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Foto: Eduardo Felipe<br />
ABIMAL SILVA – À primeira vista tem essa<br />
aparência, só que ali é uma desorganização<br />
organizada {risos}. Nós colocamos os livros<br />
em determinadas estantes, levando em conta<br />
os assuntos. Por exemplo, os livros sobre<br />
filosofia estão todos na mesma estante, o<br />
mesmo acontecendo com obras sobre história,<br />
literatura, os didáticos, etc. Claro que devemos<br />
ter cerca de 5% de livros fora do lugar.<br />
PREÁ – Você lembra de algum livro que tenha<br />
sido oferecido a você e que, na hora, o tenha<br />
deixado entusiasmado por tratar-se de algo<br />
valioso?<br />
ABIMAEL SILVA – Livro, livro mesmo, não.<br />
Agora uma vez uma pessoa foi vender uma<br />
discoteca. E no meio dos discos, uns 300,<br />
tinha o primeiro LP de Roberto Carlos, um<br />
disco raríssimo, que custa hoje no mercado<br />
cerca de R$ 1 mil. Eu comecei a olhar, olhar,<br />
olhar, quando vejo lá o primeiro disco de<br />
Roberto. “Louco por você” é o nome do disco.<br />
Eu então comecei a fazer a maior propaganda,<br />
disse: - rapaz, esse é o primeiro disco de<br />
Roberto, é<br />
Abimael Silva<br />
uma raridade e tal. O cidadão então disse, separe ele, que vou<br />
vender apenas os outros, deixe esse de Roberto fora. O pacote,<br />
com uns 300 discos – sem o de Roberto -, era mais ou menos R$<br />
250,00. Ainda cheguei a botar R$ 250,00 somente pelo disco de<br />
Roberto, mas ele não vendeu. Eu fiquei chateado por ter dado<br />
com a “língua nos dentes” e perdido um grande negócio.<br />
PREÁ – Você lembra de algum caso pitoresco acontecido no<br />
sebo durante esses anos todos?<br />
ABIMAEL SILVA – Teve o caso de uma ninfomaníaca, inclusive<br />
amiga minha. A mulher chegava no sebo e fazia de tudo para a<br />
gente ter um envolvimento. Mas eu ficava fugindo. No começo,<br />
eu meio menino, e ela fazendo a maior pressão. Um certo dia ela<br />
chegou no sebo, nessa época ficava em cima do Gimmy Lanche,<br />
por volta das 11 horas da manhã. Estávamos apenas eu e o cantor<br />
Cleudo Freire, e ela não contou conversa: foi logo trancando a<br />
porta, pegou a chave e tirou a blusa e, mesmo na presença de<br />
Cleudo, que a conhecia, disse: - hoje você não escapa {risos}.<br />
Mas, felizmente, eu consegui escapar.<br />
PREÁ – Como foi receber o Título de Cidadão Natalense? Você<br />
já tinha vestido paletó antes na sua vida? {risos}<br />
ABIMAEL SILVA – Na verdade, eu só usei o tal do ‘blazer’,<br />
gravata não. Eu tenho um paletó na minha casa, lá no Pium,<br />
mas eu uso ele exclusivamente para dormir no inverno,<br />
porque lá nesse período faz muito frio. Paletó é o fim da<br />
linha, pretendo inclusive nunca mais usar na vida. Eu já<br />
tinha recebido umas propostas para receber o título, mas<br />
eu sempre achei uma coisa tão comum e também, com todo<br />
respeito, tem tanta gente sem futuro que recebe esse título que<br />
a coisa acabou ficando meio ridicularizada. Mas como foi uma<br />
proposta de Hermano {Hermano Morais, vereador}, um amigo,<br />
sempre vai nos nossos lançamentos, e como eu ia completar<br />
40 anos e estava editando o centésimo livro, ele mandou um<br />
assessor, com esses argumentos, e eu acabei convencido.<br />
PRÉA- Você tem percebido na rotina do sebo alguma mudança<br />
no nível de leitura do leitor médio natalense?<br />
ABIMAEL SILVA - Tenho observado um aumento pela procura<br />
de livros. As pessoas lêem de tudo. Existem homens e mulheres<br />
que compram livros de Adelaide Carraro e de Cassandra Rios,<br />
outros preferem os registros técnicos, autores do Rio Grande<br />
do Norte, best sellers. Com certeza, os tempos mudaram para<br />
melhor.<br />
Julho 2003<br />
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