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METODOLOGIA E FILOSOFIA DA CIÊNCIA, REALISMO CRÍTICO E TEORIA PÓS ...

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substituídas por conjecturas especulativas ulteriores. Nesse sentido, a ciência progride por<br />

tentativa e erro, por meio de conjecturas e refutações (CHALMERS, 1994).<br />

Segundo Marin e Fernández (2003), deve-se observar que a aplicação do critério de<br />

demarcação dentro dessa abordagem, antes de buscar separar ciência de metafísica como<br />

queria os lógico-positivistas, visava a avaliar teorias e ajuizar suas pretensões (p. 03). Nesse<br />

sentido, surge a necessidade de estabelecer um critério capaz de auxiliar na decisão de se uma<br />

teoria é aceitável ou não por meio de argumentos empíricos; ou seja, trata-se de examinar as<br />

condições de aceitação frente a observações e experimentações empíricas, podendo a teoria<br />

resistir ao teste e, assim, ser corroborada ou, caso contrário, ser refutada.<br />

Nesse sentido, o “passo final” do falsificacionismo depende de como a teoria se<br />

comporta durante o estágio de teste. Se as implicações da teoria não são consistentes com a<br />

evidência, então a conjuntura é falsificada e deve ser substituída por uma nova conjuntura que<br />

não deve ser ah hoc relativa à original; isto é, uma nova conjuntura deve ser construída<br />

unicamente para evitar as anomalias empíricas. Se a teoria não é falsificada pela evidência,<br />

então ela é considerada corroborada e aceita provisoriamente. Nesse contexto, em termos do<br />

crescimento da ciência, uma nova teoria será aceita como digna da consideração dos cientistas<br />

se ela for mais falsificável que sua rival e especialmente se ela prevê um novo tipo de<br />

fenômeno. Assim, a ênfase na comparação de graus de falsificabilidade de uma série de<br />

teorias possibilita evitar o problema de especificar exatamente quão falsificável é uma teoria<br />

isolada, uma vez que se deve considerar que o número de falsificadores potenciais de uma<br />

teoria será sempre infinito.<br />

Do ponto de vista dos economistas, o ponto mais importante são os aspectos<br />

metodológicos - a escolha entre metodologias, não meramente o que é científico e não<br />

científico – o que coloca, no âmbito dessa discussão, uma dificuldade adicional em termos da<br />

metodologia popperiana, uma vez que ela requer a falseabilidade prática das teorias<br />

científicas. Segundo Hands (1993), enquanto existe um número de razões pelas quais os<br />

economistas utilizam o falsificasionismo popperiano como sendo desejável<br />

metodologicamente, o fato é que o falsificacionismo é raramente praticado em economia. Nas<br />

palavras do autor;<br />

The disagreement between critics and defenders of falsificationism is not whether<br />

it has been practiced, basically it has not, but rather whether it should be<br />

practiced. The real questions are whether the profession should ‘try harder’ to<br />

practice falsificationism though it has failed to do so in the past, and the related<br />

question of whether the discipline of economics would be substantially improved<br />

by a conscientious falsificationist practice (1993, p. 63).<br />

Algumas das críticas que o falsificacionismo tem recebido explicitamente como<br />

metodologia econômica podem ser assim identificadas: (i) Problema Duhem-Quine: em<br />

primeiro lugar, a complexidade do comportamento humano requer o uso de numerosas<br />

condições iniciais e forte simplificação dos pressupostos. Algumas dessas restrições podem<br />

ser falsas (divisibilidade dos bens), outras logicamente infalseáveis (retornos decrescentes),<br />

outras podem ser logicamente falseáveis, mas praticamente infalseáveis (teoria da escolha do<br />

consumidor). Mesmo que seja possível testar, o teste será muito difícil na falta de ambiente<br />

controlado de laboratório. Em segundo lugar, há muitas questões e desacordos sobre as bases<br />

empíricas em economia, ou seja, é sempre possível observar que o que foi observado não é<br />

realmente o desemprego involuntário ou o lucro econômico. Por fim, mesmo que esses<br />

problemas sejam resolvidos, é sempre possível que nas ciências sociais ocorram efeitos<br />

feedback que não existem nas ciências físicas (mudança de expectativas). (ii) As técnicas<br />

qualitativas de comparação estatísticas não permitem a realização de testes severos, enquanto<br />

a corroboração comum é “muito fácil”. (iii) A regra popperiana para o progresso do<br />

desenvolvimento teórico (non ah hocness) é raramente apropriada em economia. Economistas<br />

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