eleitura crítica, na visão de Honneth (1999, p. 504), “retirou do velho projeto uma parte do seu fascínio inicial e moldou-o numa abordagem realista aberta à verificação”.). Frente a esse diagnóstico crítico à própria teoria crítica da sociedade, encontramos na formulação de Benjamin possíveis caminhos renovadores para a análise da sociedade. Formulações que, inclusive, <strong>com</strong>o aponta Honneth, não foram à época reconhecidas pelo “círculo interno” da Escola de Frankfurt e se constituem, para ele, as “suas pesquisas sociologicamente mais produtivas”. Como destaca Honneth (1999), Benjamin foi um dos raros pensadores independentes do século XX, e apesar de ter estabelecido relações <strong>com</strong> a chamada Escola de Frankfurt e ser considerado <strong>com</strong>o um de seus membros secundários, teve <strong>com</strong> ela uma relação bastante conflituosa, especialmente <strong>com</strong> os seus mais destacados integrantes. Também segundo Honneth, a teoria de Benjamin foi, juntamente <strong>com</strong> outros teóricos do círculo mais externo da Escola, em parte resgatada na revisão da teoria crítica empreendida por Habermas, que, por sua vez, gerou desdobramentos bastante divergentes, o que extrapola os debates propostos para esse artigo. De todo modo, a permanente postura alerta e crítica, que faz <strong>com</strong> que a teoria crítica se proponha a estar “sempre ciente de seu contexto social de origem, assim <strong>com</strong>o do seu contexto de aplicação prática” (HONNETH, 1999, p. 509), aponta orientações e preocupações ético- -políticas à sociologia. Sobre elas, destaca-se, em especial, no pensamento de Benjamin, a abertura aos possíveis do passado e do presente e a relevância à experiência e ao seu sentido social e coletivo. Conforme destaca Honneth (1999), Benjamin superou os limites funcionalistas dos horizontes dos referenciais filosóficos da teoria crítica, presente em seu círculo dominante, na perspectiva da vida social integrada por um sistema de controle social administrativo e pelo conformismo individual. Diferentemente dessa perspectiva, Benjamin reconhecia que “os mundos experimentais de diferentes grupos e coletividades representam não tanto o simples material de dominação quanto as próprias forças logicamente independentes de que brota o movimento da vida social” (HONNETH, 1999, p. 532). Assim, o autor atribuía a faculdade de percepção criativa aos grupos oprimidos e depositava esperanças no potencial de imaginação coletiva e de politização da cultura. Neste sentido, Benjamin desenvolveu o seu conceito de experiência. E o reconhecimento de sua atualidade e de seu potencial para a teoria crítica, no campo de debates sobre a construção do conhecimento sociológico na sociedade contemporânea, significa a reconstrução de um fio <strong>com</strong> o passado, que busca resgatar conceitos, formulações e experiências fundamentais, negligenciados pelas interpretações e pela história dominantes. BIBLIOGRAFIA ADORNO, Theodor. Introdução à sociologia. São Paulo: UNESP, 2008. ______. Sobre a lógica das Ciências Sociais. In: COHN, G. (Org.). Theodor W. Adorno. Coleção Grandes Cientistas Sociais, São Paulo: Ática, 1986. ALEXANDER, Jeffrey. A importância dos clássicos. In: GIDDENS, A.; TURNER, J. (Org.). Teoria Social Hoje. São Paulo: Editora UNESP, 1999. ARENDT, Hannah. Homens em tempos sombrios. São Paulo: Companhia das Letras, 1987. Áskesis | v. 1 | n. 2 | jul/dez - 2012| p. 80 – 91 | 90
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