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Janduís - Fundação Jose Augusto

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“Ranieri é novo, conhece de música e gosta<br />

muito do que faz”, salienta. Zé Pequeno<br />

destaca que quase todos os músicos da cidade<br />

foram formados por Ranieri. “Campo Grande<br />

tem duas bandas, mas os músicos quase todos<br />

foi ele quem fez”.<br />

O maestro também reconhece a grandeza do<br />

legado de Zé Pequeno. Ranieri lembra que,<br />

ainda menino, Zé Pequeno seguia para Paraú<br />

na garupa do cavalo para tocar bombo. “Zé<br />

Pequeno é um patrimônio cultural que temos”,<br />

sintetiza. O interesse dos jovens da cidade em<br />

seguir a carreira de músico continua vivo. Disso<br />

ninguém duvida.<br />

O retorno de um<br />

vencedor<br />

Regente Vicente Raniere<br />

A Serra do Cuó é testemunha do esforço dos<br />

36 músicos da “Banda de Música Monsenhor<br />

Militão Benedito de Mendonça” em manter<br />

viva a tradição musical de Campo Grande.<br />

A banda, vinculada a Associação e Escola de<br />

Música Francisco Soares Filho, poderia ter<br />

sido extinta não fosse a dedicação do maestro<br />

Vicente Ranieri de Aquino Soares, 38 anos,<br />

neto de Laudemiro Soares, o Birico, ex-músico<br />

e compositor. Os instrumentistas chegaram a<br />

atravessar uma fase crítica de 1983 a setembro<br />

de 1989 por não terem regente para assumir<br />

sua direção.<br />

Vicente Ranieri, regente formado pela escola<br />

de música da UFRN, não só aceitou o desafio<br />

como iniciou a formação de uma nova safra de<br />

solistas. “A procura hoje é sempre maior que a oferta de vagas na<br />

banda”, atesta. O filho do maestro, Mateus Daniel, 7 anos, já<br />

ensaia os primeiros acordes com a flauta doce e o trumpete.<br />

O maestro estudou muito antes de voltar a Campo Grande para<br />

assumir a regência da banda. Aos 14 anos já era aluno da antiga<br />

Escola de Música da UFRN, ainda instalada na Praça Cívica,<br />

e tocava clarinete na banda de música do colégio Winston<br />

Churchill. “Comecei a tocar clarinete na 7ª série, aprendendo<br />

com major Lourival Cavalcanti”, recorda.<br />

“Também fiz muitos cursos de teoria musical, regência e harmonia<br />

pela <strong>Fundação</strong> José <strong>Augusto</strong>”, diz, destacando a oportunidade<br />

em ter participado do 1º Painel para Instrumentistas e Mestres<br />

de Bandas de Música, ministrado em novembro de 2000 por<br />

Roberto Farias, mestre da Banda Sinfônica do Estado de São<br />

Paulo.<br />

O maestro também não esconde a gratidão com o empresário<br />

Antônio Gentil de Souza, natural de Campo Grande e patrono<br />

da banda Monsenhor Militão. “O baluarte maior é Antônio<br />

Gentil. Ele é o nosso braço forte, sem ele a banda já tinha<br />

fechado”, salienta. A banda conta ainda com o apoio de 25<br />

associados. “Cada associado paga uma mensalidade de 10<br />

reais, mas é um sufoco grande. Começamos com mais de 70<br />

associados”, ressalta.<br />

“Saudades de minha terra”<br />

Campo Grande<br />

Vicente Ranieri já compôs onze dobrados, cinco valsas<br />

instrumentadas e também marchas solenes, frevos e maxixes.<br />

“Podemos tocar uma festa de padroeira só com composições<br />

minhas”, diz, salientando que o dobrado mais tocado pela banda<br />

é “Saudades de Minha Terra”, obra do maestro Estevam Guerra,<br />

composta em 1907.<br />

“Quase toda banda no país toca o dobrado do maestro Estevam<br />

Guerra. Existe até uma polêmica. Alguns dizem que “Saudades<br />

de Minha Terra” é de Isidoro de Castro ou de Tonheca Dantas,<br />

mas temos comprovação que este dobrado foi enviado do Pará<br />

por Estevam como despedida de sua terra natal”, explica.<br />

Documentos do Centro Cultural Cleto de Souza contam que<br />

Estevam Protomarte de Brito Guerra, filho do maestro Basílio<br />

de Brito Guerra, foi regente da banda de Campo Grande entre<br />

1904 e 1906, quando foi morar no Pará fugindo de uma grande<br />

seca que atingiu o município. Estevam ao saber que estava com<br />

tuberculose, na época uma doença sem cura, teria composto<br />

“Saudades de Minha Terra” em homenagem a Campo Grande.<br />

Um tributo perpetuado pela música.<br />

Julho 2003<br />

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