HINDI, E.C. et al. Características hidrogeológicas...O gráfico da Figura 12 mostra que osvalores das re<strong>la</strong>ções iônicas rHCO 3 - /rCl - e (rCa +2+ rMg +2 )/rCl - são mais elevados nas amostrascoletadas nas baterias do que na amostra <strong>de</strong>água do rio. Comparando-se o conteúdo iônicodas águas das baterias (Figura 13), percebe-seque a bateria 4 apresenta indícios <strong>de</strong> salinização.Essa mesma característica po<strong>de</strong> ser observadana Figura 12, pe<strong>la</strong> diminuição dos valores <strong>de</strong>ambas as re<strong>la</strong>ções iônicas na amostra coletadanessa bateria.Figura 12 - Variação das re<strong>la</strong>ções iônicasentre as amostras <strong>de</strong> água dasbaterias <strong>de</strong> poços e do rio ItiberêFigura - 14Diagrama <strong>de</strong> Piper das amostras<strong>de</strong> água coletadas nas baterias <strong>de</strong>poços na Ilha <strong>de</strong> Va<strong>la</strong>dares.1,000,900,800,700,600,500,400,300,200,100,00B-1 B-2 B-3 B-4 B-5 B-6 riorCa+rMg/rClrHCO3/rCl4.7 Potencial hídricoConsi<strong>de</strong>rando a área da partepermanentemente emersa da ilha (A ≈ 3 x 10 6m 2 ), e tomando-se o valor da porosida<strong>de</strong> efetiva(η e ), po<strong>de</strong>-se estimar o volume armazenado pormetro <strong>de</strong> espessura saturada (h) no aqüífero:Figura 13- Concentrações dos principais íons(em meq/L), nas amostras <strong>de</strong> águacoletadas nas baterias <strong>de</strong> poços.0,450,400,350,300,250,200,150,100,050,00B-1 B-2 B-3 B-4 B-5 B-6Ca Mg Na K HCO3 Cl SO4As amostras <strong>de</strong> água coletadas nas baterias <strong>de</strong>poços são c<strong>la</strong>ssificadas como cloretadas-sódicascomo mostra o diagrama <strong>de</strong> Piper da Figura 14.A água captada no aqüífero da Ilha dosVa<strong>la</strong>dares po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rada como apta paraconsumo humano. A empresa Águas <strong>de</strong>Paranaguá construiu um reservatório, paraarmazenamento da água captada pe<strong>la</strong>s baterias,com capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 20 m 3 e dotado com injetores<strong>de</strong> cloro e flúor, para tratamento simplificado edistribuição para a re<strong>de</strong> <strong>de</strong> abastecimento dailha.V = A.η e .hV ≈ 3 x 10 6 x 0,192 x 1V ≈ 5,8 x 10 5 m 3A recarga anual (R a ) do aqüífero é calcu<strong>la</strong>da daseguinte forma:R a = P . A . IR a ≈ 2 x 3 x10 6 x 0,2R a ≈ 12 x 10 5 m 3On<strong>de</strong>: P é a precipitação anual média na p<strong>la</strong>níciecosteira do Estado do Paraná (2000 mm); A é aárea da ilha (≈ 3 x 10 6 m 2 ) e I é uma estimativada taxa <strong>de</strong> infiltração (20%). O valor <strong>de</strong> I, emborainferido, po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rado subestimado,tanto pe<strong>la</strong> inexistência <strong>de</strong> drenagens superficiaiscomo pelo baixo índice <strong>de</strong> impermeabilização doterreno. Mesmo vista com precaução, a taxaanual <strong>de</strong> recarga é suficiente para manter aexplotação sustentável do aqüífero.Deve-se, entretanto, observar que asdisponibilida<strong>de</strong>s hídricas do aqüífero estão nolimite <strong>de</strong> capacida<strong>de</strong> já que, no Estado doParaná, a base <strong>de</strong> cálculo para a imp<strong>la</strong>ntação <strong>de</strong>sistemas <strong>de</strong> abastecimento em áreas rurais é <strong>de</strong>150 L/habitante e, sendo a popu<strong>la</strong>ção da Ilha dosVa<strong>la</strong>dares superior a 20.000 habitantes, haveriaa necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma produção anual <strong>de</strong> mais<strong>de</strong> 11 x10 5 m 3 <strong>de</strong> água para aten<strong>de</strong>r a <strong>de</strong>mandaatual.Revista Latino-Americana <strong>de</strong> Hidrogeologia, n.3, p. 19-31, 2003. 29
HINDI, E.C. et al. Características hidrogeológicas...O bombeamento das 6 baterias a umataxa <strong>de</strong> 15 m 3 /h, em regime <strong>de</strong> bombeamento <strong>de</strong>20 h/dia, resulta na extração anual <strong>de</strong>aproximadamente 6,5 x10 5 m 3 , ocasionando umdéficit em torno <strong>de</strong> 5 x10 5 m 3 a ser suprido porágua aduzida do continente ou pelos poçosdomésticos.7. CONCLUSÕESO sistema aqüífero da Ilha dos Va<strong>la</strong>daresé um aqüífero livre, constituído por sedimentosquartzosos, bem selecionados, <strong>de</strong> granulometriafina a muito fina. A uniformida<strong>de</strong> litológica daseqüência arenosa que forma o arcabouço doaqüífero conferem a ele, característicashidrogeológicas homogêneas e isotrópicas.Aqüífero é limitado por fronteiras móveis,<strong>de</strong>finidas pe<strong>la</strong> superfície potenciométrica e pe<strong>la</strong>interface água doce – água salgada e por umafronteira fixa, representada pelo embasamentocristalino sobre o qual se assenta o aqüífero.A influência das osci<strong>la</strong>ções dos níveisdos rio Itiberê e dos Correias e do canal daCotinga, <strong>de</strong>vido ao regime <strong>de</strong> marés oceânicas,se manifestam com maior intensida<strong>de</strong> nos poçossituados nas partes mais baixas da ilha epróximas das margens, principalmente, do canalda Cotinga.Pe<strong>la</strong> aplicação do mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Ghyben-Herzberg aos dados potenciométricos, verifica-seque nas partes mais elevadas e centrais da ilha,a posição da interface água doce-água salgadaestaria situada abaixo da do topo doembasamento cristalino.Na parte mais estreita da ilha (em torno<strong>de</strong> 350 m), é possível que as intrusões <strong>de</strong> águasalgada provocadas pelos rios Itiberê e dosCorreias estejam próximas uma da outra <strong>de</strong>modo que, nesse local, a zona saturada comágua doce apresente a forma aproximada <strong>de</strong>uma lente em equilíbrio com a água salgadasubjacente. Esse local é ina<strong>de</strong>quado para aimp<strong>la</strong>ntação <strong>de</strong> obras <strong>de</strong> captação do aqüífero.A recarga do aqüífero ocorre,essencialmente, pe<strong>la</strong> infiltração dasprecipitações pluviométricas e a <strong>de</strong>scarga ocorreatravés dos poços domésticos e, principalmente,ao longo das margens da ilha, diretamente paraos corpos <strong>de</strong> água circundantes.A superfície potenciométrica acompanhaaproximadamente a forma do terreno, comdivisor <strong>de</strong> águas alinhado com o eixo maior dailha. As linhas <strong>de</strong> fluxo são divergentes edirecionadas para as drenagens que circundam ailha.As variações naturais do nível da águasubterrânea são <strong>de</strong>correntes da propagação dasondas <strong>de</strong> maré pelo interior do aqüífero, alémdas osci<strong>la</strong>ções causadas pelos processosnaturais <strong>de</strong> recarga e <strong>de</strong>scarga. As influênciasantrópicas <strong>de</strong>vido a bombeamentos ou canais <strong>de</strong>drenagens são, até o momento, irrelevantes.De modo geral, a mineralização da águaé contro<strong>la</strong>da pe<strong>la</strong>s espécies iônicas Na + , Cl - eSO 2- 4 , características das águas subterrâneasem ambiente costeiro. A soma <strong>de</strong>sses três íonscorrespon<strong>de</strong> a mais <strong>de</strong> 50% da composiçãoiônica média das águas do aqüífero. Essepercentual aumenta à medida que a localizaçãodos pontos <strong>de</strong> coleta se aproxima das margensda ilha.Os poços localizados em parteselevadas da ilha, consequentemente maisexpostas aos processos <strong>de</strong> lixiviação pe<strong>la</strong>ságuas <strong>de</strong> chuva e afastados das margens dailha, apresentam menor conteúdo <strong>de</strong> sólidosdissolvidos totais, do que os situados próximosdas margens indicando uma salinização doaqüífero por efeito da dispersão hidrodinâmicadas águas estuarinas.A c<strong>la</strong>sse dominante das águas é acloretada-sódica, segundo a c<strong>la</strong>ssificaçãogeoquímica <strong>de</strong> Piper. Entre as substânciasin<strong>de</strong>sejáveis, po<strong>de</strong>m ser citadas o NO -2 3 ,coliformes totais e fecais, indicativos <strong>de</strong>contaminação por efluentes domésticos.As águas superficiais que circundam ailha apresentam composição diferenciada emre<strong>la</strong>ção às águas do aqüífero da ilha. Emboramuito elevado, o teor <strong>de</strong> sólidos totais dissolvidosestá abaixo da concentração média da água domar, indicando uma mistura <strong>de</strong> água docecontinental com água marinha.Os poços utilizados pelos moradores sãoconstruídos <strong>de</strong> forma ina<strong>de</strong>quada, sem qualquertipo <strong>de</strong> proteção sanitária e situados próximos àsfossas ou locais <strong>de</strong> <strong>la</strong>nçamento <strong>de</strong> águasservidas.O processo <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>nado <strong>de</strong> ocupaçãourbana da ilha, com o parce<strong>la</strong>mento do terrenoem lotes pouco maiores que as dimensões dasresidências, concentração popu<strong>la</strong>cional elevada,sistema <strong>de</strong> saneamento básico inexistente e adisposição dos efluentes líquidos diretamente noterreno, somados à permeabilida<strong>de</strong> do solo, sãoos principais fatores <strong>de</strong> <strong>de</strong>gradação da qualida<strong>de</strong>da água subterrânea na ilha.O sistema <strong>de</strong> captação proposto eimp<strong>la</strong>ntado na ilha mostrou ser prático,econômico, <strong>de</strong> construção rápida e capaz <strong>de</strong>produzir 12 m 3 /h por bateria <strong>de</strong> poços, comrebaixamentos inferiores a 1 m.A locação das baterias, nas partes altase centrais da ilha e afastadas das áreas<strong>de</strong>nsamente povoadas, permitiu a captação <strong>de</strong>água <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> a<strong>de</strong>quada aos padrões <strong>de</strong>potabilida<strong>de</strong> vigentes. As águas captadas nasbaterias são cloretadas-sódicasO valor calcu<strong>la</strong>do para a recarga doaqüífero é <strong>de</strong> 12 x 10 5 m 3 /ano. A <strong>de</strong>manda anual30Revista Latino-Americana <strong>de</strong> Hidrogeologia, n.3, p. 19-31, 2003
- Page 6 and 7: AREAS DE RESERVA: SOLUCION ALTERNAT
- Page 8 and 9: PEREZ, M. et al. Areas de reserva:
- Page 10 and 11: PEREZ, M. et al. Areas de reserva:
- Page 12 and 13: PEREZ, M. et al. Areas de reserva:
- Page 14 and 15: PEREZ, M. et al. Areas de reserva:
- Page 16 and 17: CARACTERÍSTICAS HIDROGEOLÓGICAS D
- Page 18 and 19: HINDI, E.C. et al. Características
- Page 21 and 22: HINDI, E.C. et al. Características
- Page 23 and 24: HINDI, E.C. et al. Características
- Page 25: HINDI, E.C. et al. Características
- Page 29 and 30: MONTAÑO, J. et al. Determinación
- Page 31 and 32: MONTAÑO, J. et al. Determinación
- Page 33 and 34: MONTAÑO, J. et al. Determinación
- Page 35 and 36: MONTAÑO, J. et al. Determinación
- Page 37: MONTAÑO, J. et al. Determinación