METODOLOGIA E FILOSOFIA DA CIÊNCIA, REALISMO CRÍTICO E TEORIA PÓS ...
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Ademais, o autor se contrapõe à posição dos que defendem que as generalizações em<br />
economia são essencialmente “historico-relative”. Ou seja, não é verdade que as principais<br />
suposições são historico-relative, no sentido de que sua validade é limitada a certas condições<br />
históricas e de que fora delas não tem relevância para análise do fenômeno social. Para o<br />
autor, ninguém que tenha realmente analisado o tipo de deduções que podem ser retiradas<br />
desses pressupostos pode duvidar da utilidade de uma análise a partir dos mesmos e, somente<br />
a não percepção disto e uma preocupação exclusiva com os pressupostos subsidiários<br />
poderiam fundamentar qualquer visão de que as leis da economia são limitadas a<br />
determinadas condições de tempo e espaço, que são meramente de caráter histórico, e assim<br />
por diante.<br />
Como mencionado, o objeto da economia refere-se à existência de meios escassos com<br />
alternativas utilizações. Todavia, há de se considerar que inerente a esta concepção está o<br />
pressuposto de que existem valorizações relativas, ou seja, a ideia de que diferentes bens têm<br />
diferentes usos e que esses diferentes usos têm diferentes significados para a ação, tal que<br />
para uma dada situação um vai ser preferível a outro. É exatamente a existência dessas<br />
valorizações relativas que geram equívocos, porque alguns autores associam a noção de<br />
valorização relativa como dependente de uma doutrina psicológica particular, o que é negado<br />
pelo autor. Segundo Robbins, o fato de o “homem” atribuir valores particulares a coisas<br />
particulares é uma questão que diz respeito à psicologia ou mesmo à psiquiatria. Não<br />
obstante, do ponto de vista econômico, tudo o que o economista precisa assumir é que<br />
diferentes possibilidades oferecem diferentes incentivos e que esses incentivos podem ser<br />
arranjados em ordem de intensidade. Nesse caso,<br />
The various theorems which may be derived from this fundamental conception are<br />
unquestionably capable of explaining a manifold of social activity incapable of<br />
explanation by any other technique. But they do this, not by assuming some<br />
particular psychology, but by regarding the things which psychology studies as the<br />
data of their own deductions. Here, as so often, the founders of Economic Science<br />
constructed something more universal in its application than anything that they<br />
themselves claimed (ROBBINS, 1932, p. 86).<br />
Alguns autores têm argumentado no sentido da necessidade de se descartar a<br />
subjetividade dessa estrutura analítica. Todavia, a valorização é um processo subjetivo, ela<br />
não pode ser observada. Mesmo que o objeto da economia fosse limitado à explicação de<br />
coisas observáveis, o autor chama a atenção para o fato de que seria impossível explicá-las<br />
sem invocar elementos da subjetividade ou de natureza psicológica. Portanto, nas explicações<br />
dos economistas devem ser incluídos elementos psicológicos. Sendo assim, não é possível<br />
entender conceitos como escolha ou a relação de meios e fins - que são centrais na ciência<br />
econômica - em termos da observação de dados externos. Isso não significa que a concepção<br />
de conduta intencional implique um indeterminismo final, mas, sim, que ela envolve elos da<br />
cadeia de explicação causal que são psíquicos, não físicos. O que se torna relevante para as<br />
ciências sociais não é se juízos individuais de valor são corretos no sentido último da filosofia<br />
do valor, mas se eles são elos essenciais da cadeia de explicação causal.<br />
4 Positivismo lógico e Realismo Crítico<br />
No artigo intitulado “The Methodology of Positive Economics”, Milton Friedman<br />
(1953) estabelece uma das mais influentes posições sobre a metodologia da economia<br />
(instrumentalismo metodológico), levando Hausman (1992b, p. 162) a afirmar que “it is the<br />
only essay on methodology that a large number, perhaps the majority, of economists have<br />
ever read”. Apesar de criticado por uma legião de especialistas, seja pelas falhas de sua<br />
argumentação, seja por não representar de maneira adequada a prática efetiva dos<br />
economistas, o artigo tornou-se bastante conhecido entre os mesmos, especialmente em<br />
função dos intensos debates e controvérsias que suscitou (e ainda suscita) no que concerne às<br />
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