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Janduís - Fundação Jose Augusto

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As crianças são a razão da existência da<br />

companhia. Sem elas, o grupo provavelmente<br />

teria sucumbido por falta de apoio. “Ema<br />

Ligeira”, “Nhanduí”, “Emanduís” e o “Grupo<br />

de Palhaços Filhos do Sol” também já tentaram<br />

levar um pouco de alegria para as crianças<br />

da comunidade. Não resistiram ao tempo. A<br />

Ciranduís herdou alguns membros dos antigos<br />

grupos de teatro e segue em frente convivendo<br />

com as dificuldades. “Só resta a Ciranduís, mas<br />

artistas temos muitos”, destaca Lindemberg.<br />

A disciplina da Ciranduís é rígida. A rotina do<br />

grupo lembra a de soldados de um quartel. A<br />

maioria já está de pé às 5h30 da manhã para<br />

fazer exercícios físicos. Novos componentes<br />

são aceitos, mas precisam ter comportamento<br />

exemplar e compromisso com a comunidade.<br />

“Preparo físico é importante para enfrentarmos<br />

um cortejo”, explica Lindemberg.<br />

O cortejo inicia na sede provisória da<br />

companhia, na rua Adrião Fernandes, passando<br />

em frente à Escola Estadual Vicente Gurgel,<br />

à praça e igreja Santa Terezinha. O trajeto<br />

contempla também as ruas com casas mais<br />

humildes de <strong>Janduís</strong> até chegar no “Vaporzão”,<br />

prédio que recebeu este nome por soltar a<br />

fumaça de uma antiga usina de beneficiamento de algodão. O<br />

Vaporzão foi a primeira sede da Ciranduís.<br />

“Iniciamos no Vaporzão e temos planos de ter uma sede própria.<br />

Já temos um terreno de 35 por 20 metros”, conta Lindemberg. A<br />

sede provisória da Companhia Ciranduís, uma casa com apenas<br />

um cômodo, é alugada pela Prefeitura.<br />

A simplicidade das instalações da sede não preocupa os atores.<br />

A Companhia prefere seguir o estilo de teatro da Idade Média,<br />

quando as trupes mambembes percorriam a Europa fazendo<br />

apresentações de artes cênicas. “Buscamos levar ao público a<br />

conscientização política utilizando trechos da poesia matuta de<br />

Patativa do Assaré e outros”.<br />

A preocupação em manter a população consciente sobre o<br />

que está acontecendo na região levou o grupo a criar também<br />

o programa “Recordes Culturais”. Todas as manhãs de sábado<br />

das 8h às 10h, os quatro alto-falantes da igreja Santa Terezinha<br />

transmitem o informativo com as notícias de interesse da<br />

comunidade. “A rádio mais próxima fica em Caraúbas”, salienta<br />

Lindemberg, justificando a importância do noticiário para a<br />

população.<br />

A atuação da Companhia Ciranduís não está restrita a <strong>Janduís</strong>.<br />

O grupo já desenvolveu oficinas de teatro, dança e capoeira em<br />

Messias Targino e diversas campanhas na zona rural de <strong>Janduís</strong> e<br />

Campo Grande. As campanhas levam às comunidades carentes<br />

informações, em linguajar simples e utilizando representações<br />

dramáticas, sobre prevenção a AIDS, higiene<br />

bucal, combate ao fumo e ao mosquito da<br />

dengue.<br />

Os textos teatrais montados são simples e vão<br />

sempre ao encontro dos problemas enfrentados<br />

pela população. “O Bode que pegou AIDS” e<br />

“As aventuras de Billy The Kid”, apresentados<br />

entre 1996 e 1999, até hoje são lembrados<br />

pela comunidade. “O texto de Billy The Kid<br />

não tinha pra ninguém, foi apresentado até<br />

em Upanema, Alexandria, Catolé do Rocha,<br />

Iracema e Aracati”, recorda.<br />

Julho 2003<br />

<strong>Janduís</strong><br />

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