METODOLOGIA E FILOSOFIA DA CIÊNCIA, REALISMO CRÍTICO E TEORIA PÓS ...
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Rotheim (1999) argumenta ainda no sentido de mostrar que a matriz completa de<br />
tendências e forças que os pós-keynesianos descrevem como atuando na economia não pode<br />
ser plenamente apreciada sem se reconhecer o mecanismo gerador crucial pelo qual se podem<br />
pensar a reprodução e a transformação do sistema, qual seja, a teoria da demanda efetiva. Esta<br />
teoria, em conjunto com a teoria monetária da produção, provê uma estrutura completa (não<br />
através de um modelo dedutivista) pelo qual o economista pode entender por que a economia<br />
procede ciclicamente, mas com intervalos de estabilidade. Assim, conclui o autor, a extensão<br />
em que o pós-keynesianismo emprega esta estrutura para derivar o entendimento de<br />
transformação e reprodução da economia é a mais completa confluência entre esta posição e a<br />
posição assumida pelo realismo crítico.<br />
6 Considerações Finais<br />
Este trabalho buscou resgatar algumas dos principais argumentos referentes às<br />
discussões metodológicas e filosóficas acerca do que se define como ciência e/ou<br />
conhecimento científico, com ênfase sobre a teoria econômica. Para tanto, inicialmente foram<br />
resgatadas as principais posições dos autores envolvidos nesse debate, quais sejam, Popper,<br />
Kuhn e Lakatos. Posteriormente, resgatou-se a discussão sobre objeto e método em economia,<br />
a partir dos trabalhos de Mill e Robins. Em seguida, recupera-se a posição instrumentalista<br />
fridmaniana, dominante em grande parte do século XX.<br />
Não obstante, o foco do trabalho foi o resgate do pensamento realista crítico e de sua<br />
interação com a economia pós-keynesiana. Como observado, o realismo crítico é uma<br />
abordagem filosófica que se contrapõe à posição mainstream, ao admitir que no mundo<br />
existem estruturas não empíricas subjacentes aos fenômenos e que elas delimitam e<br />
possibilitam os estados das coisas e eventos verificados em nível empírico. Em outras<br />
palavras, existem estruturas, poderes, mecanismos e tendências que governam e estão por trás<br />
do fluxo de eventos em um mundo essencialmente aberto. Essa concepção anda em simetria<br />
com a abordagem pós-keynesiana e, ainda que essa não possa ser identificada como a única<br />
orientação filosófica sobre a qual se baseia o pensamento pós-keynesiano, há de se considerar<br />
que existe alto grau de confluência entre essas duas abordagens.<br />
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