Escuelas Pías 21 Octubre 2010 - Pamplona
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serem mostrados por políticos oportunistas, se<br />
esquecem de elucidar os deveres de cada uma<br />
das partes. Desde então, tudo isto se tornou<br />
uma arma poderosa, principalmente contra nós<br />
educadores: os meninos não podem ser punidos,<br />
não podem ser expulsos, não podem ser<br />
corrigidos com mais rigor, não se pode falar<br />
mais alto com eles, não podem ser tocados sob<br />
nenhum gesto, não podem ser mandados para<br />
fora de sala. Enfim, eles podem tudo e nós<br />
educadores não podemos nada, somos reféns<br />
de toda esta nova orientação.<br />
Meu Deus, e agora? O que fazer? A quem recorrer?<br />
Quantos colegas afastados vergonhosamente<br />
de seus cargos, com cobertura da imprensa,<br />
“chutados” sem nenhum direito de se<br />
defender. Até mesmo quando os alunos são<br />
barrados sem o uniforme que a escola exige,<br />
sem nenhuma justificativa, a imprensa é chamada<br />
e a diretora é exposta ao vexame. Coitadinhos,<br />
que injustiça! Corrigi-los virou crime.<br />
O meu coração nunca se aquietou, todas as<br />
noites quando chego do trabalho converso com<br />
o bondoso Deus, pedindo forças alternativas.<br />
Fico no meu silêncio, às vezes incomodando<br />
meus familiares, que cobram mais atenção.<br />
Amo a minha profissão, é exatamente aquela<br />
que eu queria para minha vida. Mas descobri<br />
que exercê-la é muito pouco, em relação a tudo<br />
que meus alunos precisam.<br />
As 4 horas do dia que os alunos passam conosco,<br />
são as melhores do seu dia. Na escola eles<br />
são alimentados, praticam esporte, adquirem<br />
conhecimento, fazem amigos. Quando os meninos<br />
retornam aos seus lares, encontram a droga,<br />
o pai batendo na mãe, o vizinho morto, a<br />
fome, o desentendimento, o “palavrão”, o caos.<br />
Então me pergunto: como as minhas preces tem<br />
sido atendidas? Primeiro aceitei o convite, permiti<br />
que a mensagem de São José de Calasanz<br />
penetrasse o meu coração.<br />
O amor por aqueles meninos foi crescendo<br />
dentro de mim...<br />
Veja a diferença das preces que fazia ao chegar<br />
na escola, ainda colocando o carro dentro da<br />
garagem. Antes: Senhor dai-me forças para<br />
suportar estes monstros, coloque seus Anjos<br />
perto de mim, para que quando eles brigarem,<br />
seja bem longe de mim, que se arrebentem para<br />
lá. Ajude-me para que minha aposentadoria<br />
chegue logo, preciso ficar livre de tudo isto...<br />
<strong>Escuelas</strong> <strong>Pías</strong> <strong>21</strong><br />
18<br />
Nada estava dando certo para minha tão sonhada<br />
aposentadoria, todos os papéis que eu<br />
enviava à Secretaria de Educação eram devolvidos.<br />
Até que uma colega falou comigo: Judith,<br />
quem sabe sua missão ainda não foi cumprida<br />
aqui nesta Escola, às vezes para o homem<br />
chegou a sua hora, mas para Deus não. Pensei:<br />
será? Essa conversa mexeu comigo.<br />
Fui diminuindo a minha ansiedade e me conformando.<br />
Minha oração na garagem passou a<br />
ser a seguinte: Senhor faça com que eu seja a<br />
melhor possível para estes meninos, que nessas<br />
próximas quatro horas eu possa contribuir<br />
para torná-los mais felizes.<br />
Passei a sorrir mais, e dizer aos meus alunos<br />
em todas as oportunidades que os amo muito.<br />
Para as meninas digo que são lindas, que devem<br />
cuidar de seus cabelos, e roupas, além de<br />
estar sempre cheirosas, também, que não deviam<br />
deformar suas sobrancelhas. Falo para<br />
não deixarem tão expostos os corpos lindos que<br />
Deus as deu, para não permitirem ser tocadas<br />
antes de chegar o momento certo, momento<br />
este juntamente com um rapaz que as ame<br />
muito. Que precisam ser sérias com os estudos,<br />
e procurar sempre Deus, passando a freqüentar<br />
a Igreja de seu bairro.<br />
Quanto aos meninos, agora eu passei a valorizá-los<br />
muito. Faço-os enxergar o quanto são<br />
inteligentes e capazes. Digo que devem tratar<br />
as meninas da mesma maneira que gostariam<br />
que suas mães, como mulheres, devem ser<br />
tratadas. Oriento-os para dizer sempre não às<br />
drogas, salientando que o investimento nos<br />
estudos é o caminho para conseguir um futuro<br />
melhor.<br />
Talvez eu já tenha falado sobre tudo isto com<br />
eles, mas não na linguagem do amor. Realmente,<br />
muitas coisas mudaram dentro de mim...<br />
Minhas preces têm chegado aos Céus. Temos<br />
muitos problemas, é claro, mas neste último ano<br />
não assisti a mais nenhuma briga entre os educandos.<br />
Estão bem mais cuidadosos e confiantes,<br />
inclusive, suas notas melhoraram (podem<br />
comparar os boletins)!<br />
Ainda não sei qual o propósito de Deus na<br />
minha vida, coloco-me inteiramente à Sua disposição.<br />
Só sei dizer que hoje estou mais feliz e<br />
realizada que um ano atrás.<br />
Judith (esposa de Antônio Carlos). Belo Horizonte