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Introdução<br />
Desde o início da década de 1990 a Amazônia tem sido palco de intensas transformações no<br />
setor produtivo vinculadas a uma nova divisão internacional do trabalho. No bojo dessas mudanças<br />
desencadeadas, sobretudo, por um arranjo reestruturativo da economia capitalista,<br />
observa uma onda de introdução de práticas globais de organização do trabalho que são dadas<br />
<strong>com</strong>o “receitas” aos países que buscam adentrar os portões da globalização.<br />
As ciências humanas e, em especial, a sociologia têm voltado os olhos para essa nova<br />
economia global, percebendo que <strong>com</strong>eça a desenhar-se no horizonte um cenário produtivo<br />
transnacional, cuja principal característica é ignorar os espaços territoriais tradicionais, imprimindo<br />
nestes uma lógica de produção vinculada à ordem mundial de acumulação do capital.<br />
Trabalhos <strong>com</strong>o o de Silva (1997), Valle (2007), Castro (2008), Oliveira (2007) e Seráfico (2011)<br />
vêm a<strong>com</strong>panhando e problematizando essas questões no âmbito local, contudo, vinculando<br />
seu modus operandis ao macro espaço da produção capitalista, qual seja, a “multidimensionalidade”<br />
da globalização e sua trama de relações sociais que estruturam a configuração global<br />
do capitalismo (SERÁFICO, 2011).<br />
Nesse novo desenho da produção capitalista são configuradas práticas produtivas que<br />
não mais estão circunscritas ao espaço local; pelo contrário, emergem elementos e estratégias<br />
de organização do mundo do trabalho, que, por seu turno, fazem parte dos arranjos do atual<br />
desenvolvimento do capitalismo: a mundialização do capital.<br />
Tendo em vista essa perspectiva da organização do capitalismo em âmbito global, qual<br />
uma teia produtiva mundial da nova divisão internacional do trabalho, esse artigo discutirá<br />
<strong>com</strong>o se configuram as estratégias do capital em um contexto específico do global: o Pólo oleiro-cerâmico<br />
da Região Metropolitana de Manaus. Nesse sentido, apontaremos, primeiramente,<br />
o papel que a produção de tijolos e telhas desempenha do cenário econômico brasileiro e, em<br />
particular, no estado do Amazonas. Em seguida, faremos uma discussão teórica sobre a moderna<br />
organização do capitalismo, tendo em vista a <strong>com</strong>preensão das artimanhas do capital<br />
sobre o trabalho dentro do processo de mundialização do capital. Essa discussão nos ajudará<br />
a problematizar aquilo que trataremos na etapa final desse artigo, qual seja, as estratégias<br />
empresariais em uma olaria da Região Metropolitana de Manaus.<br />
A produção de tijolos e telhas no cenário nacional e regional<br />
A produção de cerâmica vermelha (tijolos e telhas) constitui-se em umas das principais atividades<br />
econômicas dentro do cenário produtivo brasileiro, tendo em vista a sua participação<br />
fundamental na movimentação do mercado da construção civil nacional. Trata-se de um setor<br />
produtivo <strong>com</strong> diversas cerâmicas espalhadas pelos estados brasileiros, e que produz anualmente<br />
cerca de 2,5 bilhões de peças. Contudo, diante da existência de um mercado consumidor<br />
que por razões históricas é o maior do Brasil, a concentração nacional das indústrias<br />
ceramistas está localizada na região sudeste (ANICER, 2010).<br />
Em face dessa configuração da indústria ceramista nacional, a região Norte emerge <strong>com</strong>o<br />
um importante ator dentro desse cenário de fabricação de tijolos e telhas, tendo uma participação<br />
considerável na produção mensal, a qual está estimada em 114 milhões de peças e que<br />
gera, segundo dados do SEBRAE, cerca de 10 mil empregos diretos e indiretos (SEBRAE, 2010).<br />
No que diz respeito ao estado do Amazonas, a produção de cerâmica vermelha está concentrada<br />
nos municípios de Manacapuru e Iranduba, os quais fazem parte da Região Metro-<br />
Áskesis - Revista dos Discentes do PPGS/UFSCar | v. 1 | n. 2 | jul/dez - 2012 | p. 40 – 53 | ISSN 2238-3069 | 41