HINDI, E.C. et al. Características hidrogeológicas...As áreas periodicamente inundadaspe<strong>la</strong>s marés são cobertas por sedimentos arenoargilosos,<strong>de</strong> coloração cinza escuraenriquecidos em matéria orgânica.4. HIDROGEOLOGIA LOCALO sistema aqüífero da Ilha dos Va<strong>la</strong>dares éformado por um terraço <strong>de</strong> construção marinha,com cerca <strong>de</strong> 4 km <strong>de</strong> comprimento em seu eixomaior, disposto na direção NE. A <strong>la</strong>rgura médiada ilha é <strong>de</strong> 0,75 Km. Esse pacote arenosocorrespon<strong>de</strong> à porção permanente emersa dailha e tem superfície aproximada <strong>de</strong> 3 km 2 ealtitu<strong>de</strong>s máximas inferiores a 9 m.Os perfis litológicos observados nasmargens da ilha, principalmente no f<strong>la</strong>nco SW(Figura 2), mostram homogeneida<strong>de</strong>mineralógica, evi<strong>de</strong>nciando predomínio <strong>de</strong>sedimentos quartzosos com granulometria fina amuito fina. Em toda a extensão da ilha, a camada<strong>de</strong> areia superficial apresenta-se pedogeneizada,com teores variados <strong>de</strong> matéria orgânica. Auniformida<strong>de</strong> litológica da seqüência arenosaque forma o arcabouço do aqüífero confere a ele,características hidrogeológicas homogêneas eisotrópicas.A espessura da camada arenosa não foi<strong>de</strong>terminada no ambiente da ilha, no entanto,corre<strong>la</strong>cionando com perfis <strong>de</strong> poços perfuradosem Paranaguá e, também, com base emlevantamentos geofísicos, po<strong>de</strong>-se estimar queseja da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> 60 m.Figura 2 - Pacote arenoso com 6 m <strong>de</strong> altura(extremida<strong>de</strong> SW da ilha)O mo<strong>de</strong>lo conceitual do sistema aqüífero da Ilhados Va<strong>la</strong>dares é o <strong>de</strong> um aqüífero livre,homogêneo e isotrópico, limitado por fronteirasmóveis, <strong>de</strong>finidas pe<strong>la</strong> superfície potenciométricae pe<strong>la</strong> interface água doce – água salgada e poruma fronteira fixa, representada peloembasamento cristalino sobre o qual se assentao aqüífero.Aplicando-se a equação <strong>de</strong> Ghyben-Herzberg aos dados potenciométricos paracalcu<strong>la</strong>r a profundida<strong>de</strong> aproximada da interfaceágua doce – água salgada, verifica-se que, naspartes mais afastadas das margens da ilha, aposição da interface água doce-água salgadaestaria situada abaixo da do topo doembasamento. Entretanto, na parte central, on<strong>de</strong>a ilha tem a menor <strong>la</strong>rgura (em torno <strong>de</strong> 350 m),é possível que as intrusões <strong>de</strong> água salgadaprovocadas pelos rios Itiberê e dos Correiasestejam bem próximas uma da outra <strong>de</strong> modoque, nesse local, a zona saturada com águadoce apresente a forma aproximada <strong>de</strong> umalente em equilíbrio com a água salgadasubjacente.A recarga do aqüífero se <strong>de</strong>ve,essencialmente, às precipitações pluviométricase a <strong>de</strong>scarga ocorre através dos poçosdomésticos e, principalmente, ao longo dasmargens da ilha, diretamente para os corpos <strong>de</strong>água circundantes, conforme se verificou através<strong>de</strong> medidas <strong>de</strong> condutivida<strong>de</strong> que mostramvalores ligeiramente mais baixos junto àsmargens do que as medidas realizadas emdireção ao eixo do rio. Outro fato que corroboraessa afirmação são as diferenças significativasentre os valores dos parâmetros físico-químicos<strong>de</strong>terminados em amostras <strong>de</strong> água <strong>de</strong> poços dailha e em amostra coletada no rio Itiberê.4.1 Influência da maré e a potenciometria doaqüíferoNos aqüíferos costeiros, o nível da águasubterrânea está sujeito a osci<strong>la</strong>ções porinfluência das marés oceânicas. A amplitu<strong>de</strong><strong>de</strong>ssas osci<strong>la</strong>ções <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>, entre outros fatores,da conexão hidráulica entre o aqüífero e o mar,bem como da distância entre o ponto <strong>de</strong>observação e a linha da costa.A influência das osci<strong>la</strong>ções dos níveisdos rios Itiberê e dos Correias, <strong>de</strong>vido ao regime<strong>de</strong> marés oceânicas, no aqüífero foraminvestigadas através da medida <strong>de</strong> nível da águaem dois poços domésticos: um situado noextremo NE da ilha, a 30 m da margem do rioItiberê e outro situado na meta<strong>de</strong> SW da ilha, adistâncias aproximadamente iguais <strong>de</strong> ambasdas margens. No poço próximo à margem doItiberê, a resposta do aqüífero foi imediataenquanto que as medidas <strong>de</strong> nível tomadas nopoço localizadas na meta<strong>de</strong> SW da ilha, nãomostraram variações significativas <strong>de</strong> nível, queoscilou entre 3,07 e 3,05 m. Atribuiu-se essefato, a um retardo na propagação da onda <strong>de</strong>maré através do aqüífero durante o período <strong>de</strong>observação. A elevação da maré foi observadaem um único ponto, na margem do rio Itiberê,próximo ao canal da Cotinga.Os gráficos das Figuras 3 e 4 mostram,respectivamente, a variação no tempo dadiferença entre os níveis iniciais e os níveis nomomento das medidas no poço 1 (NE) e no rio e,Revista Latino-Americana <strong>de</strong> Hidrogeologia, n.3, p. 19-31, 2003. 21
1 511 321 21 438293 03 31 12 83 13 261 0985743 536342 02 72 32 42 6212 5221 91 6373171 8HINDI, E.C. et al. Características hidrogeológicas...a re<strong>la</strong>ção entre essas variações, evi<strong>de</strong>nciando alinearida<strong>de</strong> entre os incrementos <strong>de</strong> nívelmedidos. A Figura 5 apresenta a variação notempo do nível da água no poço 2 (SW).Figura 3 – Variação temporal dos níveis daágua no rio Itiberê e no poço 1Variação do nível da água (cm)1,401,201,000,800,600,400,200,0012:00 13:12 14:24 15:36 16:48 18:00poço 1Tempo (hh:mm)rio ItiberêFigura 4 – Re<strong>la</strong>ção entre os níveis da águano rio Itiberê e no poço 11,40como pe<strong>la</strong> recarga por águas <strong>de</strong> chuva. Para ae<strong>la</strong>boração do mapa potenciométrico do aqüíferoda Ilha dos Va<strong>la</strong>dares, tomou-se a precaução <strong>de</strong>fazer as medidas <strong>de</strong> nível estático período <strong>de</strong>pouca chuva e em intervalos <strong>de</strong> temposemelhantes, entre 13h e 17 h correspon<strong>de</strong>nte àmaré baixa. Foram feitas medidas <strong>de</strong> nível em 50poços, entre os dias 25 e 29/06/2001. O maparesultante serve apenas como um indicativo dasuperfície potenciométrica do aqüífero.O mapa isopotenciométrico (Figura 6),mostra um divisor <strong>de</strong> águas acompanhandoaproximadamente o eixo maior da ilha. Essedivisor <strong>de</strong> águas subterrâneas coinci<strong>de</strong>,aproximadamente, com as maiores elevações dailha. A superfície potenciométrica mostra controletopográfico estando, ainda, pouco influenciadapor ações antrópicas (drenagens oubombeamentos). As linhas <strong>de</strong> fluxo sãodivergentes e direcionadas para as drenagensque circundam a ilha.A profundida<strong>de</strong> do nível freático varia <strong>de</strong>4 a 5 m nas partes mais elevadas da ilha,diminuindo à medida que se aproxima dasmargens da ilha, até aflorar nas zonas <strong>de</strong>mangue.Variação do nível da água no rio Itiberê (cm1,201,000,800,600,400,200,000,00 0,10 0,20 0,30 0,40 0,50 0,60 0,70 0,80 0,90Variação do nível da água no poço (cm)Figura 6 - Mapa potenciométrico do aqüíferoda Ilha dos Va<strong>la</strong>dares7175000717450071740007173500NFigura 5 – Variação temporal dos níveis daágua no rio Itiberê e no poço 271730009:367172500Limite da Ilha dos Va<strong>la</strong>daresPontos <strong>de</strong> medição <strong>de</strong> nível da águaVariação do nível da água (cm)4:480:0019:1214:249:364:480:0012:00 13:12 14:24 15:36 16:48 18:00Tempo (hh:mm)poço 2rio ItiberêA potenciometria do aqüífero é afetada tanto pe<strong>la</strong>osci<strong>la</strong>ção do nível da água causado pe<strong>la</strong>s marés,7172000Curva isopotenciométricaSentido aproximado do fluxo su bter râneo0 250 500 750 1000749000 749500 750000 750500 751000 7515 00 752000 7525004.2 Qualida<strong>de</strong> da águaA qualida<strong>de</strong> química da águasubterrânea é, em geral, contro<strong>la</strong>da por fatorescomo qualida<strong>de</strong> da água <strong>de</strong> recarga, tipo <strong>de</strong>aqüífero, litologias perco<strong>la</strong>das, tempo <strong>de</strong>residência, acrescentando-se, no caso <strong>de</strong>aqüíferos costeiros, os efeitos re<strong>la</strong>cionados àintrusão da cunha salina. Além disso, pe<strong>la</strong>scaracterísticas hidrogeológicas (aqüífero livre,poroso, zona vadosa normalmente pobre emargilo-minerais e matéria orgânica, nível freáticoraso, entre outras), tornam os aqüíferos costeiros22Revista Latino-Americana <strong>de</strong> Hidrogeologia, n.3, p. 19-31, 2003
- Page 6 and 7: AREAS DE RESERVA: SOLUCION ALTERNAT
- Page 8 and 9: PEREZ, M. et al. Areas de reserva:
- Page 10 and 11: PEREZ, M. et al. Areas de reserva:
- Page 12 and 13: PEREZ, M. et al. Areas de reserva:
- Page 14 and 15: PEREZ, M. et al. Areas de reserva:
- Page 16 and 17: CARACTERÍSTICAS HIDROGEOLÓGICAS D
- Page 21 and 22: HINDI, E.C. et al. Características
- Page 23 and 24: HINDI, E.C. et al. Características
- Page 25 and 26: HINDI, E.C. et al. Características
- Page 27 and 28: HINDI, E.C. et al. Características
- Page 29 and 30: MONTAÑO, J. et al. Determinación
- Page 31 and 32: MONTAÑO, J. et al. Determinación
- Page 33 and 34: MONTAÑO, J. et al. Determinación
- Page 35 and 36: MONTAÑO, J. et al. Determinación
- Page 37: MONTAÑO, J. et al. Determinación