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Janduís - Fundação Jose Augusto

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Foto: Evaldo Gomes<br />

PREÁ – Outro dia você deu uma declaração<br />

em um dos jornais da cidade dizendo que era<br />

o único editor ‘liso’ no Brasil. Esse trabalho de<br />

editor lhe rende alguma coisa financeiramente?<br />

ABIMAEL SILVA – Até o presente momento<br />

isso não me rendeu nada financeiramente. Aqui<br />

e acolá tem um empresário que sabe de nossas<br />

dificuldades e dá alguma ajuda. Quem sempre<br />

tem dado muita força é <strong>Augusto</strong> Maranhão,<br />

que é uma pessoa sensacional, vem por livre e<br />

espontânea vontade e me ajuda. Quando vou<br />

editar, pego a pessoa, arrumo todo o material<br />

gráfico, os papéis, as chapas, mando fazer o<br />

fotolito no Diário de Natal, vou lá peço um<br />

favor à direção do jornal para dar uma ajuda<br />

como apoio cultural, peço a um amigo que<br />

faça uma capa, a arte da capa como uma<br />

presença, uma gentileza. Mas, mesmo tendo<br />

editado todos esses livros, sobre Natal ou o Rio<br />

Grande do Norte - a maioria de autores norterio-grandenses<br />

-, acontece uma coisa cruel,<br />

porque até hoje nenhuma biblioteca do Estado<br />

tem as nossas edições. Tem livro de sicrano, de<br />

beltrano, mas não tem os nossos livros.<br />

Abimael Silva<br />

PREÁ – Mas não é obrigatório as bibliotecas terem ao menos<br />

um volume de cada livro publicado no Estado?<br />

ABIMAEL SILVA – Sim. Mas isso é quando se trata da<br />

Biblioteca Nacional. Aqui as pessoas fazem ofícios pedindo<br />

doações, enquanto se gasta dinheiro com tantas outras coisas<br />

que não fazem o menor sentido. Eu já recebi “n” ofícios pedindo<br />

doações de livros, mas não posso doar esses livros, até para que as<br />

pessoas reconheçam que existe um custo extremamente elevado<br />

por trás desse trabalho de editoração. Não dá para ser de graça.<br />

PREÁ – Você conhece alguém em outro Estado que tenha um<br />

trabalho semelhante a esse seu?<br />

ABIMAEL SILVA – Sebista fazendo esse trabalho de editoração,<br />

no Brasil, que eu saiba, não existe nenhum outro.<br />

PREÁ – De todos os livros que você editou quais são os seus<br />

preferidos?<br />

ABIMAEL SILVA – Tem alguns pelos quais tenho um carinho<br />

todo especial, como por exemplo, “As Cartas de Drummond<br />

a Zila Mamede”, um livro que até hoje me enche de alegria;<br />

“Os Americanos em Natal”, de Lenine Pinto; “Costumes<br />

Locais”, de Eloy de Souza; “Os Elementos do Caos”, de<br />

Miguel Cirilo; “69 Poemas de Chico Doido de Caicó”,<br />

organizado por Nei Leandro de Castro e Moacy Cirne;<br />

“Nomes da Terra”, de Cascudo; “Contistas Potiguares”, de<br />

Manoel Onofre Júnior; o “Papa Jerimun”, de Cleudo Freire;<br />

“Uma Câmara vê Cascudo”, de Carlos Lyra; a antologia de<br />

contos organizada por Manoel Onofre Júnior, “Poetas do Rio<br />

Grande do Norte”, de Ezequiel Wanderley, que foi a primeira<br />

antologia da poesia potiguar, editada em 1922, tendo inclusive<br />

sido resenhada no Jornal do Brasil.<br />

PREÁ – É mais fácil vender livros de prosa ou de poesia?<br />

ABIMAEL SILVA – Com todo o respeito aos poetas, não se<br />

compara. Poesia é a coisa mais difícil de se vender. Em geral,<br />

depois do lançamento, o livro de poesia fica na estante. Só<br />

quando o poeta é muito pavão, tem um nome consagrado e usa<br />

bem a mídia é que consegue vender um pouco mais.<br />

Julho 2003<br />

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