ARTIGOé importante ressaltar que para esses números se concretizemalguns pontos devem ser elencados para quenão haja surpresas ao setor.O primeiro ponto é a manutenção da estabilidadedo dólar no Brasil, já que os equipamentos solares sãoimportados do mercado chinês em sua maioria. Se nãohouver nenhuma alta abrupta da moeda americana, osinvestimentos e os planejamentos feitos deverão serseguidos sem maiores problemas. Ainda observando adependência do mercado solar brasileiro ao mercadosolar chinês, se a expectativa é instalar mais 132,6 GWde módulos e inversores nos próximos 10 anos, haveráa necessidade de entrada de 13 GW todos os anos noBrasil, ainda somada a necessidade do mercado GDque também apresenta uma expectativa de chegar a50-60 GW nos próximos anos. Em um cálculo simplese despretensioso, pode-se prever uma entrada de módulose inversores que resultem em quase 18 GW/anono Brasil. Estar atento aos custos do polissilício e, também,as necessidades do mercado internacional quevai além dos módulos e inversores, mas que passatambém pelo mercado de semicondutores voltados aoutros nichos deve estar no radar de quem planeja osetor solar brasileiro.Um outro ponto importante, a energia elétrica brasileirairá sofrer um deslocamento em sua geração passandoa ter uma parte signifi cativa gerada no Nordestee em usinas que estão a milhares de quilômetros doscentros de carga mais relevantes do Brasil que estãona região Sudeste. Assim, investimentos em pesadaslinhas de transmissão e sistemas de gerenciamentoe monitoramento que irão operar fortemente em horáriosdiurnos e se desligar ao fi nal do dia, terão queser colocado na conta do setor elétrico brasileiro. Osinal locacional é um exemplo dessa discussão e esforçoque os técnicos da ANEEL, especialistas do setorde energia e políticos precisam ter com a mudança damatriz energética buscando tornar o setor elétrico maisefi ciente, já que consumidores de diversas regiões dopaís pagam por geração e transmissão de energia que,em muitas vezes, não estão envolvidos diretamente.Para fi nalizar, se houver esta entrada de 18 GW/ano pode ser considerado, aproximadamente, a instalaçãode 36 milhões de módulos solares nesse períodoe os recursos humanos capacitados podem ser escassospara essa demanda. Quase 100.000 módulos e milharesde inversores, estruturas, transformadores, cabeamentos,proteções e afi ns necessitarão de pessoasqualifi cadas para o serviço em determinadas regiõesdo país que, normalmente, não possuem em númerosufi ciente escolas técnicas e universidades para abastecertal necessidade.CONCLUSÕESEste artigo apresentou o potencial da energia solarno modelo de geração centralizada que o Brasil apresentapara os próximos anos. Somando a GD Solarmais a GC Solar, o Brasil pode chegar a mais de 18GW/ano sendo instalados e usinas recebendo o plenoSol do Cinturão Solar Brasileiro. Este mercado é surpreendentee tende a modifi car de forma signifi cativaa matriz elétrica, onde irá tirar a geração hídrica comomaior protagonista e colocar a geração solar fotovoltaicacomo fonte de maior geração elétrica no Brasil.Indicativos da ANEEL, acordos internacionais paraa redução da emissão de gases de efeito estufa, preçoscompetitivos dos sistemas solares e um recursosolar invejável que o Brasil possui são os pontos quegarantem a plenitude da energia solar, em especial, daGC Solar para os próximos 10 anos. Serão milhões demódulos solares que poderão não ter um impedimentoque a irradiação solar chegue em sua superfície epossa gerar uma energia oriunda de uma fonte limpae sustentável.Mesmo assim, este mercado precisa estar atentoa algumas nuvens que podem aparecer em sua frente.A ampla dependência do mercado solar chinês podegerar uma sombra no aumento no número das usinassolares brasileiras, somada a plena dependência do valordo dólar na importação dos equipamentos tambémpode resultar em maiores impedimentos para que osraios solares possam gerar mais energia elétrica. Alémdisso, a instalação de sistema solares poderá sofrerum total blackout, se não houver profi ssionais competentese em número sufi ciente para atender tão ávidomercado solar brasileiro.REFERÊNCIASAtlas Brasileiro de Energia Solar, INPE (Instituto Nacionalde Pesquisas Espaciais), 2017, disponível em: http://labren.ccst.inpe.br/- visitado no dia 20 de julho de 2023.Lei 14.300 – Marco Legal da Microgeração e MinigeraçãoDistribuída, disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2022/lei/L14300.htm#:~:-text=LEI%20N%C2%BA%2014.300%2C%20DE%206%20DE%20JANEIRO%20DE%202022&text=Institui%20o%20marco%20legal%20da,1996%3B%20e%20d%C3%A1%20outras%20provid%C3%AAncias – visitadono dia 17 de julho de 2023.Dados do Setor de Geração Distribuída, disponível em:https://app.powerbi.com/view?r=eyJrIjoiY2VmMmUwN-2QtYWFiOS00ZDE3LWI3NDMtZDk0NGI4MGU2NTkxIiwi-dCI6IjQwZDZmOWI4LWVjYTctNDZhMi05MmQ0LWVhN-GU5YzAxNzBlMSIsImMiOjR9 – visitado no dia 24 desetembro de 2023.Dados do Setor de Geração Centralizada, disponível em:https://app.powerbi.com/view?r=eyJrIjoiNjc4OGYyYjQtYWM2ZC00YjllLWJlYmEtYzdkNTQ1MTc1NjM2IiwidCI6IjQwZDZmOWI4LWVjYTctNDZhMi05MmQ0LWVhNGU5YzAxNzBlMSIsImMiOjR9– visitado no dia 24 de setembrode 2023.Dados dos Custos das Fontes de Energia no Mundo, disponívelem: https://www.irena.org/Publications/2023/Mar/Renewable-capacity-statistics-2023 – visitado nodia 23 de setembro de 2023.36REVISTA GERAÇÃO CENTRALIZADA
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