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Foto: Evaldo Gomes<br />
PREÁ – Outro dia você deu uma declaração<br />
em um dos jornais da cidade dizendo que era<br />
o único editor ‘liso’ no Brasil. Esse trabalho de<br />
editor lhe rende alguma coisa financeiramente?<br />
ABIMAEL SILVA – Até o presente momento<br />
isso não me rendeu nada financeiramente. Aqui<br />
e acolá tem um empresário que sabe de nossas<br />
dificuldades e dá alguma ajuda. Quem sempre<br />
tem dado muita força é <strong>Augusto</strong> Maranhão,<br />
que é uma pessoa sensacional, vem por livre e<br />
espontânea vontade e me ajuda. Quando vou<br />
editar, pego a pessoa, arrumo todo o material<br />
gráfico, os papéis, as chapas, mando fazer o<br />
fotolito no Diário de Natal, vou lá peço um<br />
favor à direção do jornal para dar uma ajuda<br />
como apoio cultural, peço a um amigo que<br />
faça uma capa, a arte da capa como uma<br />
presença, uma gentileza. Mas, mesmo tendo<br />
editado todos esses livros, sobre Natal ou o Rio<br />
Grande do Norte - a maioria de autores norterio-grandenses<br />
-, acontece uma coisa cruel,<br />
porque até hoje nenhuma biblioteca do Estado<br />
tem as nossas edições. Tem livro de sicrano, de<br />
beltrano, mas não tem os nossos livros.<br />
Abimael Silva<br />
PREÁ – Mas não é obrigatório as bibliotecas terem ao menos<br />
um volume de cada livro publicado no Estado?<br />
ABIMAEL SILVA – Sim. Mas isso é quando se trata da<br />
Biblioteca Nacional. Aqui as pessoas fazem ofícios pedindo<br />
doações, enquanto se gasta dinheiro com tantas outras coisas<br />
que não fazem o menor sentido. Eu já recebi “n” ofícios pedindo<br />
doações de livros, mas não posso doar esses livros, até para que as<br />
pessoas reconheçam que existe um custo extremamente elevado<br />
por trás desse trabalho de editoração. Não dá para ser de graça.<br />
PREÁ – Você conhece alguém em outro Estado que tenha um<br />
trabalho semelhante a esse seu?<br />
ABIMAEL SILVA – Sebista fazendo esse trabalho de editoração,<br />
no Brasil, que eu saiba, não existe nenhum outro.<br />
PREÁ – De todos os livros que você editou quais são os seus<br />
preferidos?<br />
ABIMAEL SILVA – Tem alguns pelos quais tenho um carinho<br />
todo especial, como por exemplo, “As Cartas de Drummond<br />
a Zila Mamede”, um livro que até hoje me enche de alegria;<br />
“Os Americanos em Natal”, de Lenine Pinto; “Costumes<br />
Locais”, de Eloy de Souza; “Os Elementos do Caos”, de<br />
Miguel Cirilo; “69 Poemas de Chico Doido de Caicó”,<br />
organizado por Nei Leandro de Castro e Moacy Cirne;<br />
“Nomes da Terra”, de Cascudo; “Contistas Potiguares”, de<br />
Manoel Onofre Júnior; o “Papa Jerimun”, de Cleudo Freire;<br />
“Uma Câmara vê Cascudo”, de Carlos Lyra; a antologia de<br />
contos organizada por Manoel Onofre Júnior, “Poetas do Rio<br />
Grande do Norte”, de Ezequiel Wanderley, que foi a primeira<br />
antologia da poesia potiguar, editada em 1922, tendo inclusive<br />
sido resenhada no Jornal do Brasil.<br />
PREÁ – É mais fácil vender livros de prosa ou de poesia?<br />
ABIMAEL SILVA – Com todo o respeito aos poetas, não se<br />
compara. Poesia é a coisa mais difícil de se vender. Em geral,<br />
depois do lançamento, o livro de poesia fica na estante. Só<br />
quando o poeta é muito pavão, tem um nome consagrado e usa<br />
bem a mídia é que consegue vender um pouco mais.<br />
Julho 2003<br />
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