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Exercícios Espirituais de Santo Ignacio de Loyola (1491-1556)

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<strong>Exercícios</strong> <strong>Espirituais</strong><br />

E assim, em tudo o que resta [227], po<strong>de</strong> regular-se pela maneira <strong>de</strong> fazer da semana da Paixão, por exemplo nas<br />

repetições, [aplicações dos] cinco sentidos, encurtar ou alargar os mistérios, etc. [204,2; 205; 208-209].<br />

227 – Segunda nota. Geralmente, nesta quarta semana, é mais conveniente que nas outras três passadas, fazer quatro<br />

exercícios e não cinco. O primeiro, logo ao levantar, pela manhã; o segundo, à hora da Missa ou antes do almoço, em<br />

lugar da primeira repetição; o terceiro, à hora <strong>de</strong> Vésperas, em lugar da segunda repetição; o quarto antes do jantar,<br />

aplicando os cinco sentidos sobre os três exercícios do mesmo dia, notando e fazendo pausa nas partes mais<br />

importantes e on<strong>de</strong> haja sentido maiores moções e gostos espirituais.<br />

228 – Terceira nota. Ainda que em todas as contemplações se <strong>de</strong>ram pontos em número <strong>de</strong>terminado, por exemplo três<br />

ou cinco, etc., a pessoa que contempla po<strong>de</strong> tomar mais ou menos pontos, como melhor achar. Para o que muito<br />

aproveita que, antes <strong>de</strong> entrar na contemplação, preveja e <strong>de</strong>termine, em número certo, os pontos que há-<strong>de</strong> tomar.<br />

229 – Quarta nota. Nesta quarta semana, em todas as <strong>de</strong>z adições, se mudarão a segunda, a sexta, a sétima e a décima.<br />

A segunda será, logo ao <strong>de</strong>spertar, pôr diante <strong>de</strong> mim a contemplação que tenho <strong>de</strong> fazer, querendo-me sensibilizar e<br />

alegrar por tanto gozo e alegria <strong>de</strong> Cristo nosso Senhor [221].<br />

A sexta, trazer à memória e pensar em coisas que causem prazer, alegria e gozo espiritual, como, por exemplo, a<br />

glória.<br />

A sétima, usar <strong>de</strong> clarida<strong>de</strong> e <strong>de</strong> temperaturas agradáveis, como, no verão, <strong>de</strong> frescura, e no inverno, <strong>de</strong> sol ou <strong>de</strong> calor,<br />

na medida em que a alma pensa ou conjectura que isso a po<strong>de</strong> ajudar, para se alegrar em seu Criador e Re<strong>de</strong>ntor.<br />

A décima, em vez da penitência, observe a temperança e a justa medida em tudo, a não ser em preceitos <strong>de</strong> jejuns ou<br />

abstinências que a Igreja man<strong>de</strong>; porque estes sempre se hão-<strong>de</strong> cumprir, se não houver justo impedimento.<br />

[B. CONTEMPLAÇÃO GLOBAL EM CHAVE DE AMOR]<br />

230 – Contemplação<br />

para alcançar amor<br />

Nota: primeiro, convém aten<strong>de</strong>r a duas coisas.<br />

A primeira é que o amor se <strong>de</strong>ve pôr mais nas obras que nas palavras.<br />

231 – A segunda é que o amor consiste na comunicação reciproca, a saber, em dar e comunicar a pessoa que ama à<br />

pessoa amada o que tem ou do que tem ou po<strong>de</strong>; e, vice-versa, a pessoa que é amada à pessoa que ama; <strong>de</strong> maneira<br />

que, se um tem ciência, a dê ao que a não tem, e do mesmo modo quanto a honras ou riquezas; e assim em tudo<br />

reciprocamente, um ao outro.<br />

Oração habitual [46].<br />

232 – Primeiro preâmbulo é a composição, que é aqui ver como estou diante <strong>de</strong> Deus nosso Senhor, dos anjos, e dos<br />

santos a interce<strong>de</strong>rem por mim.<br />

233 – Segundo [preâmbulo]: pedir o que quero; será aqui pedir conhecimento interno <strong>de</strong> tanto bem recebido, para que<br />

eu, reconhecendo-o inteiramente, possa, em tudo, amar e servir a sua divina majesta<strong>de</strong>.<br />

234 – Primeiro ponto é trazer à memória os benefícios recebidos <strong>de</strong> criação, re<strong>de</strong>nção e os dons particulares,<br />

pon<strong>de</strong>rando, com muito afecto, quanto tem feito Deus nosso Senhor por mim e quanto me tem dado do que tem e,<br />

consequentemente, o mesmo Senhor <strong>de</strong>seja dar-se-me, em quanto po<strong>de</strong>, segundo seu <strong>de</strong>sígnio divino. E, <strong>de</strong>pois disto,<br />

reflectir em mim mesmo, consi<strong>de</strong>rando, com muita razão e justiça, o que eu <strong>de</strong>vo, <strong>de</strong> minha parte, oferecer e dar a sua<br />

divina majesta<strong>de</strong>, a saber, todas as minhas coisas e a mim mesmo com elas, como quem oferece, com muito afecto:<br />

Tomai, Senhor, e recebei toda a minha liberda<strong>de</strong>, a minha memória, o meu entendimento e toda a minha vonta<strong>de</strong>, tudo<br />

o que tenho e possuo; Vós mo <strong>de</strong>stes; a Vós, Senhor, o restituo. Tudo é vosso, dispon<strong>de</strong> <strong>de</strong> tudo, à vossa inteira<br />

vonta<strong>de</strong>. Dai-me o vosso amor e graça, que esta me basta.<br />

http://www.ppcj.pt/sjee.htm[27-07-2009 13:42:37]

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