nossos leitores poderão enviar suas<br />

dúvidas, questionamentos e sugestões. Escreva para pchnoticias@unifei.edu.br<br />

Mário<br />

E-mail: mraagroflorestal@hotmail.com<br />

Message:<br />

I have a farm were there is a river with a head of 120 meters<br />

with a SHP potential of 1.5 MW. Last week a company trued to carry<br />

out a study on this area but I stopped them because the company entered<br />

my property without any authorization. Besides, another company<br />

had already offered me a very good partnership proposal. How do these<br />

area study processes work? Can a company enter my farm without my<br />

authorization? Can this company expropriate that area? Can I charge a<br />

percentage of the profits to authorize the construction? What about the<br />

environmental aspects? In case I am not interested in selling this area,<br />

can I stop the construction?<br />

Looking forward to you reply.<br />

<strong>CERPCH</strong>:<br />

Indeed, the owner of the land has the right to stop people<br />

from entering the property to carry out studies or any other activities.<br />

However, as far as SHP potential studies are concerned, the company<br />

that is interested in studying the area (which in this can is not the owner)<br />

can ask ANEEL (National Agency for Electric Power) an authorization<br />

for field studies, and if this authorization is granted by the agency,<br />

the owner must let the company in. In case there are any material or environmental<br />

damages resulted from this study, the company will be responsible<br />

for them.<br />

Rivers and hydraulic potentials belong to the government and the<br />

generation of electric power is considered as a public matter. This way,<br />

those who are interested in implementing the SHP (if it is not the owner)<br />

can ask for the expropriation of the area and it will be normally<br />

granted. However, they must have already carried out the inventory studies<br />

and the Proposal for the plant and they must really implement the<br />

SHP. In case there is an expropriation, the owner will not have any participation<br />

in the enterprise. The owner and those who are interested in<br />

building the SHP, however, can try to find an agreement so as to avoid<br />

the expropriation and in a way that the owner of the land will have a participation<br />

in the enterprise as a compensation for letting the company<br />

use the land. It is important to highlight that the area where the SHP will<br />

be implemented is not large, mainly in the case of this specific plant,<br />

which has a high head and, therefore, it will probably have a very small<br />

reservoir. Besides, structures as intakes and pipelines do not prevent<br />

the use of the surrounding land for other uses such as crops and livestock.<br />

In relation to the environmental aspect, some studies demanded by<br />

the environmental organs must be carried out. These organs will only<br />

grant the license for the construction in case the impact is acceptable.<br />

All of these studies will be in charge of those who are interested in implementing<br />

the SHP, as well as the responsibility for accidents that<br />

might happen.<br />

It is not possible to stop the construction from happening once the<br />

hydraulic potentials do not belong to the owner of the land. As I have already<br />

said, they are assets that belong to the government, and as long<br />

as there is respect for the legal dispositions, the construction of the SHP<br />

can be authorized or not.<br />

Regards,<br />

Ângelo Stano<br />

Electric engineer<br />

37


OPINIÃO<br />

Marco Regulatório Ambiental é o conjunto de normas e leis para<br />

a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia<br />

à vida, visando assegurar, no Brasil, condições ao desenvolvimento<br />

sócio-econômico, aos interesses da segurança nacional e à<br />

proteção da dignidade da vida humana.<br />

A regulação é feita pelo Congresso Nacional, pelo Executivo e<br />

pelos integrantes do SISNAMA – Sistema Nacional de Meio Ambiente<br />

em defesa dos interesses do meio ambiente, dos cidadãos, do<br />

governo e das empresas que obtiveram o direito de explorar um<br />

bem ambiental (por ex., potencial hidráulico).<br />

No nível federal, em dezembro de 2009, eram 644 normas ambientais<br />

divididas em: 114 leis, 156 decretos, 169 resoluções, 81<br />

portarias, 45 instruções normativas, e 78 normas de interesse do<br />

setor elétrico.<br />

No Brasil é estimada a vigência de aproximadamente 16.000<br />

normas para as questões ambientais e 3,7 milhões de normas diversas<br />

nos últimos 20 anos (isto corresponde a 5,5 quilômetros de<br />

normas, se impressas em papel formato A4 e letra tipo Arial 12) resultando<br />

numa edição de 774 normas por dia útil. Esta evolução se<br />

dá inversamente proporcional à capacidade do poder público de implementá-las.<br />

O marco regulatório deveria ser responsável pela criação de um<br />

ambiente que conciliasse a saúde econômico-financeira das empresas,<br />

criando e capturando valor com as exigências e as expectativas<br />

da preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental.<br />

Porém, as demandas ambientais são cada vez mais complexas<br />

e caras. A legislação ambiental trata de direitos difusos, já que o<br />

meio ambiente pertence a todos e a ninguém em particular, apresentando:<br />

meta(trans)individualidade, conflituosidade intrínseca,<br />

mutabilidade temporal e espacial. Os atos de licenciamento e outorga<br />

são precários. A atual legislação ambiental não garante nada<br />

para garantir absolutamente tudo.<br />

A reduzida eficiência do sistema de licenciamento ambiental (tido<br />

como lento, burocrático e “cartorial”, expressando a não prioridade<br />

conferida aos órgãos ambientais), transfere ao empreendedor<br />

o tratamento de questões que compete ao Poder Público harmonizar<br />

regionalmente (conflitos entre políticas públicas e os interesses<br />

de proteção do meio ambiente).<br />

A principal demanda não é por novos instrumentos legais ou pela<br />

flexibilização daqueles existentes. A prioridade é avançar na consolidação<br />

do entendimento quanto aos chamados conceitos jurídicos<br />

indeterminados: impactos ambientais significativos, relevante<br />

interesse, etc. – e aperfeiçoar a informação que orienta a tomada<br />

de decisão sobre a viabilidade ambiental de empreendimentos.<br />

Esse debate requer o envolvimento direto da comunidade científica,<br />

além dos segmentos técnicos e jurídicos participantes da gestão<br />

ambiental no Brasil.<br />

Igualmente precisamos de: i) Transparência e ótima qualidade<br />

em todas as etapas do processo de licenciamento ambiental; ii) For-<br />

MARCO REGULATÓRIO AMBIENTAL<br />

Riqueza econômica e melhoramento do planeta são faces da mesma moeda, onde a vida humana é o seu maior tesouro.<br />

Por Decio Michellis Jr<br />

38<br />

talecimento das agências ambientais; iii)<br />

Homogeneização de procedimentos - previsibilidade<br />

(prazos e custos vinculados);<br />

iv) Eliminação do conflito de competências<br />

regulamentando o artigo 23 da C.F. (competência<br />

comum entre União, Estados e Municípios<br />

na proteção do meio ambiente); v)<br />

Concessão de licença ambiental com existência<br />

de condições de legalidade para<br />

avançar com o empreendimento; vi) Alterar<br />

a legislação de crimes ambientais para<br />

que o funcionário público na lide com autorizações ou permissões<br />

ambientais só seja punido em caso de dolo; vii) Regulamentação<br />

do artigo 231, da C.F. sobre o aproveitamento dos recursos hídricos,<br />

incluídos os potenciais hidrelétricos em terras indígenas; viii)<br />

Equacionamento dos passivos ambientais pré-existentes, a exemplo<br />

do Programa “Territórios da Cidadania”, em regiões que receberão<br />

novos investimentos de PCH´s solucionando déficits de investimentos<br />

públicos não imputáveis aos empreendimentos.<br />

Quem ganha com um marco regulatório ambiental estável, claro<br />

e bem concebido é o usuário de serviços essenciais (fadado a<br />

conviver com a carência de serviços por falta de investimentos e todas<br />

as dificuldades decorrentes desta carência) e estimula a confiança<br />

de investidores por saberem quais são as leis que os protegem.<br />

Necessitam ter certeza de que estão imunes aos humores de<br />

futuros governantes.<br />

Riqueza econômica (as sociedades mais ricas são justamente<br />

as que têm condições de aplicar recursos na preservação ambiental)<br />

e melhoramento do planeta (com produtos e processos sustentáveis)<br />

são faces da mesma moeda, onde a vida humana é o seu<br />

maior tesouro.


ENVIRONMENTAL REGULATORY MARK<br />

OPINION<br />

Economic wealth and planet improvement are sides of the same coin, where human life is its greatest treasure.<br />

Environmental Regulatory Mark is a set of rules and laws aiming<br />

at the preservation, improvement and recuperation of the environmental<br />

quality propitious to life so as to ensure conditions towards<br />

socio-economic development, national security interests<br />

and protection of the dignity of human life in Brazil.<br />

The regulation is carried out by the National Congress, by the<br />

Executive Power and by the members of SISNAMA – National System<br />

for the Environment, which defends the interests of the environment,<br />

the citizens, the government and the companies that<br />

were granted the right to explore an environmental asset (a water<br />

potential, for example).<br />

At a federal level, in December 2009, there were 644 environmental<br />

rules divided into: 114 laws, 156 decrees, 169 resolutions,<br />

81 ordinances, 45 normative instructions, and 78 rules for the electric<br />

sector.<br />

In Brazil, it is estimated the validity of approximately 16,000<br />

rules for environmental issues and 3.7 million diverse rules over<br />

the past 20 years (which corresponds to 5.5 kilometers of rules<br />

should they be printed on A4 paper using Arial 12 font), resulting in<br />

the edition of 774 rules a business day. This evolution is inversely<br />

proportional to the capacity of the public power to implement<br />

them.<br />

The regulatory mark should be responsible for the creation of<br />

an ambient that could conciliate the company's economic and financial<br />

health, creating and capturing value with the demands and<br />

expectations of preservation, improvement and recuperation of<br />

the environmental quality.<br />

Translation Adriana Candal<br />

However, environmental demands are increasingly complex<br />

and expensive. The environmental legislation deals with diffuse<br />

rights, one the environment belongs to everybody and no one in<br />

particular, presenting: meta(trans)individuality, intrinsic conflicts,<br />

temporal and special mutability. The licensing and granting acts<br />

are precarious. The current environmental legislation does not<br />

guarantee anything in order to guarantee absolutely everything.<br />

The reduced efficiency of the environmental licensing system<br />

(seen as slow, bureaucratic and “cartorial”, expressing the nonpriority<br />

given to the environmental organs), transfers to the entrepreneur<br />

the responsibility of issues that should be in charge of the<br />

Public Power to create a regional harmony (conflicts between public<br />

policies and the interests regarding the protection of the environment).<br />

The main demand is not for new legal instruments or for the<br />

flexibility of those that already exist. The priority is to advance the<br />

consolidation regarding the understanding of the so-called undetermined<br />

juridical concepts: significant environmental impacts, relevant<br />

interests, etc. – and improve the information that guides the<br />

decision making processes about the environmental feasibility of<br />

the enterprises. This debate requires the direct involvement of the<br />

scientific community, as well as technical and legal segments that<br />

participate in the environmental management in Brazil.<br />

Equally, we also need: i) transparence and an optimum quality<br />

in all of the stages of the environmental licensing process; ii)<br />

strengthening of the environmental agencies; iii) homogenization<br />

of the procedures - predictability (bound deadline and costs); iv)<br />

elimination of the competence conflicts, regulating the article 23rd<br />

of the Federal Constitution (common competence between the federal<br />

state and city governments regarding environmental protection);<br />

v) granting the environmental license with the existence of legal<br />

conditions so that the enterprise can be carried on; vi) changing<br />

the environmental crime legislation public server that deals with environmental<br />

permissions or authorizations will only be punished if<br />

there is deceit; vii) regulation of article 231 of the Federal Constitution<br />

about the use of water resources, including hydropower potentials<br />

in native Brazilian land; viii) equating of the pre-existing environmental<br />

assets, such as the program “Citizenship Territory”, in regions<br />

that will receive new SHP investments in order to solve public<br />

investment deficits that are not imputable to the enterprises.<br />

The one who gains with a stable clear and well-conceived regulatory<br />

mark is the user of essential services (doomed to live with<br />

the lack of services because of the lack of investments and all the<br />

difficulties that come from this deficiency) and stimulate the trust<br />

of the investors by knowing which laws protect them. They need to<br />

be sure that they are immune to the mood of the future governors.<br />

Economic wealth (the richest societies are exactly the ones<br />

which can apply resources to environmental preservation) and<br />

planet improvement (with sustainable products and processes) are<br />

sides of the same coin, where the human life is the greatest treasure.<br />

39


Por Charles Lenzi<br />

OPINIÃO<br />

A APMPE – Associação Brasileira dos Pequenos e Médios Produtores<br />

de Energia Elétrica foi fundada em julho de 2000 e, portanto,<br />

completou em julho desse ano 10 anos de existência. Porém, um<br />

pouco antes disso, seus Associados fundadores já trabalhavam na<br />

consolidação de um marco regulatório para as Pequenas Centrais<br />

Hidrelétricas – PCH em nosso país.<br />

Foi a partir do esforço desses empreendedores que, em 1998, a<br />

PCH surgiu definitivamente. Mas não bastava a sua criação. Era necessário<br />

estabelecer uma série de condições que viabilizassem a<br />

sua inserção na matriz elétrica brasileira. Mais cara do que as grandes<br />

usinas hidrelétricas, em função da economia de escala, os benefícios<br />

para sua implementação eram justificados como forma de torná-la<br />

atrativa do ponto de vista econômico-financeiro. Surgiram os<br />

incentivos tais como o desconto na tarifa de uso dos sistemas de<br />

transmissão e distribuição (TUSD), isenção do pagamento da compensação<br />

financeira pela utilização de recursos hídricos (CFURH),<br />

isenção da aplicação de percentual da receita em programas de pesquisa<br />

e desenvolvimento, para citar alguns.<br />

Na esteira do aperfeiçoamento regulatório, a PCH foi incluída<br />

no Mecanismo de Realocação de Energia (MRE) o que permitiu a comercialização<br />

de sua energia e o financiamento dos projetos. Na sequência,<br />

a criação do Programa de Incentivo às Fontes Alternativas<br />

de Energia Elétrica – PROINFA, que foi o grande marco de consolidação<br />

das fontes alternativas na matriz brasileira e a maior fonte<br />

de aprendizado para as PCHs nos últimos anos. Tudo isso resultou,<br />

no período de 2000 a 2009, na inserção de mais de 2.000MW de<br />

PCHs no sistema elétrico brasileiro, resultado que demonstra que<br />

os esforços na estruturação de um marco regulatório estável e bem<br />

definido são traduzidos em resposta positiva dos empreendedores.<br />

Em todos os eventos citados, a APMPE teve participação fundamental,<br />

desde a concepção, discussão até a implementação das<br />

medidas. No entanto, a partir de 2009, as PCHs passaram a encontrar<br />

uma série de dificuldades – regulatórias, econômicas, tributárias,<br />

tecnológicas - que desaceleraram o seu ritmo de crescimento,<br />

podendo comprometer toda uma indústria que se desenvolveu desde<br />

1893, quando foi construída a primeira usina hidrelétrica brasileira,<br />

a Ribeirão do Inferno, que era uma PCH.<br />

Como referência dessas barreiras impostas às PCHs, o tempo<br />

necessário para se prospectar um aproveitamento, a partir de um<br />

estudo de inventário até a obtenção de sua autorização não leva,<br />

hoje, menos do que 10 anos para ser concluído. Além disso, a estagnação<br />

tecnológica no segmento aliada a custos crescentes de<br />

implantação tem afastado os potenciais empreendedores, que focam<br />

sua atuação em projetos com menor tempo de maturação e<br />

custos reduzidos, como se verifica no crescente interesse pela geração<br />

eólica.<br />

Assim, percebeu-se que estamos em um tempo de mudanças.<br />

Um tempo de reflexão e avaliação da situação que se impõe ao segmento<br />

de PCHs, para que seja estabelecida uma série de ações visando<br />

o resgate da competitividade das PCHs e seu valor para a sociedade<br />

brasileira. A mesma necessidade de mudanças e aperfeiçoamento<br />

foi sentida pela APMPE. A primeira e grande mudança é<br />

que a Associação passa a ter a nova denominação de Abragel –<br />

40<br />

TEMPO DE MUDANÇAS<br />

Associação Brasileira de Geração de Energia Limpa. Ao completarmos<br />

10 anos, colocamos em pauta a discussão do como somos conhecidos<br />

e como queremos ser reconhecidos e o nome escolhido e<br />

a nova logomarca traduzem, de forma mais direta, a nossa forte ligação<br />

com os conceitos de sustentabilidade.<br />

Acompanhando esta revisão de conceitos, a Abragel promoveu<br />

importantes alterações em sua estrutura: Ricardo Pigatto passa a<br />

presidir um qualificado Conselho de Administração composto por<br />

18 Conselheiros representantes das empresas Associadas enquanto<br />

eu, Charles Lenzi, passo a ocupar a Presidência Executiva da<br />

Abragel.<br />

Dessa forma e com este espírito de mudanças, trabalharemos<br />

focados na melhoria da competitividade do setor, abrangendo aspectos<br />

tributários e fiscais, na busca de políticas industriais que proporcionem<br />

menores custos e melhores tecnologias de equipamentos,<br />

na luta por melhores condições de financiamento dos empreendimentos,<br />

na redução de prazos de tramitação dos projetos, na<br />

atuação junto aos órgãos reguladores buscando o aperfeiçoamento<br />

da legislação do setor, para que a PCH retome a posição de destaque<br />

que sempre teve nos últimos anos, como fonte ambientalmente<br />

sustentável e socialmente responsável.


A TIME OF CHANGE<br />

The APMPE – the Brazilian Association of Small and Medium<br />

Power Producers (Associação Brasileira dos Pequenos e Médios<br />

Produtores de Energia Elétrica) was founded in July 2000 and has<br />

completed 10 years of establishment this July. However a little before<br />

that, its Associate founders had been working on consolidating<br />

regulatory frameworks for Small Hydropower (SHP) in our country.<br />

In 1998, stemming from the efforts of entrepreneurs, the SHP<br />

had finally emerged. However, it was not enough for its conception.<br />

It was necessary to establish a series of conditions, which would ensure<br />

their integration in the Brazilian energy matrix. Since SHPs<br />

are more expensive than large hydropower, depending on the economic<br />

scale, the benefits for its implementation were justified as a<br />

way to make it economically and financially appealing. Incentives<br />

arose such as a discount in the rate of use of transmission and distribution<br />

systems (TUSD), exemption from payment for financial<br />

compensation for the use of water resources (CFURH) and exemption<br />

from the application of the percentage of revenue in research<br />

and development programs, to name a few.<br />

In the wake of regulatory improvement, the SHP was included<br />

OPINION<br />

Translation Joana Almeida<br />

in the Energy Reallocation Mechanism (MRE - Mecanismo de<br />

Realocação de Energia), which allowed the marketing of its energy<br />

and the funding of projects. Following the creation of the Incentive<br />

Program for Alternative Sources of Electricity – PROINFA<br />

(Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia<br />

Elétrica), which was a major landmark in consolidating alternative<br />

sources in the Brazilian matrix and it was also the greatest source<br />

for learning about SHPs in recent years. All of this resulted from<br />

2000 to 2009, where more than 2,000MW from SHPs were inserted<br />

in the Brazilian electrical system. This results in a demonstration<br />

that efforts to build a stable and well-defined regulatory framework<br />

translate into a positive response from entrepreneurs.<br />

In all the events stated, the APMPE played a fundamental role<br />

since its conception to discuss the implementation of measures.<br />

However, since 2009, SHPs began to find a series of difficulties.<br />

Those being regulatory, economic, taxation and technological,<br />

which slowed its growth rate which could in turn have compromised<br />

an entire industry, which has been around since 1893, when<br />

the first hydroelectric plant was built in Brazil, the PCH of Ribeirão<br />

do Inferno.<br />

Using these barriers as a reference, the time required to exploring<br />

exploitations, from the inventory study to obtaining authorization<br />

does not, today, take less than 10 years to complete. Moreover,<br />

technological stagnation in the segment along with rising<br />

costs of deployment have deviated potential entrepreneurs who focus<br />

in participating in projects with shorter maturity and reduced<br />

costs, as seen with the growing interest in wind generation.<br />

Thus we noticed that we are in a time of change. A time for reflection<br />

and assessment of the situation that imposes on the segment<br />

of SHPs, in order to establish a series of actions to rescue the<br />

competitive edge of SHPs and its value to the Brazilian society. The<br />

same need for change and improvement has been felt by APMPE.<br />

The first major change is that the Association shall be referred to by<br />

its new name – Abragel – the Brazilian Association of Clean Energy<br />

Generation (Associação Brasileira de Geração de Energia Limpa).<br />

As we approached our 10-year mark, we placed on the agenda a discussion<br />

on what we are known for and what we would like to be recognized<br />

for. The chosen name and the new logo more directly reflect<br />

our strong connection with the concepts of sustainability.<br />

Soon after this review of concepts, Abragel promoted major<br />

changes in its structure: Ricardo Pigatto shall qualifiedly preside<br />

the Board of Directors composed of 18 Counsellors representing Associated<br />

businesses whereas, I, Charles Lenzi, shall preside as<br />

Chief Executive Officer of Abragel.<br />

So with this spirit of change, we will work on improving the competitive<br />

edge of the sector, with a focus on covering tax and fee aspects<br />

in the pursuit of industrial policies that provide lower costs<br />

and better equipment technology, on the fight for better enterprise<br />

financing conditions, on the reduction of time in the process of projects<br />

acting jointly with the regulatory entities seeking to improve<br />

legislation in the sector, so that SHPs can resume a prominent position<br />

as it has in recent years, as a source which is not only environmentally<br />

sustainable but also socially responsible.<br />

41


CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM<br />

PEQUENAS CENTRAIS HIDRELÉTRICAS<br />

PÚBLICO ALVO:<br />

ENGENHEIROS<br />

Dividido em 10 módulos presenciais, este curso visa o ensino<br />

de procedimentos para a viabilidade técnica e econômica,<br />

dimensionamento e especificação de componentes<br />

hidromecânicos e elétricos, elaboração de projeto básico,<br />

aspectos regulatórios e ambientais.<br />

O curso pode ser integralizado em um período máximo de<br />

24 meses. Com a conclusão de 9 módulos teóricos e a defesa<br />

do trabalho de conclusão de curso, o aluno será avaliado<br />

por uma banca para receber o título de especialista. É permitido<br />

cursar os módulos individuais, dando direito a certificação<br />

técnica.<br />

Este curso é voltado para a capacitação profissional na área de gestão e<br />

projetos de pequenas centrais hidrelétricas (PCH). Direcionado para<br />

engenheiros, administradores, advogados, economistas e todos os<br />

profissionais correlacionados com a área de PCH, o curso destaca-se como<br />

um diferencial exigido pelo mercado profissional.<br />

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PREVISÃO DE INÍCIO PARA MARÇO DE 2011<br />

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ECONOMISTAS ADMINISTRADORES<br />

GERENTES<br />

ADVOGADOS INVESTIDORES<br />

EMPRESÁRIOS<br />

Local: Itajubá-MG<br />

Aulas concentradas em uma semana por mês<br />

10 módulos presenciais<br />

Traslado Gratuito: Rio/Itajubá e São Paulo/Itajubá<br />

Integralização: mínimo de 10 e máximo de 24 meses<br />

INVESTIMENTO:<br />

Realização<br />

R$ 1.800,00<br />

por módulo<br />

R$ 16.000,00<br />

à vista<br />

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Para mais informações, acesse: www.cerpch.org.br/cepch

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