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mundo jovem

mundo jovem - Fundação Tide Setubal

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No trabalho com adolescentes, somos continuamente confrontados com um pedido:“queremos exemplos.” Isso nos indica, entre outras coisas, que nesse percurso de setornar adulto os jovens querem ter referências tanto de outros jovens com quem seidentificam horizontalmente, mas também de adultos, pais, familiares, educadores.Contudo, nos deparamos freqüentemente, na atualidade, com adultos que não sabemcomo se relacionar com adolescentes. E esse desencontro pode gerar uma ausência dafigura do adulto de diversas formas. Alguns exemplos: adultos que querem ser tãojovens quanto os jovens e se colocam de igual para igual em relação a eles; homens quenão assumem o papel de pais e simplesmente não se responsabilizam pela criação deseus filhos; mães cansadas de tanto trabalhar e cuidar da família que se ausentam nãofisicamente, mas emocionalmente na criação de seus filhos; educadores que, sementender seus alunos, não conversam, estimulam, discutem com eles; e até um governoque, sem conseguir cumprir o seu papel, o de investir nos jovens, acaba também pordeixá-los desamparados. Enfim, toda uma série de ausências e desencontros. E diantede tudo isso, o adolescente sente-se perdido e clama por ajuda. É verdade que não é fácilescutar esse grito, muitas vezes desesperado, desordenado, violento, sem causaaparente. Gritos que aparecem em forma de revolta, ações criminosas, uso de drogas,indisciplina, gravidez precoce ou até suicídio.E afinal, o que querem os adolescentes de hoje? Querem um futuro, um trabalho, umsentido para suas vidas, um <strong>mundo</strong> adulto que ajude e dê espaço para que eles possamconstruir projetos de vida possíveis. Como abrir mão dos prazeres imediatos da juventudese eles olham para o futuro e não vislumbram nenhuma possibilidade? Comoinvestir nos estudos, se a escola de hoje, muitas vezes, não se configura como um lugarde aprendizado valorizado, de desenvolvimento pessoal e profissional, de ampliação dehorizontes? Como construir um projeto de vida, se muitas vezes eles sequer imaginampor onde começar?Finalmente, perante esse quadro complicado da situação do adolescente na atualidade,poderíamos concluir (como muitos deles, aliás) que não há saída. No entanto, não é issoo que o trabalho com eles tem nos mostrado. Ao contrário, vemos o quanto podem serpotentes e criativos. Para isso é preciso estar com eles, escutá-los, entender o que estãopassando, colocar-se ao lado. Eles querem falar, conversar, ser reconhecidos nessa trajetóriaadolescente.Talvez possamos entender que o papel do adulto frente ao adolescente é o de apostarnele. Apostar é poder sobreviver aos momentos de dúvidas, ataques e desamparo pelosquais ele passa. Apostar é estar física e emocionalmente presente na vida dele, sendouma referência, colocando limites, conversando sobre questões importantes e até questionandoo <strong>mundo</strong> junto com ele. Apostar é acreditar que existe um futuro possível paraos adolescentes de hoje.15

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