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mundo jovem

mundo jovem - Fundação Tide Setubal

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seja, hostilizam os que são diferentes nas crenças, nos hábitos, na opção sexual, naescolha de um time esportivo. Mas por que seria tão ameaçador conviver amistosamentecom quem está do outro lado do território demarcado?Para entender isso, é preciso lembrar que o adolescente está em busca de sua identidade,e nesse processo há muitos aspectos de sua personalidade que ele desconheceou quer esconder dele mesmo.É que uma das maiores dificuldades no amadurecimento dos adolescentes é conseguiraceitar o que ele é – seus limites e sua medida. Só quando seus própriosdefeitos ou fragilidades são reconhecidos e aceitos como parte de sua personalidade,sem se envergonhar por isso, torna-se possível tolerar os outros com suas diferenças.Vamos pensar isso por vários lados. Se, por exemplo, o <strong>jovem</strong> não aceita em simesmo ter dúvidas, hesitar, ficar inseguro, ter medo, como vai respeitar os que sãocomo ele? Como vai respeitar os velhos se não admite envelhecer? Como vai aceitaralguém de outra religião se tem a ilusão de que a sua é infalível? O primeiro passopara uma convivência tolerante é reconhecer que todos somos de fato imperfeitos e queser humano significa necessariamente ser incompleto e estar sempre se buscando, sequestionando, enfrentando conflitos e superando impasses.Nesse sentido, podemos dizer que a intolerância nasce da resistência das pessoasem perceber nelas aquilo mesmo que rejeitam nos outros. Se não existisse essadificuldade, a convivência entre grupos diferentes ou mesmo opostos não acarretariaviolência, agressividade, comportamentos preconceituosos, como forma de expressarsuperioridade e auto-afirmação. Bastaria cada um ser o que é e deixar os outrosserem o que são em paz.Justamente por isso, nem todos os grupos são intolerantes. Não é apenas o fato departicipar de um grupo que torna as pessoas intolerantes. Mas quando se formamgangues, grupos de extermínio, torcidas rivais e outros agrupamentos que ameaçame atacam “os de fora”, estamos diante de um fenômeno de intolerância mais sério. Enesses casos, vale pensar que algo muito incômodo dentro de cada um ou da própriaturma está sendo evitado, encoberto pela intolerância. Um exemplo prático talvezajude. Se eu tenho desejo de comer muito mas reprimo, ou seja, tento afastar demim essa tendência indesejável, posso começar a desenvolver uma intolerância aosgordos (que, afinal, realizam o que eu não me permito e nem aceito como um desejomeu). Os gordos, nesse caso, acabam sendo uma espécie de espelho do que eunão tolero em mim. Outro exemplo: se eu escolhi um time e “visto a camisa” dessetime – ou seja, me identifico com ele e me sinto humilhado quando o time perde (poisa derrota acaba sendo minha e não do time), sou levado a rejeitar torcidas alheiasque ponham em risco meu lugar invencível.24

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